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História Como cães e gatos - "E você é Romeu?"


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 37 - "E você é Romeu?"


Uma semana se passou desde que meu pai descobriu sobre mim e Fábio e, desde então, minha vida tem sido um inferno de constante vigilância. Seu Ricardo me leva para escola, me busca, ou pede para algum funcionário faça isso, de qualquer forma, tenho passado o resto do meu dia confinada na Forma. A única vantagem é que eu estou treinando com maior frequência, o que é ótimo porque preciso mesmo de uma forma de canalizar a minha frustração com tudo que tem acontecido nos últimos dias. Na escola, onde Fábio e eu teríamos algum descanso, meu pai foi esperto o suficiente para conversar com Correia e exigir que ele fique de olho em mim, claro que o diretor concordou, ele não diria não ao pai de alunas que mais patrocina a escola. e então passo o intervalo inteiro sendo atentamente vigiada pelo diretor, que nem mesmo tenta esconder o que está fazendo. Até mesmo o M.O.F.O é um risco, principalmente depois da denúncia de Bruna, se eu for pega matando aula com Fábio meu pai é bem capaz de me transferir de escola mesmo no meio do ano. Passo o intervalo com Fábio, Luiza e Isabela na quadra ou cantina e tudo que podemos fazer é dar as mãos vez ou outra. Juliana até tentou interceder por mim, mas a coisa também não está muito boa para o lado dela, depois de tudo que minha irmã disse com seu Ricardo, ele chamou Lucas para conversar e deixou claro que não gosta do namoro dos dois, ele gosta do Lucas, mas o fato de que ele “supostamente” vai ter um filho com outra garota cria um grande alerta na cabeça do meu pai. Ainda assim, ele permitiu que os dois namorem contanto que Juliana se concentre no curso pré-vestibular no qual ele a matriculou no período da manhã.  

-Hilda Hilst pode ser comparada a grandes nomes da literatura pornográfica – Isabela afirmou, algumas risadas se espalharam, a professora pediu silêncio. – Sim pessoal, pornográfica..., mas não se preocupe professora, não vamos ler nenhum poema erótico. – Ela afirma sorrindo. Estamos no meio da nossa apresentação de literatura e eu só consigo pensar em como estou irritada com meu pai, respiro fundo e tento me concentrar. – Então, como eu ia dizendo, ela pode ser comparada a nomes como o português Bocage, pesquisem os poemas dele são hilários.

-O “soneto do membro monstruoso” de Bocage e o poema “o anão triste” de Hilda são por sinais semelhantes, o mesmo tipo de humor pornográfico. - Comento.

-Ambos frustrados sexualmente. – Isabela acrescenta.

–Hilda era pouco conhecida justamente porque sua literatura pornográfica a colocava na sarjeta, mas ela tem um trabalho lírico belíssimo, e como a professora nos mostrou, o lirismo é o lugar da emotividade da literatura. Nesses trabalhos Hilda brinca com os limites entre real e imaginário, com o tempo. – Acrescento lembrando do que eu e Isabela tínhamos conversado quando estudamos sobre a autora.

-Ela viveu quase toda sua vida em Campinas, São Paulo, numa casa que fora batizada como Casa do Sol – passo o slide mostrando algumas fotos – atualmente esse local abriga o Instituto Hilda Hilst que recebe escritores para cursos de verão. Ao todo, Hilda publicou 22 livros de poesia, 12 livros de ficção e 8 peças de teatro, permanecendo produtiva até o último dia de vida. Faleceu em casa, aos 73 anos de idade, em 2004. E agora Manuela vai nos agraciar com a leitura de um poema e depois disso vamos fazer a análise.

Me posiciono na frente da sala e leio o poema que escolhemos, é um trecho apenas de um poema maior do livro Poemas malditos, gozosos e devotos. É um poema sobre vida e morte, existência humana, olho para Fábio ele exibe um sorriso de admiração no canto da boca, então foco em Luiza, não quero perder minha concentração. Assim que termino o sinal toca, é hora de ir embora, são exatamente meio-dia, meu pai já deve estar no portão. Fábio aproveita a multidão no corredor e me puxa para um canto, passa sua mão na minha cintura e nos beijamos.

-Pronto, agora eu posso morrer Julieta. – Ele pontua sorrindo.

-E você é Romeu? – Pergunto gargalhando, é um riso de satisfação e embarcamento ao mesmo tempo, percebo que senti falta até mesmo das piadas ridículas do meu namorado. Meu telefone toca, observo a foto do meu pai na tela. – Tenho que ir, minha carruagem vai virar abóbora.

-Você sabe que está misturando as histórias, certo?

-Sei sim, e você não seria o príncipe encantado.

-É, não me parece mentalmente saudável sair por aí fazendo garotas calçar um sapato.

-Eu já te disse que você é um idiota e que eu te amo?

-Hoje não. – Fábio responde, então nos despedimos, ele vai estudar com o grupo de história, eu vou voltar para minha torre.  

.........................x.......................

