BASEADA NO SEGUNDO ENCERRAMENTO BRASILEIRO DE INUYASHA
Mais uma vez acordei ao lado dele. Nunca me cansava de admira-lo dormir, seus cabelos caídos sobre os olhos, o sol banhando seu corpo, e o seu rosto tão perfeitamente desenhado. Me levantei devagar , não queria acordá-lo, arrumei meu vestido que se encontrava amassado devido a posição lateral em que eu dormira. Me dirigi a um lago próximo para lavar meu rosto, a água estava muito boa , resolvi molhar os pés.
-Vejo que já acordou... - Sua voz ecoou atras de mim. Eu apenas respondi com um som, não precisávamos de mais para nos comunicarmos, desde sempre tivemos uma relação neutra de poucas palavras, mas mesmo assim , nos conhecíamos tão bem. Em um gesto silencioso ele se aproximou de mim, e repetiu meu processo, lavou o rosto e logo em seguida arreou as barras da calça a se juntou ao meu banhar.
-O céu está realmente bonito hoje - Não esperei uma resposta, pois sabia que ela não surgiria , mas eu sabia que ele o estava observando. Depois de um tempo , retirei meus pés da água , e fiquei em pé ao seu lado, peguei delicadamente uma liga guardada dentro do meu vestido e amarrei meus cabelos. - Vou buscar comida. Virei-me e fui em direção a floresta , isso já era uma rotina em nosso dia a dia, nunca estivemos nessa floresta antes, mas minhas habilidades em procurar alimentos não mudavam , não importasse o local que nos encontrássemos. Avistei uma jaca no topo de um galho, comecei a escalar a árvore para alcançar a fruta. Ela parecia um pouco longe do limite de meu braço, mas um pouco de esforço resolvia a situação. Me estiquei forçadamente na tentativa de agarra-la, porém , antes que eu me desse conta , meu corpo viu o galho ficar cada vez mais distante , e o chão cada vez mais próximo. Quando o solo já se aproximava de minhas costas, algo macio e caloroso me segurou. Era ele.
-Você deve tomar cuidado com o que faz- Ele me colocou no chão - Agora vamos.
-M-mas , e a comida? - Novamente, não obtive resposta. Sinceramente , mesmo ele me dando as costas e nem me distribuindo respostas , eu estava feliz. E eu nunca pensei que isso pudesse um dia acabar. Sim , eu não gostava de pensar na ideia de que um dia eu o deixaria, por que se alguma vez , eu lhe causa-se dor , eu nunca me perdoaria. Observei seu semblante se afastar , e corri para me aproximar dele, era como eu sempre fazia. Eu corria , mesmo minha mente as vezes , ficando confusa. Mesmo se eu não soubesse ao certo nosso tipo de relação, eu somente me sentia quente e feliz ao seu lado.
Dez anos atras quando nos conhecemos , eu somente o respeitava e o admirava muito, mas conforme eu fui crescendo , eu percebi que eu queria estar sempre ao lado dele. De mais ninguém , somente ao seu lado , não importa o lugar em que vivêssemos, mesmo enquanto caminhávamos sem direção.
Três dia depois chegamos até uma cachoeira. Haviam alguns túmulos próximos a ela , então eu parei para deixar meus cumprimentos, eu sabia que ali eu pararia sozinha e que logo em seguida , teria que me apressar para estar novamente ao seu lado. Observei os túmulos triste, um dia eu estaria ali, e nessa hora , ele pararia , então eu não poderia mais alcança-lo quando ele se fosse, eu permaneceria estável, imóvel. Tais pensamentos fizeram com que uma lágrima escorresse de meu rosto e uma sombra grande tampou o sol que cobria a cova. Eu sabia do que se tratava , por isso me levantei e rapidamente limpei as lágrimas de meu rosto, e ansiosamente me virei para observar seu rosto, seu rosto gentil e sem expressão que também me observava , e ao me ver fechou seus olhos e se virou.
-Vamos.
-Sim.
Ela parou quando chegamos perto da cachoeira novamente , e eu entendi o recado, era a hora de eu me lavar, e ele queria que eu fizesse isso aqui, ele sempre procurava os melhores locais para que pudéssemos tomar banho.
-Seja rápida.
-Sim senhor.
Retirei meu vestido envergonhada, mesmo já tendo bastante tempo , eu ainda não estava acostumada a retirar minha roupa em sua presença , mesmo sabendo que ele não estava exatamente aqui , e que mesmo que eu quisesse , ele não iria me espiar, sequer pensaria em tal coisa. Senti a água tocar meus pés , e então aos poucos , ela foi caindo sobre meus cabelos, e eu me senti muito bem , eu amava o céu , eu amava a água , eu amava. Eram tão limpos , tão puros, tão simples e confortantes quanto ele. Torci meu cabelo, e esperei o sol secar meu corpo até finalmente vestir meu vestido. Subi o pequeno morrinho de grama entre a cachoeira e o local onde ele se encontrava, estava sentado , com as costas sob uma árvore, os olhos fechados e um dos joelhos levantados , boa parte de seu cabelo reluzia com o sol , e a outra metade era coberta por minha sombra a sua frente.
-Senhor, é a sua vez - Sorri. Ele se levantou , com o mesmo rosto de sempre , tocou com a mão minha cabeça , e se virou. O aguardei como de costume , e ele voltou sem camisa , torcendo o cabelo , o que me geralmente me deixa muito sem jeito, ele é muito lindo afinal.
