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História Como cães e gatos - Juliana, parte 1


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 39 - Juliana, parte 1


Bárbara e Manuela me olham, respectivamente, com uma expressão de indignação e surpresa, compartilham ainda uma boa dose de recriminação. Bárbara parte do banheiro como uma tempestade, sei que o meu apelo não teve efeito, ela vai contar tudo ao meu pai e ele vai surtar, era a última coisa que eu precisava no meio dessa história de passar um mês fora do país.

-Quando você fez isso? – Manuela me pergunta. – Esquece, venha precisamos voltar para mesa antes que a Bárbara envenene o papai. Aprecio o fato de Manuela estar ao meu lado e ela tem toda razão, então me recomponho o máximo que posso e sigo para a mesa. Encontro meu pai de pé com uma expressão que acumula a fúria de cem homens.

-Isso é verdade?

-Claro que é verdade! – Bárbara diz irritada. – Agora eu sou uma mentirosa.

-Não seria a primeira vez. – Joana argumenta. Bárbara a encara.

-Eu pedi para você não contar nada. – Digo olhando para Bárbara. – Você é minha irmã, deveria ficar do meu lado.

-Como você ficou do meu lado defendendo a Joana?

-Ah, claro... então é por isso? – Pergunto. Sinto um frio invadir o meu estômago, estou tremendo de raiva.  – A Joana é minha irmã. E tem sido mais minha irmã nas últimas semanas do que você foi nos últimos anos.

-Já chega! – Meu pai diz irritado. – Eu não acredito que você fez uma tatuagem sem me consultar, você que vive me dizendo que já é adulta, que é responsável.

-Por isso mesmo, eu sou adulta e responsável por mim mesma. Eu posso fazer quantas tatuagens bem entender.

-Me deixe ver isso! – Seu Ricardo afirma avançando na minha direção. Recuo defensivamente.

-Não! É o meu corpo. Você não pode me fazer te mostrar coisa alguma.

-Juliana, não me importa o quanto você acha que é adulta. Enquanto morar na MINHA casa, enquanto viver do MEU dinheiro, você vai sim fazer o que eu quiser. E o que eu quero agora é ver essa tatuagem.

-Pai, de que adianta isso agora? – Manu pergunta tentando acalmar as coisas. Joana fica de pé e coloca sua mão levemente no ombro de Seu Ricardo na tentativa de acalmá-lo.

-É enorme. Do meio das costas até o ombro. – Bárbara afirma. –Amanhã mesmo, não me importa o quanto doa ou custe, você vai começar a remover isso.

Olho para Bárbara e perco os sentidos. Pego o copo de vidro cheio de água que está na mesa e o atiro contra ela. Ouço os gritos da minha irmã, um pouco de sangue escorre, não me importo. Aproveito a confusão e saio correndo pelo restaurante. Lembro que estou com as chaves do carro e avanço pelo estacionamento, ligo o mais rápido que posso e saio do local. Pego o telefone e ligo para Lucas. Não conto nada, apenas pergunto onde ele está e digo que estou indo encontrá-lo. Preciso estar com ele agora, é isso que a minha mente está me dizendo.

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Meu pai avança para amparar Bárbara, Joana faz o mesmo. Gesto que eu anexo na minha pasta mental chamada “razões pelas quais Joana é uma pessoa melhor que Bárbara”, observo enquanto o sangue escorre pelo rosto da minha irmã, não é muito sangue, mas é o suficiente para me colocar num estado de letargia. Não faço nada, não consigo fazer nada. Apenas assisto a cena como se estivesse petrificada. Algumas pessoas se aproximam preocupada, funcionários, outros clientes das mesas mais próximas, tudo parece surreal demais.

-Precisamos te levar no hospital. – Meu pai diz.

Joana começa a se aproximar de mim, mas algo a interrompe. Ela olha ao redor curiosa, se move rápido e então me encara novamente: -Onde está Juliana? – Ela pergunta com seus olhos da cor de jabuticabas claramente alarmados, são eles que me tiram do meu estado letárgico. Olho ao redor como se os meus olhos pudessem ver algo que os dela não puderem, claro que não havia nada de diferente, mas a racionalização ficou em segundo plano. Juliana não estava ali.

-Minhas chaves estão com ela! – Meu pai fala alarmado.