Estou sentada na arquibancada da Forma, são quase três horas da tarde o sol ainda ilumina os cabelos de Lucas. Estamos só nós dois, ele concentrado em seu caderno de desenho – é o meio do expediente, mas Lucas só precisa sair quando há algo para ser entregue – e eu focada em sentir esse momento, estou tão alegre, de forma inexplicável, que sinto com pudesse fazer qualquer coisa.

-Aqui, desenhei para você e inspirado em você. – Lucas diz me entregando o caderno. Observo o desenho: um dente de leão solta algumas de suas pétalas e elas se transformam em pequenos pássaros. É lindo.

-É maravilhoso. Eu amei. Pego meu celular e faço uma foto do desenho, em seguida, devolvo para Lucas.

-Não vai ficar com ele?

-Não quero arrancar ele daí, prefiro que você o tenha, depois você reproduz para mim. – Digo beijando-o. -Sabe o que eu queria fazer agora?

-O que? – Ele pergunta com um sorriso bobo no canto da boca. Lucas coloca sua mão em minhas coxas e me puxa para mais perto dele. Cada toque dele é cheio de faíscas, é incrível o modo como ele me faz sentir. Como eu pude ser tão cega?

-Me mandar daqui. E se a gente fosse na praia? Namorar um pouco, aproveitar esse sol maravilhoso.

-Você está tentando fazer com que o seu pai me demita? – Ele pergunta com um sorriso provocatório.  

-Não. Eu estou tentando te levar para um lugar no qual eu posso me aproveitar de você de forma mais apropriada. – Devolvo no mesmo tom.

-Você... – ele começa a dizer beijando o meu pescoço. – é fantástica.

-Err... err... – escuto. Olho para cima e encaro os olhos verdes de tio Caio. – Eu incomodo vocês se colocar a minha dupla para treinar? Porque se estiver incomodando eu posso voltar outra hora.

Lucas se levanta assustado pelo modo rígido como meu tio fala, mas eu o conheço o suficiente para saber que, embora esteja de fato chamando nossa atenção, meu tio não está bravo. Assisto Lucas se desculpar parecendo extremamente constrangido e caio na risada.

-Boa tarde para você também tio. – Digo levantando e depositando um beijo em seu rosto, meu tio faz um carinho no meu cabelo. - Pode deixar, vamos para lanchonete para não atrapalhar.

-O que você fez no cabelo?

Ele pergunta.

-Isso aqui? – Questiono pegando nas pontas verdes do meu cabelo. –É para combinar com meus olhos. – Falo sorrindo. Me afasto do meu tio e abraço Giovane antes de deixar a arena. Lucas, que me segue, me dá um olhar estranho quando sentamos numa das mesas da lanchonete.

-Ciúmes? Sério?

-Até um dia desses você era louca por ele.

-Não sou mais. – Afirmo passando a minha mão pela barba de Lucas. – Agora eu sou louca por você. Além disso, ele é namorado da Joana e mesmo que eu ainda esteja me acostumando com a ideia de tê-la como irmã, lealdade importa para mim, você sabe disso.

-Posso sentar com vocês? – Manuela questiona se aproximando. Minha irmã está com os cabelos molhados, provavelmente, acabou de sair do treino de Jiu-Jitsu.

-Claro Manu. – Lucas responde apressado, ele parece aliviado pelo fato de que mudamos de assunto. – Que carinha é essa?

-Ela está chateada porque não pode namorar em paz. – Conto. – Meu pai ficou maluco de vez depois que descobriu do namorado da Manu com o Fábio.

-Qual o problema dele com o Fábio? O garoto é um mala, mas não é como se fosse uma má influência ou coisa do tipo.

-Ele não é um mala! – Manuela defende o namorado. Eu e Lucas a encaramos com descrença. – Ok, ele pode ser um quando quer, mas é também... – ela para um pouco, parece constrangida.

- Ele é um cara incrivelmente bacana e eu gostava de ver o modo como ele cuida da Luiza. Ele sempre pegava no meu pé quando eu e a Lu estávamos juntos. -Lucas conta, ele parece triste ao afirmar isso, há um certo tom de saudade da sua parte. Tento dizer a mim mesma que está tudo bem, que é válido que ele se sinta daquela forma, mas o sentimento de raiva é maior. Olho para Lucas e percebo que ele nunca nem mesmo me explicou porque ficou com Martinha, nunca nem mesmo tentou se justificar.

-Ele é mesmo incrível. – Manuela afirma.

-Talvez você devesse volta para Luiza e vocês quatro podem sair num encontro duplo... – Digo ficando de pé.

-Como é que é? – Manu pergunta. Não respondo, saio furiosa deixando os dois na mesa. Em pouco tempo sinto uma mão no meu ombro.

-Juliana, o que deu em você?

-O que deu em mim? Você fala da Luiza como se quisesse estar com ela...

-Ei, aqui não. – Ele diz olhando para o balcão, estamos perto de Jéssica e Tânia que nos observam atentamente. Lucas me pega pela mão e entramos na primeira sala vazia que encontramos, é uma sala de dança.

-Posso agora? –Pergunto percebendo meu tom de deboche. – Você só está comigo porque ela nunca aceitaria a ideia de ficar com você depois da traição?

