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História Com certeza Sonserina? - De volta ao Largo Grimmauld, n12


Escrita por: AnnieLightAngel

Notas do Autor


Estou de volta gente! Eu já estava com vontade de escrever mesmo, e isso somado aos seus comentários (amei todos, sério, continuem assim *-*) fizeram com que tivesse capítulo novo hoje! Se dependesse de mim, até teria tido antes, mas época de provas, sabe como é, né? Sei que a desculpa é batida, mas é sério gente, aquilo não é uma escola, é um hospício! Kkk enfim, aqui está o novo capítulo, como prometido, já nas férias do Sirius, mas com bastante flashback! Espero que gostem!!
Nos vemos nas notas finais!
Beijos <3

Capítulo 7 - De volta ao Largo Grimmauld, n12


Fanfic / Fanfiction Com certeza Sonserina? - De volta ao Largo Grimmauld, n12

Sirius encarou o relógio em sua cabeceira pelo que devia ser a enésima vez naquela manhã. Ele acordara pouco depois das nove, no entanto, já passara do meio-dia e ele não movera um músculo sequer para se levantar, ele sabia que estava apenas procrastinando, adiando o momento que temia há tanto tempo.

  Após o turbilhão de novidades que fora sua entrada em Hogwarts, seu primeiro ano letivo na mais badalada escola de magia e bruxaria passara como um furacão: cheio de emoção e deixando sua marca, mas terrivelmente rápido também. E, enquanto mirava seu malão ainda  fechado na beirada da cama e as paredes em branco, o garoto não podia impedir milhares de lembranças de passarem por sua mente: confrontos e humilhação, sim, mas, principalmente, risos, azarações, brincadeiras e, acima de tudo, o sorriso gentil de Tiago logo que acordava, com os cabelos bagunçados, tateando a cabeceira em busca de seus óculos de metal.

  Ao pensar em Tiago, Sirius sorriu, mas logo corou violentamente. Desde que haviam se conhecido, os dois vinham se aproximando cada vez mais, e o resultado é que agora praticamente não desgrudavam. Eles também viviam com Remo e Pedro é claro, mas, por algum motivo indecifrável, não era igual.

  Essa proximidade cada vez maior entre os dois foi o que causara seu sorriso bobo, mas não seu rubor. O motivo desse era bem diferente: a impressão de Sirius era de que, com o aumento da proximidade, aumentaram sua intimidade e seu afeto, e com eles, também sua confusão.

  O menino já não imaginava mais sua vida sem o garoto Potter, algo o corroía por dentro toda vez que Tiago encarava Lílian com aqueles olhos brilhantes, e ele já se pegara encarando o outro no meio das tediosas aulas de História da Magia diversas vezes, sem nenhuma razão aparente. Isso para não falar em alguns pensamentos, incluindo sonhos, que passara a ter a noite envolvendo o amigo, cada vez mais estranhos. Ele tentava se convencer de que aquilo era comum e estranhava apenas por Tiago ser o primeiro amigo verdadeiramente próximo que jamais tivera. Mas algo o dizia que estava apenas se enganando.

  Se aquilo era pura amizade ou algo a mais, ele não sabia definir, mas o fato é que o sorriso sincero e cheio de dentes tortos, sempre acompanhado por seu cabelo cheio de pontas bagunçadas e dos olhos avelã alegres por trás da armação metálica de seus óculos, não saía de sua mente. E ele definitivamente não queria apagar aquela imagem tão cedo, preferia ficar ali a manhã toda, pensando em Tiago, em seus amigos e nas aventuras que viveram juntos, a descer e enfrentar a batalha que viria pela frente.

  Ele recebera um berrador de Orion em seu segundo dia em Hogwarts por ter entrado na Grifinória (ao que tudo indicava, a coruja se perdera no primeiro dia), mas sabia que nem o pai nem Walburga, ou mesmo Régulo, se satisfariam com tão pouco. Sabia que algo muito pior o esperaria na cozinha naquela manhã.

  Para ser sincero, Sirius mal acreditava na sorte que tivera por não ter recebido a bronca no dia anterior mesmo. A verdade é que, como se já não houvesse chegado tarde e cansado da viagem, Walburga e Orion decidiram parar no caminho de casa para comemorar o fato de que a Sonserina tinha ganhado a Taça naquele ano, já que Régulo era o apanhador do time.