Passamos mais tempo discutindo, tempo demais. Barbara disparava palavras de fúrias contra Juliana ao mesmo tempo em que pressionava o corte no rosto (depois de um pouco de limpeza ficou claro que não fora nada demais, fisicamente falando, ela precisaria apenas uns dois ou três pontos. Com sorte, não ficaria cicatriz alguma), eu tentava defender Juliana dizendo que se Bárbara não a tivesse encurralado nada daquilo teria acontecido, também culpei meu pai, que acabou dizendo que eu provavelmente sabia da tatuagem e estava acobertando Juliana. Foi precisa a intermediação de Joana para que pudéssemos de fato começar a agir. Decidimos então chamar dois táxis. Seu Ricardo segue com Bárbara para o hospital, Joana e eu ficamos incumbidas da tarefa de encontrar Juliana e tentar colocar algum juízo em sua cabeça.

Tento ligar para Lucas, mas o telefone dele está sem sinal. Meu primeiro palpite é que Juliana tenha ido encontrá-lo. Por sorte, Joana já havia ido na casa de Lucas antes. Ela me conta que isso aconteceu quando ele fora demitido da Forma por grafitar uma das paredes da academia. Num momento de armação de Juliana, minha mente faz questão de me lembrar. Talvez eu estivesse ignorando sinais, talvez todos nós estivéssemos. Nossa sorte acabou quando chegamos à casa de Lucas e constatamos que ela não estava lá, Lucas tinha ido para uma festa, era tudo que a mãe sabia, não tinha dito nada sobre onde seria, apenas prometeu não voltar muito tarde.

-Vou tentar o telefone da Martinha, talvez ela saiba do Lucas.

-Não é estranho ligar para ela para perguntar se a sabe onde o pai do filho dela ficou de se encontrar com a melhor amiga? – Lembro a mim mesma de que Joana não sabe a verdade sobre a gravidez de Martinha. Estou ficando um pouco cansada de lidar com esse segredo, mas me mantenho firme, sei que contar isso a Joana agora não vai ajudar em nada. Além disso, não é meu segredo, não posso simplesmente contar.

-Não. Ela é amiga da Ju em primeiro lugar. – Digo na esperança de que seja convincente.

-É, você tem razão. Isso é uma emergência.

Ligo para Martinha e ela me conta que Juliana e Lucas iam para um Luau no Arpoador.

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A vantagem, e ao mesmo tempo desvantagem, de se relacionar amorosamente com alguém que você conhece há anos é que algumas coisas ficam claras instantaneamente. Eu sabia que havia algo errado quando Juliana me ligou, estava evidente no seu tom de voz. No modo cheio de prece como ela disse meu nome assim que atendi. Tudo isso foi reforçado quando Juliana me surpreendeu descendo do carro do pai. Observei do outro lado da avenida enquanto o carro estacionava, sabia que aquele era o carro do Ricardo, mas não esperava que Juliana estivesse dirigindo.

Ela atravessou a rua e veio na minha direção, se jogando no meu pescoço com um abraço pesado, um abraço intenso. Ficamos parados na calçada por um tempo, me controlei para não perguntar nada, para deixar que ela simplesmente se sentisse segura. Sabia que era disso que ela precisava.

-O que aconteceu? – Perguntei depois de um tempo.

-Eu não quero falar sobre isso agora. Quero apenas aproveitar o luau. Ficar perto de você. Pode ser?

-Claro. – Respondo.

-Posso usar seu telefone um minuto? O meu ficou sem bateria. – Me pede sorrindo. Entrego o telefone a Juliana e ela se afasta. Observo enquanto ela caminha em círculos com o aparelho no ouvido.

-Obrigada! – Diz colocando o aparelho no meu bolso. - Só queria ligar para casa. Agora, me diga, essa festa vai ser boa?

-Grandes expectativas. – Respondo sorrindo.

Caminho de mãos dadas com Juliana para a praia e a apresento a Gustavo, o responsável pela festa, e a Marina, uma das DJs da noite. Marina faz uma piada sobre como eu nunca trouxe uma namorada para festa antes e diz que é provavelmente porque eu costumo namorar com garotas de quinze anos o que fez com que ela e Juliana basicamente se tornassem melhores amigas. A noite segue animada, Juliana dança, se diverte. Gosto de vê-la alegre, seja lá o que tenha acontecido parece ter sumido de sua mente.