Caminhei na sua frente , procurando algumas flores para formar um lindo buquê , achei flores muito belas, que eu nunca tinha visto em outras florestas , pensei que essa fosse realmente a mais singela por sua beleza sem fim. Encontrei uma flor branca muito linda em nosso caminho , ela era preta por dentro e branca por fora, me fez lembrar muito sobre sua personalidade, tão pouco ele demonstrava seus sentimentos, mas podia-se ver que eram tão puros e belos como a cor branca. Fui retirar uma delas do solo quando não reparei que haviam espinhos em seu caule, e meu dedo começou a sangrar, era uma dor muito grande. Sua velocidade ficou mais rápida e ele se aproximou de mim , se agachando onde eu estava , ele já não se encontrava mais sem camisa, vestia sua pluma e sua armadura novamente, ele pegou com cuidado meu dedo.
-Você está bem?
-Sim, só está doendo um pouco - Para minha surpresa ele fez algo que nunca tinha feito , mesmo porque eu nunca tinha me cortado com uma flor antes. Com rapidez e força , ele rasgou um pouco a barra de sua manga, enquanto em um ato que me deixou sem ação , sugou com o sangue de meu dedo com os lábios, sua expressão não pareceu mudar, mas a minha era muito notável , meu rosto se tornou como o sol e meu coração como as ondas do mar. Ele pegou o pedaço de pano e amarrou em meu dedo, depois se levantou.
-Você deve tomar cuidado.
-Sim. - Disse me levantando em seguida. Mas esse meu levantar durou pouco, senti minha mão pesar e quando a olhei ela estava negra, pude ouvir ele chamar meu nome antes que meus olhos perdessem a visão e minha mente adormecesse.
Acordei um pouco sonolenta ainda e pude observar que o solo estava distante , o céu tão próximo como nunca, sabia que estávamos voando , agarrei a pluma de sua roupa com um pouco de receio em cair devido a altura.
-Como está se sentindo?
-Hã? - Olhei para minha mão e pude ver que a cor negra ainda não havia sumido - Onde estamos indo?
-Fique quieta, ou o veneno vai se espalhar , descanse, logo chegaremos - Eu fechei meus olhos e entendi que a flor era venenosa. Ele provavelmente estava me levando ao senhor Jinenji , ele faz ótimas plantas medicinais , já ajudou muito a mulher de seu irmão.
Só fui acordar quando já estávamos na casa do youkai , sua mão estava tocando o meu rosto , a mesma mão gentil e calorosa que eu sempre desejei tocar. Minha visão ainda estava um pouco embaçada e minha mão continuava pesada , senti sua mão indo em direção as minhas costas e seus lábios se moverem um pouco. ''Levante-se'' ele dizia , e teve de repetir isso mais três vezes até que eu entedesse. Ele me ajudou e foi quando minha visão se tornou nítida.
-Beba. - Estendeu um copo com ervas amassadas para mim , eu a bebi em um gole. E logo em seguida voltei a dormir.
Novamente acordei , mas desta vez , não estávamos mais na casa de Jinenji , nem sob os céus , estávamos perto da cachoeira, e eu estava encostada em uma arvore, quando olhei para o meu lado , vi uma folha , em sob ela , havia um peixe frito , e alguns cogumelos. Me senti feliz. Era dele, para mim. Comi , sem excessão , nao deixei um grão. Me levantei e fui a sua procura. O vi na cachoeira , em pé , descalço sobre água , e a luz fraca da lua iluminando somente ele.
-Já esta acordada? - Pensei que minha presença estava oculta atras da árvore sem iluminação, porém eu estava enganada, em um piscar de olhos ele estava perto de mim. Surpresa eu me virei , ficando de costas para o tronco , ele tocou meu queixo delicadamente com o dedo - Já está melhor? - Logo em seguida sua mão largou meu queixo e pegou o dedo ferido mais cedo. Ele foi retirando com cuidado o pedaço do pano.
-Não se preocupe, já está melhor. Não me sinto mais pesada.
-Isso é bom. - Ele sorriu , não com o rosto , pois sua expressão nunca mudava realmente , mais eu sabia que ele estava sorrindo. Ele se afastou de mim e novamente me deu as costas. Ele procurou a arvore mais confortável que achou , ajeitou as plumas para que eu me deitasse e fechou os olhos, fiz o que eu sempre fazia , encostei minha cabeça naquelas macias plumas e adormeci.
Quando o dia amanheceu , ele ainda estava ali , eu sempre acordava primeiro , mas reparei que seus olhos já se encontravam abertos ,e para minha surpresa,um pequeno e quase inotável sorriso estava presente em seus lábios. Me apressei e sai de cima dele , para que pudesse se levantar. Eu queria ver , desde ontem , desde sempre , um sorriso em seu rosto. Me senti feliz, confusa, satisfeita. Ele se levantou.
-Vamos Rin.
Talvez com o ritmo do tempo , nosso amor flua cada vez mais , mesmo que seja apenas algo neutro , sem poucas comunicações , é uma coisa que me faz se sentir realmente feliz. Vou continuar procurando a luz até encontrar , enquanto eu caminho sempre com você.
-Sim, senhor Sesshoumaru - Corri em sua direção.
FIM.
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