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História Como cães e gatos - Você é incrível sabia?


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 25 - Você é incrível sabia?


Toda a confusão de Luiza, Lucas e Martinha fez com que eu simplesmente esquecesse da existência de Bruna, esqueci que ela tinha descoberto meu namoro com Manuela. Isso só me alcançou agora, no momento que entrei na escola e senti os olhos da garota sobre mim, se ela tivesse algum superpoder eu provavelmente já teria entrado em combustão aqui no meio do pátio. Ignorei-a e me sentei perto de André.

-Então... – Ele diz com um sorriso. – Você e a Manuela? É verdade isso?

-Sim. – Respondo. – Nós estamos juntos.

 -Caramba! As pessoas estão mesmo certas quando dizem que a linha entre o amor é o ódio é muito pequena. Mas trocar a Bruna pela Manuela, não me entenda mal, as duas são bonitas, mas a Bruna é um mulherão...

-André por que você não.... Não. - Digo levantando e balançando a cabeça – Não, a culpa disso é minha por ter sentado perto de você. É que às vezes eu esqueço que você é um filho da mãe extremamente idiota.

-Como é que é? – Ele pergunta ficando de pé.

-Eu não quero brigar com você. – Digo me afastando.

-Não deveria ter me chamado de idiota então. – André retruca. – Tá com medo agora? Talvez você devesse chamar a sua namorada para lutar por você.

Então uma onda de raiva me invade, cerro meus punhos e me lanço para frente socando André. O garoto revida e começamos a brigar. Posso ouvir várias vozes gritando ao nosso redor, mas ignoro-as, consigo prender André no chão e continuo socando-o, ele dá uma cabeça em mim e consegue se soltar. A próxima coisa que sei é que estou sendo segurado por Belotto e uma multidão nos cerca. Encontro o olhar assustado de Manuela no meio da multidão.

-Ambos para a sala da direção agora mesmo. – Belotto diz. – Não! Você vai primeiro para a enfermaria. – Ele fala encarando André. Olho para o garoto e vejo que ele está sangrando.

Belotto me acompanha até a sala do diretor. O escritório está vazio, mas ele pede que eu me sente em uma das cadeiras.

-O que houve lá fora? – Belotto pergunta. – Você é muitas coisas Fábio, mas não é um garoto violento. E eu sei que o André pode ser um pouco irritante, mas isso não significa que você pode sair batendo nele.

Passo a mão na testa, está dolorida. Minhas mãos também doem. Os nós dos meus dedos estão muito vermelhos.

-Eu não deveria ter reagido daquela forma. Ele fez um comentário idiota e eu estourei. – Confesso. -Não sei o que deu em mim.

-Isso tem alguma coisa a ver com a história do Lucas ser pai do filho da Martinha? – O professor pergunta me encarando. – Ela é minha cunhada, e eu sei que ele namorava com a sua irmã, imagino que você esteja com muita raiva.

-Talvez. – Digo. – Mas você tem razão, nada justifica o que eu fiz.

(...)

Pego uma semana de suspensão e uma advertência. Fico feliz pelo fato de que a escola não ligou para minha mãe, embora o diretor tenha deixado claro que eu só posso entrar na próxima segunda com a presença dela. “Você tem sorte de não ser expulso” Correia avisa quando saio de sua sala. Meu celular e está cheio de mensagens de Manuela, ela está no M.O.F.O esperando por mim. Sou acompanhado para fora da escola por Belotto, então dou a volta e entro pelo portão lateral.

-Ei... – Digo entrando no M.O.F.O. Manuela, que está sentada, levanta num pulo ao me ver.

-Seu idiota! – Ela afirma me abraçando. – Eles não te expulsaram? Expulsaram?

-Não. Uma semana de suspensão, uma advertência. Agora eu só preciso de mais uma para ser expulso.

-Nem brinca. – Ela fala. Manuela me dá um beijo e eu reclamo de dor. O canto esquerdo da minha boca está machucado.

-Você se machucou?

-Só um pouco de dor. Nada demais. - Me sento e ela senta no meu colo sem nenhuma cerimônia.

-Por que vocês brigaram? Ele disse algo sobre a Luiza? – Ela pergunta passando as mãos nos meus cabelos.

-Não.

-Eu achei que... foi sobre mim? Sobre a gente?

-Não importa.

-Claro que importa.

-O que ele disse não importa Manuela. O que importa é que eu reagi mal. Eu estou casando, irritado com essa história do Lucas ter feito o que fez com a Luiza e, para completar, meu pai resolveu ligar e só a menção do cara me deixa ainda mais nervoso.

