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História Como cães e gatos - "Eu deveria suspeitar"


Escrita por: jofanfiqueira

Notas do Autor


AVISO: Esse capítulo tem trechos extremamente melosos entre nosso casal predileto. haha

Capítulo 26 - "Eu deveria suspeitar"


-Olha se não é a garota que apunhala as amigas pelas costas. – Bruna diz assim que entro na sala. Estou acompanhada de Luiza e Isabela.

-Não enche o saco Bruna. – Isabela avisa.

-Cuidado Isabela, a irmã bastarda dela tentou roubar o namorado da outra irmã, a Juliana tentou roubar o Lucas da Luiza e ela roubou o Fábio, isso deve ser genético. – A ruiva diz. Sinto uma vontade enorme de jogá-la no chão, mas não consigo deixar de pensar que ela tem certa razão em sua ira.

-Bruna, eu sinto muito Ok? – Falo me aproximando. Minha voz sai baixa, tomo mais coragem e continuo. - Sinto muito por ter escondido de você que estava ficando com o Fábio. Sinto muito por ter demorado para entender como eu me sinto por ele, se não fosse isso, vocês nunca teriam se envolvido e você nunca teria se machucado.

-Eu espero que você não pense que essa sua ceninha muda alguma coisa. Eu gostava do Fábio e eu fui feita de idiota. Vocês dois me fizeram de idiota.

-Estou sendo honesta. – Reforço tentando controlar a minha irritação.

O professor de biologia entra na sala e pede para que todos se sentem. Caminho até minha carteira e olho para a de Fábio vazia. Sinto uma pontada de inveja por não estar suspensa também, sinto ainda certa raiva dele por não estar aqui comigo.

(...)

Entro em casa e corro para checar Juliana, fazem cinco dias desde a descoberta sobre a paternidade do filho de Martinha e ela continua se negando a falar com as pessoas, sair do quarto ou voltar para a escola. Meu pai só notou ontem, quando Juliana não foi para aula, mas Ju disse que estava apenas com uma virose. A constante negligência do meu pai fez com que ele acreditasse sem pestanejar. Me aproximo do quarto e ouço vozes saindo de lá.

-É claro que você está com ciúme, só pode ser isso. O que você queria? Estar grávida também? Ou esse ciúme é do Lucas? É sempre assim com você não é Juliana? Você precisa que todos os caras estejam sempre se rastejando por você e se eles desistem... mas é isso que dá ser mimada dessa forma, você nunca teve que lutar por nada na vida.

-Vai embora! – Minha irmã grita. – Eu e você, nós estamos terminando aqui, entendeu?

-Como assim terminando? – Ele grita mais alto ainda. – Você acha que pode me descartar assim? Eu não sou um acessório caro que você compra no cartão do papai e enjoa três dias depois. Você não vai terminar comigo dessa forma...

Abro a porta e Jabá se cala.

-Vai embora! – Digo firme. O olhar dele me assusta, mas respiro fundo e tento me manter impassível. – Agora! Você ouviu o que ela falou? Não volte mais aqui.

-Isso não vai ficar assim. Tá me ouvindo? – Jabá fala encarando Juliana.

Me sento ao lado de Juliana que começa a chorar. Vejo isso como um bom sinal, deve ser a primeira vez em dias que ela demonstra alguma emoção. A última vez que Juliana saiu do modo robô foi com Lucas, quando eles estavam abraçados no cemitério, observei os dois caminhando juntos, a troca de olhares, a confiança que ela tem nele. Aquilo partiu meu coração, principalmente por ser um reforço da certeza de que os dois deveriam estar juntos.

-Juliana, você está bem? – Pergunto sentando ao seu lado na cama.

-Claro que não. – Ela responde chorando. – Ele tem razão, sabia? Eu sou mimada, eu estou acostumada a ter tudo de mão beijada.

