História Committed - Então, eu e você podemos fingir que somos um casal!

O DEO estava com sua movimentação de costume naquela manhã. Os agentes iam chegando aos poucos tomando os seus lugares ou trocando de posto com quem virou a madrugada trabalhando.

A manhã estava tranquila. Passaram a noite inteira sem nenhum alerta de ameaça. Aos poucos parecia que os alienígenas estavam começando a viver pacificamente, sem dar dor de cabeça para os agentes.

Isso era algo positivo. O que todos queriam era que humanos e alienígenas começassem a viver pacificamente. Pelo menos era o que os agentes do DEO queriam, facilitaria e muito o trabalho de todos.

Winn chegou a instalação sendo simpático com tudo mundo como costumava fazer toda manhã. Normalmente essa era a hora que Alex aparecia de algum buraco e tirava sarro de sua cara por causa de todo o seu bom humor matinal, mas para a surpresa do técnico em TI, a agente não deu nem sinal de que havia chegado.

Entretanto, assim que Winn chegou a sua mesa, encontrou Alex sentado em sua cadeira.

A agente estava em outra galáxia. Ela fitava o nada. Seus pensamentos estavam distantes a ponto dela não notar a presença de Winn e muito menos perceber que sua mão brincava com um dos bonecos que ele costumava deixar em cima da mesa.

Mas também não era para menos. Desde que Maggie Sawyer havia cruzado o seu caminho, seus sentimentos estavam uma bagunça como nunca tinha ficado em toda sua vida. E isso nas últimas semanas estava lhe tirando o sono. Ela perdia noites perguntando para si mesma o motivo de ter ficado tão incomoda com o fato de Maggie ter uma namorada.

 Não somente isso.

Ela perguntava-se o motivo de sorrir sempre que a detetive ligava informando sobre um novo caso. Só de ouvir o “Sawyer” do outro lado da linha seu dia melhorava em 100%.

Ela perguntava-se o motivo de agir tão desconsertada na frente da morena. Desde que cruzou com Maggie pela primeira vez era humanamente impossível não ficar com as bochechas ardendo de vergonha e gaguejar sempre que a morena fazia alguma brincadeira.

Sem contar o coração batendo descompensado. Achava-se uma tremenda idiota toda vez que seu coração ameaçava sair do peito sempre que ela estava com Maggie. Era sempre assim quando a detetive sorria e exibia aquelas lindas covinhas. Era sempre assim quando a detetive dizia o seu nome. Era sempre assim quando a detetive somente estava no mesmo ambiente que o seu.

Pensou em se afastar da Maggie e tentar lidar com tudo que estava sentindo da melhor forma possível. Só esse pensamento a destruiu mais por dentro do que saber que Maggie tinha uma namorada. No final das contas, ela gostava de ter a morena como sua parceira.

O negócio era reprimir seus sentimentos e continuar fingindo que não fazia ideia do que estava acontecendo. Afinal, fazia tanto tempo que ela não se apaixonava por ninguém que deveria até ter esquecido como era tal sentimentos.

Infelizmente, ela estava falhando miseravelmente. Prova disso era sua manhã aérea sentada na mesa dos outros, remoendo mais uma vez o toco que levou de Maggie na hora que a convidou para tomar uma bebida. Deveria ter aprendido da primeira vez, mas ela não conseguia evitar.

Inconscientemente, Alex virou a cadeira e encontrou Winn a olhando com um sorrisinho travesso.

- Nem começa. – interrompe-o, antes que ele começasse com uma de suas piadas. – Eu só estava testando para ver se sua cadeira era boa. – levantou-se. – Eu não quero ver você reclamando de dor nas costas como semana passada. É irritante.

- Eu não reclamei de dor nas costas semana passa... – resolveu não concluir a frase por causa do olhar semicerrado cheio de fúria que Alex estava lhe mandando. – Jesus! – sentou-se na sua cadeira. - Qual o seu problema? – arrumou na mesa o boneco que Alex estava mexendo. - Eu sei que você não é uma pessoa que ama manhãs, mas nós já temos o J’onn como o mal humorado da turma, não precisamos de você também.

- Eu não estou mal humorada. – sua expressão de nenhum amigo não convencia. – Quer saber? Morra de cor nas costas, eu não me importo!

