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História Como cães e gatos - Segredos e Culpados


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 23 - Segredos e Culpados


Em um minuto estou no céu, nos braços do cara que eu gosto, beijando-o. Em seguida, estou em estado de choque. A expressão no rosto de Bruna deixa dúvidas sobre se ela está mais irritada ou surpresa com a cena. Percebo que ainda estou abraçada com Fábio, ele me segura pela cintura de forma protetiva. Me solto dele e mantenho certa distância, tento falar, mas não sei o que dizer.

-Você tudo bem... – Ela grita apontando para Fábio. – Agora você... – seu olhar recaí sobre mim. – Você é minha amiga, ou achei que fosse. Você me viu falando sobre ele, sofrendo por ele, questionando o que aconteceu e agora estão aos beijos?

-Bruna, eu posso explicar... – Começo a dizer. Ela está acompanhada de Carlinha que parece perdida.

-Não precisa. Não tem nada que possa sair dessa sua boca de cobra que... – Ela fala avançando na minha direção.

-Bruna, você tem todo o direito de ficar chateada, mas se quiser xingar alguém você pode me xingar, não a Manuela . – Fábio diz se entrepondo entre nós duas. Fico parada assistindo-os, minha cabeça está confusa. Nunca senti tanta vergonha na minha vida.

- Era ela a garota pela qual você estava apaixonado? Claro que sim... essa defesa toda não surge do nada. Eu deveria saber, toda aquela briga entre vocês... era tudo fingimento!  

-Bruna, eu fui honesto com você. E eu a Manuela fizemos o máximo para que você não descobrisse dessa forma, na verdade, ela fez o máximo. Além disso, você acha mesmo que o que tivemos justifica essa cena? – Ele pergunta.

-E eu deveria me sentir grata por isso? – Bruna questiona.

-Deveria sim! – Ele fala irritado. – Na maior parte do tempo, você gosta de alguém e a outra pessoa não sente o mesmo. É a coisa mais normal do mundo. Talvez você possa levar isso como lição.

-Fábio! – Digo puxando-o.

Vocês dois se merecem! – O tom de desprezo na voz de Bruna me deixa ainda mais nervosa.

Ela começa a caminhar se afastando e eu tento ir atrás dela, mas Fábio segura minha mão.

 -Não vá. Não tem nada que você possa dizer que vá fazer com que ela se sinta melhor. – Ele afirma. – Ela não precisa de um pedido de desculpas agora, espere a poeira baixar.

-Isso é culpa sua! – Afirmo.

-Ótimo! – Fábio diz com uma risada. Odeio quando ele faz isso, quando em vez de se defender, de brigar, de conversar, ele decide simplesmente debochar da outra pessoa. Ele costumava fazer isso comigo com muita frequência antes, quando vivíamos brigando. Aquilo faz com que a minha raiva aumente. Estou pronta para discutir, mas olho ao redor e percebo que algumas pessoas nos olham. Principalmente nossos amigos que parecem não saber o que fazer.

-Não faça isso! Não deboche do que eu estou falando. – Afirmo num tom mais baixo. Fábio diz alguma coisa, mas não consigo entender. A música está um pouco mais alta. Então ele pega a minha mão e abre caminho para que eu passe, vamos driblando a lotação do Hostel até uma área mais calma.

-Pronto. Agora você pode me culpar. – Ele diz soltando a minha mão. – Me diga sobre como é culpa minha que a Bruna tenha descoberto sobre nós. – Fábio para na minha frente e me olha nos olhos.

-Eu disse que não deveríamos nos beijar em público. – Respondo.

-E eu disse que deveríamos ter contado tudo para ela. – Ele devolve. – Manuela, ela ia ficar chateada de todo jeito. Às vezes as pessoas não estão mais juntas por anos e ainda assim ficam chateadas quando um ex começa a se relacionar com alguém conhecido.

-Ela só precisava de mais tempo. – Argumento.

-Não. Ela precisava saber. E agora, ela precisa de tempo, tempo para se acostumar. 

-Você não precisava ter dito aquilo com ela.

-Apenas fui sincero. Você queria que eu ficasse quieto ouvindo tudo que ela queria dizer? Não mesmo. Ela não tinha direito algum de dizer aquelas coisas Manuela. Não é como se eu tivesse enganado ela, eu disse que gostava de outra pessoa.

Sei que estou sendo injusta com Fábio, sei que não é culpa dele, mas não consigo deixar de pensar em como aquela cena poderia ter sido evitada. Me coloco no lugar da Bruna, eu estaria arrasada, é claro que ela deve estar me odiando.

