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História Como cães e gatos - Conexões


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 29 - Conexões


Uma semana se passou desde a briga entre Joana e Bárbara. Minha irmã mais velha decidiu sair de casa definitivamente depois da confusão, dizendo que eu e meu pai tomamos o partido da Joana. Ela se negou a falar comigo depois do acontecido e eu me neguei a pedir desculpas, não ia me desculpar por ser honesta. Meu pai ficou arrasado, mas também não deu o braço a torcer “A sua irmã é adulta, tem um emprego e pode muito bem tomar conta de si mesma, eu não vou passar a mão na cabeça dela dessa vez”, ele afirmou quando Juliana tentou argumentar a favor de Bárbara. Não a ajudei, ainda não estou pronta para esquecer tudo que aconteceu. Soube que Gabriel e Giovane também brigaram para defender suas respetivas namoradas, Gabriel estava furioso com Joana, queria que Bárbara prestasse queixa, não sei o que mudou a cabeça da minha irmã quanto a isso, mas, no final, ela desistiu da ideia.

Eu e Fábio nos vimos muito pouco. Apenas na escola. Ele esteve estudando para a primeira etapa das Olimpíadas de História que aconteceu hoje, os três alunos do Dom Fernão se classificaram para a segunda fase que deve ocorrer dentro de algumas semanas. Mas não foi só Fábio quem esteve ocupado, eu também, foquei nas minhas aulas de luta. Juliana me acompanhou em algumas delas, ou pelo menos me levou de carro, já que agora ela a única habilitada da casa disponível para me levar para a escola e treinos. Meu pai não a queria dirigindo porque ela ainda está com carteira provisória, mas Juliana o convenceu.

-Boa noite. Como foi o dia de vocês? – Meu pai perguntou ao entrar em casa. Estou sentada no sofá, Juliana está esparramada com a cabeça no meu colo, ainda vestida no uniforme da escola, enquanto eu brinco com seus cabelos. Minha irmã me olha e diz “ele está mesmo se esforçando”, baixo o suficiente para que ela não consiga ouvi-lo. 

“Ótimo”, respondo. “Ótimo!” Juliana diz sorrindo. Minha irmã tem estado bastante animada na última semana. Tão animada que eu tenho reforçado minha preocupação com ela, acho que essas rompantes alterações de humor não são normais.

-E a escola? – Ele pergunta. Juliana levanta as pernas e meu pai senta no sofá conosco, segundos depois ela as coloca no colo dele.

-Notas azuis em tudo. – Juliana fala. – Agora, podemos começar a ver esse filme? Eu poderia estar com meus amigos. – Belisco o braço de Juliana e ela protesta. – Tudo bem, sinto muito por estar sendo uma chata. É só que isso é estranho. Nós nunca fazemos isso, conversamos dessa forma, ficamos juntos pelo prazer de estar juntos, isso não é comum.

-Vai se torna comum agora, eu prometo. – Meu pai diz sorridente. – Pode ser tarde demais para que eu recupere o tempo que eu perdi com a Joana, mas tudo que aconteceu nos últimos dias me lembrou que vocês, minhas filhas, são as pessoas mais importantes do mundo para mim, que estão acima de qualquer coisa.

-Isso inclui a Bárbara? – Ju pergunta.

-Claro que inclui. – Meu pai devolve. – Eu sei que as coisas parecem ruins agora, mas eu tenho esperança de que iremos nos entender. Todos nós, inclusive Bárbara e Joana.

-Eu acho que você bateu a cabeça. -Digo sorrindo. – Joana e Bárbara se dando bem? É mais fácil nevar no Rio de Janeiro.

Todos rimos. Eu, meu pai e Ju brigamos um pouco para decidir que filme assistir, por fim, acabamos optando por uma comédia familiar. Seu Ricardo pediu pizza, depois comemos pipoca, conversamos, rimos, foi a melhor noite que tivemos em família em anos.

-Você tá bem? – Juliana pergunta. Ela está no meu quarto, pegando emprestado um pouco de hidratante antes de irmos dormir.