-Claro que não! – Digo irritada. - Só porque ele leva uma vida mais difícil que a nossa, isso não dá a ele o direito de vir aqui e te dizer coisas horríveis. - Juliana enxuga as lágrimas e me olha. -Por que vocês brigaram?  

-Porque ele não entende o que há de errado comigo. Mas como eu poderia explicar Manu? Como é que eu vou dar uma resposta que eu mesma não tenho?

-Talvez seja hora de você procurar ajuda profissional. Um psicólogo, talvez. – Sugiro.

-Um psicólogo? Você acha que eu estou ficando louca?

-Não. Eu acho que você precisa de alguma orientação. E que pode ser bom.

-Você andou conversando com o Lucas? Porque ele também acha que eu preciso de um médico. Ele não faz a menor ideia do que eu preciso.

-Eu sei. – Respondo. Tomo coragem e decido conversar abertamente com minha irmã. – Você percebeu que é apaixonada pelo Lucas.

-Percebi. – Ela assume. – E isso também é culpa minha. Eu demorei demais, eu sabia que sentia algo por ele, desde a primeira vez que nós beijamos, mas ele estava lá, disponível, era um cara bacana e é claro que eu fui a idiota que cai no clichê de escolher o cara que parecia mais perigoso, o bad boy.

-Desde quando você sabe que gosta do Lucas?

-Desde que ele começou a se envolver com a Luiza, acho. Depois quando ele começou a me ajudar, quando nos aproximamos ainda mais.

– Ok, você acha que ele é o cara certo para você e se sente culpada por não ter percebido isso antes. Até aí tudo bem, e talvez você tenha razão, talvez você esteja mal por isso, só por isso. Mas você nunca foi de se deixar abater dessa forma por causa de um cara Ju. Eu não acho que seja só isso que está te deixando mal.

-Eu nunca gostei de ninguém dessa forma antes. E a Martinha... eu a fiz sofrer tanto quando fiquei com o Jabá, eu não sabia o quanto até que soube que o Lucas é o pai do filho dela. Eu causei esse tanto de dor nela, a mesma dor que estou sentido. Então, no final das contas, isso não é só sobre o Lucas. É sobre o fato de que o Jabá tem razão. Eu não sei o que eu quero, eu destruo tudo que eu toco.

-Ju, a Martinha te adora. Você é a melhor amiga dela. O Lucas é louco por você. Ninguém que não ame a outra pessoa passa a noite em claro procurando por ela. Você quer provar a si mesma que o Jabá está errado? Lute pelo Lucas!

-E você acha que as coisas são simples assim? Eu conheço a Martinha o suficiente para saber que ela vai querer formar uma família para essa criança. Qualquer outra garota da idade dela estaria considerando um aborto. Eu mesma já teria feito, mas ela vai ter o filho, ela vai colocar a vida dela em espera e criar uma criança e vai querer o pai esteja com ela. Eu sei disso.

-Então seu plano é ficar o resto da vida trancada aqui? – Questiono.

-Por enquanto sim. – Ela responde.

-Ou você levanta dessa cama e vem comigo no médico ou eu vou contar para o papai tudo que está acontecendo e ele vai te levar de qualquer jeito, você sabe disso.

-Eu não preciso de médico! Eu vou ficar bem. – Ela insiste.

-Então vá para a escola.

-Hoje não. Eu acabei de terminar com o Jabá. Tudo que eu não preciso é encontrar com ele hoje.

-Ok, respondo. Mas você precisa ir amanhã ou eu conto tudo para o seu Ricardo. Combinado?

-Combinado. – Ela fala. – Sabe Manuela, você não deveria me chantagear, eu posso contar para papai que você está namorado com o Fábio.

-Pode. Mas eu te conheço o suficiente para saber que você nunca faria isso, porque no fundo você sabe que o que eu estou fazendo é para o seu bem.

-É! Mas talvez você tenha razão e eu esteja ficando louca. – Ela retruca me encarando. – E quem sabe o que uma pessoa louca é capaz de fazer.