-Ela pode não ter o direito de te odiar, mas já a mim.... Eu fico pensando em como ela está se sentido. – Confesso. Fábio se aproxima de mim e, cautelosamente, passa seus braços ao redor do meu corpo, me prendendo num abraço.

-Claro que fica. – Ele diz. Levanto minha cabeça para me olhar nos olhos. – Você é uma pessoa excessivamente preocupada com os outros Manuela. Com o bem-estar das pessoas, com como estão se sentido. Se você continuar assim, vai sempre se colocar em segundo, terceiro, quarto plano. Eu gosto de você, você gosta de mim. E você acha que é certo que não fiquemos juntos porque a Bruna vai se incomodar? 

-Não estou dizendo que não devemos ficar juntos. – Falo. Fábio passa uma das mãos carinhosamente no meu queixo.

-Até alguns minutos atrás nós nem podíamos fazer isso aqui. – Ele diz fazendo referência ao abraço, ao carinho que faz em meu rosto. – Além disso, agora não adianta procurar culpados, ela já sabe...

-Sinto muito por ter te culpado. – Afirmo. Fico de ponta de pé e beijo os lábios de Fábio rapidamente.

-Se desculpar me beijando é golpe baixo. – Ele diz sorrindo.

-Se você quiser eu posso não te beijar.

-Nem brinca. – Fabio me abraça forte e nos beijamos novamente.

Vamos voltar? – Pergunto quando separamos nossas bocas. Fábio me pega pela mão e caminhamos de volta. Noto que algumas partes do salão estão mais vazias, e que o caminho de volta para aonde estávamos parece mais cheio. A medida que vamos nos aproximando fica claro que algo está acontecendo, algum tipo de confusão.  É com o grupo de amigos de Juliana, chegamos mais perto e vejo que Luiza também está envolvida. Fábio solta minha mão e avança tentando alcançar a irmã.

-Me diz que isso é uma brincadeira Lucas! Fala que não é verdade! – Posso ouvir Luiza questionar. Me aproximo mais e encontro com Isabela, ela me deixa passar na sua frente e posso ver que Luiza está com o rosto muito vermelho e que Lucas está de frente para ela. Procuro por Juliana achando que o motivo da briga é minha irmã novamente, mas encontro-a do lado de Martinha que está sentada amparada por Júnior. Juliana parece irritada, ela também está falando num tom muito alterado, quase tão irritada quanto Luiza.

-Lucas?! Martinha, Lucas? Isso não faz sentido! – Juliana pergunta. Martinha começa a chorar o que faz com que Lucas se distraía e Luiza consiga passar por ele e se aproximar da grávida.

-Você é uma falsa! Eu fui na sua casa, eu te ajudei! E esse tempo todo você estava transando com o meu namorado?! – Luiza diz avançando em Martinha. Juliana tenta proteger a amiga. Martinha não para de chorar e Juliana está branca como cera, os olhos também estão vermelhos. Fico preocupada com o quê tudo aquilo pode fazer com ela.

Lucas tenta evitar que as duas briguem e pede para que Júnior leve Martinha embora antes que ela passe mal. Junior levanta Martinha da cadeira e as pessoas começam a abrir caminho para eles. Juliana não tira os olhos de Lucas.  

-Agora tá tudo claro, toda essa sua preocupação com a Martinha. Como é que eu fui tão idiota? Mas vocês devem ter rido muito às minhas custas hein? Todos vocês!  

-Luiza, vamos conversar, eu... – Lucas começa a dizer.

– Me solta! Não toca em mim. – Luiza diz se afastando de Lucas.  

Fábio entra no meio da confusão e pega a irmã pelo braço.

-Vamos embora daqui! – Fábio diz encarando a irmã. Lucas tenta se aproximar, mas Fábio o encara. Por um segundo penso que eles vão brigar e meu peito gela.

-Nunca mais fale comigo, nunca mais olhe na minha cara... nunca mais nem mesmo respire perto de mim! – Luiza grita para Lucas. 

Observo enquanto Tiago se aproxima de Fábio e o ajuda a tirar Luiza de perto de Lucas. Juliana se senta com as mãos na cabeça, ela parece desolada. Fábio, Luiza e Tiago passam por mim, Fábio está possesso, seu rosto vermelho, a respiração ofegante. Quero ir atrás dele, mas não sei o que dizer.

-Eu vou tentar falar com a Luiza. – Isabela diz.

-Fala para o Fábio que eu falo com ele mais tarde. Eu não quero deixar a Juliana sozinha.

Isabela vai embora e eu me aproximo de Juliana. As pessoas que prestavam atenção na confusão voltam suas atenções para a banda novamente. Cleiton se aproxima perguntando que aconteceu.

-Uma confusão boba. Mas já está tudo resolvido. – Jabá diz. Percebo que Lucas o encara com uma expressão que mistura raiva e tristeza.

