História Come Back Home - Eu sou gay (capítulo especial 1/2)

   - Acorda, filho - Seo chamou Woozi, ficou balançando o pequeno garoto querendo acorda-lo.

- Ah... - Woozi resmungou, ele não queria acordar. Estava cedo demais.

- Vamos! Acorde logo, é o primeiro dia de aula - Seo buscou ameaçar Woozi com essas palavras. Talvez se disesse à ele que era o primeiro dia de aula, fizesse-o ficar preocupado a ponto de levantar correndo.

- Uhm.... - Woozi virou pro canto e jogou a coberta sobre a cabeça. Seo respirou fundo, tomando muito ar em seus pulmões e bufou, logo depois se retirou dalí, foi para a cozinha preparar o café, ele havia desistido de tentar acordar o seu pequeno "Tofu". Alguns minutos se passaram e a mãe de Woozi, entrou no quarto.

- Querido, acorde - Disse acariciando os cabelos do menino sonolento, a mãe de Woozi era doce, ele era sem sombra de dúvidas a coisa mais importante para ela.

- Mas mãe.. nos primeiros dias de aula os professores não fazem muitas coisas. (N/A: Lembrem-se, o universo é fictício, não vou escrever exatamente de acordo com a realidade coreana). - Woozi era manhoso em seu tom, ele buscava convencer a sua mãe com o seu jeito meigo.

- Mas, meu pequeno, os primeiros dias ainda assim são importantes. Você deve ir à escola mesmo assim - Não havia um tom autoritário na voz da mãe de Woozi, era mais como se ela estivesse pedindo para o garoto. Ela conseguia ser tão carismática quanto ele, foi dela que ele puxou todo o carisma. - É só hoje, filho - Havia verdade nas palavras dela. As aulas naquele ano tinham começado numa sexta-feira, o que significava que só teria aula naquele dia mesmo e logo depois teria o final de semana para ele dormir quantas horas quisesse.

- Aish... - Woozi sabia que não venceria sua mãe em um combate de carisma. Levantou-se - Okay, eu vou - Se deu por vencido, mas fez uma cara feia. Sua mãe, ao perceber o mal humor, deu um beijo na testa do garoto, transformando assim as sobrancelhas apertadas em um sorriso largo, apenas sua boca se estendeu em seu rosto, porém era de toda a sinceridade aquele sorriso.

- Venha, meu anjo - Ela saiu na frente, fazendo sinal para que ele à seguisse até a cozinha. A mãe de Woozi sempre conseguia tudo devido à seu carisma, ela sempre conseguia convencer Woozi, pois, diferente de Seo, ela sabia ser paciente. Ela recomendou diversas vezes que Seo fizesse algum tipo de meditação para controlar toda a raiva, mas ele sempre se negava, dizia que não tinha tempo.

Assim que Woozi chegou na cozinha se deparou com seu pai dando um gole na xícara de chá. Aquele chá tinha um cheiro muito ruim que impregnava nas paredes da casa, o cheiro se espalhava como o aroma de uma comida deliciosa, mas diferente de tal, o gosto era ruim.

- Sente-se, querido - A mãe de Woozi sempre se mantinha simpática, chamando-o de diversos apelidos carinhosos. Woozi obedeceu a sua querida mãe, sentou-se próximo à ela.

- Lavou o rosto? - Perguntou Seo, arqueando a sobrancelha. Quando o pai de Woozi estava descontente com algo, vivia pegando no pé do garoto. Ele não era uma pessoa ruim, só um pouco rabugento demais. Woozi balançou a cabeça em positivo enquanto se servia.

Após terminar o café da manhã, Woozi foi direto para a escola que ficava ali perto. Ele estava na 7° série, nunca havia rodado em sua vida. Woozi detestava ir à escola por ser muito introvertido, o que dificultava para ele fazer amigos, então ele vagava pelos corredores como um fantasma, sendo ignorado por todos. Os únicos que o reconheciam eram seus professores, mas isso se dava ao fato que ele era o chamado CDF, então os professores sempre marcavam ele, pois suas notas eram as mais altas sempre. Assim que bateu o sinal, Woozi foi à diretoria para saber qual seria a sua sala pelo resto do ano. Quando chegou na sala dos diretores, esbarrou com um garoto uns 10 centímetros mais alto que ele, mas ignorou, não devia ser estudante da escola nem parecia asiático, pelos seus estilos de roupa o garoto parecia mais um americano. Após a colisão, ficou parado encarando o garoto por alguns segundos, o outro não fez o mesmo, nem ao menos parecia ter esbarrado em alguém, apenas prosseguiu em seu caminho.

