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História Como cães e gatos - "Você perdeu o juízo?"


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 38 - "Você perdeu o juízo?"


Entro na escola atrasada, assim que bato na porta o professor de matemática me encara contrariado, peço desculpas rapidamente me sento. Lucas me dá um olhar que mistura preocupação com recriminação. Mal posso esperar para ver a expressão no rosto dele quando souber do que fiz, mas preciso esperar, precisa estar suficientemente bonito para que ele veja. Abro o livro e tento me focar na aula, estamos estudando binômios de newton, vi o assunto na última aula de matemática do cursinho e saber que tenho essa oportunidade enquanto Junior, Lucas e até Jabá não a possuem, me deixa triste... fico mais triste ainda ao pensar em como Martinha talvez nem mesmo preste vestibular por causa do filho. Decido que preciso conversar com Lucas sobre isso, não importa o quanto ele queria evitar o assunto, não pode me manter longe disso, eu sou parte dessa história, quero ajudar de alguma forma.

Assim que o sinal toca caminho com Martinha na frente enquanto Lucas está ao lado de Junior. Jabá passa por nós rapidamente e vai embora.

-Alguém deveria falar com ele. – Junior fala. Gosto do modo sempre complacente do meu amigo, mas acho que ele exagera em alguns momentos.

-Eu não acho que ele queria falar comigo. – Lucas responde.

-Eu sei. – Nosso amigo admite.

– Mas isso não quer dizer que nós deveríamos dar as costas para ele. O Jabá não é uma pessoa ruim, ele só está perdido e agora se sentindo sozinho. -Martinha pontua com sua voz rouca. – O Junior tem razão, o Jabá não pode perder todo mundo.

Fica claro para mim o modo como Martinha ainda se sente por Jabá. Queria poder ajuda-la, que houvesse uma forma de fazer com que ela se sentisse assim, ou, talvez, que houvesse uma forma de volta no tempo e nunca ter começado a namorar com o ex-namorado da minha amiga. Eu sabia que ela o amava, eu não sei porque exatamente fiz o que fiz.

-Vamos Madre Teresa, eu te deixo em casa. – Junior fala sorrindo.

Me despeço de Martinha e espero a condução com Lucas.

-Achei que o seu pai vinha te buscar hoje.

-Ele está muito ocupado fazendo a vida da Manu um inferno para se importar comigo. Além disso, ele sabe que eu sou uma causa perdida perto da Manuela que ainda o obedece minimente.

-Você tá com uma cara de quem aprontou. – Ele afirma me beijando.

-Eu fiz uma boa ação.

-Posso saber que boa ação foi essa?

-Eu ajudei um casal apaixonado a se encontrar.

-Manu e Fábio?

-Quem mais?! – Pergunto sorrindo.

(...)

Entro em casa e meu pai está trabalhando no escritório, sei porque a porta está entreaberta um pouco da luz que vem do cômodo ilumina a sala escura. Vou direto para o meu quarto e me jogo na cama, estou exausta, meu ombro doí e ainda assim minha mente parece destinada a não parar, é como se eu vivesse no meio de um furação interminável.

Escuto alguém bater na porta, dou um grito para que entre e segundos depois Manuela está me encarando

-Podemos conversar? – Ela pergunta parecendo constrangida.

-É sobre o que você fez hoje mais cedo, enquanto estava com Fábio, sozinha, na casa dele? – Pergunto observando a minha irmã se contorcer de nervosismo.

-Como você sabe? – Ela questiona sentando na cama.

-Porque eu já tive quinze anos. Então, o que aconteceu? Vocês transaram?

-Não... - Ela fala roendo uma das unhas. – Mas eu queria. Queria de verdade, mas o Fábio disse que não podia...

-Sério? – Deixo meu primeiro pensamento escapar. Percebo que não ajudei em nada com o comentário cheio de surpresa.

-Disse. E eu me irritei com ele e acabamos discutindo.

-Manuela, eu entendo que você tenha se sentindo vulnerável nessa situação, mas...

-Eu me senti mais que isso, me senti rejeitada. – Minha irmã interrompe. – Me senti patética.

-OK, eu entendo que você tenha se sentido dessa forma, mas você já parou para pensar que talvez ele esteja assustado com a ideia de vocês dois...

-Por que? Não é como se fosse a primeira vez dele.