-Ju, tudo bem? – Pergunto. Minha irmã levanta o rosto, ela está chorando. Ela me encara tentando enxugar as lágrimas.

-Vamos parar casa. – Jabá fala.

-Eu preciso falar com vocês antes. – Lucas diz para Jabá.

-Você deveria ir falar com a sua namorada ou com a mãe do seu filho, não comigo. – Meu cunhando retruca com uma expressão cínica.

-Seu grande filho da mãe! – Lucas diz socando o rosto de Jabá, outra confusão se inicia. Dessa vez a briga é séria, Jabá passa a mão na boca ensanguentada e parte para cima de Lucas. Cleiton, Rômulo e outros tentam apartá-los, a banda para de tocar e o cantor pede que alguém ajude, cadeiras e mesas são derrubadas na confusão até que Krika ameaça chamar a polícia se eles não se retirarem.

Volto meus olhos para Juliana para descobrir que ela não está mais lá. Começo a procurar pela minha irmã como uma louca, mas não consigo encontrá-la. Pego meu telefone e tento ligar para ela, mas cai na caixa postal. Saio do Hostel para ver se ela está pela frente, encontro Jabá ligando a moto.

-Você viu a Ju? – Pergunto.

-Não. – Ele responde irritado. Sua boca está machucada, assim como o supercílio. – Ela não estava com você?

-Estava, mas sumiu quando a briga começou. E agora não consigo encontrá-la. Celular desligado. –Jabá me encara parecendo genuinamente preocupado. – Você está indo embora?

-Estava. Mas vou te ajudar a procurar. Você volta lá para dentro e checa se ela não está no banheiro, tem muita gente aí dentro, ela pode ter apenas desencontrado de você. Eu vou dar uma volta pelas ruas mais próximas.

............................x......................

Estou ouvindo Luiza dizer as mesmas coisas por quase meia hora. Já tentei fazer com que ela pare de chorar, Tiago já tentou, bem como Isabela. Estamos sentados numa praça próxima a nossa casa. Ela continua falando sobre não entender como aquilo pode acontecer, questionando como Lucas pode fazer aquilo com ela. Eu mesmo não entendo, sempre achei que Lucas não era suficientemente apaixonado por Luiza, mas daí imaginar que ele a traia com Martinha, que é o pai do filho que a garota está esperando. Não faz o menor sentido. Nem mesmo em novela algo tão absurdo poderia acontecer.

-Vai ficar tudo bem. – Isabela afirma. – Eu sei que parece que é o fim do mundo, mas não é. Minha mãe sempre diz que para adolescentes tudo parece o fim do mundo, mas você vai ficar bem, vai ser difícil, mas vai conseguir seguir em frente, se reerguer, aprender com isso e encontrar outra pessoa, quanto estiver pronta.

-Como eu pude ser tão idiota? – Ela pergunta novamente.

-Ele é um idiota! – Digo irritado.

-O que seu irmão está tentando dizer desse jeitinho fofo dele. – Tiago diz. – É que a culpa disso não é sua. Você não tem que ficar procurando o que fez de errado. É culpa dele, só dele. Você é a vítima nessa situação.

-Eu só quero sumir do mundo! – Minha irmã diz parecendo ignorar tudo que estamos dizendo.

-Luiza, pelo amor de Deus. – Digo perdendo minha paciência. Sei que ela está arrasada, mas minha irmã é forte, corajosa, sempre foi. Fico esperando que ela reaja. – Para de chorar, enxuga esse rosto e vamos para casa.

-Fábio... – Isabela começa a protestar.

-Não! Isso aqui não vai ter fim se ninguém colocar. Você quer chorar? Tudo bem! Vamos chorar em casa, não no meio da praça. Quer sentir pena de si mesma? Quer colocar a culpa em você em vez de entender que ele é o otário dessa história? É um direito seu, mas você vai fazer isso dentro de casa.

-Eu não quero que a minha mãe me veja chorando desse jeito. – Luiza afirma.

-Vamos dar um jeito. – Isabela diz abrindo a bolsa. Ela retira um lenço de papel e ajuda minha irmã a enxugar o rosto. Os olhos de Luiza já apresentam algum inchaço. – Eu tenho um pouco de base.

Me afasto um pouco tentando respirar direito. Estou tão irritado que só consigo pensar em como gostaria de destruir a cara de Lucas por fazer a minha irmã sofrer daquele jeito.


Notas Finais


Olá pessoas, voltei, como prometido.
Quero agradecer o carinho de vocês com essa fanfic. Isso é muito estimulante.

Sobre a paternidade do filho da Martinha: Não é o que parece. haha


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