  Quanto ao filho mais novo, eles se limitaram a trata-lo como lixo depois de olhar com desprezo os amigos de Sirius, enquanto se despediam, a imagem da volta no trem vermelho ainda tão vívida em sua mente:

  Tiago e Pedro trocavam figurinhas de sapos de chocolate, discutindo quais seriam os principais bruxos que já tinham tirado, enquanto Lupin, como sempre, apenas observava a tudo olhando sobre o livro com um sorriso no rosto, absorto demais em sua leitura para dizer qualquer coisa.

  Normalmente, Sirius entraria no debate, afirmando ter os melhores bruxos e trocando as cartas repetidas ou devorando os doces, alegre junto com os amigos, se sentindo o máximo pelos olhares que as pessoas lhes lançavam graças à popularidade do grupo, causada pela beleza natural de Sirius, pelo talento de Tiago no quadribol e pela inteligência de Remo.

  No entanto, tudo o que ele fazia era admirar a paisagem, colado a janela, se esforçando para não chorar. Fazia realmente um ano desde que entrara em Hogwarts? Não parecia. Para ele, era como se tivesse passado toda a sua vida dentro do muro das escolas, aprendendo magia, torcendo pela Grifinória e explorando aquele castelo tão grande junto aos amigos com os quais se acostumara tanto. Quase como se sua vida antes da escola tivesse sido apenas um sonho ruim. Os pais que o desprezavam. O cheiro de mofo. O velho elfo doméstico, tão fiel à sua mãe, apesar de sua visível maldade. Nada daquilo parecia mais real.

  E, apesar disso, lá estava ele, voltando para aquela casa. Fora tudo real, no fim. Sua temporada em Hogwarts é que fora um período bom demais para passar de um sonho curto, embora incrivelmente realista. E ele sabia que todo o horror, toda solidão e isolação que sentira antes no Largo Grimmauld, nº12, nada se comparava ao que seriam todos os seus verões a partir de agora. Agora que ele tinha entrado na Grifinória. Agora que ele tinha novos amigos, tão distintos dos de Régulo. Agora que provara de uma vez por todas que jamais fora e jamais seria ligado à sua família por qualquer laço além do sangue, que jamais seria como eles, um deles.

  Só de pensar nos dois meses que teria pela frente, na constante lembrança de que era uma vergonha para os Black e na onipresente opressão que sofreria dentro da própria casa, onde não teria seus amigos para diverti-lo ou confortá-lo, seus olhos já ardiam, num esforço quase sobre-humano para conter as lágrimas.

  Apesar da dor que sentia, ele acreditara ter obtido sucesso em sua empreitada, mas não. Lupin continuava concentrado em seu livro, e Pedro continuava animado com a discussão, mas esse último agora falava sozinho, até ficar em silêncio ao notar que Tiago se calara.

  O garoto encarava Sirius com um olhar carregado de significado, os redondos olhos avelã analisando-o como se soubessem tudo que se passava na cabeça do amigo. Talvez soubessem mesmo. E, por aproximadamente um minuto, eles ficaram assim. Apenas se encarando, sem trocar uma única palavra. Até que Tiago lhe perguntou, apertando seu braço da mesma forma gentil que fizera no dia em que se conheceram:

  -O que foi?

  O que foi. Era uma frase simples, mas a voz de Tiago era rouca e ao mesmo tempo limpa, séria. A voz de alguém verdadeiramente preocupado com o bem estar de outra pessoa. O aperto no braço de Sirius era quente, firme, delicado. E, por um momento, foi como se estivessem apenas os dois naquele vagão. Sirius se esquecera de Lupin e Pedro, agora totalmente concentrados nele. Se esquecera das garotas em volta, soltando risadinhas tolas e enrubescendo toda vez que lhe lançavam olhares. Sirius se esqueceu de tudo, exceto do braço de Tiago no seu, sua voz morna e seus grandes olhos sinceros. E desabou em lágrimas.