-Não, não é. Mas talvez o modo como ele se sente por você faça com ele se sinta diferente, talvez ele não queira que a primeira vez de vocês sejam num meio de tarde durante uma escapada da vigilância do seu Ricardo. Além disso, se eu pudesse voltar atrás...

-Não me diga que teria esperado!

-Eu não sou hipócrita Manuela, é claro que não é isso. Mas eu teria planejado melhor, ou escolhido um cara que tivesse planejado melhor. Além disso, o que o Fábio disse?

-Bom, nada disso. Ele apenas disse que eu precisava conversar com alguém sobre sexo antes de fazer sexo, ele falou comigo como se eu fosse uma criança.

-Correndo o risco de parecer que eu estou defendendo o Fábio, eu preciso te dizer que ele está certo. Você precisa ir num ginecologista, você precisa falar sobre sexo, pode ser comigo, mas também tem que ser com o Fábio. Quer dizer, que tipo de contraceptivos vocês vão usar? Camisinha? Anticoncepcional? Eu usaria ambos só para ter certeza. Se bem que anticoncepcional é horrível para o corpo, mas alguns caras não gostam de camisinha... – Me interrompo quando percebo que minha irmã parece sobrecarregada. – Você tem certeza de que está pronta?

-Eu não estaria arrependida se tivesse acontecido hoje. – Manu afirma.

-Ok, então eu vou marcar uma consulta na minha ginecologista para você.

-E o papai não vai ficar sabendo?

-Claro que não Manuela, é um plano de saúde não fatura de cartão de crédito. Não vem um descritivo das consultas. Eu vou com você na consulta, você tira suas dúvidas, e qualquer coisa que tiver com vergonha de perguntar para doutora Lena, você me pergunta. Combinado?

-Combinado! – Ela responde me abraçando.

Meu pai bate na porta do quarto e Manuela levanta da cama para abrir.

-Quem bom que estão as duas aqui, aviso uma vez só: Amanhã à noite vamos sair para jantar.

-Nós três? – Questiono encarando a expressão esperançosa no rosto do meu pai.

-Não. Nós cinco. A Joana e a Bárbara também vão.

-A Joana sabe que a Bárbara vai nesse jantar? – Manu pergunta. – E a Bárbara sabe da Joana?

-Sim, todo mundo sabe que todo mundo está indo.

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Estou vendo clássico Flamengo X Fluminense na casa de Tiago, estamos chegando no final da primeira rodada do campeonato brasileiro. O pai de Tiago, é um senhor grisalho mais que é um carioca de raiz, boa praça, acha que ainda está na casa dos vinte. Ele está sempre com uma cerveja na mão e fazendo alguma piada. A mãe de Tiago reclama toda vez que ele solta uma de suas piadas, mas fica claro o quanto eles se amam quando sorriem com cumplicidade.

Ela nos pergunta se estamos com fome a cada meia hora o que faz com que o marido proteste lembrando-a que ela está de folga e que deveria procurar relaxar, não trabalhar ainda mais.

-Como se ele fizesse alguma coisa caso ela não faça. – Tiago resmunga para mim.

-Eu ouvi isso. – O pai dele protesta sorrindo. – Já que está falando demais porque não faz um fogo na churrasqueira, vamos grelhar alguma coisa.

Esperamos o final do primeiro tempo e eu sigo com Tiago para a churrasqueira que fica perto da garagem.

-Você está calado demais. O que aconteceu? – Meu amigo pergunta. – Brigou com a Manu?

-Não exatamente, mas acho que ela está chateada comigo. Eu perguntei se ela estava ontem a noite, ela negou, mas ainda acho que está.

-Não me diga que ainda é pela história da Larissa.

-Claro que não. Isso nós resolvemos. A Manuela quer.. – paro um pouco, nunca sei até onde é correto compartilhar esse tipo de assunto.

-Já vi que é sobre sexo.

-A Manuela queria transar ontem e eu não quis.

-Tem uma primeira vez para tudo. – Meu amigo diz abrindo o saco de carvão.

-Tiago, querido.... – a voz da mãe de Tiago nos alcança. -  Eu vou precisar voltar no escritório por algumas horas, tome conta do seu pai, ok? Não deixe ele beber demais.

-Tudo bem! – Ele concorda. Ela se despede de nós dois e sai com o carro. – O que eu estava falando? Sim... por que você fez isso? Eu achei que você...