Winn franziu o cenho, estranhando o comportamento de Alex. Até ameaçou dizer algo, mas ele estava realmente intimidado com a cara emburrada da morena. Portanto, chegou a conclusão que se aquela não era a Alex mal humorada, ele mesmo não queria cruzar o caminho dela quando estivesse de mal humor.

O celular de Alex tocou.

- Danvers.

Alex não conseguiu disfarçar o sorriso por causa do nome que viu no visor assim que atendeu o celular.

Winn ergueu uma sobrancelha, interessado em saber quem era a pessoa do outro lado da linha que estava arrancando sorrisos da mal humorada Alex Danvers.

- Danvers, você quer casar comigo?

A respiração de Alex desapareceu após ouvir aquela pergunta. Ficou tão perplexa que era capaz de morrer por falta de ar por esquecer como se respira e nem ao menos perceber.

- Se eu quero... – soltou um riso de nervoso, com os olhos arregalados, surpresa com a pergunta. – Que isso Sawyer... – passou a mão livre pelos cabelos, ainda desconsertada com a pergunta. – Casar com você? Eu não... – soltou outro riso de nervoso.

- Relaxa Danvers. – Maggie riu. – Isso não é um pedido de casamento de verdade. É um caso.

- Um caso? – abriu um sorriso, sem graça. Agradeceu mentalmente a todos os deuses por Maggie não estar em sua frente naquele momento. – Claro que é um caso. – revirou os olhos, indignada com si mesma. - O que aconteceu? – perguntou, tentando recuperar a postura. - E por que eu preciso casar com você?

- Eu já estou a caminho do DEO para te atualizar do caso e contar todo o meu plano, tudo bem?

- Estou te esperando. – desligou o celular.

Sem perceber, sorriu. Era impressionante como uma única ligação da detetive conseguia fazer até com que o seu humor melhorasse. Sendo que a própria Maggie era o motivo do seu mal humor.

Ao perceber que Winn a encarava com um sorrisinho desconfiado no rosto, o seu sorriso imediatamente desapareceu.

- Nós deveríamos contratar a detetive Sawyer para trabalhar no DEO. – cruzou os braços, divertindo-se com Alex tentando esconder o seu desconserto. - Ela é uma ótima cura para o mau humor, você não acha?

- Cala a boca.

Virou-se, andando para longe de Winn. Não daria um pingo de ousadia para ele.

- Tudo bem. – aumentou o tom de voz para que Alex o ouvisse. - Quando quiser conversar sobre isso eu estarei aqui. Eu sempre estou aqui. – diminuiu o tom de voz, conversando com si mesmo. – Às vezes não tem nada para fazer, eu fico jogando The Sims escondido, mas eu sempre estou aqui.

Não demorou muito tempo para que Maggie chegasse ao DEO e atualizasse todos sobre o novo caso que estava trabalhando.

O que acontecia era que nos últimos dias a polícia de National City havia encontrado três casais mortos. Em outros casos Maggie nem seria informada desses casos por não envolver alienígenas, entretanto, durante a investigação que a homicídios estava conduzindo, os detetives encontraram um padrão relacionado as vítimas.

Elas não se conheciam, provavelmente nunca deveriam ter se cruzado na vida, mas todas as vítimas eram casais que estavam prestes a se casar e antes do desaparecimento todos os três casais tinham passado pelos mesmos lugares: uma floricultura, uma joalheria e uma confeitaria.

Novamente, em outros casos Maggie não seria informada sobre nenhum desses casos, caso todos os três estabelecimentos não fossem gerenciados por alienígenas que viviam uma vida normal como humanos.

- Deixa eu ver se eu entendi. – Kara cruzou os braços, ainda assimilando o que Maggie havia acabado de propor. – Seu plano é você e a Alex se passarem como um casal? – Maggie fez um positivo com a cabeça. – Para atraírem o alienígena serial killer? – recebeu outro positivo de Maggie em resposta. - Por que eu e o Winn não podemos ser esse casal?

- Desculpa? – Winn que estava com a atenção voltada ao ipad em sua mão, olhou para Kara, confuso. – O que tem nós dois como um casal? Eu pensei que nós dois já tínhamos passado...

