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História Como cães e gatos - Eu não consigo parar de pensar em você


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 10 - Eu não consigo parar de pensar em você


Chego em casa e encontro Luiza mais animada, não ouso perguntar qual a razão de sua animação. Não quero que ela desconfie de que falei com Lucas, então apenas me sento ao seu lado no sofá.

-Que filme é esse?  - Questiono tentando puxar conversa, talvez ela mesma me conte alguma coisa.

-Não lembro o nome, mas é uma comédia romântica sobre um cara que acredita ter encontrado o amor da vida dele, mas justamente no dia em que ela está se casando. Ah, ele é um escritor fracassado, mas a ex-mulher dele fez sucesso escrevendo um livro no qual fala mal de todas as razões pelas quais queria deixá-lo.

-Claro. – Digo revirando os olhos.

-Não faça essa cara. É na verdade um filme bastante engraçado, diferente das comédias românticas que vemos por aí.

-Se você está dizendo. – Digo tentando evitar o prolongamento do debate.  

-Onde você estava? - Minha irmã questiona me encarando.

-Na Forma. – Respondo. O pensamento me levou de volta ao local, de volta para Manuela. De volta para o sentimento de tê-la tão perto de mim, seus lábios, seu corpo. – Eu esqueci que você não tinha ido para o balé e passei lá para voltarmos juntos para casa. 

-Você só não esquece da cabeça porque ela fica grudada no corpo. – Luiza diz acreditando em mim. Ficamos por silêncio por um tempo, mas percebo Luiza me olhando de lado, como se quisesse me dizer algo, até que o filme entra no intervalo e ela finalmente fala. – Posso te perguntar uma coisa?

-Claro. – Digo encarando-a.

-O Lucas me mandou uma mensagem perguntando se pode conversar comigo amanhã na escola. Você acha que eu devo dizer sim?

-Você quer dizer sim? – Questiono.

-Quero. – Luiza confessa parecendo constrangida.

-Então você já sabe a resposta. – Digo levantando do sofá. -Apenas seja firme com ele.  

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Porque infernos eu beijei o Fábio? Já me fiz essa pergunta milhões de vezes desde que deixei a Forma. Relembro o momento, nossos lábios, o modo como ele me conduziu, o calor de suas mãos no meu corpo. Posso até mesmo lembrar do cheiro de sua pele, de como ele segurou minha mão apenas por um segundo no momento que me afastei, alarmada com um barulho vindo do vestiário. Embora já tenhamos nos beijado outras vezes, aquele beijo foi diferente, eu não queria parar, eu não conseguia pensar em mais nada. Mas eu não posso gostar de Fábio, e não é pura birra. Sento na cama e abro meu caderno, decido fazer uma lista das razões pelas quais não posso gostar de Fábio, começo o óbvio: Fábio é irritante. Sempre foi, ele parece sentir prazer em dizer ou fazer coisas com a intenção de irritar as pessoas. Ele é deliberadamente arrogante, há algo sobre o modo como ele olha para os outros, como se soubesse mais ou fosse melhor e isso o torna intragável, como terceiro ponto, destaco o modo como ele tende a fazer bobagem. E, claro, ele pode ser bacana e cuidadoso vez ou outra, mas, no geral, ele é um grandíssimo de um escroto. Não é porque ele tem sido bom comigo que eu devo esquecer como fora antes ou ainda o modo como continua sendo com as outras pessoas. Talvez o único ponto positivo seja o modo como aquele beijo fez com que eu perdesse totalmente a noção do mundo. Mas, pensando bem, quem quer perder a noção do mundo? Não é assim que todas as histórias trágicas começam?   

-Posso entrar? – Bárbara pergunta já com a porta do quarto entreaberta.

-Você já entrou. – Pontuo com um sorriso.

-Só vim saber se você jantou.

-Já. Você quer companhia?

-Não. Eu também já comi. Sai para jantar com o Gabriel. Eu só queria mesmo saber se você já tinha se alimentado.

-Só isso? – Questiono. Minha irmã parece cautelosa demais.

-Na verdade não. – Ela fala sentando-se na cama. Rapidamente fecho o caderno e coloco-o de lado. – Eu queria saber que história é essa de você sair pra almoçar com o Joana.

-É só um almoço Bárbara. Eu sei que você não gosta da ideia, mas eu realmente quero conhecer a Joana. Ela é nossa irmã afinal de contas e eu não quero que você se preocupe, ela nunca vai vir primeiro que você, você cuidou de mim todo esse tempo, sempre me protegeu, me ensinou tanta coisa. Eu nunca vou esquecer disso. – Digo abraçando minha irmã.

-Ok. – Ela responde. – Apenas seja cuidadosa. Aquela lá de boazinha só tem a cara. Você promete que vai ser cautelosa ao redor dela?

-Prometo. – Falo isso muito mais para convencer minha irmã do que de fato concordando com o modo como ela vê Joana.

-Excelente. – Ela diz sorrindo. – Eu vou para o meu quarto trabalhar numas coisas da Forma, mas qualquer coisa que você precisar é só bater lá viu?

-Certo. – Respondo.

Bárbara se levanta e caminha até a porta, mas antes de sair ela se vira e pergunta: -Vocês vão se encontrar na Forma?

-Não. Eu vou ficar na praça na frente da escola e ela me pega lá. Você sabe que o papai acha que eu não sou capaz de andar sozinha.

(...)

No dia seguinte chego cedo na escola, mas não encontro Fábio, em vez disso, Luiza caminha na minha direção, ela parece envergonhada. A primeira coisa que quero fazer é pergunta por ele, mas não posso, como faria isso sem levantar suspeitas?