  As lágrimas agora escorriam livremente por seu rosto, quentes e salgadas, e ele já não tentava impedir. Sabia que deveria tentar fazê-lo ou ao menos se dignar a sentir vergonha por chorar daquele jeito na frente todos, se importar com o que as outras pessoas no vagão, que agora já o encaravam livremente e não mais por conta de sua beleza e popularidade, pensariam, em como estragava sua imagem, mas simplesmente não conseguia. Não conseguia se importar, entorpecido pela tristeza, o afago de Tiago e seu olhar compreensivo como as únicas coisas reais em seu mundo. A voz de Tiago agora se reduzira a um sussurro rouco ao perguntar:

  -São os seus pais?

  A princípio, Sirius apenas assentiu, enxugando o nariz com as costas das mãos e fungando, mas depois pensou melhor e percebeu: aquilo estava errado. Chorava por seus pais, é claro. Mas não era só isso. Chorava também pela falta que sentiria deles, pela solidão que o acompanharia durante aqueles dois meses, e terminar seus últimos momentos juntos antes da separação sem dizer uma única palavra simplesmente soava errado demais. E foi por isso que, com a voz ainda embargada pelo choro recente, ele reuniu forças para se explicar:

  -É claro que é por causa deles. Você sabe como eles são, Tiago! Sempre me desprezaram, se envergonharam de mim por pensar diferente deles! Imagine só agora! Agora que eu entrei para a Grifinória, justamente a casa inimiga a da minha família toda! Eles com certeza notaram o que isso significa: se havia alguma esperança de que um dia me tornasse um deles, essa evaporou, já era! Eles queriam alguém como Régulo: sonserino, apanhador do time, tendo amizades apenas com famílias tradicionais! Tirando aquele tal de Tom, mas ele é talentoso e popular demais para ser julgado por qualquer coisa! Os restantes são Malfoys, Blacks... – Quando Sirius mencionou a questão da nobreza dos amigos do irmão, Tiago tentou se mostrar indiferente, mas Remo e Pedro chegaram a se encolher, visivelmente ressentidos. Sentindo que havia se expressado mal, ele prosseguiu: - Eu não ligo pra isso, pra nada disso, vocês sabem! Sangue, nobreza...vocês acham que me importo com qualquer uma dessas coisas? Não! Mas a minha família sim, e com certeza não vai deixar de me lembrar disso por um momento sequer! Eles vão ser horríveis comigo! Não vão me aceitar nunca!

  -Sirius...-Lembrou-lhe Remo, educadamente: - Sua prima, seu irmão e os amigos deles foram terríveis com você na escola, também. E, no entanto, você resistiu. Você vai ficar bem!

  -Eu sei! É que agora é diferente! Agora...agora...- Suas bochechas adquiriram um suave tom rosado antes que ele conseguisse terminar, em voz baixa e envergonhado: - Agora vocês não vão estar lá pra me ajudar. Não sei se vou...não sei se vou conseguir sem vocês! Na escola, meus parentes podiam me desprezar, mas pelo menos eu tinha amigos. Mas lá...lá eu não vou ter ninguém! – Sirius desabafou por fim, agora decididamente vermelho, todos no vagão o ouviam, em silêncio, com piedade. A maior parte dos ali presente eram grifinórios, todos conheciam a deturpada origem familiar de Sirius. Esse é o tipo de informação que não se consegue ocultar quando faz parte do grupo mais popular da casa.

  Com isso, Tiago, Remo e Pedro sorriram afetuosamente, Sirius se destacando como o único que ainda exibia uma expressão triste. Com uma breve olhada ao redor, Tiago notou que todos os encaravam despudoradamente e tirou sua capa da invisibilidade do bolso, jogando-a de forma que cobrisse apenas as cabeças dos quatro.

  Já cobertos, ele tirou do outro bolso um pedaço velho de pergaminho, escondendo-o também sob a capa e abrindo-o até que Sirius questionasse, aos cochichos:

  -O que está fazendo?

  -Vou colocar nossos nomes nele! – Respondeu Tiago, de forma simplista, enquanto sussurrava: - Juro solenemente não fazer nada de bom! – O pergaminho se acendeu com a imagem dos corredores e aposentos de Hogwarts vazios, com raras exceções como, por exemplo, o zelador encontrado caminhando em direção à Torre Leste. Acima da imagem, um pedaço do pergaminho permanecia inexplicavelmente em branco, intocado.