- Não é nada disso! – exclamou Kara, tendo que aguentar os olhares curiosos de Maggie. – Nós dois não... Nós somos só amigos. – Maggie ergueu as mãos, isentando-se de qualquer comentário que a Supergirl achou que ela estava prestes a fazer. – Eu estou dizendo que é mais seguro eu e o Winn fingirmos ser um casal porque – apontou para si mesma com ar de superioridade. – Garota de Aço. Se esse alienígena serial killer vir atrás da gente eu consigo dar um jeito.

- Sério? – Maggie cruzou os braços, desafiadora. – Que roupa você pretende usar para esse trabalho disfarçado? Aliás, você tem outras roupas fora esse uniforme? Você lava esse uniforme?

Kara abriu a boca para responder a audácia de Maggie, mas não conseguiu formular nenhuma frase decente. Sua expressão era tão engraçada que se não soubessem que ela era uma alienígena quase imortal poderiam dizer que ela estava prestes a ter um derrame.

A verdade era que aquele sorrisinho debochado da detetive a tirava do sério. Não somente o sorriso, mas a presença de Maggie. Ela odiava o fato de sua irmã estar preferindo trabalhar mais com a detetive nas últimas semanas do que trabalhar com ela.

Sim, ela estava com ciúmes e, aparentemente, Alex não enxergava isso e continuava a chamando somente no último caso de todas as missões que ela ia com Maggie.

- A Maggie tem um ponto. – Alex que estava em silêncio esse tempo inteiro só analisando o plano pronunciou-se. – E o Winn não está pronto para trabalhar em campo.

- Então, eu e você podemos fingir que somos um casal!

Alex, Winn e J’onn fizeram uma careta por causa da proposta de Kara.

Maggie encarou todos sem entender o motivo da careta. Por mais que ela não concordasse com a Supergirl querer assumir o seu plano, não via nada de absurdo nas duas fingirem que eram um casal.

- A agente Danvers e a detetive Sawyer vão se passar como um casal. – J’onn resolveu dar a palavra final. – Você e o agente Schott vão monitorar as duas aqui do DEO, caso elas tenham algum problema, você pode dar uma de Garota de Aço para cima do alienígena serial killer. – a frase final saiu recheada de deboche só para tirar a Kara mais ainda do sério. – Ao trabalho.

- Quem disse que eu não estou pronto para o trabalho em campo? – Winn resmungou. – Eu daria um ótimo noivo falso para a Supergirl. – deu uma rápida mexida no ipad, só para dar a ilusão que tinha parado de falar, mas logo em seguida continuou. – Pelo menos eu sei como ela é sem o uniforme.

- Agente Schott. – o tom de J’onn era de repreensão.

- Ao trabalho. – deu dois passos para trás. – Certo! – girou os calcanhares, caminhando em passos largos. – Nunca mais peguei um sol depois que comecei a trabalhar aqui. Não que eu esteja recla... – fez a besteira de olhar para trás e J’onn continuava o encarando com repreensão. – Já estou trabalhando. – balançou o ipad em sua mão.

- Então, - Maggie pegou a escuta que Alex lhe entregou. – você quer encomendar as flores, o bolo – colocou a escuta em seu ouvido. - ou comprar as nossas alianças de casamento primeiro?

Alex abriu um pequeno sorriso de canto de rosto, colocando a escuta em seu ouvido. Amava a espontaneidade de Maggie para absolutamente tudo.

Avulsa dos sentimentos da irmã pela detetive, Kara bufou. Aquela missão mal tinha começado e ela já torcia para que terminasse. Não estava valendo a pena nem para conseguir mais um ponto no quadro de matérias do Snapper.

- Eu espero que minha aliança tenha uma pedra gigante de diamantes. – disse em um tom divertido fazendo com que Maggie exibisse suas covinhas em um sorriso. – Afinal, você que me pediu em casamento.

- Vamos com calma, Danvers. Eu tenho o salário de uma detetive, não o salário da Lena Luthor.

As duas riram completamente descontraídas e distraídas. Nenhuma das duas percebeu as caretas que Kara estava fazendo por causa daquela interação e parceria. Tanto que elas deixaram o DEO sem nem ao menos se despedirem por estarem muito ocupadas conversando sobre a vida de “noivas”. Deixando uma Kara mais irritada ainda.

O dia com toda certeza seria longo.