História Command - Cuidado

- Então, o que quer? Não que eu esteja reclamando mais.

Dizia Jackson assim que fechou a porta para Jaebum sair. Parecia não se importar com o mais velho que tinha se retirado chateado.

- Espera, que cabeça minha, nem te ofereci um drinque, o que você vai querer?

Jackson já se direcionava para o bar que tinha em sua sala.

- Sabe que não bebo.

Respondia Mark, em pé, na mesma posição que estava quando notou a presença de Jaebum na sala.

- Seu irmão não está aqui, não se preocupa, bebe.

Ofereceu uma dose de uísque, o mais novo pegou temeroso.

- O que ele quer que eu faça agora?

- Eu não vim por causa do meu irmão. – Mexia naquele copo, meio sem jeito, resolveu se sentar. – Eu vim falar de... Negócios, sem ele saber.

Jackson se surpreendeu e resolveu sentar ao seu lado no sofá, também tinha um copo de bebida em sua mão, estendeu um dos braços nas costas do móvel e ficou com seu corpo virado para o mais velho.

- Negócios? – Mais uma vez, em seu rosto, um sorriso malicioso. Olhou Mark de cima a baixo. – Faz sentido, o seu tipo faz muito sucesso, mas não entendi, você quer que eu seja seu... Empresário, ou algo do tipo?

- Não é nada disso, eu não estou falando desse tipo de negócio. – Ele fez uma pausa e mais uma vez encarou o copo, estava levemente envergonhado de ter que pedir algo a Jackson, que não parava de comê-lo com os olhos. – Estou falando de outro negócio, aquele...

- Você... – Jackson riu, gargalhou. – Você fazendo esse tipo de vendas? Olha, dessa vez você me surpreendeu. Mas ok, e onde entro nisso? Você sabe que trabalho para seu irmão. Por que não pede para ele?

- Ele não gosta de envolver família isso, pode não parecer, mas ele é bem careta no seu trabalho, nunca ia deixar que eu participasse além das entregas, além do mais, eu ando precisando de grana.

Jackson se aproximou de Mark, o deixando mais desconfortável ainda.

- E o que eu ganho em troca nisso tudo?

Passou seus dedos no rosto de Mark. O mais velho se levantou, colocando o copo de bebida na mesinha a sua frente.

- Por que tem que levar tudo para esse lado? Eu já disse que meu interesse é o dinheiro... Só o dinheiro.

- Eu também! – Jackson também ficou de pé. – Mas... Eu posso te ajudar muito mais do que imagina em troca de uns favores. Você pode ficar com todo lucro, nem precisa me dar nada, te dou o produto e você... – Sorriu novamente do jeito que adorava fazer quando estava prestes a atacar à presa.

Mark sorriu em troca, mas não da mesma maneira, ele queria demonstrar que não era tão inocente em relação a vida.

- Você se acha tão esperto.  – Parou para pensar um pouco enquanto olhavam um para o outro. - Aquele cara, você parecia se importar com ele, por que deixou ir embora daquela forma?

- Era só um cliente.

 - No seu apartamento? Com certeza era mais que um cliente.

Novamente ele se aproximou, dessa forma de uma forma mais intensa, a ponto de Mark sentir a respiração de Jackson em seu rosto. Ele ficou temeroso de uma forma estranha, dessa vez era um medo gostoso de sentir, parecia um jogo interessante de participar. Não que houvesse algum interesse ali. Não da parte dele.

- Uma coisa desse meu trabalho é saber que ele sempre vem na frente do amor.

- Então você ama aquele cara, mas está recusando ele?

- Isso não é da sua conta. – Dessa vez ele ficou serio e quem continuava com um sorrisinho nos lábios era Mark.

O mais velho estendeu os braços como se estivesse dando uma trégua na provocação.

- Desculpa, não tenho nada a ver com isso, mas então... Vai me ajudar?

- Vou, mas sabe que seu irmão não vai gostar nada disso, não sabe?

- Ele não precisa saber. Ele nem pode saber.

- Por que você me procurou?

- Você parece ambicioso, não vai ficar de empregado por muito tempo.

Quando Mark notou a distancia comprometedora entre os dois, ele se afastou.

- É melhor eu ir embora agora, eu volto depois, a gente vai se falando então.