  -Porque? – Perguntou Sirius, sem entender.

  - Ora, assim toda vez que você abrir o mapa e ler nossos nomes acima dos corredores da escola vai se lembrar de nós, de nossas brincadeiras e brigas contra o grupo do seu irmão. Quando estiver se sentindo abandonado e num momento difícil, é só abrir que você vai se lembrar de que não está sozinho, estaremos sempre com você! Afinal, aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade. – Tiago disse, como se fosse uma coisa simples e muito óbvia, mas os olhos de Sirius se encheram de lágrimas e ele soube, naquele momento, que jamais se esqueceria daquelas palavras.

  -Gente, isso é lindo, de verdade, mas...vocês não acham meio perigoso colocar nossos nomes? Digo, se alguém encontrar o mapa...-Advertiu Pedro, lembrando que eles usavam o mapa para praticar suas travessuras na escola.

  -Já sei! Podemos criar apelidos! O que acham? – Remo interviu com uma solução. – Eu serei o Aluado! – Todos riram com a referência.

  -Bem, seguindo essa lógica, então sou o Rabicho! – Pedro decidiu entrar na brincadeira.

  -Eu serei Pontas! – Exclamou Tiago, brincando com seu cabelo todo despenteado, bagunçando-o ainda mais.

  -E eu? – Perguntou Sirius, sorrindo animado. Estava envolvido demais com toda aquela situação para se lembrar da própria tristeza, a alegria dos amigos era contagiante.

-Hum... o que acha de Almofadinhas? – Sugeriu Remo. – Até porque você é o único riquinho aqui!

  -Tudo bem, a partir de agora, me chamo Almofadinhas, então! – O garoto não pôde deixar de rir, provocando um sorriso de alívio compartilhado por todos os amigos.

  -Então...Aluado, Rabicho, Pontas e Almofadinhas? – Checou Tiago, e, quando todos confirmaram com cabeça, ele escreveu seus novos nomes no espaço em branco com a varinha, mas ainda sobrou um espaço acima dos nomes, como se estivesse esperando ser preenchido com algo diferente. O menino franziu a testa, intrigado.

  -Talvez devêssemos colocar um título no mapa! Afinal, todo mapa tem um, não? – Remo parecia ter lido a mente de Tiago. – Que tal se déssemos um nome ao nosso grupo? Aí fica mais fácil intitular o mapa!

  -Ok, mas qual nome? – Perguntou Pedro.

  -Que tal: Os Mais que demais? – Apontou Tiago, mas eles apenas riram.

  - E Os Super Gatos?- A sugestão de Sirius provocou uma nova onda de risos.

  -Me desculpe, Sirius, mas acho que você sabe que o único aqui com fama de “gato” é você! Mesmo estando mais para cachorro, né? – Mais risos surgiram no grupo e finalmente Remo pareceu ter uma ideia: - O que vocês acham de Os Marotos? Combina com nossas aventuras nunca descobertas graças à esse mapa. Ok, quase nunca, mas vocês entenderam.

  -Gostei! – Aprovou Tiago, e os outros dois pareceram assentir coma cabeça, em concordância. – O Mapa dos Marotos, então?

  Todos afirmaram e quando Tiago escreveu o título com sua varinha, o pergaminho finalmente foi completo. Dobrou-o e o entregou a Sirius, lembrando:

  -Não se esqueça do que te disse, hein? É só abrir o mapa!

  Sirius assentiu com a cabeça, os olhos brilhando com afeição enquanto admirava Tiago, que o estendia o mapa. Quando encostou em sua mão para pegá-lo, sentiu uma corrente elétrica percorrer seu corpo, e por isso retirou a mão rapidamente, guardando o pergaminho no próprio bolso e tentando se convencer de que imaginara coisas. Mas algo no olhar surpreso e ao mesmo tempo magoado de Tiago quando ele tirou a mão lhe dizia que aquilo não fora fruto de sua imaginação

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  Eles seguiram a viagem discutindo futilidades: quadribol, magos importantes, as últimas provas do ano...mas de repente ouviram o temido som dos freios nos trilhos: o trem parara. Pela janela era possível ver um mar de rostos, pais aflito, ansiosos para encontrar seus filhos.

