História Committed Destination - Epílogo

“Talvez os poetas estejam certos. Talvez o amor seja a única resposta”

Woody Allen

As vezes as coisas não são para ser e as vezes são. Deve ser por isso que nos últimos dias tenho andado tão preocupado com tudo, com o que aconteceria daqui para frente ou como seria. Estava surtando internamente.

Já havia se passado uma semana desde que eu e a Sra. Grier conseguimos falar com Will e lhe dizer a real situação da Malina, não era nada boa. Os remédios não faziam efeito algum, muito menos as quimios ajudavam em algo, estávamos em um beco sem saída, porém, mesmo com tudo isso, ela já tinha aceitado e, de alguma forma, me fez aceitar também.

– Lhe trouxe seu café preferido, meu amor – balbuciei entrando em seu quarto, a mesma estava sentada na janela ao redor de um cobertor e algumas almofadas – Quer algo mais? – questionei enquanto sentava no chão à sua frente.

– Obrigada – sorriu pegando o copo com café quente – Não quero mais nada, Cam.

Assenti bebendo de meu próprio café e admirando a mais nova. Olhei desde seus cabelos claros até os cílios, a boca sem cor alguma continuava macia, as bochechas levemente coradas até os olhos perdidos na escuridão da noite.

– Por que está me olhando?

A pergunta me fez voltar ao planeta Terra e sorri de lado – Não posso mais olhar para minha própria namorada?

– Bom, se for olhar como se fosse a coisa mais linda e frágil do mundo, então não pode – disse cruzando as pernas – Mas se for olhar como uma pessoa normal e que está morrendo, então pode.

– Então, Sra. Grier, vou te olhar como a menina que conheço desde sempre, a doida que sai jogando tinta nos irmãos e amigos, que ama ler livros e não consegue parar de sorrir – terminei meu café e foquei os olhos nos da mais nova.

– Cameron, me poupe, se poupe, nos poupe.

– Você me ofende desse jeito, Malina – murmurei sério – Mas apesar disso, preciso te fazer uma proposta.

A menina de olhos claros me olhou com uma sobrancelha arqueada, como se quisesse saber se era brincadeira minha ou não estar sério. Tirei o celular do bolso e olhei as horas, ainda era dez da noite.

– Você me ama? – questionei calmamente, pegando a mão da mesma que parecia confusa.

– É claro que amo, Cameron.

– Faria algo por mim? – olhei no fundo de seus olhos.

– Se estiver ao meu alcance – disse sorrindo brando – Está ou não? – confirmei com a cabeça – Então me diga o que é, to curiosa!

– Casa comigo? – sussurrei como se fosse um segredo.

A mesma ficou quieta, sua respiração estava acelerada, parecia que só existia nós dois, o nosso pequeno mundo. Pude ver a boca de Mali abrir e fechar várias vezes, a cada segundo meu coração batia mais forte e o medo de um enorme “não” soar aumentava.

– Isso é sério? De verdade? – questionou confusa.

– É mais que sério, Mali – levantei, me sentando em sua frente e acariciando seu rosto com a mão livre – Quero poder te provar que mudei, provar que não sou mais o garoto infantil que era alguns meses atrás. Me deixe acertar ao menos uma vez.

– Isso é muito, Cameron – murmurou – Mas é claro que aceito, não tem como dizer não.

Sorri para a mesma que me puxou para perto dando um beijo estalado em minha bochecha, revirei os olhos em sua direção. Vários minutos se passaram e só podia sentir a mais nova aconchegada em meu peito, digerindo a breve pergunta que tinha um enorme significado para ambos. A mesma se desprendeu de mim e sorriu, sua mão acariciou de leve a minha.

– Já posso dormir? – perguntei tirando a jaqueta que usava – Você me fez ir na Starbucks, acho que já está bom por hoje.

Joguei a camisa em cima da cadeira e retirei os tênis a caminho da cama, logo me jogando nela e apoiando a cabeça nos braços, respirei fundo finalmente podendo descansar. Contudo, um ser humano sentou em cima da minha barriga e se debruçou para me dar um beijo demorado.

– Não teste meus limites, Malina – sussurrei ao afastar meus lábios do dela – Você é muito linda – coloquei seus cabelos para trás da orelha, afagando seu bochecha esquerda.

– Você tem muito mal gosto, Cameron – riu baixo.

– Acho que esse é o melhor mal gosto da história – murmurei de volta e a puxei para mim, selando nossos lábios de forma suave e calma – Eu te amo demais, coisa feia, você não imagina o quanto.

– Ah, claro que imagino, sabe por que? – olhou no fundo dos meus olhos – É recíproco – falou tocando o local da tatuagem.