-Posso confessar uma coisa? - Questiono e ela assente positivamente. – Eu me senti mal agora porque percebi que eu não senti falta da Bárbara, nós nos divertimos, foi tão bom e eu nem dei pela falta dela.

-Tá tudo bem Manu. – Juliana diz sentando ao meu lado na cama. – Talvez isso seja uma coisa boa, um pouquinho de egoísmo não faz mal. Além disso, a Bárbara está bem. Eu falei com ela hoje cedo, ela e o Gabriel tinham reservas num restaurante e depois iam dormir na nova casa dela.

-Onde ela está morando?

-Aqui na Barra mesmo, claro. Você acha que a Bárbara iria para longe da Forma?

-Você já foi na casa dela?

-Ainda não.

-Acha que um dia ela vai deixar essa raiva de lado e eu ela vamos nos entender?

-Claro que sim. A Bárbara te ama, ela só precisa de um tempo. E você também. Isso vais ser bom, você vai ver. Às vezes coisas ruins acontecem para que saímos ainda mais fortes delas.

..........................x...................

-Parabéns pro meu filhote que arrasou hoje naquela Olimpíada de História. – Minha mãe diz orgulhosa. Estamos na sala de estar, cercados por Luiza, Joana e Caio. Dona Tânia fez questão de nos reunir para comemorar o meu desempenho na primeira fase. Eu, Belinha e Martinha conseguimos notas boas para sermos considerados na segunda etapa, o que fez com a minha mãe ficasse extremamente feliz. Luiza brincou dizendo que as expectativas comigo são tão baixas que qualquer coisa que eu faça é uma grande surpresa.  

-Foi só a primeira fase. Tem que manter o ritmo. – Caio diz sorrindo. O namorado da minha mãe me dá uma tapinha nas costas, da mesma forma como costuma fazer com o Giovane e o Gabriel.

-Ô Caio, dá para deixar o menino comemorar? – Minha mãe questiona com sua expressão repreendedora, a mesma que ela dá a mim ou a Luiza quando fazemos algo de errado. Gosto de ver que eles se entendem bem, que compartilham esse nível de intimidade. Quero mais do que tudo que a minha mãe seja feliz.

-Ele tem toda razão mãe. – Respondo. – Foi só a primeira fase, mas pode deixar que eu vou comemorar sim. Agora me passa uma fatia dessa pizza e também vou precisar da promessa de que, se eu passar para terceira fase, a Joana vai fazer uma peixada daquelas.

-Com tapioca de sobremesa. – Joana confirma sorrindo.

O telefone residencial toca e Luiza se estica para atender.

-Não! – Eu grito.

-Pronto, piorou de vez. – Ela fala me ignorando. Passo por ela e retiro o aparelho de sua mão.

-Alô? – Digo temeroso. A possibilidade de ser meu pai ligando me deixou assustado. Mas do outro lado, a voz de Giovane me perguntou por Joana. – Está aqui, só um minuto. – Respondi passando o telefone para Joana.

“Oi amor, é... meu telefone ficou sem bateria, tá carregando no quarto”. Ela afirma se afastando para atender.

-Você não vai falar nada mãe? – Luiza questiona olhando para minha mãe com uma expressão de indignação. Caio também me olha com certa curiosidade. – O maluco quase arrancou o telefone da minha mão.

Olho para minha mãe. Sei que ela entendeu o porquê. Ainda assim, peço desculpas para Luiza e digo que estava esperando uma ligação. Ela me encara como se não tivesse engolido muito bem a história, mas não diz mais nada. Terminamos de jantar e eu e me ofereço para tirar a mesa, em seguida, minha mãe e Caio lavam a louça juntos.

-Não vai fazer nada hoje? Nenhum jantar romântico e exagerado? – Luiza me provoca sorrindo quando me sento ao lado dela no sofá. Ela me encheu o saco quando soube do que fiz por Manuela. Deixo minha irmã me provocar, sei que ela ainda está mal com tudo que aconteceu com Lucas. Ela parece melhor, mas sei que esse tipo de coisa não se resolve do dia para a noite.

-Não! Eu adoraria, quase não tivemos tempo de nos ver essa semana, mas a Manuela tem uma sessão de cinema com o pai e a irmã, eles estão tentando se aproximar mais ou coisa do tipo. Mas, e você? Vai ficar enfurnada dentro de casa?