-Você quase nunca me fala sobre o seu pai. Quer dizer, você falou uma vez... um tempo atrás.

-Eu não gosto de falar dele. Na verdade, se eu for ser justo, eu meio que me esqueço que ele existe.

-Você disse que não tinha notícias dele há anos.

-Eu não estava sendo totalmente honesto. – Confesso. - Ele liga às vezes e diz que quer falar comigo, com a Luiza, que vai vir nos visitar... mas eu nem acredito mais. Quando erámos mais novos a gente se arrumava e esperava por ele, mas ele nunca aparecia. Então eu parei de esperar. A Luiza ainda cai nas histórias que ele conta, então eu e a minha mãe simplesmente começamos a não contar quando ele liga. Se ele quiser aparecer, ótimo. Mas ela não precisa se encher de expectativas e acabar frustrada. Ele manda grana de vez em quando, mas a última vez que o vi tem mais de três anos.

-Eu sinto muito. – Ela fala acariciando a minha nuca.

-Tudo bem. Eu tenho a minha mãe, a minha irmã, a Joana que apareceu tem pouco tempo, mas é como uma irmã mais velha incrível, e eu tenho você. -Manuela abre um sorriso e eu a beijo -Sinto muito por não termos nos visto o final de semana inteiro. Eu estava preocupado com a Luiza e a dona Tânia teve que trabalhar no domingo, então eu me comprometi de passar o dia todo com a minha irmã.

-Tudo bem. Quer dizer, eu senti sua falta, mas está tudo bem.  Eu nem perguntei: como está Luiza? Tentei ligar mas ela não me atendeu.

-Em casa, provavelmente planejando uma forma de matar o Lucas e a Martinha. – Respondo. Não estou brincando, minha irmã passou o final de semana inteiro reclamando de como tinha sido feita de idiota, afirmando que não queria nunca mais olhar na cara do Lucas e dizendo que a culpa era dela mesma por ser tão infantil. -Mas não vamos falar dela não. Me beija.

-Fábio! Manuela! – Reconheço imediatamente a voz de Ana. Manuela levanta assustada. – Você, vá embora agora mesmo antes que pegue outra semana de suspensão e não possa mais participar das Olimpíadas de História, eu já perdi uma competidora, não vou perder o segundo. E você, Manuela, para sala!

-Eu te ligo mais tarde. – Digo me afastando de Manuela. – Obrigada por não me entregar ao Correia. – Falo para Ana.

................................x.........................

-E você não disse nada? – Isabela questiona. Estamos no táxi a caminho da casa de Luiza. Isabela queria visita-la, eu estou receosa sobre ver Luiza depois de tudo que aconteceu.

-Não, claro que não. – Respondo. – Eu não podia dizer “você esqueceu que completamos um mês de namoro” no meio de toda essa confusão com a Luiza. Além disso, as pessoas comemoram mesmo um mês de namoro, isso importa?

-Acho que o importante não é comemorar. E sim a lembrança. Saber que a outra pessoa reconhece os marcos do relacionamento. Mas eu nunca namorei sério, não sou a melhor pessoa para falar disso. O que eu sei de verdade, é que você não deveria ficar presa a essas convenções de gênero, você pode fazer algo para comemorar, não precisa partir dele, é na verdade um pouco machista essa ideia de ficar esperando que o homem lembre das datas.

-Não esquenta. Eu vou desencanar. Afinal de contas, o Fábio já está cheio de problemas e quase criamos mais, a Ana ter nos flagrado namorando dentro da escola foi a maior falta de sorte, mas seria pior se fosse o Correia.

-Não foi falta de sorte. – Isa diz me encarando. – Eu acho que foi a Bruna que falou.

-Bruna? Mas como ela saberia que nós dois estávamos lá? – Questiono intrigada.

-Não sei. Mas ela levantou, falou com a Ana. E tempos depois ela saiu da sala... Ai, pela Deusa...moço, pode parar aqui. – Isabela fala afobada para o taxista e ele estaciona. Distraídas, quase passamos direto.

-Não comenta nada disso na frente do Fábio. -Digo abrindo o portão. Batemos na porta e Luiza vem nos atender. Ela parece cansada.

-Trouxemos sorvete, pipoca e nossa maravilhosa companhia. – Isabela diz. Luiza sorri um pouco sem graça e nos convida para entrar.

-Como você está? – Pergunto abraçando-a.

-Acho que a resposta certa é sobrevivendo. – Ela afirma.

-Você está sozinha? – Isabela questiona.

-Sim. A minha mãe acabou de sair para trabalhar.

–O Fábio saiu? – Pergunto.

