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História Como cães e gatos - Qual seu problema comigo?


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 3 - Qual seu problema comigo?


Ela é a primeira coisa que meus olhos captam quando entro na escola. Esta com o skate na mão e mochila nas costas, seu jeito marrento em evidência.

-Olha a Manu ali. – Luiza diz. “Como se eu precisasse que alguém me mostrasse a Manuela” penso. Observo enquanto elas se encontram no corredor, imagino que Luiza precise encher o ouvido da Manuela falando sobre o Lucas, e então, só por um segundo me pergunto se ela fala sobre mim. Me aproximo delas olhando pra Manu, desafio seu olhar encarando-a, até que ela recua o olhar.

-O que é que vocês dois tem? Não me digam que já conseguiram arrumar uma razão pra brigar? O dia mal começou. – Luiza pergunta sondando nossas expressões. – Vocês sabem que precisam fazer o trabalho de biologia juntos, né? Eu tentei fazer par com o Fábio, mas a professora disse que as duplas só poderiam ser formadas com pessoas presentes e vocês dois... – Luiza continua falando mas eu não consigo mais ouvir, estou novamente hipnotizando pensando em como Manu é bonita. Talvez seja a hora de aceitar aquele psicólogo que a minha mãe vive insistindo, porque eu só posso estar ficando maluco de estar.. eu nem ao menos ouso pensar na palavra. -Fábio!!! Fábio!! Tô falando, é demente. Só pode. – Luiza diz. Olho pra minha irmã um pouco perdido. – A Manuela tá perguntando quando vocês podem fazer o trabalho. Que tal lá em casa? Eu vou fazer o meu hoje à tarde com a Carlinha e vocês poderiam aproveitar e fazer também. Quatro cabeças pensam melhor que duas.

-Três. Porque esse seu irmão não tem nada na cabeça dele. – Manuela diz provocando. Mas há algo diferente, algo talvez criado pelo momento que compartilhamos ontem, posso sentir na forma como ela me olhou depois de falar aquilo.

-Você não vai dizer nada? – Luiza pergunta. – Nem mesmo pra brigar de volta com a Manu?

-Eu vou pra sala. – Digo intrigado. – Podem combinar o trabalho do jeito que acharem melhor.

-Mas Fábio, você é a dupla da Manu e... – Não fico pra ouvir o restante.

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-O Fábio tá mais estranho que o normal.  – Luiza diz. – Desde ontem.

-Desde ontem? Como se isso fosse possível. – Tento disfarçar meu interesse.

-É. Eu não sei porque ele não veio para a aula, mas se o Fábio estiver metido em alguma encrenca eu juro por Deus que vou mata-lo. A minha mãe não merece as coisas que essa criatura vive aprontando.  – Minha amiga diz irritada, penso em contar que Fábio estava comigo, mas se ele não quis dizer, bem, talvez eu também não devesse. – Agora, me diz, você acha que a sua irmã gosta do Lucas?

-A Ju? A Ju não gosta de ninguém Luiza, às vezes eu acho que ela não gosta nem dela mesma direito. Um dia desses ela vai notar que não gosta do Giovane de verdade e ai eu não sei o que vai acontecer, talvez ela perceba que tem um monte de cara bacana atrás dela, mas eu realmente não sei. Minhas duas irmãs são gente boa, mas gastam energia demais com determinadas coisas e esquecem de olhar ao redor. – Percebo que falei demais, mas do que deveria. Não era isso Luiza queria ouvir, ela queria que eu dissesse que a Ju nunca vai notar o Lucas, e embora eu torça pra que minha amiga consiga se entender com o grafiteiro, realmente não sei se isso vai funcionar.

-Você parece mais sensata que as suas irmãs. – Luiza fala sorrindo. – Com o Fábio é a mesma coisa, ele é o mais velho, mas tá sempre agindo por impulso, sem pensar direito. Faz cada besteira.

- Não conta que eu disse isso tá? Mas apesar de tudo, seu irmão é uma boa pessoa.

-Nossa! Você deve estar doente. Sabe que o Fábio também? Ontem quando contei que vocês iam fazer trabalho junto ele nem protestou. Mas você tem razão, ele tem boas intenções, só não sabe executar essas intenções muito bem.