-Para onde eu iria?  - Ela questiona.

-Sair coma Isabela ou outra amiga.

-A Isa está em Angra com os pais. E você a Manu fizeram o favor de me tornar persona non grata para as minhas outras duas amigas naquela escola.

Sei que ela está parcialmente certa, então não argumento.

-Que sair comigo e o Tiago?

-E o que eu faria junto com vocês?

-Você descobre quando chegarmos lá. – Digo sorrindo.

(...)

A primeira pessoa que vejo quando entro no bar é Larissa. Ela me olha como se eu fosse um peixe pronto para engolir um anzol. Penso em dizer que deveríamos ir para outro lugar, mas quase todo o pessoal da nossa antiga escola vem nesse bar e Luiza está animada com a possibilidade de encontrar antigas amigas. Olho para Tiago e sei que ele viu Larissa quando meu amigo me dá um olhar de “fazer o quê? ”. Caminhamos pelo local e pegamos uma mesa, é o tipo de bar que serve qualquer pessoa sem solicitar documentação, pelo menos se essa pessoa não aparentar, de forma descaradamente evidente, ser menor de idade.

-Olha só quem está aqui. – Carlos disse sorridente. Luiza o abraçou. Embora Carlos fosse da minha turma, ele sempre se deu bem com Luiza. Mas, para fazer jus, devo dizer que ele sempre se deu bem com todo mundo. Os irmãos são bem parecidos nesse aspecto, tanto Carlos quanto Larissa são carismáticos. A diferença é que Carlos é leal, sabe chegar e sair dos locais sem arrumar problemas. Já Larissa, bem, ela vive para arrumar problemas, suspeito que seja um tipo de esporte para ela. Luiza cumprimentou Carlos sorridente, foi a primeira vez em semanas que a vi parecendo genuinamente alegre. – A Amanda e a Carol estão aqui, vão adorar te ver. – Carlos disse. Luiza levantou da mesa e foi com ele encontrar as amigas.

-Tá vendo aí? Se eu levasse a sua irmã para algum lugar você não iria gostar. – Tiago diz sorrindo.

-Como foi que eu te disse no dia da praia quando você falou sobre a Manuela? Ah, lembrei: É porque você é um escroto.

Tiago sorri e me convida para jogar sinuca, compramos algumas fichas e esperamos que uma das mesas desocupem.

-Querem se juntar a nós? – Larissa questiona sorrindo. Ela está com um taco na mão, enquanto Brenda faz sua jogada. – Já estamos terminando essa ficha. – Podemos jogar em duplas. E eu a Brenda contra vocês. Quem perde paga algumas cervejas.

-É melhor não. – Digo.

-Não acredito que está com medo de perder para gente! – Brenda fala nos observando. – Sabe Fábio, você costumava ser mais descolado antes de ir para o... como é mesmo o nome? Dom Fernão, não é? – Brenda era uma das melhore amigas de Larissa, mas também já fora minha amiga.

-E você continua a mesma. – Digo sorrindo. – Ainda é horrível na sinuca?

-Vai ter que jogar para descobrir.

-Vamos lá cara. Vai demorar séculos até que alguém desocupe uma mesa.

Aceitamos o desafio e começamos a jogar. Larissa era excelente, Tiago também. Eu e Brenda nem tanto. Tiago pediu uma cerveja e eu aceitei tomar um pouco, não queria exagerar. Havia jurado a minha mãe que tomaria conta de Luiza. Além disso, se eu chegasse cheirando a cerveja ela provavelmente me deixaria sem sair o resto do final de semana. As duas primeiras partidas duraram quase uma hora, cada time ganhou uma delas. O tempo todo, Larissa fez piadas, se insinuou enquanto eu tentei ignorá-la. 

-Então, Fábio... me conte sobre a escola. Já jogou balões de água em coordenadores? – Brenda pergunta sorrindo.

-Não. E aquilo foi um acidente. – Relembro sorrindo. – Eu não queria acertá-la, queria pegar a... – Paro um pouco.