-Ele foi estudar. – Minha cunhada responde. – Mas deve aparecer daqui a pouco. A minha mãe pediu para que ele não demorasse porque não quer que eu fique sozinha... ela acha que eu vou tocar fogo em Roma ou coisa do tipo. – Luiza e Isabela caminham até a cozinha e eu me sento no sofá. -Vocês querem sorvete agora?

-Não. Vamos conversar, depois vemos isso. Eu não estou com fome a Manuela comeu por três pessoas, foi assustadoramente incrível – O comentário de Isabela faz Luiza sorrir, minha cunhada guarda o pote do freezer e as duas voltam para a sala.

-Eu não tomei café da manhã. – Pontuo tentando me defender.

-Nós trouxemos o material da aula para você copiar. – Isabela diz.

-Obrigada. O que eu perdi hoje? -

-Nada demais. – Isa responde.

-Esse seu tom, claramente, significa que eu perdi várias pessoas cochichando sobre a paternidade do filho da Martinha e, provavelmente, rindo às minhas custas ou sentindo pena de mim. Ainda não decidi qual dessas duas atitudes é a pior.

-Você não pode achar que isso é de alguma forma culpa sua. – Isabela pontua.

-É um pouco. Se eu não fosse tão boba, o Lucas não precisaria transar com outra garota.

-Isso não é verdade. – Afirmo. Me arrependo imediatamente. Quero dizer que isso não adiantaria nada, que o Lucas não a ama, que ele não ama a Martinha, que nada disso faria diferença alguma, mas sei que não posso. Nesse caso, a ignorância é uma benção.

-Deixa eu te perguntar uma coisa. – Isabela começa a falar. – O Lucas já te pressionou por sexo? Ele já avançou algum sinal, deu indício de que queria transar?

-Não.

-Então você precisa considerar a possibilidade de que a relação entre eles pode não ter sido sobre desejo. Pode ter surgido de um momento de fragilidade, carência.

-A razão não me importa. – Luiza fala. – Para ser honesta, eu só queria poder esquecer de tudo isso, mas uma parte de mim quer que os dois sofram, que sejam humilhados. Eu nem sei como vou conseguir ir para escola com todos me olhando, fazer aulas de Balé sabendo que eu posso dar de cara com o Lucas na Forma. Eu fico imaginando os dois juntos, criando essa criança maldita e eu sozinha, a burra que perdeu o namorado para a garota mais esperta.

-Eu não acho que a Martinha pode ser chamada de garota mais esperta nesse cenário. Ela tem dezessete anos e está grávida. Como ela vai terminar a escola? Como vai sustentar essa criança? Como ela vai poder entrar numa universidade? Ela foi colocada para fora pelos pais. Para o Lucas vai ser mais fácil, a sociedade não cobra tanto do pai, mas ela está ferrada. – Isa comenta.

-Ela é a burra, você é a sortuda que pode continuar com a sua vida sem uma criança para atrapalhar. – Completo.

-E sem o cara que eu amo. – Ela fala. Lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Luiza. – Eu sei que vocês estão certas, mas eu estou tão irritada, com tanta raiva.

-Ok, vamos tentar fazer uma terapia diferente aqui. Vamos escolher um seriado ou filme engraçado, sem romance, tomar sorvete, comer pipoca. – Isa sugere.

Começamos a ver New Girl, o primeiro episódio da série mostra a protagonista sendo largada pelo namorado. Tentamos trocar, mas Luiza diz que não precisa. Acaba sendo bom, a protagonista, Jéssica, descobre que a vida está só começando, que um mundo de possibilidades está prestes a se abrir depois do termino do namoro. Estamos no segundo episódio quando alguém abre a porta, olho apressada e encontro Fábio, ele parece surpreso em me ver.

-Boa tarde. – Diz se aproximando e me dando um rápido beijo nos lábios. Fico envergonhada, percebo que a primeira vez que nos comportamos publicamente como um casal. – Eu já ia te ligar.

-Eu achei que você estivesse...

-Shiii! – Luiza diz.  – Vão conversar lá dentro.

Fábio pega na minha mão e me levanto do sofá, começamos a caminhar em direção ao quarto. Ainda no corredor, ele me encosta na parede e me beija.  

-Onde você estava? – Questiono.

-Estudando com a Belinha. - Fábio responde enquanto passeia seus lábios pelo meu pescoço.

Me sinto enciumada. Quero perguntar se estavam apenas os dois, onde estavam. Mas não pretendo repetir os padrões de ciúme da minha família. Bárbara e meu pai, até mesmo o Tio Caio, são pessoas ciumentas, extremamente ciumentas e, aparentemente, eu também sou assim.