Nesse exato momento, o sinal toca e seguimos para a aula de português.

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Estou no sofá vendo TV quando Luiza sai correndo aos gritos do quarto. Levanto assustado e corro em sua direção.

-O que aconteceu? – Pergunto. – Luiza, você tá bem?

-Melhor impossível. – Ela responde saltitando. - Eu vou precisar sair, você cobre pra mim.

-Luiza, a minha mãe não vai gostar de você sozinha por ai. – Afirmo. Ainda irritado com o susto.

-Fábio, eu vou estar no Dom Fernão. O Lucas me convidou pra uma reunião sobre os protestos que o pessoal tá organizando pelas melhorias na escola.

-E o trabalho de biologia? – Pergunto.

-Eu me viro com a Carlinha. Já fiz vários trabalhos em dupla sozinha e coloquei o nome dela, ela pode começar esse sem mim. Vou ligar para ela no caminho.

-E a Manuela?

-Ela é sua dupla, mão minha. Olha, tem pipoca e refrigerante para lanche e você pode fazer um sanduíche.

-Não seria melhor cancelar? – Questiono.

-Você tá com medo da Manuela?

-Não é isso, é que...

-Você precisa da nota Fábio e eu duvido muito a Manu vá fazer um trabalho sozinha e colocar o seu nome nele. Apenas tentem não se matar, eu sei que você sabe agir de forma civilizada. – Ela diz. Penso no quanto ela não faz ideia de qual é o meu verdadeiro problema.

-Posso só saber como a senhorita pretende voltar? – Questiono.

-Em último caso, eu te ligo e você me busca.

-Ótimo. Como se eu não tivesse nada melhor para fazer. – Digo me jogando no sofá. Luiza já está saindo quando eu levanto novamente. - Luiza, apenas tenha cuidado, ok? Na condução, na rua, apenas seja cuidadosa.

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-Que fim de mundo hein Manu? – Barbara questiona irritada. – Você não poderia ter marcado esse trabalho lá em casa?

-Se ia ficar reclamando por que não me deixou vir sozinha?

-Ah, e eu ia te deixar vir sozinha pra cá? Depois algo te acontece e...

-Eu não sou criança Bárbara. Eu tenho quinze anos.

-Mas vai ser sempre criança pra mim. – Ela diz sorrindo. – Pronto. O GPS tá dizendo que é aqui. Ele diz parando em frente à uma casa com um pequeno portão de ferro.

-Você pode ir. – Digo assim que desço do carro.

-Me avisa e eu te pego? – Bárbara questiona.

-Eu volto com a Carlinha de táxi. – Respondo.

-Ok, então. Bom estudo. – Minha irmã diz acelerando seu carro.

Abro o portão e bato na porta. É Fábio quem vem abrir. Ele está usando uma regata azul que deixa seus magros porem definidos bíceps em evidência.

-Você demorou. – Ele diz arqueando as sobrancelhas. Ele me dá passagem e depois fecha a porta.

-Onde tá a Luiza?

-No M.O.F.O. – Fábio responde. – Correndo atrás do menino que não se importa com a existência dela.

-Você deveria tentar ser menos babaca. – Digo. – Mas peraí, se a Luiza não tá aqui quer dizer que..

-Que somos só nos dois. – Ele responde com um sorriso. – Não se preocupe. Vamos fazer esse trabalho e nos livrar, ok? – Afirma. “Não se preocupe?” Porque eu estaria preocupada? Pergunto a mim mesma.

-Certo. – Digo olhando ao redor. É uma casa simples porém muito acolhedora, algo ali me dá uma sensação boa, de segurança.

-Vamos pro quarto? – Ele pergunta. Um sentimento estranho me perpassa com aquela pergunta.

-Como é que é? – Questiono.

-O computador fica lá. E tem uma mesa de estudos. É melhor pra fazer trabalhos. Não tá como medo de mim tá?

-Não. Você não mete medo em ninguém Fábio. – Digo tentando restabelecer o clima natural entre nós. Mas quando Fábio se aproxima percebo que só piorei as coisas.