- Você está chateada comigo? – Luiza questiona. – Por ontem?

-Claro que não. – Digo sorrindo.

-Ainda assim eu acho que preciso te pedir desculpas.

-Totalmente desculpada. – Antecipo. Luiza me abraça. – Você tá melhor?

-Estou sim. O Lucas me mandou uma mensagem ontem, dizendo que queria passar aqui na escola pra falar comigo, hoje, no fim da aula.

-Sabe o que eu acho? Que você deveria tentar outra abordagem com aquele bobão, deveria tentar não aparecer a fim dele, tentar ser amiga. Aposto que rapidinho ele vai perceber a garota incrível você é.

Vamos para a aula e ainda assim não encontro Fábio, horas depois, durante o intervalo é Bruna quem pergunta por ele pra Luiza, que, por sua vez, conta que o irmão tinha consulta médica. Poucos minutos depois do começo das duas últimas aulas, Fábio entra na sala, ele entrega algo à professora de Português e ela permite que ele assista aula, suponho que seja um atestado. O garoto passa ao meu lado e senta-se, como sempre, na carteira atrás da minha. Controlo a vontade de me virar e encará-lo, sinto que precisamos conversar, deixar as coisas claras. Na saída da aula caminhamos juntos, eu, Luiza e Fábio.

-Pra onde você vai com esse skate? – Ele pergunta me encarando.

-Andar de skate né Fábio? Que diabos se faz com um skate? É cada uma... – Luiza diz. – Encaro Fábio, sinto minha respiração ficar curta sem razão alguma. Quando olho para o lado vejo Lucas se aproximar e aviso à Luiza.

-Disfarça que ele tá vindo. – Luiza diz.

-Disfarçar o que? – Fábio questiona.

-Faz o que te falei, vira amiga dele. – Sussurro pra Luiza.

-E ai gente, tudo bem? – Ele pergunta sorrindo. Percebo que olha pra Fábio de uma forma estranha, mas é tão rápido, que talvez seja coisa da minha cabeça. Eles se cumprimentam e eu percebo que precisamos deixá-los a sós.

-Eu tô indo.. – Digo. – Eu tenho que esperar a Joana lá no parque dos Skates. – Olho pra Fábio, mas ele nem se move. - E o Fábio vem também. – Afirmo puxando-o pelo braço.

-Minha casa é pro outro lado. – Fábio diz confuso.

-Cala a boca e vem comigo. – Digo entredentes.

Atravessamos a rua e seguimos em direção ao parque, percebo que ainda estou segurando Fábio pelo braço e o solto, mas Fábio segura na minha mão e me puxa pra perto dele.

-Sabe, se você queria ficar a sós comigo bastava pedir. Não precisava me sequestrar. – Ele diz sussurrando em meu ouvido. Me afasto e olho ao redor, não há ninguém da escola por perto, ninguém que nos conheça, mas ainda assim temo aquela exposição. Volto a caminhar, dessa vez até um local mais reservado do parque. Quando finalmente paro, Fábio tira o skate da minha mão e o encosta em um banco, em seguida, ele passa a mão no meu rosto, afasta os fios de cabelo soltos do lado direito colocando-os atrás da minha orelha, seus dedos exploram suavemente o meu pescoço.

-Eu não consigo parar de pensar em você. - Ele afirma. Não digo nada, penso "eu também, só não sei como exatamente estou pensando em você"

-Fábio... – digo tentando me concentrar, mas ele encosta seu nariz no meu, roçando nossos rostos e, finalmente, quando não suporto mais, eu o beijo. Recobro os sentidos rapidamente e separo nossos lábios. – Nós precisamos conversar. – Afirmo encarando-o, é a primeira vez que a proximidade de nossos rostos parece familiar.  

-Não precisamos. – Ele diz firme e me beijando outra vez. Permito. É um beijo mais intenso, ousado, sinto minhas pernas fraquejarem.   

-A Joana vai chegar aqui a qualquer momento. – Digo me afastando. – Mas você pode me encontrar mais tarde pra conversar?

-Manuela, o que você pretende me dizer nessa conversa? – Ele questiona me fitando de forma severa. –  É tudo bem simples: ou você assume que gosta de mim ou não assume, porque eu sei que você gosta.

E lá está novamente, a presunção. O primeiro item contrário na minha lista.

-Fábio, você pode parar de ser convencido por um minuto?

-Depende, você pode parar de ser marrenta? – Ele diz irritado. Noto como seu rosto fica vermelho quando ele está bravo. – Sabe do que mais? Eu estou cansado disso, fica ai sozinha esperando a Joana. – Ele fala se afastando.

Penso em chamá-lo de volta, mas não dou o braço a torcer. Ele também nem ao menos olha para atrás. Me levanto e volto para a entrada principal da praça, lugar no qual acredito que Joana terá facilidade de me encontrar. Ela atrasa, tento ligar, mando mensagem... nada. Coloco meu skate no chão e fico empurrando-o com pé, até que ele escapa num impulso e vai parar no meio da rua, corro atrás sem pensar em nada, é a última coisa da qual lembro até que acordo no hospital. 


Notas Finais


Então, vem ai o recesso de final de ano.Viajo semana que vem e só volto no dia 10/01. Estarei com computador, mas com conexão e tempo limitado. Por isso, vou postar o máximo que puder esses dias (amanhã tem capítulo novo) e depois a fanfic passará por um pequeno break. Beijos!


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