-Eu queria. – Interrompo. – Eu quero. Acredite em mim, parar foi a coisa mais complicada que eu já fiz. Mas eu não acho que seria certo. Estávamos na minha casa, no meio da tarde, as irmãs delas podiam chegar a qualquer momento, eu não queria que fosse daquela forma. Além disso, eu não acho que ela esteja pronta.

-Ok, eu consigo entender a primeira parte, mas não a segunda. – Tiago fala enquanto tenta fazer o fogo espalhar. – Fábio, você não pode decidir essas coisas pela Manuela, se você quer, e ela quer... eu vou soar como a minha mãe aqui: apenas sejam responsáveis.

-Sim senhora! – Respondo sorrindo.

-Vocês estão inventando o fogo? – O pai de Tiago pergunta se aproximando. Ele está com três longnecks nas mãos, uma para cada um de nós. É algo que ele costumava fazer, quando eu tinha uns quatorze anos ele deu a mim e a Tiago nossa primeira cerveja, disse é jovem precisa aprender a beber em casa para apender a se controlar com o álcool. Aceito a cerveja e agradeço. E então o pai do meu amigo entra novamente para pegar a carne.

-É estranho se eu te perguntar como está a Luiza? Eu não vi mais depois da confusão na praia.

-É um pouco estranho. – Respondo. Percebo que não me incomodo com a ideia de Tiago e Luiza, não depois de tudo pela qual a minha irmã passou. Sei que Tiago nunca a machucaria da mesma forma que Lucas. Claro que relacionamentos dão errado, isso acontece o tempo todo, mas a ideia dos dois não me deixa em alerta com o relacionamento entre Lucas e Luiza deixava. – Mas ela está bem, quer dizer, ela está ficando bem. E Tiago, se você acha que as coisas podem ser boas entre vocês dois, tem todo o meu apoio.

-Essa sim é uma razão para beber essa cerveja! – Meu amigo diz sorrindo.

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Quando a recepcionista chama meu nome eu percebo que estou mais nervosa do que achei que estaria nesse momento. Quando Juliana disse que ia marcar uma consulta eu não sabia que seria tão rápido, mas aqui estou eu, menos de vinte quatro horas depois da conversa que tive com a minha irmã, girando a maçaneta da porta de uma ginecologista.

-Olá, é a terceira de vocês que eu atendo. – A médica me diz sorridente. Encaro-a sem saber o que fazer. Ela tem cabelos cacheados volumosos e seu rosto me passa confiança, me lembro de respirar.

-Boa tarde. – Digo sem jeito.

-Fique à vontade Manuela.

Me sento e mais uma vez fico sem ação.

-Ok, claramente você está estranhando um pouco a situação. Deixe que eu começo. A Juliana me ligou, me explicou que você tem quinze anos e que está namorando e pensando em ter a primeira relação sexual, certo? – Apenas balanço a cabeça afirmativamente como respostas. – Querida, você não precisa ter vergonha alguma. Hoje em dia, os adolescentes começam a fazer sexo cada vez mais cedo e contato que estejam tendo relações sexuais consentidas, legais e seguras, não tem problema nenhum nisso. Você obviamente tem dúvidas, quer me contar algumas delas?

-O que eu quero saber é o que eu preciso saber para fazer sexo.

-A primeira coisa que você precisa saber é se está pronta. Está? Ou está querendo fazer sexo por algum tipo de pressão?

-Não. Eu quero fazer sexo porque eu sinto vontade. Porque eu...

-Fica excitada e quer avançar?

-Isso. Meu namorado é paciente, ele por sinal se negou a fazer sexo comigo porque disse que eu precisava disso antes.

-Qual a idade dele?

-Dezesseis.

-Ok, é que esse tipo de conselho normalmente não sai da boca de adolescentes.

-O que eu posso dizer. Ele é um velho preso num corpo novo. – Falo me sentido mais relaxada.

-Ele parece um ótimo rapaz. Uma preocupação a menos. Agora vamos falar um pouco sobre o que esperar. As duas perguntas que eu mais escuto são: Vai doer? Vai sangrar? – Essas são duas perguntas das quais eu de fato quero saber a resposta, todo mundo sabe versões diferentes por conversas de escola, revistas para adolescentes, internet, etc... mas ouvir a de uma fonte confiável é muito melhor. – E a resposta é depende e depende. Depende do seu hímen, depende do seu parceiro, do tamanho, do cuidado. Você já se masturbou Manuela?

