História Como cães e gatos - Você tá brincando comigo? (Jucas - Extra)

Eu nem queria estar aqui, mas Bárbara estava desfilando e eu realmente estava decidida a tentar me distrair. Na noite passada, com o ataque de pânico, o médico me disse que podia ter sido devido a muito estresse, perguntou se eu queria um encaminhamento para um psicológico, mas eu disse que não. Estou cansada das pessoas tentando me convencer de que eu preciso de alguma ajuda. Sei que não estou bem, mas sinceramente, quem está? A maioria das pessoas vive infernos, infernos de verdade, pobreza extrema, doenças, contas atrasadas, eu não tenho nada disso. Apenas um coração partido. "Vou sobreviver", digo a mim mesma. Não estamos mais no auge do modernismo, ninguém mais morre de amor, as pessoas morrem de abuso, mas não de amor. E, talvez, Jabá e Martinha estivessem certos: Eu amo mesmo o Lucas ou o quero porque não posso tê-lo?

Parte do meu plano de voltar aos trilhos era ser madura o suficiente para lidar com o fato de que duas das pessoas que eu mais amo estão tendo um filho juntos. Por isso, fui mais cedo até a casa de Martinha e me desculpei. Minha amiga me pediu perdão várias vezes, ambas choramos. Acho que Martinha ainda precisa de um tempo para se sentir bem ao meu lado, mas decidi que não vou contar nada sobre como me sinto por Lucas.

-Eu vou sair um minuto. – Manuela fala baixinho para mim.

-Fábio? – Pergunto sem som. Ela sorri envergonhada e sei que aquilo é um sim.

Depois de um tempo, Lucas aparece ao meu lado. Está usando a farda da Forma.

-Posso? – Ele questiona. Balanço a cabeça positivamente.

-Você está bem? Soube que passou mal ontem. Eu te liguei, depois liguei para Manuela.

-Manuela tem uma boca gigante. – Digo tentando manter nossa habitual hostilidade. A pergunta que fiz a mim mesma sobre gostar ou não de Lucas parece idiota agora. Eu nunca me senti daquele jeito antes. Gioavane, Jabá, nenhum cara me fez sentir aquilo, só estar na presença de Lucas me deixa segura, calma, sinto como se o mundo todo pudesse sumir e eu ainda estaria bem contanto que nós dois continuássemos existindo.

-Eu insisti. – Ele fala me olhando. Lucas coloca sua mão sobre a minha e a aperta de forma carinhosa.

-Você não deveria estar trabalhando? – Pergunto encarando-o.

-Eu estou. Seu pai me escalou para fazer parte da equipe de apoio do evento. Basicamente eu tenho que ficar aqui e esperar que precisem de mim. – Ele fala com um sorriso. Adoro seu sorriso estúpido, seus lábios, seus ombros. Adoro tudo em Lucas.

-Silêncio! – Digo quando uma nova etapa do desfile começa.

-Para qual delas você está torcendo? – Ele pergunta. Bárbara e Joana estão lado a lado de biquíni, ambas deslumbrantes. É a última volta antes da decisão final dos jurados.

-Para a minha irmã. – Respondo. Não tenho nada contra a Joana, mas a Bárbara é minha irmã e não estou falando de sangue, estou falando de convivência, amor. Eu não tenho esse laço com Joana.

-Eu acho que eles deixaram a irmã mais bonita de fora. – Ele fala erguendo as sobrancelhas. Me pergunto como ele pode estar ali, tão tranquilo, sabendo que em menos de sete meses será pai. Isso não faz sentido. Eu estaria em desespero. – Estou falando da Manuela, claro.

-Deixa o namorado dela ouvir isso. Ele já não é seu fã. – Deixo escapar.

-Namorado? Eu não sabia que a...

-E nem sabe. Eu nem deveria ter falado isso.

-Ele não é meu fã? E quem..

-Vocês dois podem fazer silêncio? – Meu se vira perguntando. Eu só escuto o resmungado vindo de vocês.

Senhoras e senhores, é chegado o grande momento. Vamos anunciar a vencedora do Concurso Estrela Carioca. – O apresentador diz animado. – Todas as concorrentes são lindas e merecem o título, mas, infelizmente, apenas uma delas saíra daqui como ele. E o nome dela é Mariana Braga.

Joana e Bárbara se entreolham. Minha irmã parece incrivelmente irritada enquanto Joana aplaude a vencedora.

-Eu vou falar com o pessoal da organização para saber se tá tudo certo. – Meu pai fala me olhando. – Lucas, você fica de olhe nela? – A preocupação do meu tem sido excessiva desde a noite passada.