- Posso lhe ajudar? - As palavras quebraram os pensamentos de Woozi, fazendo-o retornar para a realidade.

- Uhm? - Indagou confuso.

- Precisa de ajuda? - A moça no outro lado do balcão perguntou com o cenho franzido. Parecia impaciente com o garoto distraído.

- Ah... Sim! Quero saber qual a minha sala - Começou a tatear os bolsos, procurando sua identificação de estudante.

- Nome? - A moça perguntou enquanto digitava algo no computador. Woozi entregou a identificação, nela continha todas as informações necessárias para encontrar a matrícula dele. - Sala C! - Lançou um olhar desprezível e entregou a identificação de Woozi, a vontade dele era rosnar para ela, como se fosse um cachorro, mas preferiu dar de ombros, não valia a pena dar ibope para tal atitude depreciativa.

- Obrigado! - Sorriu cínico. A moça fez o mesmo.

Saindo da diretoria, Woozi foi correndo para a sala, só havia se passado 3 minutos desde que o sinal bateu, ainda dava tempo de ele chegar na aula sem perder um minuto sequer. Na sala só havia algumas poucas pessoas espalhadas em grupos que continham no máximo três pessoas.

Perfeito!, Pensou Woozi

Ele poderia escolher a mesa com maior liberdade, já que não tinha quase nenhuma mesa ocupada. E a mesa que ele escolheria, seria a primeira mesa da frente, a mais próxima ao quadro, por falar baixo demais era o local ideal para ele conseguir participar das aulas, assim conseguindo falar com os professores.

Poucos minutos depois o professor entrou na sala, e muitos alunos o acompanhavam, os que já estavam dentro da sala se arrumaram em suas carteiras, sobrou apenas uma mesa vazia no fundo da sala, no canto, isto significava que faltava algum aluno ali. O professor não queria passar nada sobre a matéria escolar, resolveu que seria uma aula de apresentações, os alunos tinham que se levantar e ficar na frente dos outros, se apresentar e retornar para suas cadeiras. O primeiro, por estar sentado na primeira mesa, era Woozi.

- Você é o primeiro... garoto baixinho - O professor deu um intervalo na fala entre "primeiro" e "garoto" , o homem não quis ofender o chamando de baixinho, mas Woozi estava distraído, tanto que não viu o professor apontar para ele, o garoto estava encarando fixamente o nada, provavelmente estava no mundo da lua.

- Ah.. sim - Sentiu-se em pânico, mas levantou-se e foi diante da turma. Engoliu em seco antes de se apresentar. - Eu sou... - Woozi foi interrompido por batidas na porta.

                Batidas na porta

- Entre! - Deu permissão o professor. Assim que o professor permitiu a entrada da pessoa, um garoto adentrou a sala, provavelmente um estudante.

- D-desculpe pelo atrasado - O garoto gaguejou. O professor sentiu um pouco de dificuldade em interpretar o sotaque estrangeiro, provavelmente fazia pouco tempo que o garoto tinha se mudado.

- Ele se desculpou, senhor - Woozi, seja lá como, entendeu o sotaque do atrasado.

- Obrigado! - Se mostrou agradecido pela tradução. - Se apresente, atrasado - O professor pediu para que o estrangeiro se apresentasse por primeiro, esta seria a punição de se atrasar.

- E-eu sou Vernon. Tenho 12 anos. Sou norte-americano. - Travou um pouco, mas conseguiu se apresentar. Mesmo se esforçando, o professor não havia conseguido entender muito bem, estava realmente complicado para se entender o sotaque de Vernon. Woozi conseguia entender por conta de sua mãe possuir tal sotaque também, por sua vez o garoto se acostumou com o sotaque da mãe, mas adquiriu o sotaque de seu pai para si.

- Ele é Vernon, tem 12 anos e vem dos Estados Unidos - Woozi atuou mais uma vez como intérprete. Tal ação fez o professor ter uma idéia, foi como uma lâmpada acendendo sob sua cabeça.