  Os quatro trocaram olhares entre si, nenhuma palavra foi dita, não era necessário, o medo estampado em seus olhos já era o bastante. Os outros alunos riam, conversando animadamente sobre o que fariam nas férias, e logo o vagão estava vazio, exceto pelos recém-nomeados Marotos. Estes não tinham sequer pego seus malões, ou mesmo se levantado, era como se estivessem paralisados.

  O apito soou, servindo como um despertador, os quatro começaram a se mover simultaneamente, mas sem pressa alguma, quase em câmera lenta. Se levantaram, pegaram seus malões e saíram juntos do conhecido trem vermelho pela segunda vez no ano, sem falar nada enquanto vagavam pela multidão.

  Pedro e Remo avistaram seus pais no mesmo instante e os quatro se abraçaram num abraço comunitário, forte e triste. Um abraço de despedida. Pedro e Remo se despedindo e caminhando em direção a pais sorridentes e carinhosos que olhavam atentamente para os novos amigos de seus filhos.

  Tiago e Sirius continuaram caminhando, procurando suas respectivas famílias. Alguns minutos depois, Tiago encontrou seus pais e tudo que Sirius esperava era mais um abraço e uma despedida, mas ao invés disso, Tiago agarrou seu braço, e, antes que Sirius fosse capaz de raciocinar direito, se viu encarando o Sr. e Sra.Potter. Os dois sorriam afetuosamente e seu filho sorriu de volta, enquanto dizia, após se desvencilhar de um abraço apertado dos pais:

  -Pai, mãe, esse é o Sirius de quem eu falei nas cartas.

  -Ah, Sirius! Então é você afinal! – A Sra. Potter parecia genuinamente feliz por vê-lo, o que deixou o garoto confuso por um instante. Tempo suficiente para ela lhe abraçar também.

  -Tiago vive falando de você! Se for metade do que diz, é um ótimo garoto! – Disse o pai de Tiago, com um sorriso brincalhão esculpido nos lábios.

  -Fico feliz que Tiago já tenha feito um amigo tão próximo em tão pouco tempo! – Continuou a Sra.Potter, após soltar um Sirius atordoado. – Em uma escola tão grande quanto Hogwarts, é muito importante ter amizades assim! Saiba que você pode passar uma temporada lá em casa quando quiser, entendeu? Fortalecer laços assim é algo essencial, mesmo nas férias, e como Fleamont acabou de dizer, você parece ser um garoto muito bonzinho, pelo que Tiago diz.

  -Muito obrigado, Sra. Potter. – Respondeu Sirius, em voz baixa, ainda confuso e atordoado ao tentar assimilar uma demonstração de carinho tão inesperada vinda de uma completa desconhecida.

  -Não tem de quê, querido. – Sua voz era fina, porém doce, e os dentes retos, diferentes dos do filho. – Agora, Tiago, querido, acho que vai ter que se despedir de seu amiguinho, infelizmente. Você sabe que nossa casa fica longe daqui e demora para chegar, mesmo de vassoura.

  -Tudo bem, mãe.

  Tiago se virou para Sirius, algo esquisito pairava no ar, era tensão da separação após um ano juntos, quase como se o ar quisesse parar para ver aquela cena também, assentado em seu lugar, sem se mover, tão diferente do tempo que corria sem piedade.

  Após esse momento estranho, eles se aproximaram, hesitantes, e se abraçaram. Nesse instante, todo estranhamente foi embora, a pressão dos braços fortes de Tiago em suas costas agora tão comum quanto o calor dos finos raios de sol que o acordavam toda manhã, entrando pelas janelas do dormitório masculino da Grifinória. Se sentindo reconfortado com toda aquela força e familiaridade, Sirius encostou a cabeça nos ombros de Tiago, um dos lados de seu rosto pressionado pelas hastes de metal do amigo, enquanto o outro apenas roçava com os cachos do próprio cabelo, jogado para frente com o impulso. Tiago se permitiu fazer o mesmo, afundando a cabeça no peito largo do único amigo que era mais alto do que ele, inspirando o odor amadeirado de seu perfume mesclado ao cheiro adocicado do shampoo que usava nos cabelos compridos e sedosos que acariciavam sua bochecha involuntariamente.