O mais novo se virou enquanto Mark ia em direção a porta.

- Você vai assim? Do nada.

Mark se virou.

- Para alguém que deixa o trabalho na frente do amor e deixa o cara que gosta ir embora daquele jeito, você está sendo bem dramático. Até mais.

...

Dias se passaram e as investigações da boate foram tomando forma, nomes e serviços eram discutidos na delegacia e entre os investigadores, estava Jaebum, ainda com uma pontinha de irritação em seu coração, pela forma como Jackson o tratou da ultima vez que haviam se encontrado, mas ainda temia ser parte da prisão do mais novo.

Apenas duas batidas em sua porta, ele abriu sem demorar muito, já aguardava aquela visita. Se olharam por alguns segundos, Jaebum entrou.

- Antes que me peça desculpas, pela enésima vez, me deixa falar tudo que tenho para falar.

Dizia o mais velho, indo em direção ao sofá e se sentando. O outro nada disse.

Um silencio durou por pouco tempo, Jackson deu esse tempo pedido, Jaebum criava mais uma vez coragem.

- Quando eu... Quando eu te encontrei pela primeira vez, meu único interesse era aliviar aquela tensão que eu sentia, por tudo, por esconder quem eu sou, por trabalhar no meio de um bando de machistas, eu queria você... Como um produto.

Jackson foi se sentando lentamente ao seu lado, ouvia atentamente.

- O tempo foi passando, parece que eu fiquei viciado no seu cheiro, na sua pele... – Dessa vez Jaebum o olhava, Jackson olhava para o chão. – Eu fiquei viciado em você. A gente passou a conversar, a se entender além da cama, eu percebi que eu precisava de você na minha vida. – Voltou a olhar para sua frente. – Eu percebi que de um jeito ridículo, o cara durão tinha se apaixonado por um garoto de programa.

Ele riu se lamentando.

- Parece coisa de filme. Quando eu vi já estava sonhando em te tirar dessa vida, de me demitir, da gente ir para longe e viver tudo que eu mais queria, viver como quem eu sou realmente. Só que nesses últimos dias parece que você tem me forçado a desistir de tudo isso, quando eu já tive certeza que você também queria, de uns tempos para cá, você mudou.

- Eu não mudei. – Dessa vez o mais novo o olhou. Jaebum retribuiu.

- Não? Você anda tão cego pelo dinheiro e luxo que nem se quer notou que mudou. Eu não estou fantasiando nossa relação Jackson, eu já acordei do meu devaneio, foi passageiro, se é isso que você quer. Mas eu não posso deixar você se afundar sem fazer nada, muito menos participar disso.

- Do que está...

- Me deixa terminar. Eu... Eu tentei te alertar, mas você não me ouviu, tentei evitar chegar nesse ponto, mas não adiantou e então, eu queria te mostrar uma coisa.

Ele retirou a carteira do bolso de sua calça jeans e Jackson apenas observava com estranheza o movimento. Ele deu o objeto para o mais novo e ele ficou sem entender.

- Abre.

Assim que Jackson abriu e viu a carteira policial, ele não pareceu surpreso e sim, triste.

Jaebum observava esperando uma reação e o que ele viu foi o mais novo fechando os olhos e segurando aquilo em suas mãos com força.

- Por que não me disse isso antes? Por que não falou quem era quando eu perguntei naquele dia? – Jaebum o observava em silencio meio confuso. – Eu já desconfiava, não pense que sou tão ignorante assim.

- Nunca falei isso. Inconsequente talvez.

- Eu não tenho medo JB. – Entregou a carteira para o mais velho. – Se acha que dizer que é um policial vai me deixar parar, não vai.

Jaebum negava desacreditado com o que ouvia. Ele deu um sorriso infeliz.

- Não me diz que não esta com medo porque sou eu quem estou investigando isso?

- Você vai me entregar?

- Eu não preciso Jackson! Você esta se entregando com essa atitude... Você não se importa não é mesmo? Com ninguém.

- Eu me importo com você, se é isso que quer saber, você que não entende, me afastar é minha forma de te proteger.

- Como se isso fosse fazer doer menos... Uma palavra e eu largo tudo isso, uma palavra sua e eu esqueço o que sou e largo tudo com você. Por você.