- Garoto, se apresente - O professor voltou o corpo para Woozi.

- Meu nome é Woozi, tenho 11 anos, sou de Seul - Seguiu as ordens do mais velho.

- Woozi, você poderia atuar como intérprete de Vernon? Até ele se acostumar com o nosso sotaque - Pediu o favor, esperando que o garoto aceitasse fazê-lo.

- S-sim - Aceitou confuso balançando a cabeça em positivo.

- Obrigado - Vernon agradeceu, desta vez o professor entendeu. Vernon era ruim em falar coreano, mas sabia escrever tudo perfeitamente, também entendia tudo o que os outros falavam.

- Coloquem duas mesas juntas aqui na frente - Apontou para onde Vernon podia colocar sua mesa, sem que atrapalhasse os colegas de classe. Vernon fez o que o professor pediu, buscou a mesa e colocou-a ao lado da mesa de Woozi. Se seguiram as apresentações normalmente, todos os alunos tinham a média de 12 anos de idade, Woozi também faria 12 anos, faltavam apenas 2 meses para que ele fizesse a idade. O professor avisou aos garotos, Woozi e Vernon, que falaria com os outros professores para que os deixassem em dupla, pois Vernon tinha alguns problemas de falar em coreano por ter vindo dos Estados Unidos. Os outros professores todos fizeram uma aula experimental, para garantir que não teriam problemas deixar os garotos juntos, sentados em duplas. Era bem notável que não teria problemas, os dois garotos ficavam o tempo inteiro focados na aula, de tal maneira que a presença um do outro não os fazia querer conversar, ficava cada um no seu canto, as únicas palavras que trocavam era sobre a aula, não faziam mais perguntas que isso. No intervalo, o silêncio entre os dois apenas se acentuava, no máximo perguntavam as horas ou trocavam alguns olhares, que acabavam com eles quebrando o contato, baixando a cabeça de forma tímida. Mas em um certo dia isso mudou, já faziam 2 semanas desde que os dois eram colegas, até que Vernon resolveu falar alguma coisa mais.

- Você nasceu aqui? - Perguntou um pouco relutante.

- Sim - Woozi estranhou a pergunta, não sabia ao certo onde o outro queria chegar. - E você? - Perguntou por educação, pouco se importando com a resposta, porém era estranho para Woozi alguém perguntar algo sobre ele, no fundo ele ficou contente com a pergunta, pois pela primeira vez alguém estava interessado em algo sobre ele, e não interessado na inteligência dele.

- Eu morava em Nova Iorque - Vernon respondeu com entusiasmo, mas acabou por se tornar melancólico quando lembrou-se da vida que teve de deixar pra trás nos EUA.

- Você está gostando de viver aqui? - Para quem não demonstrou interrsse na primeira pergunta, Woozi ficou bem entusiasmado quando fez a segunda, apoiou os cotovelos na mesa à frente dele e inclinou a cabeça para o lado, seus cabelos castanhos ficaram pendurados ao lado da cabeça.

Que interesse repentino, pensou Vernon. Será que ele está tentando me animar?

- Sim. É bem legal aqui, só as matérias escolares que são necessários muitos esforços por aqui - Comentou risonho. O sorriso estampado em seu rosto não era verdadeiro, mas ele quis transmitir felicidade com o gesto, para mostrar que os esforços do menor não foram em vão. Vernon sentia uma enorme saudade de sua terra, de seus amigos, de sua namorada. O entusiasmo de Woozi se quebrou, ele sentou-se normalmente novamente na cadeira e pôs as mãos sobre a mesa, com os dedos entrelaçados, devido à enorme ansiedade apoiou as pontas dos pés no chão e ficou balançando a perna.

- Qual a próxima aula? - Vernon tentou quebrar o silêncio constrangedor que havia se instalado. Também era a vez dele de falar, ele quem puxou assunto, deveria continuar com a conversa.

- Acho que é química - Respondeu desinteressado.

- Qual sua matéria favorita? - Indagou aleatório.

- Hmm... - Woozi colocou a mão no queixo, se demonstrou pensativo ao olhar para cima - Matemática! - Exclamou feliz, parecia Arquimedes gritando "Eureka!". - E a sua? - Interrogou após um breve mutismo.

- A minha é Educação Física, eu adoro dançar!

