– Yah, vocês dois!
Os dois lobos que lutavam se assustaram com a pessoa parada a alguns metros deles e ficaram alerta, mas logo relaxaram quando viram quem era.
– Está na hora do jantar. Vamos voltar. – Sunggyu disse, parecendo meio mal-humorado e virou de costas, voltando para sua casa.
Woohyun e Sungjong se olharam confusos, estranhando a atitude do ômega.
Quando voltaram para dentro, Sungjong reclamou que precisava muito de um banho e foi para seu quarto, enquanto Woohyun assentiu e correu para alcançar Sunggyu que ia em direção ao mesmo quarto.
– Espera! Sunggyu!
Sunggyu olhou para trás e percebeu a presença de Woohyun ali. Ele não parecia especialmente feliz, mas o alfa não ligava.
– Não brigue com ele, por favor. Aquilo foi ideia minha.
– E porque eu faria isso? Não é como se vocês estivessem feito algo de errado... – O ômega cruzou os braços e desviou o olhar, de alguma forma, chateado.
– É que... eu pensei que talvez você não gostaria muito. Bem... de qualquer jeito, eu que insisti então não é culpa dele.
– Eu entendi. É que... o garoto nunca gostou de lutar. Eu só achei estranho...
Sabia que era outro sentimento que sentia, mas não queria mostrar ao rapaz na sua frente.
– Eu percebi que ele estava com medo aquele dia. Por isso pensei em ajudá-lo... mas se você quiser, a gente para.
– Eu não quero isso. Ele parece estar indo bem... de qualquer forma.. acho que é importante então continuem.
Woohyun assentiu e depois ficou um clima estranho entre eles. Sunggyu foi o primeiro a sair e foi para a cozinha ver se a janta estava pronta. A presença de Woohyun estava o incomodando mais que o normal.
ʕᵔᴥᵔʔ ~ ʕᵔᴥᵔʔ~ ʕᵔᴥᵔʔ~ ʕᵔᴥᵔʔ
– Vamos ter uma caça de bando amanhã à noite.
O líder anunciou enquanto todos comiam. Os membros da alcateia assentiram e continuaram a comer, alguns conversando entre si.
Sunggyu olhou Woohyun, um pouco hesitante.
– Você pode vir se quiser também, Woohyun.
O alfa levantou a cabeça e seus olhos se encontraram com o de Sunggyu, um pouco surpreso, mas ele logo se recompôs.
– Tudo bem.
Não falaram mais nada, tentando evitar o clima estranho e voltaram a fazer o que faziam anteriormente.
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Quando a noite do dia seguinte chegou, todos já estavam transformados e prontos.
Sunggyu os parou um pouco antes de entrarem na mata.
– Vamos procurar algo grande. E de preferência, não vamos nos separar. – Ele ordenou e todos concordaram assim Sunggyu entrou na mata, com sua matilha seguindo-o.
Demoraram uma hora, mas acharam um urso de médio porte. Myungsoo e Hoya foram na frente e mataram o animal sem muita dificuldade. Assim o resto da alcateia se banqueteou com a refeição.
Sunggyu percebeu que Woohyun estava um pouco afastado. Era igual aquele cena em que caçaram antigamente. Se perguntava porque o outro nunca aproveitava também das caças de bando, mas sem querer viu que observava o alfa que sustentou seu olhar com o de Sunggyu. O ômega, envergonhado, desviou o rosto e voltou a observar os maknaes comendo animadamente. Também aproveitou e fez uma boquinha.
Se Woohyun não queria então problema era dele.
Mas algo sobre aquilo ainda o incomodava. Chamou Woohyun para caçar amigavelmente, mas ele ainda insistia em se isolar.
Será que ele ainda se sentia deslocado?
– Nem se dê o trabalho.
Hoya percebeu o olhar curioso de Sunggyu em Woohyun, que olhava para a floresta, desinteressado. Eles já estavam nas margens do rio, se banhando a luz da lua.
– Ele não gosta de comer o que não caça ele mesmo. Ele tem manias desse jeito. – Hoya riu e Sunggyu franziu ainda mais o cenho.
– Era só ele ter matado com vocês então. – Sunggyu resmungou.
– O que vocês estão conversando? – Dongwoo apareceu ao lado deles. Ele estava com o pelo todo molhado, igual à Sungyeol e Myungsoo. Os últimos estavam aproveitando e brincando entre si. Sungjong estava deitado, os observando.
– Nada de importante, hyung. – O alfa lambeu o rosto de Dongwoo que começou a rir e os dois começaram a correr um atrás do outro. Sunggyu os olhou se sentindo feliz, mas também sentindo um pouco de inveja.