-Não. – Confesso. – O meu namorado já me masturbou, apenas... sem

-Sem penetração? – Ela pergunta. Aceno positivamente. – Estimulação clitoriana. Excelente. É preciso que você esteja estimulada na hora do sexo para que haja prazer. É preciso também que você lembre que sexo não só sobre satisfazer o outro.

Fizemos o exame clínico e continuamos conversando por pelo menos mais uns vinte minutos. Então me despedi da médica e segui para a sala de espera na qual Ju estava me aguardado. Assim que percebe minha presença minha irmã fica de pé.

-E então? – Ela pergunta com uma expressão curiosa.

-Foi estranho, mas foi bom. Obrigada por isso.

-Nada. Agora me conte os detalhes no caminho ou vamos nos atrasar para esse jantar em família, o trânsito está infernal.

Acabei não conversando com Juliana no caminho porque não me sentiria confortável fazendo isso na frente do taxista, e assim que chegamos em casa já era quase dezoito horas e precisávamos nos arrumar para o jantar, nossa reserva está marcada para as dezenove horas, como meu pai fez questão de enfatizar inúmeras vezes quando Juliana disse que precisa pegar um livro que havia encomendado no centro. Tomo um banho e começo a me arrumar de imediato, mas meu telefone toca e eu divido minha atenção entre falar com Fábio e secar os cabelos.

-Ok, eu tenho que ir agora. Preciso terminar de me arrumar para esse jantar.

-Você me liga quando estiver livre?

-Se você estiver sóbrio.

-Eu te amo.

-Eu também te amo.

Alguém bate na porta e eu desligo o telefone às pressas. Se o meu pai me pegar falando com Fábio, provavelmente, vai apreender meu telefone. Ainda estou esperando a poeira baixa para tentar convencê-lo da ideia de permitir meu namorado.

-Você está pronta? – Juliana pergunta abrindo a porta.

-Estou quase. – Retruco. – O quão desastroso você acha que esse jantar vai ser, porque eu estou pensando seriamente em calçar tênis apenas como prevenção, talvez as duas coloquem fogo no restaurante e eu não corre bem com sapatilhas.

-Não seja tão negativa. Aposto que vai correr tudo bem. Agora me diga o que achou da consulta mais cedo. Gostou da médica?

-Foi ótima, constrangedora no começo, mas depois de um tempo as coisas melhoraram. Ela me disse que o importante é que eu me sinta pronta e me pediu alguns exames de sangue para determinar que tipo de anticoncepcional eu devo usar, se eu optar por esse método.

-Ela me indicou usar camisinha.

-Ela disse que eu deveria preferir camisinha. E que se fosse uma me tornar sexualmente ativa de forma regular é que deveria pensar em outro método.  – Percebo que já posso falar sobre isso com mais naturalidade. – Você e Lucas?

-Camisinha, com certeza. – Ju responde. – Estamos junto por pouco tempo, ele esteve com outras pessoas recentemente e eu não gosto de tomar remédios. Além disso, a segurança do sexo também tem que ser papel do cara. Quando estivermos mais firmes eu posso optar pelas injeções, como fazia com Jabá. Você está se sentindo mais segura agora?

-Eu não sei quando vai acontecer, mas eu estou feliz de ter ido na consulta e ter tirado minhas dúvidas.

Alguns minutos depois Seu Ricardo gritou sobre o trânsito, reservas e atraso e então seguimos para o restaurante. Quando chegamos Joana já estava lá. Era uma mesa circular com cinco lugares num dos melhores restaurantes da cidade. Percebi que meu pai escolheu o local porque sabia que Bárbara não ousaria dar vexame num local como esse.

-Você está linda! – Joana fala cumprimentando Juliana. A ruiva está mesmo muito bonita, um vestido preto justo e um casaco por cima.

-Obrigada! Eu vou sair com o Lucas depois do jantar.

-Você não me disse que ia sair. – Seu Ricardo pontua.

-Porque eu não preciso te avisar que vou sair num sábado à noite quando eu saio todo sábado à noite desde que tinha dezesseis anos.

-Não vamos discutir, mas só dessa vez. – Meu pai retruca.

O garçom se aproxima e nos entrega cardápios, mas meu pai lembra que precisamos esperar por Bárbara para pedir, solicito então uma água e ele uma dose de Uísque. Assim que toma o primeiro gole meu pai diz a Juliana que ela vai ter que nos deixar me casa dirigindo. Isso provavelmente faz parte do plano de vingança em um livro chamado “Como matar a sua filha na unha?”. Juliana concorda a contragosto.