  E, por um instante, os dois desejaram a mesma coisa: que aquele momento fosse eterno. Que pudessem se perder naquele abraço que era uma mistura de sensações, perfumes, um calor confortável preenchendo os dois. Que jamais tivessem que se separar.

  Mas ambos sabiam que isso era impossível. O tempo voava, a família de Tiago esperava por ele e Sirius sequer sabia aonde a sua estava. As aulas haviam acabado, as férias haviam chegado, e com ela, sua separação. E foi por isso, e apenas por isso, que eles se separaram, relutantemente, Tiago sentindo-se incapaz de pronunciar qualquer palavra, Sirius se afastando decidido a não olhar para trás, afim de tornar a despedida mais fácil, até que sentiu alguém segurar sua mão. Não precisava se virar para ver quem era, a mão era pequena, mas se encaixava perfeitamente a dele, a pele, macia e suave, sem calos. A mão de Tiago. Mas mesmo assim, Sirius se virou, sem se aproximar mais, apenas encarando mais uma vez aquele rosto tão conhecido, disposto a registrar cada detalhe, enquanto Tiago dizia, em voz baixa:

  -O que minha mãe disse...é sério, viu? Você sempre vai ter um lugar na minha casa.

  Corando de leve, Tiago enfim soltou a mão de Sirius e se juntou à sua família. Sirius também corou um pouco e, depois de ver Tiago partir, voltou a sua atenção para o lado oposto com o objetivo de andar mais um pouco em busca de seus pais. Não foi preciso. À sua frente se encontravam não só os pais, mas também seu irmão mais velho. Há quanto tempo estavam lá não sabia determinar, provavelmente foram busca-lo pela estação, cansados de esperar, sua única certeza era a de que eles tinham visto toda a cena com Tiago. Sirius nunca antes tinha visto tamanho ódio e choque estampado na face dos pais, Régulo encarando-o com desprezo e ar de superioridade. Por um momento, aquilo causou uma pontada dolorida em seu coração, mas então ele se lembrou da mão de Tiago na sua e do mapa em seu bolso, respirou fundo e ergueu a cabeça. Independente do que acontecesse durante aqueles dois meses, ele ia ser forte, ele ia resistir. Não decepcionaria Os Marotos.

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  Sirius ainda encarava o teto em branco acima de sua cabeça enquanto revivia aquele último contato com os amigos, quase como se fosse enxergar uma nova rachadura caso o observasse por mais tempo. Por fim, trincou os dentes, aceitando que não podia fugir mais e se levantou, dando um suspiro vencido. Estava prestes a sair do quarto quando voltou e vasculhou os bolsos da roupa que usava no dia anterior: retirou de lá um velho pedaço de pergaminho aparentemente inutilizável, ergueu sua varinha e disse:

  -Eu juro solenemente não fazer nada de bom!- Sirius sorriu enquanto via os nomes Aluado, Rabicho, Pontas e Almofadinhas surgirem, pensando na primeira briga que tivera em Hogwarts, naquele mesmo corredor pelo qual passava o zelador naquele exato instante. Erguendo sua varinha, disse: - Malfeito feito!

  Guardou o pergaminho agora em branco e abriu a porta do quarto, a escada rangendo enquanto ele descia em direção à cozinha, onde seus familiares o encaravam com olhares mortalmente venenosos, evidentemente preparados para uma longa e difícil discussão. Normalmente, ele teria ficado aterrorizado, mas dessa vez, entrou na cozinha sem se preocupar com o que teria que enfrentar, pois sabia que seus amigos estariam com ele.


Notas Finais


O capítulo acaba por aqui gente! E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado! Comentem aqui pra eu saber o que estão achando, se tem alguma crítica a fazer, se está bom assim, mesmo...isso ajuda demais, vocês não tem ideia do quanto! Bem, é isso, eu me despeço aqui de vocês, pessoal, até o próximo capítulo!
Beijos <3


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