Mas então não seria dança a sua matéria favorita?, pensou Woozi, mas não disse nada. Sorriu com os olhos fechados, em resposta à Vernon.

- Temos algo em comum - Comentou Woozi, feliz com a notícia, pois talvez poderiam ser colegas de dança também. Woozi praticava dança num local pequeno, e todos os anos competia no evento de dança.

- Você dança? - Perguntou surpreso Vernon, e coçou a cabeça com dúvida.

- A-aham - Balançou a cabeça para confirmar.

Qual é? Por que eu não posso dançar?, Perguntou-se indignado Woozi.

- É que, sabe... Você é baixinho - Tentou não soar ofensivo mas pelo rosto do menor, ele não conseguiu muito bem. Woozi estreitou os olhos e encarou bem nos olhos Vernon, que sorriu amarelo e coçou a cabeça desconfortava com o próprio comentário.

- Eu danço muito bem, tá!? - Woozi fez um bico, olhou para o lado desfazendo o contato ocular e cruzou os braços. Ficou de nariz em pé, ele odiava que qualquer um comentasse sobre sua altura.

- D-desculpa - Entre gaguejos Vernon conseguiu proferir as palavras.

- Não, baka! - Disse Woozi olhando novamente para Vernon, que ficou espantado, arregalou os olhos devido à expressão do outro. Woozi tentou segurar o riso que subiu até sua boca, os lábios tentavam se transformar em um sorriso, mas ele segurava. Durante alguns segundos os dois se encararam nos olhos, mas quando a situação do riso de Woozi ficou crítica, ele mordeu o lábio inferior antes de gargalhar escandalosamente. Vernon ficou com cara de bobo, sem entender o que estava acabando de acontecer, mas acabou por rir desconfortável.

- Você tinha que ver a sua cara! - Disse Woozi, sugando ar para conseguir parar de rir.

- Você vai ver a minha cara quando eu te dar um soco, anãozinho - O veneno já escorria pelo lábio de Vernon.

- Então ficou bravinho, "Vernenon"?(N/A: Eu sei! Isso ficou horrível, mas coloquei mesmo assim). - Woozi riu debochado da cara que Vernon fazia.

- Então você gosta de rir, pequeno!? - Vernon atacou Woozi, fazendo cócegas nele, que riu para a sala inteira ouvir.

- Para, idiota - Woozi empurrou Vernon com lágrimas escorrendo pelos seus olhos, o garoto menor tinha rido demais. Vernon ameaçou de voltar a fazer cócegas e isso foi o suficiente para Woozi soltar mais umas risadinhas. Vernon ficou enormemente feliz ao ouvir Woozi rir. A risada e o sorriso de Woozi eram ótimos de se ouvir e ver.

- Você é fofo - Vernon comentou aleatoriamente.

- Está me chamando de gordinho é? - Woozi fez um bico.

- Não, não - Vernon negou e chacoalhou as mãos em negativa. - É fofo do tipo que dá vontade de apertar, sabe?

- Acho que sei - Woozi pôs a mão no queixo, ficou pensativo.

- Só saiba que é um elogio - Vernon não sabia explicar o que era fofo, então deixou assim mesmo.

- Obrigado - Woozi sorriu. O sinal começou a bater loucamente e todos os alunos retornaram para a sala. Após a última aula, Vernon acompanhou Woozi até em casa. Ao longo do caminho os garotos foram fazendo brincadeiras e piadinhas um com o outro.

- É aqui que moro - Woozi parou de repente e apantou para a casa.

- Caramba, que casa grande - Vernon não se conteve e comentou sobre o tamanho da casa. - Para você deve ser ainda maior, pequeno - Vernon largou sua última piadinha do dia.

- Ha ha ha... Engraçadinho

- Então... até amanhã? - Vernon estendeu a mão para se despedir do outro. Woozi apertou a mão dele.

Que falta de cavalheirismo, Pensou Woozi, nem pediu meu número.

- H-hyung!, e-eu tenho algo a te contar - Woozi juntou as pernas e coçou a cabeça, parecia desconfortável com o que diria a seguir. Vernon franziu o cenho, se mostrando preparado para o que vinha.

- Estou ouvindo - Disse, largando a mão de Woozi.

- Eu sou gay - Foi direto ao ponto.