-Eu não preciso de babá. – Digo irritada. Espero meu pai se afastar e me viro para Lucas. -Você me leva para casa?

-Agora?

-Você disse que tinha que ficar aqui e esperar que alguém precisasse de você. Eu estou precisando.

-Não vai avisar ao seu pai? – A expressão de preocupação de Lucas é uma das minhas prediletas.

-Vou mandar uma mensagem. – Digo.

(...)

-Não vai mesmo me contar com que a Manu namora? – Lucas pergunta sorrindo.

-Não! De jeito nenhum.

-Um cara que não gosta de mim? Não me diga que é o irmão da Luiza.

-Ninguém sabe disso, ok? Apenas não dê com a língua nos dentes ou a Manuela vai me matar.

-Você falou igual a ela agora. O mesmo tom ameaçador. Sua irmã é incrível, sabia? Ela é mais madura do que eu.

-Qualquer um é mais maduro que você. – Provoco. Mesmo sabendo que aquilo é não tem fundamento. Lucas é um responsável, maduro.

-É bom te ver assim, sabia? – Ele afirma sorrindo. – Me faz lembrar de quando todos nós nos juntávamos. Parece que isso faz um século.

-Eu falei com a Martinha hoje cedo. Fui na casa dela. – Digo.

-Sério? Como foi?

-Ela continua estranha comigo, mas eu não a culpo. É tudo muito difícil de entender mesmo.

-Mais do que você imagina. – Ele fala me encarando.

-O que você quis dizer com isso? – Questiono.

-Nada... Juliana, posso te perguntar uma coisa, você não precisa responder se não quiser.

-Pode, se eu também puder te perguntar algo depois.

-Combinado. – Ele fala. Percebemos que estamos em frente ao meu prédio. O porteiro libera nossa entrada. 

-Como você está com o fim do namoro com o Jabá? – Ele pergunta enquanto entramos no elevador.

-Eu estou bem. – Respondo. – Lucas, eu não gostava do Jabá. – Quero dizer que gosto dele, que sempre gostei dele e que me sinto idiota por não ter notado, mas lembro que prometi a mim mesma que não faria aquilo.

-Você tá brincando comigo? – Aperto o botão do andar e então o encaro, Lucas parece um pouco irritado.

-Qual o problema? – Questiono sem entender.

-O problema é que eu... a porta do elevador se fecha Lucas me puxa para um beijo. Correspondo-o imediatamente, a boca de Lucas na minha é como a coisa mais certa de todas. Esqueço da promessa, esqueço de tudo, apenas quero não me separar dele.

Entramos na minha casa ainda nos beijando. Guio Lucas até o meu quarto, sei exatamente o que quero, ele percebe quando fecho a porta e me encara. “Juliana, eu preciso conversar com você”, ele afirma em meio aos beijos. As mãos de Lucas me percorrem, sei que ele mesmo está dividido entre conversar e prosseguir. Me afasto um pouco e Lucas senta na cama, claramente tentando se acalmar.

-Eu preciso te...

-Você tem certeza? – Questiono tirando minha blusa, em seguida, o short jeans. Caminho em sua direção e coloco meu dedo em seus lábios estimulando a prosseguir. Minha mão livre encontra seu joelho e aproximo nossos rostos beijando-o, primeiro na boca, depois no pescoço, desço pelo seu corpo. Subo minha mão de sua perna até a cintura da calça. Lucas se deixa cair na cama e eu desabotoei seu jeans.

-Você tem certeza de que quer isso? – Ele pregunta segurando a minha mão.

-Mas que qualquer coisa. – Respondo. Então Lucas retira o jeans e me puxa para si. Fico por cima e ajudo-o a retirar a camisa, aprecio seu corpo, a pele morena, passeio meus dedos pelos músculos de um dos seus braços. Aprecio cada segundo, a explosão de cada contato. As mãos de Lucas soltam meu sutiã e ao menor toque meus seios enrijecem, estou pronta para recebê-lo, sei que ele também está, sinto sua ereção contra o meu corpo e levo minha mão até ela e começo a despi-lo, ela me ajuda com a tarefa e, em seguida, faz o mesmo comigo, invertemos nossas posições e eu pego uma camisinha na mesa de cabeceira, a coloco nele e o guio para dentro de mim. Há um primeiro momento de pausa, de costume, nos olhamos nos olhos e ele me beija. “Eu te amo” Lucas fala antes de seguir, ele começa a se mover devagar, intensificando aos poucos os movimentos, eu também me movo consumida pelo desejo.