-Eu! – Larissa diz sorrindo. -Você queria me acertar. Você vivia mesmo correndo atrás de mim, não vivia?

-É. – Confesso. – Mas acabei não me dando muito bem no final da história, não é?

-Não. Mas acho que você se deu exageradamente bem no meio dela. Várias vezes. – Ela fala se aproximando. Sinto seu perfume, ainda o mesmo. Ela coloca a mão na minha perna.

-Eu tenho namorada. – Digo firme. Larissa se aproxima, sua boca vai até meu ouvido.

-Ela está aqui? Porque se não estiver, eu não me incomodo. Nós podemos procurar um lugar mais tranquilo e relembrar os velhos tempos. – Sinto sua mão subir, ela cola parte do seu corpo em mim.  

Fico sem reação por alguns segundos, mas me recupero e seguro a garota pelos braços e a encaro firmemente.

-Quando uma pessoa me engana uma vez, a culpa é dessa pessoa. Mas se ela me enganar duas vezes, bem... aí eu é que sou o idiota não é mesmo? – Pergunto me afastando. Vocês podem ficar com a vitória. – Digo colocando meu taco encima da mesa. Abro a carteira e deixo dinheiro para algumas cervejas com Brenda.

Confiro Luiza, que está conversando animadamente com as amigas e Carlos, e então subo para a varanda do bar.

-Tudo bem? – Tiago pergunta aparecendo minutos depois.

-Ela me tira do sério. – Digo irritado.

-Ela tira qualquer um do sério.

-Não, ela mexe comigo, você entende?

-Ela mexe com... ah, sim... ela mexe com muita gente nesse sentido também Fábio.

-Mas eu amo a Manuela. Eu não deveria me sentir assim, eu não deveria cair na provocação da Larissa. Não dessa forma. Eu fico pensando se a minha mãe não está certa.

-Sobre o que?

Conto para Tiago sobre a conversa que tive com a minha mãe depois que contei sobre mim e Manuela. Sobre o modo como ela deixou clara sua preocupação por eu ser mais velho e Manuela ser mais nova, por eu ser o primeiro namorado dela e pelo fato de que eu costumo sair com garotas como a Larissa e sou irresponsável, que a palavra que ela usa para dizer “Você tem dezesseis anos e faz sexo” e, por isso, ela teme que eu acabe fazendo a Manuela sofrer.

-Sua mãe falou isso? – Tiago pergunta.

-Falou. Basicamente ela disse que eu sou um idiota que não merece a Manuela. Acho que a minha mãe não acredita que eu gosto da Manuela.

-E você gosta mesmo?

-Como eu nunca gostei de ninguém. Sabe, eu adorava a Larissa, ela era incrível, divertida, linda...

-Gostosa...

- Mas a Manuela é diferente, sabe? Tudo nela mexe comigo de uma forma que vai além de tesão, é como se tudo em mim tivesse sido feito para ela, e vice-versa.

-Agora você me convenceu! Vocês são alma gêmea, carne e unha, metades da laranja. – Tiago fala me encarando com deboche. - Mas eu entendo o que a sua mãe quis dizer. Você é o primeiro namorado da Manuela. Você já foi o primeiro de uma garota?

-Não.

-Eu já. É muita responsabilidade. – Tiago é um ano mais velho que eu e embora aja de forma imatura, não é. – Não estou te dizendo que deveria desistir dela por isso, afinal de contas, você praticamente cantou uma música de amor falando dela, mas você pode lidar com isso?

-Estou começando a achar que você e minha mãe acham que eu tenho algum tipo de vício.

Todo cara na nossa idade tem. – Ele afirma sorrindo. – Quando eu namorava com a Mariana, o tempo todo, eu acabava traindo ela com alguém. Só por sexo.

-Você não gostava da Mariana. – Retruco.

-Não. Mas você consegue fazer isso? Esperar o tempo da Manuela?

-Claro que consigo. – Falo um pouco incerto.


Notas Finais


Oi, pessoas. Espero que tenham gostado.
Vou demorar um pouquinho para postar. Carnaval, Recife, vários blocos de rua. haha
Abraços para todos, bom Carnaval!
:)


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