Bárbara chegou enquanto conversávamos animadamente e não perdeu a chance de soltar uma graça: - Olha se não é a família da qual eu costumava fazer parte.

-Você sempre fará parte dessa família Bárbara. – Meu pai diz ficando de pé e puxando o assento para que minha irmã sente. Eu sentei entre Juliana e Joana e o local vago para ela estava entre meu pai e Ju.

-Olá Manuela, não no vemos tem tempo. Como você está? – Ela pergunta. Quero dizer que sinto sua falta, que gostaria que ela voltasse para casa, mas lembro de tudo que ela me disse.

O jantar segue estranhamente bem. Juliana é a mais falante de todos e puxa os assuntos. Fala sobre a faculdade, está pensando em cursar algo na área de artes, o que deixa meu pai desconfortável e rende um “Ainda bem que você fez questão de que estudássemos em escolas públicas, imagina pagar anos de escola para isso” dá parte de Bárbara, mas esse o máximo de veneno destilado pela minha irmã mais velha durante a refeição. Além de, claro, comentar o fato de Juliana estar usando um casaco quando o clima está quente.

Assim que os pratos são retirados e escolhemos nossas sobremesas meu pai começa a falar.

-Eu chamei vocês aqui hoje porque tenho um plano de expansão dos negócios e gostaria de discutir com todas vocês.

-Se você vai falar de dinheiro, eu não deveria estar aqui. – Joana diz.

-Deveria sim. Você é minha filha e parte dos meus bens também te pertencem. Além disso, você é parte ativa da Forma, assim como Bárbara. E Juliana e Manuela também precisam saber desses planos porque eles envolvem nossas vidas pessoais. Vocês sabem que atualmente Forma tem unidades em vários locais do Rio, mas agora eu estou expandido para BH, São Paulo e vou precisar passar ainda mais tempo focado nisso. Eu não queria fazer isso antes da Manuela completar dezoito anos, mas a oportunidade surgiu e se nós a deixarmos passar podemos não ter outra chance como essa.

-Eu quero tomar conta dos negócios em BH, Joana toma conta das coisas aqui no Rio e Barbara em São Paulo.

-Por que ela fica com o Rio? Eu coloquei o meu suor nas filiais do Rio. – Bárbara diz. Eu não consigo nem mesmo pensar direito no que ela está dizendo, a única coisa que lateja na minha cabeça é: Por que eu e Juliana estamos aqui? Sinto que não é coisa boa.

-Podemos negociar isso Bárbara. Me deixe terminar de falar. Em agosto eu vou para Nova York fazer contatos com novos fornecedores, conhecer maquinários, técnicas e quero que vocês duas venham comigo. Juliana e Manuela também irão, claro, não podem ficar sozinhas no país.

-De jeito nenhum! – Juliana fala exaltada.

-Eu também não vou. – Digo.

-Baixe sua voz! – Ele diz para Juliana. – E vocês duas vão comigo e acabou.

-Eu tenho dezoito anos. Você não pode me forçar.

-Qual o seu problema Juliana? Que garota não quer passar um mês em Nova York? Isso é provavelmente por causa do pichador desclassificado. Vai ser bom para você conhecer gente que não suje as paredes alheias e chame de arte.

-Não fale assim do Lucas! – Juliana diz levantando da mesa.

-Você não se cansa de tentar fazer com que a gente te odeie? – Pergunto irritada olhando para Bárbara e saio atrás de Juliana. Encontro minha irmã no banheiro, passando um pouco de água no rosto.

-Você está bem?

-Não. Estou me sentido sufocada Manuela. – Ela fala com certo desespero. Peço mentalmente ao universo para que Juliana não tenha um ataque de pânico. Ela tira a jaqueta enquanto eu pego toalhas de papel para ajudá-la a secar o rosto.

-O que é isso nas suas costas? – Bárbara pergunta. Eu nem mesmo notei que ela estava ali, olho para as costas de Juliana e vejo uma tatuagem aparecendo pelo vestido de costas nuas. É um dente de leão sendo despetalado pelo vento e as folhas viram aves. É linda. – Uma tatuagem Juliana? Você perdeu o juízo?

-Não conte ao papai! – Juliana implora.

Mas eu nem mesmo sei se Bárbara teve tempo de ouvir a suplica, ela deu as costas e saiu marchando do banheiro. 


Notas Finais


Fiz o capítulo um pouco maior como forma de compensar a minha demora.
Espero que tenham gostado.


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