-Como sua mãe reagiu com a notícia da sua suspensão? - pergunto tentando me fazer esquecer de Belinha. 

-Eu ainda não contei. – Ele diz. – Vem aqui. – Seguimos para o quarto e Fábio se senta na cama, faça o mesmo. – Eu vou contar mais tarde, quando a Luiza não estiver por perto. – Ele aproxima seu rosto do meu e volta a me beijar. Quando percebo estamos deitados, nossos corpos colados, as mãos explorando um ao outro.

-Fábio... eu vim aqui para ficar com a Luiza, não com você.

-Com a Luiza? – Ele se afasta sorrindo. – Eu adoro a minha irmã, e quero que ela seja muito feliz, mas ela não vai te roubar de mim.

-Seu ridículo! – Falo batendo no braço dele. Nos separamos e ficamos deitados de bruços lado a lado, sinto meu celular vibrar e pego-o no bolso do jeans, olho de forma despreocupada e o nome Lucas está na tela.

-O que o Lucas quer com você? – Fábio pergunta levantando. Não respondo-o. Me sento na cama e atendo, penso em sair do quarto, mas acho que seria pior. Conversamos por alguns minutos sob o atento olhar de Fábio. Quando desligo o telefone ele repete a pergunta. – Então, o que o Lucas queria com você?

-Saber se a Juliana está bem. – Conto.

-E por que ele não ligou para ela? Aconteceu alguma com a sua irmã?

Coloco minha mão na perna de Fábio e começo a contar sobre o sumiço da Juliana e sobre como Lucas me ajudou a encontrá-la. Não conto nada além do necessário, sei que ele não gostaria de ouvir que o Lucas ama a minha irmã, não quero que ele ache motivos para se irritar ainda mais com o ex-cunhado.

-E você não me contou nada? – Ele questiona.

-Você tinha seus próprios problemas. Eu não queria falar da Juliana quando a Luiza estava sofrendo com tudo que aconteceu.

-Mas não era sobre a Juliana, era sobre você. Você estava aflita, preocupada. Eu iria querer saber, eu sempre vou querer saber. Estamos juntos há quanto tempo, mais de um mês? Você já deveria saber que tudo que vem de você me interessa.

-Sinto muito.

-Você não precisa me pedir desculpas. Não estou tentando te deixar culpada, só quero que você saiba que pode sempre contar comigo, ok? Não importa o que eu esteja passando. Eu não estou brincando quando digo que você é importante, quando digo que eu sou louco por você. Mas me diga, sua irmã está bem? Você falou na ligação que ela estava “do mesmo jeito”.

-É. Ela passou o sábado deitada na cama, não quis levantar. E ontem só saiu do quarto para comer, não quer falar com ninguém, passa o tempo todo quieta. É um pouco assustador.

-E o seu pai?

-Acho que ele ainda nem notou. A Bárbara quer levar a Juliana no médico, mas não sei se ela vai conseguir. Eu mesma já tentei e nada. Eu estou assustada. – Confesso. – Nunca vi a Juliana assim.

-Sua irmã vai ficar bem.

-Como você sabe?

-Ela é sua irmã. Eu conheço duas das quatro filhas do seu Ricardo. Duas delas são cheias de garra, força, não levam desaforo para casa, aposto que as outras duas também são assim.

-Você é incrível sabia? Eu... – Percebo o que estava prestes a dizer e congelo. “Eu te amo”. Como ter certeza, será que isso que eu sinto é mesmo amor? Como saber? Fábio me olha com um sorriso no rosto, um sorriso orgulhoso que deixa amostra as covas do seu rosto. – Eu... eu tenho que voltar para sala. – Digo sem graça.

-E eu vou tomar um banho e depois estudar um pouco. – Ele afirma levantando da cama. Fábio tira a camisa enquanto eu me levanto. Ele continua sorrindo, mas agora de forma provocativa. – Não vá embora sem se despedir de mim, ok?

-Ok! – Digo avançando até a porta.

-Manuela... – ele me chama de volta. Paro na porta entreaberta e olho para Fábio. Aquilo que você quase disse agora pouco, eu também sinto.


Notas Finais


Finalmente consegui postar no meu antigo prazo de três em três dias.
Espero que tenham gostado.
TEASER: No próximo capítulo teremos acontecimentos importantes envolvendo os casais Fabiela e Jubá.
PARA OS FÃS DE LUICAS: Indico essa fic aqui: https://fanfiction.com.br/historia/725120/Luicas/ tá bem no comecinho, mas parece legal.


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