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História Come Back Home - Chapter 1: Santa Teresa


Escrita por: Zerokun_

Notas do Autor


Olá, depois de muito tempo voltei a me dedicar a esse plot. Peço compreensão e espero que eu consiga passar minha ideia sem me enrolar muito. Como faz bastante tempo que não uso, por favor, se possível, me recomendem alguma alma boa que faça capas, será muito bem vindo. Sem mais delongas, segue a história!

Capítulo 2 - Chapter 1: Santa Teresa


A última vez que Jin viu sua irmã Sandra, foi aos pés da torre na ascensão para Santa Teresa. O dia era frio, e o saudoso sorriso de adeus fraterno era a única memória que restou dela. Viver aos pés da torre não era, de fato, o pior cenário possível. As escolas ainda existiam, mesmo que opcionais, e o Distrito Central orgulhosamente ocupava o primeiro lugar de fornecedor de material genético.

Pela previsível seleção da mais velha, era alimentado em Jin o ânimo de estudar vinte e cinco horas por dia e oito dias por semana: horários livres não eram possíveis e dormir era terceira ou quarta prioridade, depois das aulas de judô. A fina expectação de rever a noona era combustível para essa rotina, que mesmo com crianças de meia década, era demasiada exaustiva: quem subia para Órion jamais desceria, assim como os da Cidade Meteoro jamais poderiam subir (salvo dos Capitais Encarnados, nome dado aos policiais que mantinham a ordem na parte onde o ar frio predomina, com a promessa de galgar a torre após a aposentadoria).

Com seis anos o dia deveria ter vinte e seis horas e a semana nove dias: a nevasca de 35 queimou os restos de mato e lavou suas esperanças com o nascimento de Minhyun. Desde que o mundo é mundo (ou desde que a Cidade Meteoro é mundo), a comparação entre as duas crianças era inevitável. Apenas um casal de filhos por família poderia ser elevado para Orion, e o enxoval rosado mostrava que quem os pais esperavam, era a segunda filha mulher que faria companhia para a mãe. Minhyun escolheu o dia da nevasca para nascer, e como a nevasca terminou de matar alguns mendigos, ele viera chacinar as fés do irmão. Sabia o filho do meio que o mais novo realmente possuía mais chances de ser escolhido, e imaginar passar o resto da vida num barco de pesca era um futuro bem distante da sua utopia, de atuar e poder aparecer nas televisões de hologramas, durante o horário do jantar.

Minhyun possuía mais aegyo;

Minhyun era mais alto e a escola previa um metro e oitenta e três em tamanho adulto;

Minhyun tinha a natureza doce e passiva, o que o tornava mais agradável aos olhos alheios.

Mas, tinha algo que somente os pais sabiam: o pulmão esquerdo do caçula era menor e apenas um dia sem medicamento poderia ser problemático, remédios esses misturados às vitaminas.

A corrida contra o mais novo era injusta pois suas pernas eram mais compridas, e se Jin levasse um dia para aprender a quarta sinfonia de Bach, Minhyun levaria meio. A deusa era cruel, pois em um braço segurava o escudo mas no outro tinha a espada empunhada; noites foram longas e Jin chorou todas suas lágrimas até que a poeira as secassem. Ele só queria ser bom o suficiente, poder atuar e estar no horário nobre, onde ele seria o personagem principal e todos prestariam atenção só nele... Mas a deusa era cruel: as comparações se estreitavam a cada dia como raízes apertadas num vaso pequeno, se sufocando e se estrangulando conforme o processo. Minhyun podia fazer tudo que fazia sem muito esforço, enquanto Jin precisava se desdobrar em três para obter um resultado igual ou um pouco melhor. Enquanto o mais velho suava sangue para ser o número dois, o caçula apenas sorria docilmente enquanto idolatrava o irmão.

Ah, se tinha alguém que Minhyun amava, esse alguém era Jin: mais que a mãe, mais que o pai, mais que as mocinhas formosas que sorriam timidamente. Perder de 98 à 100 de pontuação no teste de geometria espacial foi a gota d-água: em seus longos trajes pretos o mais velho saiu sem sequer pegar a máscara pisando duro, rumando ao Distrito Médio-Industrial donde inocentemente planejava pular e por fim acabar com essa maldição de comparações. O mais jovem saiu ás pressas sem entender o surto do irmão, e foi numa briga com um Capital Encarnado que encontrou o mais velho, que habilmente desviou das armas e nocauteou o guarda. Seguia em passos firmes rumo ao abissal e de lá se jogaria.