Sem perceber, seu olhar se virou para Woohyun e notou que este tinha se levantado e agora estava andando para dentro da floresta. Curioso, Sunggyu inconscientemente o seguiu.
Ele andava num ritmo relaxado e o mais velho já ia perguntar onde ele estava indo, mas algo lhe impediu. Woohyun provavelmente ficaria bravo.
Ele continuou se aprofundando ainda mais na floresta e Sunggyu estava começando a se preocupar. Até que de repente, Woohyun parou e se virou, rosnando. Parecia que só agora sentiu que alguém o seguia.
Sem querer causar um mal entendido, saiu detrás das árvores e mostrou sua presença. O alfa relaxou consideravelmente.
– O que faz aqui? – perguntou Sunggyu, cuidadoso.
– Eu poderia perguntar o mesmo. Por que estava me seguindo?
O ômega abaixou a cabeça, meio envergonhado.
– Eu só quis saber onde você estava indo... só isso.
– Eu fui passear um pouco. Estava entediado.
Sunggyu ergueu a cabeça, surpreso com a resposta calma. Jurava que o alfa ia ficar bravo e sair gritando com ele.
– Veio um pouco longe não?
Woohyun olhou em volta, meio confuso.
– É verdade. Estava tão imerso em pensamentos que nem notei para onde ia.
Ele não admitiria, mas estava curioso para perguntar que tipos de pensamentos cercavam a cabeça do mais novo.
– Bem... não devia. Não é seguro nos separarmos... deveríamos voltar. – Sunggyu instruiu.
O Alfa jogou um olhar debochado.
– Está preocupado comigo, líder-nim? Não se preocupe, eu me cuido muito bem.
Sunggyu bufou. O idiota tinha voltado ao estado natural.
– Faça o que quiser. Eu vou voltar. Tchau!
Mas assim que se virou, escutou o barulho de conversas. Conversas altas e não era de seus companheiros.
Caçadores?
Se xingou mentalmente. Porque sempre que estava com Woohyun isso acontecia? Ele era um imã para humanos ou o quê?
Sunggyu, já quase entrando em estado de pânico, se escondeu atrás da uma grande pedra que achou a poucos metros dali. Woohyun também pensou rápido e se escondeu no mesmo lugar, se mantendo em frente ao ômega.
– Como você não ouviu isso? – disse para Woohyun, que deu de ombros. A cabeça dele devia estar na lua, de certo.
Enquanto os humanos passavam por eles, Sunggyu prendeu a respiração.
O nervosismo, quase como palpável no ar, sufocava. Aquilo o deixava incomodado e com vontade de correr.
Woohyun olhou para trás, para o ômega a beira de um surto.
– Acalme-se. – Ele disse pelo link de lobos deles. – Respira e acalme-se. Não vão nos achar.
Os olhos amarelos exalavam uma segurança assustadora e magicamente o fizeram relaxar um pouco. Como um sinal dizendo que ele estava ali, que era um deles, sentiu um focinho roçar levemente na área da clavícula e inconscientemente apresentou um pouco do pescoço em submissão. A ação foi bem vista porque recebeu em troca uma lambida tímida.
Aquilo o distraiu o suficiente porque quando viu por si, os caçadores já tinham ido embora. Woohyun se afastou e Sunggyu permitiu respirar normalmente.
– Eram três deles. – O alfa declarou.
Sunggyu não conseguiu perceber nada na hora, algo o incomodava e a sensação ainda estava ali.
– Não é coincidência. Estavam tentando nos caçar. Deve haver uma sede perto daqui... – Ele murmurava para si mesmo, mas o coração do ômega disparou de medo.
– Como assim? Do que está falando? – Perguntou desesperado.
– O que você ouviu. Sabem que estamos por essa área. Só saem em grupo assim quando eles têm certeza de que há lobos por perto. Esse lugar não é mais seguro.
– Você não pode estar falando sério... eles... nós... os meninos! – Sunggyu exclamou e ia se virando correndo, mas o alfa o impediu.
– Ainda não. Precisamos ir atrás deles.
– O quê? Você está louco? Meus meninos, eles...
– Sunggyu me escuta. – Woohyun o fez olhar diretamente com seu charme de voz e Sunggyu apenas ficou ali, o encarando em pânico. – Eles vieram de outra direção, não passaram por onde os meninos estão. Não se preocupe ok? Então precisamos segui-los! Se soubermos onde é a sede, temos uma chance de acabar com eles antes que nos achem primeiro.
– V-você não está fazendo sentindo! – Grunhiu quando de repente, se sentiu fraco demais e caiu no chão. Seu corpo estava passando por mudanças a cada segundo, ficando mais quente e quase sentiu como se estivesse ficando... excitado?