Saio sorrindo. Eu acreditaria se fosse Bárbara, mas não Juliana. Juliana tem um senso de lealdade extremamente apurado.

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-Suspenso Fábio? Ótimo. Olha aqui meu filho, eu juro que se você reprovar novamente eu vou desistir de você. – Minha mãe fala irritada.

-Eu não vou reprovar. Minhas notas estão excelentes. Eu estou participando da competição estadual de história, eu sou o aluno perfeito esse ano.

-Alunos perfeitos não brigam no meio do pátio.

-Ele me provocou.

-Posso saber com o que?

-Uma besteira sobre o namoro da Luiza com o Lucas. – Minto.

-Ótimo. Só de ouvir o nome desse Lucas eu já fico irritada. De um lado a sua irmã sofrendo, falando besteira sobre ter sido enganada por ser virgem, do outro lado você: socando pessoas por causa dessa história.

-A Luiza disse isso? – Questiono.

-Disse. Mas eu já conversei com ela. Já expliquei que sexo não é garantia de nada. E que se fosse seria garantia de problema. Eu sinto que isso é de alguma forma culpa minha, eu trabalho tanto que nem sempre consigo acompanhar direito a vida de vocês.

-Claro que não é culpa sua. Somos nós que somos bons em esconder as coisas, somos nós que achamos que não precisamos de um adulto para nos ajudar a resolver nossos problemas.

-Eu te amo por dizer isso, mas é sim. Ano passado foi você, tudo aquilo acontecendo e eu não tinha a menor ideia. Agora a Luiza.

-Mãe, nós somos adolescentes. Somos programados para dar trabalho. É biologia, eu li um estudo que dizia que nossos cérebros passam pelo maior período de crescimento nessa fase e isso impede que tenhamos controle dos nossos impulsos.

-Desde quando você lê estudos?

-Desde que eu decidi ser mais responsável e não reprovar novamente. Eu prometo que vou ficar de olho na Luiza.

-E quem fica de olho em você?

-Eu estou bem. – Digo. – Agora eu vou sair se estiver tudo bem por você. Tenho que pegar um livro do projeto de literatura

-Em casa antes da sete, você está de castigo até o fim da suspensão. – Ela afirma.

-Eu não posso ficar de castigo. – Digo.

-Você também não pode brigar na escola. – Dona Tânia fala de forma firme.

-Ok, tudo bem. Apenas me deixe sair hoje à noite. Eu tenho um compromisso importante. E se você me deixar ir eu prometo que levo a Luiza comigo para praia no sábado. Vai ser ótimo para ela.

-Que compromisso?

-Eu tenho um encontro com uma garota. – Confesso.

-Um encontro? E posso saber quem é a felizarda?

-Só se você me prometer que não vai surtar.

-Eu não acredito que tu tá saindo com aquela Larissa outra vez Fábio! Mas é claro que tá, essa história de começar a sair novamente com o pessoal da antiga escola, eu não deveria ter deixado...

-Não. Não. Não é com ela. – Interrompo. - É com a Manuela. – Olho para a minha mãe experando uma reação explosiva.

-Manuela a filha do meu chefe? Aquela com a qual você não suporta passar quinze minutos? – Minha pergunta debochando. – Conta outra Fábio.

-Eu estou falando sério. – Digo encarando-a. Então a expressão da minha mãe muda de deboche para preocupação.

-Fábio, olha lá o que você vai me aprontar! Aquela menina provavelmente nunca nem namorou com ninguém na vida. Eu juro que se você...

-Eu gosto dela. – Confesso. – E eu sei tudo que você vai me dizer. Que mesmo ela sendo só uma no mais nova ela parece muito imatura e que você não confia em mim por causa de toda a história com a Larissa. Mas eu prometo que eu gosto dela e que eu não faria nada que pudesse machucá-la. E é por isso que eu preciso sair hoje. Eu e a Manuela estamos ficando tem mais de um mês, na verdade completou um mês no sábado, mas com toda essa confusão da Luiza eu acabei esquecendo, então eu preciso compensá-la.