O mais alto dos irmãos já respirava com dificuldade e clamava para que Jin parasse. Em seu estado de fúria com seu semblante seco, pouco enxergava além das fumaças tóxicas daquele distrito... E o ar faltava no peito de Minhyun.

Ao perceber que o mais jovem não deixaria de seguí-lo SeokJin apelou para violência física, não muito eficaz devido ao nível de maestria do segundo. Após se baterem debilmente e a água pressurizada voltasse a minar, os olhos embaçados do menos criança soltava vômitos em forma de palavras, e tão agressivas quanto ácido estomacal, as palavras corroíam e eram de muita abrasão.

“Você nunca deveria ter nascido”

Um tapa fraco partiu do mais moço que respirava com dificuldade:

-Se nasci foi por vontade dos deuses, e, o mais fiz eu em minha vida se não te seguir?

 Diferente de água e óleo, ódio e culpa são miscíveis e se bastante agitados são homogêneos. Primeiro Jin respirou fundo, pois suas baforadas venenosas eram bem mais destrutivas que o ar daquele lugar. Ao fitar o mais novo, dizia ocularmente que brevemente mais Capitais Encarnados apareceriam, e assim seria dizimada qualquer chance de um dos dois subir. Antes mesmo que o mais velho pudesse se pronunciar, Minhyun, que já vistava silhuetas dos guardas, apelou para que o irmão fugisse:

  - Fuja Jin Hyung! Eu assumirei a culpa!

Ao ouvir as palavras do irmão, seu interior se comportou semelhante de água e óleo, já que ganância e solidariedade são bastante diferentes, e tão diferente a densidade deles que se comparariam com água e chumbo. Como uma corrente elétrica SeokJin podia imaginar o irmão sendo punido, talvez preso, e nada além disso aconteceria. Ele, per si, subiria para Órion e todos ficariam felizes. Mas..

- Não seja ridículo! Você não quer subir para Santa Teresa também?

- A felicidade encontrarei, apenas enquanto puder estar ao seu lado.

- Então que ficaremos os dois aqui. Não subiremos nenhum e viveremos a miséria do começo de fim de mundo!

- A felicidade encontrarei, apenas enquanto você puder ser feliz. Seja feliz hyung. Isso vale mais pra mim do que qualquer coisa.

Foram rápidos segundos e seria necessário um dia inteiro de reflexão:

“Por favor, não pule. Se mesmo assim minhas palavras não puderem te segurar, eu pularei por você.”

Minhyun caminhava em direção á beira do abismo e embora o hyung berrasse, com o rosto rubro e as veias saltadas, o mais jovem sorria manso, como o cordeiro imaculado que aceita sua morte para um bem maior. Nesse meio tempo os Capitais Encarnados já estavam lá, e antes de qualquer negociação, antes mesmo de chegar no precipício, o mais moço caiu no chão, e de lá jamais levantou.

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Como uma maldição de Deus, se é que ele mesmo existe, o sorriso jamais cessaria de seu rosto, estando ele triste ou em desespero. Incontáveis noites se passariam sem que pudesse dormir, apontando sua ganância que o fez tirar a vida do próprio irmão com seus atos egoístas.

Os lençóis de seda fina, a grama verde e os apetrechos de ouro não eram caros suficientes para comprar paz na consciência, nem tampouco, comprar a vida do mais jovem. Sua voz doce seria lembrada nos pratos finos e nos peixes caros, e quando a carne mais suculenta tocasse sua língua, se lembraria que aquele lugar de reprodutor não era ele quem deveria ocupar. Antes morasse junto aos pais nos pés de Órion, que ascender à torre ao preço do sangue do irmão. Seu comportamento egoísta era disfarçado durante o dia, onde os raios de sol refletiam seus incisivos e encantariam moças donzelas, que continuariam a fazer estripulias para chamar sua atenção.

Sorriria, mesmo que a culpa o consumisse, afinal essa era sua sina. O sorriso não se extinguiria não importa o que acontecesse.

Cantaria suave, definhando cada vez mais porque sua voz não engrossaria e continuaria muito semelhante ao irmão.

Teria o cabelo loiro, afinal essa eram as cores das madeixas de Minhyun.

Dormiria em silêncio, sem sequer respirar mais pesado, dessa forma seu segredo não poderia escapar, debaixo de sete chaves... e uma máscara de ar.

 

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Notas Finais


Bom, ainda estou tentando voltar ao ritmo e rumar o plot, fazer capítulos mais longos e terminar de apresentar os personagens, que imagino o fazer no próximo. De qualquer forma obrigado pra quem leu, qualquer comentário, dúvida ou crítica serão bem vindos. Espero postar o mais cedo possível ^^


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