Estou conversando com alguns colegas quando vejo que ela e Marina estão compartilhando uma cerveja e caminho na direção delas.

-Você esqueceu que veio dirigindo? – Pergunto em seu ouvido. Não sei o quanto Juliana já bebeu, mas sei que é isso que ela faz quando algo acontece. Normalmente, algo que envolve o pai.

-Eu vou estar sóbria pela manhã. – Juliana responde me puxando para um beijo. Retribuo, mas separo nossos lábios rapidamente. Ela parece não gostar e sai caminhando por meio da considerável multidão reunida no local, me apresso em segui-la. Juliana se aproxima da orla.

-Você não vai entrar no mar essa hora. – É mais um pedido do que qualquer outra coisa. Juliana tira os sapatos e os joga na minha direção com um sorriso no rosto. – Ju, é sério, o mar aqui é muito perigoso, você sabe disso. Além disso, a água deve estar congelando.

Ela deixa a água do mar chegar aos seus pés e a chuta em minha direção. Tento me aproximar e ela repete o gesto, me molhando um pouco. Até que sua bolsa escorrega pelo ombro e eu aproveito o momento de distração e agarro Juliana afastando-a do mar.

-Você ficou maluca? – Pergunto encostando-a numa das grandes pedras do local, só percebo que estou me impondo fisicamente, mantendo-a acuada entre mim e a pedra, quando Juliana me olha de forma provocativa. Não resisto e a beijo, um beijo cheio de fúria. -É isso que você quer? - Questiono segurado firmemente o corpo dela contra o meu.

-É exatamente isso que eu quero!

Voltamos a nos beijar e troco de posição com Juliana, fico encostado na pedra com medo de que ela se machuque. Mesmo no meio da excitação que estou sentido, prometo a mim mesmo que não iremos longe demais, não na praia no meio da noite, não é um local seguro. Começo a beijar o pescoço de Juliana e então noto algo em seu ombro. Paro imediatamente e baixo um pouco seu casaco.

-Juliana, você fez tatuou o meu desenho? – Pergunto encarando-a. Juliana me olha como se parecesse não entender a minha expressão.

-Você não gostou? Eu queria fazer algo que...

-Passo a mão no rosto tentando me acalmar. Juliana, quando o seu pai souber disso ele vai achar que isso é culpa minha.

-Meu pai é problema meu, não seu.

-É aí que você se engana! É claro que isso é problema, ou você acha que é a única afetada com essa situação? – Falo exaltado. Não queria me irritar, mas Juliana, algumas vezes, faz de tudo para puxar os botões das pessoas.

-Isso tudo é preocupação com o seu emprego? – Ela questiona se afastando. – Não se preocupe, eu vou deixar as coisas mais simples para você: nós estamos terminando.

Juliana sai furiosa e eu corro atrás dela. Já estamos na calçada da avenida quando a alcanço, pois tive a genial ideia de parar para pegar sapatos.

-Juliana, espera! Dá para você parar de agir feito uma criança e conversar comigo? – Peço segurando-a pelo braço.

-Não quero conversar, me solta! Me solta! – ela grita.

-Ele está lhe incomodando moça? – Um homem pergunta para Juliana. Outras pessoas se aproximam atraídos pelos gritos de Juliana. Peço para Juliana se acalmar, mas solto seu braço. Sei que as pessoas estão agindo da forma correta, eu faria o mesmo se me deparasse com aquela cena, mas não posso deixar de me sentir frustrado. Tento explicar o que está acontecendo, mas é tarde demais, pois quando finalmente consigo Juliana já está saindo com o carro. Observo desesperado enquanto ela entra na avenida de uma vez é atingida por um outro veículo em alta velocidade. 


Notas Finais


Olá pessoas, esperam que tenham gostado. Vou tentar postar a continuação o mais rápido possível.
Nos próximos capítulos a razão desse comportamento da Juliana será explicada.
Quero agradecer às novas pessoas que favoritam e comentaram nos últimos capítulos, e me desculpar por não ter respondido logo. Adoro responder, mas estava com o tempo um pouco apertado.
Beijos!


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