-Não. Eu estou com você porque eu te amo Juliana. Eu sempre te amei, e acredite em mim, seria mais fácil se eu não te amasse porque você consegue ser ao mesmo tempo a pessoa mais cabeça dura e inconstante da face da terra, mas eu te amo. – Lucas coloca uma das mãos no meu rosto. –Eu te amo! E eu nunca fui tão feliz como estou sendo nos últimos dias, mesmo com todos os problemas ao nosso redor.

Me afasto de Lucas em direção à barra de apoio de dança, percebo que estou chorando e então tento esconder as lágrimas.

-Vem aqui... – ele fala passando os braços ao meu redor.

-Eu sinto muito por ter surtado. – Digo me acalmando. – Eu não sei o que deu em mim.

-E eu sinto muito por ter falado da Luiza.

O telefone de Lucas toca e ele atende. Escuto enquanto ele responde “sim”, “claro” e “já estou indo” ao que quer que seja que a outra pessoa do outro lado esteja dizendo.

-Eu tenho que levar um documento para o contador da Forma antes das cinco. Você quer carona para casa?

-Não. Eu vou ficar com a Manuela, te vejo na escola?

-Claro. – Ele responde se despedindo com um beijo.

Volto para o local onde deixei Manuela e encontro minha irmã falando com Joana. Ele me olha carrancuda.

-Eu sei um jeito de te compensar pelo meu surto. – Digo sorrindo.

...............................x......................

Estou me vestindo quando alguém bate na porta do quarto, me pergunto se é Luiza que voltou mais cedo da casa de Isabela e então grito “estou me vestindo, só um minuto”. Visto uma bermuda e jogo a toalha por cima atrás do pescoço, destranco a porta irritado, mas isso rapidamente passa quando vejo o sorriso maravilhoso de Manuela do outro lado.

-Oi Romeu. – Ela diz me encarando, e então se joga nos meus braços e nos beijamos.

-O que você está fazendo aqui? – Pergunto. Manuela franze o cenho e então faço questão de me retratar. – Não entenda mal, eu adoro que você está aqui. – Afirmo tocando levemente em seu queixo. – Mas como você conseguiu escapar do seu pai?

-Foi ideia da Juliana. – Manuela responde sorrindo. – Ela disse ao meu pai que íamos com a Joana no shopping. Então elas me deixaram aqui e vão vir me buscar em uma hora.

-Uma hora? Isso não dá nem para começar a matar a saudade.

-Você vai ter que se virar com isso. – Manuela fala segurando nas pontas da toalha e me puxando para um beijo. Retiro a toalha do ombro e coloco-a por cima da cadeira da mesa de estudo. Estou sem camisa e Manuela me olha arqueando as sobrancelhas.

-Meus olhos estão aqui em cima. – Digo brincando com ela.

-Eu sei bem onde eles estão.

Não resisto ao modo como Manuela me olha e me jogo-a na cama, talvez seja verdade aquela história sobre proibições, talvez, se os Montagues e Capuletos não tivessem proibido o relacionamento de Romeu e Julieta eles tivessem desistido um do outro, claro que me sinto do mesmo jeito por Manuela com ou sem a permissão do pai dela, mas a acumulação de toques, o modo como fomos privados um do outro nos últimos dias, deixa tudo ainda mais interessante. Manuela. Estamos deitados de lado na cama, de frente um para o outro, nossos corpos encaixados, nos beijando como loucos, como se nossas vidas dependessem, como se cada segundo que não estivéssemos fazendo isso fosse um grande desperdício, as mãos de Manuela puxavam meus cabelos, as minhas exploravam sua cintura, quadril, coxa, ela gemeu um pouco quando separei minha boca da dela e me dediquei ao seu pescoço. Manuela se afastou e eu a olhei temeroso, algo na minha cabeça acendeu então “eu não posso ir longe demais”, então perguntei se estava tudo bem e, sem tirar os olhos de mim, Manuela sentou-se na cama e retirou a blusa exibindo um sutiã cinza, sua respiração acelerada estava evidente. “Eu aviso quando for a hora de parar” ela me disse mordendo o lábio, coloquei a mão em seu rosto e trouxe-a de volta para mim, dessa vez ela ficou por cima, coloquei minhas mãos em suas costas e, quase que automaticamente, elas foram para o fecho de seu sutiã, esperei que Manuela consentisse, ela me olhou nervosa e balançou a cabeça positivamente, então soltei o fecho, ela passou a peça pleos braços com cuidado, encarei seus seios, lindos, como tudo nela. A respiração de Manuela ficou mais intensa, a minha também, coloquei uma de minhas mãos gentilmente em um de seus seios e, em seguida, o beijei, repeti o toque labial no outro. O corpo dela pulsa a cada contato, assim como o meu, percebi então que nunca desejei ninguém como desejo Manuela.

 


Notas Finais


Olá pessoas, estou de volta.
Espero que tenham gostado.
Próximo capítulo sairá o mais rápido possível.
Beijos, abraços, muchas gracias pelos comentários. :)


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