Encostei nossas testas apenas para podermos ter aquele momento por mais alguns minutos, poder guardar um dos melhores momentos ao lado dessa garota.

– Deveria te proibir de dormir aqui, amigo – comentou Nash logo de manhã entrando na cozinha – Você sabe que ela continua sendo minha irmã e...

– E isso é constrangedor e incomodo? Sei sim, mas preciso aproveitar todo o tempo possível com ela – murmurei me encostando na bancada da cozinha – Bom dia, Sr. Grier.

Cumprimentei o mesmo que sorriu e se virou para pegar café ao lado de Nash. Olhei pela janela Sky e Malina brincando na grama, as duas procuravam alguma coisa em meio as folhas verdes que cresciam preguiçosamente.

– Pedi a Malina em casamento ontem á noite – murmurei sem prestar atenção ao que dizia, estava detraído demais para filtrar as palavras.

Ouvi o som de algo parecido com água sendo espirrada em algo e olhei para o lado, Nash e o senhor Grier tinham jogado o café que tinham acabo de beber em cima do balcão, seus rostos estavam em uma mistura de choque e confusão.

– Como foi? – questionou o moreno de olhos azuis.

– Você pediu minha filha em casamento? – acrescentou o Sr. Grier.

Nesse exato momento Hayes atravessou  a porta junto com a Sra. Grier e Aaron, os três estavam rindo de algo quando viram o rosto dos dois morenos, segundos depois olharam para mim e de novo para eles.

Aaron foi o primeiro a me lançar um olhar acusador – O que você fez, Cameron Dallas?

– Acreditem, pela primeira vez na vida não foi algo ruim, calma – avisei andando para trás calmamente – Apenas fiz uma proposta para a Malina ontem a noite e ela aceitou – comecei a falar para os cinco – Meio que pedi ela em casamento?

O queixo dos três foram parar no chão, sem condições de dizer uma única palavra. Respirei fundo e comecei explicar a real situação, todos acabaram concordando com tudo, mesmo que Nash e Hayes ainda estivessem um pouco raivosos.

Mais tarde naquele dia, Aaron e eu decidimos levar Malina ao shopping para ver Christopher e comprar algumas coisas. Mali não perdeu tempo em correr para abraçar o amigo, juntos engataram em uma conversa sem fim e a mesma lhe contou as novidades, convidando o mesmo para a cerimônia. Aproveitei que a mesma estava distraída e fui procurar algo especial para dar a mais nova.

 – Você está realmente fazendo a vida dela valer á pena, Cameron – Aaron comentou ao meu lado enquanto olhávamos a vitrine de uma loja – Ela te ama muito, cara.

– A amo extremamente, Carpenter – murmurei olhando um lindo anel – Quero que ela seja feliz até seus últimos minutos. Você acha que ela consegue? – questionei olhando para ele.

– Malina aguentou muita coisa até chegar aqui, já se conformou e está pronta para o que der e vier – o mesmo sorriu de lado – Ela consegue.

– Ela consegue – repeti baixinho, tentando me convencer.

Não podemos curar uma pessoa com amor, mas podemos tentar. As vezes só precisamos de um pouco de amor, atenção ou um pouco de carinho, precisamos apenas nos dar a chance de tentar. Nos últimos meses pensei que eu precisava dessa cura, mas percebi que ela precisava mais e foi o que fiz. A ajudei.

Naquele verão Malina se foi e esse foi um dos melhores verões das nossas vidas. Alguns dias depois de tê-la pedido em casamento, Will chegou e jurou que não iria embora de forma alguma, ele queria recuperar o tempo perdido e foi isso que fizemos. Essa verão foi cheio de momentos importantes, nunca vi Malina tão feliz ao planejar algo como nosso casamento, como sua mãe estava feliz de vê-la feliz. A mesma parecia irradiar uma luz tão leve e cheia de alegria que todos ao seu redor ficavam bem.

Mesmo sem tê-la fisicamente comigo sei que ela me ama e continua amando-a imensamente. Malina Grier mudou a minha vida e a deu um rumo, me fez as melhores coisas em pequenos lugares, me fez sentir amado de um jeito que ninguém mais conseguiu. Ela me mudou para melhor.

Não consigo descrever em palavras o quanto preciso agradecer por ter a chance de ser o amor da vida dela, mas sinto ao lembrar dos nossos momentos. Sua aliança pende em meu pescoço desde então.

“Nosso amor é como o vento, não posso vê-lo mas posso senti-lo”.

– Um Amor para Recordar, Nicholas Sparks , 2002.