-Um mês? Meu Deus, eu preciso colocar rastreadores em vocês. Não, câmeras é isso. Eu vou colocar câmeras em você e na sua irmã. Quando o pai dela souber disso, meu senhor, e o Caio...

-Você não vai contar nada, vai? – Pergunto. -É a Manuela quem precisa decidir isso, não eu, muito menos você.

-Eu não sei se fico impressionada com o teu cavalheirismo ou se eu te bato por ser sonso.

-Eu volto antes das onze. Só vamos tomar um suco enquanto eu me desculpo por ter esquecido da data.

-Tudo bem! Onze horas em casa. Mas o castigo permanece para todo o resto da semana. E eu quero conversar direito sobre essa história de você e Manuela estarem juntos.

-Obrigado! – Digo sorrindo.

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Pego um táxi e vou até a casa de Isabela. Ela me ligou dizendo que precisava da minha ajuda, embora tenha sido extremamente vaga quando perguntei do que se travava. Isabela mora em um condomínio no Leblon, o local parece um labirinto de luxo. Cada casa, basicamente idêntica à outra, com áreas enormes. Me apresento na portaria e a entrada do táxi é liberada. O homem estaciona na frente da casa de Isabela e, após pagar, toco a campainha.

O homem que atende a porta me avisa que Isabela está na área de lazer, ele me aponta o caminho pelo jardim. Está um pouco escuro, mas já estive ali em uma outra ocasião. Passo pela piscina e continuo caminhando até que vejo Fábio. Ele está sentado num sofá branco num pequeno bangalô, parece nervoso.

-Eu deveria suspeitar. – Afirmo sorrindo. Fábio fica de pé, ele está usando uma camisa social e calça jeans, ele morde o lábio e se balança um pouco enquanto me aproximo. De frente um para o outro, ele coloca suas mãos na minha cintura e me beija.

-Sinto muito por ter esquecido que completamos um mês juntos.

-Achei que era um ano por essa produção toda. – Afirmo olhando para as velas acesas e os pratos bem organizados na mesa.

-Parte disso é culpa da Isabela, eu não sabia que ela era dona de um terço do Rio de Janeiro e que os pais dela quase nunca estão em casa. Caso contrário, estaria namorando com ela e não com você.

-Sem vergonha!

-Estou apenas brincando, não te trocaria por ninguém. – Ele diz sorrindo. – Eu só queria me redimir por ter esquecido. Sinto muito.

-Eu não acredito que a Isabela te ajudou nisso. Ela me disse que eu estava sendo machista por achar que você é quem tinha que lembrar das datas. Eu preciso lembrar de jogar isso na cara dela...

-Manuela... – Fábio ergue as sobrancelhas enquanto me encara e reforça o abraço. – Eu sei que todo cara sonha com um ménage, mas será que podemos deixar a Isabela para depois?

-Desculpa. Eu só estou... bem, para ser honesta. Eu estou me esquivando do fato de que o que você fez aqui é maravilhoso e eu estou...

-Assustada desde que você quase me disse como se sentia por mim? – Fábio questiona. Ele desfaz o abraço e me pega pela mão, me levando junto com ele para o sofá. – Manuela, isso não é sobre a data, quer dizer, é, eu me senti mal por ter esquecido, mas eu quero que você saiba que apesar de todas essas confusões com as nossas irmãs, com outras pessoas... esse tempo junto de você tem sido maravilhoso. E eu estou perdidamente apaixonado por você, você é a última coisa que eu penso quando vou dormir e a primeira quem na minha mente quando eu acordo e a parte predileta do meu dia é sempre o momento que nos vemos e você me dá esse seu sorriso marrento e maravilhoso.


Notas Finais


Espero que tenham gostado. O próximo capítulo não terá cenas melosas, mas terá muita gritaria, babado e confusão.


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