Ah não, droga, droga, droga... agora não!
– Er.. você está bem? – Woohyun perguntou preocupado, mas algo tinha mudado na aura do alfa também. Ele se aproximava inconscientemente.
– Não... – apertou os olhos – preciso voltar agora, mas não consigo andar. Droga! Merda!
Porque numa hora tão inconveniente?
– O que foi? O que houve?
Sunggyu estava começando a ficar bravo.
– EU PRECISO VOLTAR DROGA WOOHYUN! – Ganiu em um misto de raiva e dor. Não queria falar o que estava acontecendo com ele, já estava envergonhado demais naquela situação. Estava tudo dando errado.
O alfa ficou tenso. Parece que ele tinha finalmente percebido o que se passava.
– O quê...? Droga! – exclamou – Você tem que virar humano e montar nas minhas costas. Rápido! Eu vou levar você de volta à matilha.
– Eu não consigo. – Sunggyu ofegava e já podia sentia o líquido desconfortável de lubrificante natural.
– Tenta! Droga... Sunggyu eu... eu não posso ficar aqui.. isso não vai dar certo. Você tem que ir antes que isso piore.
Sunggyu queria gritar que ele sabia isso melhor que ninguém, mas tentou manter suas energias e se transformou de volta para humano com algum esforço.
Woohyun não perdeu tempo e ficou mais perto. Sunggyu abriu os braços e subiu nas costas do enorme lobo marrom. O alfa tentou ignorar o corpo nu ou o cheiro torturantemente adocicado, que o ômega emitia e que já estava ao deixando com tesão, e saiu correndo numa velocidade assustadora.
– Eu-eu não... posso.. ir pra matilha... – Sunggyu disse com alguma dificuldade enquanto se agarrava forte em Woohyun, para não cair.
O alfa tentava pensar, mas o calor sufocante do corpo abraçado ao seu e a adrenalina da corrida estavam nublando sua mente. Mas ainda sim entendeu o que ele quis dizer. Hoya, Myungsoo, Sungyeol e Sungjong já poderiam estar na casa. Levá-lo lá desencadearia um caos que não gostaria nem de pensar. E também sentiu uma sensação de possessividade que não soube da onde veio. Ninguém podia ver Sunggyu assim. Ninguém mesmo.
Minutos, que mais pareciam horas, passaram-se até que Woohyun chegou ao lugar que primeiro veio na sua mente. O casebre abandonado estava do mesmo jeito que lembrava, e depois de se transformar em humano e pegar o ômega nos braços, entrou sem hesitação.
Inclinou-se e colocou Sunggyu na cama.
Algo remoto ao cheiro do ômega ali se passou na sua cabeça, mas por estar com vergonha de ver o corpo nu e indefeso ali, só conseguiu o cobrir com um lençol e se virar, tentando evitar ao máximo mais embaraçamento. Depois que isso tudo passasse, seria difícil ele encarar Sunggyu do mesmo jeito.
Ouviu um gemido carente e mãos seguraram seu braço com força, começando a cheirá-lo. Fechou os olhos quando o perfume doce lhe atingiu em cheio e brutalmente se soltou, saindo daquele lugar o mais rápido possível. Fechou a porta e se transformou, correndo até onde pudesse respirar finalmente. Não foi muito longe, porém, porque ainda tinha que proteger Sunggyu caso algum caçador estivesse por perto. Encostou-se à uma árvore e tentou inspirar e respirar fundo.
Ele era o único lúcido ali naquele momento então ele tinha que pensar.
Nunca tinha passado por uma situação dessas. Era óbvio que não sabia o que fazer. Suas únicas experiências sexuais foram com betas fêmeas e nenhum delas passou por isso. Nenhum delas o fez se sentir desse jeito.
O desejo de voltar até aquela casa e possuir Sunggyu, de uma forma que ambos se arrependeriam mais tarde, lhe corroía por dentro. Sabia que era o cio falando e que nunca pensaria assim se não fosse por isso.
Precisava de um plano e rápido.
Se estivesse certo, ainda havia caçadores em grupo vagando por ai então deixar aquela área não era uma opção. Seria melhor esperar até de manhã e ir até a matilha, buscar Dongwoo e acompanhá-lo até aqui. Ele saberia lidar melhor com isso certo?
Por enquanto ele se contentaria em voltar e cuidar da casa até que amanhecesse.
Quando chegou perto do lugar, parou há alguns metros dali. Queria, mas ao mesmo não tempo não queria entrar.
– Woohyun? – ouviu uma voz baixinha e rouca lhe chamar do lado de dentro de casa.
Woohyun engoliu a seco.
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