-Você tem um pouquinho de medo de mim sim. – Ele fala me olhando. Dou um passo para atrás, mas Fábio não se move apenas me encara com seus olhos claros. Também não me mexo, a possibilidade de um beijo passa pela minha cabeça, por um segundo, eu me pego desejando isso. – Você vem ou não? – Fábio fala ironicamente. Me sinto uma idiota.

Entramos no quarto e começamos a fazer o trabalho que consiste numa pesquisa sobre os tipos de relações ecológicas, relações intraespecíficas e interespecíficas. Sociedade, Colônia, Canibalismo, Competição; Parasitismo, Cooperação, entre outras.

-Parece que ela escolheu esse assunto a dedo. – Afirmo enquanto Fábio finaliza os slides.

-É bom provável que sim. – Ele diz sem tirar os olhos do computador. – Acha que estamos puramente competindo por território? – Fábio questiona.

-Eu não sei qual é seu problema comigo Fábio. – Digo. Assim que as palavras deixam meus lábios eu me arrependo delas. Fábio fica calada por um tempo, o som do teclado do computador é a única coisa rompendo o silêncio. Observo enquanto ele salva o arquivo e passa para o pen drive. – Você não vai dizer nada? – Insisto irritada com o silêncio. Fábio retira o pen drive e me entrega.

-Essa é a sua cópia. Eu posso ser meio esquecido. – Nossas mãos se tocam rapidamente e o sentimento estranho retorna - Você quer comer alguma coisa, antes de voltarmos pra parte escrita?

-Eu estou sem fome. – Respondo confusa com o modo como ele está agindo.

-Mas eu estou com fome. – Ele diz. – Vou fazer um sanduíche, você aceita um suco ou refrigerante?

-Um pouco de refrigerante. – Digo. Fábio se levanta e bate na quina da mesa. “Ele é a pessoa mais destrambelhada do mundo, só pode ser” penso. Levanto e vou com ele até a cozinha, Fábio me serve um copo de refrigerante e começa a preparar o sanduíche. Estou encostada na meia parede que separa a cozinha da sala.

-Você pode pegar um pacote de pão na segunda porta do armário superior? – Fábio pergunta.  Vou até o armário e fico de ponta pé. Não alcanço e Fábio sorri, quando percebo ele está atrás de mim, se esticando por cima do meu ombro, sua mão tocar na minha. Ele abre a porta pegando o pacote de pão e colocando-o na bancada do armário. Não resisto e me viro, fico entre ele o armário, encarando-o, nossos corpos próximos. Uma confusão de sentimentos me invade quando Fábio coloca sua mão em minha cintura, não consigo raciocinar direito e antes mesmo que eu me mova ele coloca seus lábios nos meus, não é um beijinho, é um beijo mesmo, sua língua pede passagem e eu deixo. Timidamente, coloco uma de minhas mãos nos cabelos macios de Fábio, enquanto as dele passeiam nas minhas costas e me aproximam mais e mais de seu corpo, o que faz com que a minha pele formigue. Estou totalmente perdida no beijo.

-Ainda quer saber qual o meu problema com você? – Fábio pergunta. Estou sem ar, sem chão. Não consigo decidir como me sinto com relação ao beijo, observo enquanto ele passa os dentes, devagar, pelo lábio inferior. Nenhum de nós ousa se mover até que ele aproxima nossas bocas novamente, mas dessa vez apenas encosta nossos lábios rapidamente. -É sua vez de não dizer nada?

-Eu preciso ir embora. – Afirmo recuperando os sentidos. Volto para o quarto e pego minha mochila.

-Manuela? – Fábio chama me seguindo. Ele para na porta do quarto. – Você vai embora assim? Nós nem terminamos o trabalho. É pra amanhã.

-Me deixe passar. – Digo desnorteada. Fábio sai do caminho, mas assim que passo pelo arco da porta ele pega meu braço. –Me desculpe, eu prometo me comportar, você não precisa sair correndo. Vamos apenas terminar a parte escrita.

-Me deixe ir. – Peço. Fábio tira a mão do meu braço e eu vou embora.



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