História Como Deixar de Ser Um Nerd - Como ficar na Friendzone

 Capítulo 9 - Como ficar na friendzone

 

 

 

 

 

 SANTO ALFACE, EU ESTOU APAIXONADO.

 

'Ta, inspira, expira, inspira, expira.

 

 Ok, Baekhyun, respira, você está apenas apaixonado...

 

 EU ESTOU APAIXONADO POR PARK CHANYEOL, SANTA SALADA DE FRUTA.

 

 - Baekhyun, você está bem? - quase desmaiei quando ele colocou a mão no meu ombro, todo preocupadinho e fofo.

 

 Eu vou soltar um palavrão.

 

 Eu não 'to bem.

 

 - E-Eu to... - soltei uma risada que mais parecia uma rena morrendo, dando passos hesitantes para trás.

 

 - Não parece, acho que está com febre - minha alma deve ter saído e voltado quando ele colou nossas testas para ver a minha temperatura, devo ter ficado nos mais tons de vermelho.

 

 Tão perto... Como em um filme eu deveria colar nossos lábios e falaria que gosto dele, ai nos casaríamos e teríamos seis filhos e uma vaca, então moraríamos num chale longe da cidade, onde iriamos ser felizes para sempre enquanto bebemos leite da nossa vaquinha Mu.

 

 Mas o que o retardado fez?

 

 Correu.

 

 Descolei nossas testas e corri como se um bando de canibais estivesse correndo atrás de mim, corri deixando o meu recente crush com cara de pato.

 

 Mas o que estava correndo atrás de mim era o sentimento de amor que estou tendo por Chanyeol.

 

 Ai caralho, to mesmo apaixonado por Park Chanyeol

 

 

 

 

 

(***)

 

 

 

 

 Eu sou mesmo um retardado.

 

 Depois dessa descoberta apaixonante, simplesmente fiz a egípcia e fiquei evitando o Chanyeol durante uma semana inteira. Até no trabalho em grupo - que acontecia sempre na casa de Kai -eu tentava ficar longe dele, e mesmo assim o idiota aqui se pegava olhando ele, e tudo de forma discreta, nossa, eu era um ninja das coisas discretas.

 

 Mentira, quase sempre eu era pego por Chanyeol olhando ele, ainda bem que eu virava o pescoço na velocidade da luz.

 

 Mas o que realmente cortava meu coração era o olhar triste e confuso dele para mim. Eu entendia, afinal, do nada eu comecei a evita-lo e se manter longe dele, e mesmo sabendo que isso o machucava, continuei correndo dele para minha saúde mental.

 

 Ficar perto dele não era bom, mas ficar longe era ainda pior.

 

  Até Kyungsoo estranhou meu súbito afastamento, já que este sempre falava que eu era o carrapato dele e do nada desgrudei de um dia pra outro. Eu continua a conversar normalmente com os outros, mas quando Chanyeol brotava eu dava uma desculpa qualquer e saia correndo como o flash tentando esconder as bochechas vermelhas, para quando enfim estiver longe dele, eu dar um ataque de "menina colegial japonesa que tem um senpai", às vezes eu até pensava no quanto ele estava lindo com aquela carinha emburrada, dava vontade de morder aquela cara todinha.

 

 Ou dar uns beijos, quem sabe.

 

 Risos envergonhados.

 

 E isso continua até hoje no ultimo dia de trabalho, eu tentando fugir dele, ele tentando se aproximar de mim, Kyungsoo e Kai estranhando e se mordendo e brigando como sempre.

 

 Estou precisando de uma dose de vergonha na cara.

 

 O progresso do trabalho foi bem, Jongin descreveu que o amor é um sentimento complicado, Soo escreveu que amar é uma palavra muito forte, Chanyeol - como sempre fofo - mandou que o amor é um sentimento lindo e que as pessoas deveriam senti-lo mais, e eu apenas com ''O amor é simplesmente a melhor coisa que sentimos, acho que sem ele não poderíamos viver da melhor maneira''.

 

 Não sei de onde tirei isso, mas se 'ta poético está mesmo.

 

 - PRONTO - Jongin gritou animado quando finalmente escreveu a ultima parte do trabalho, onde deveríamos colocar no papel o que nós quatro pensávamos sobre o amor. No fim nós -estranhamente, até Kyungsoo - concordamos que amor é essencial para a vida. 

 

 - Ufa, finalmente - Chanyeol se jogou na cama e de soslaio percebi ele se aproximando discretamente de mim.

 

 - E-Eu já vou ir, t-tenho algo para saber - falei e me levantei pegando minha bolsa e indo embora deixando os três com cara de bunda.

 

 Na verdade eu não ia fazer merda nenhuma, só iria chegar em casa e passar o resto do dia se entupimento de comida e jogando League of Legends, e quem sabe tirar um tempo pra pensar no quanto Chanyeol é lindo.

 

 Meu Deus, sou um babão mesmo. 

 

 Comecei a andar tranquilo na rua deserta, eu estava de boa até um ouvir sons de passos rápidos atrás de mim.

 

 No meu rabo agora não passa nem wi-fi.

 

 Acelerei os passos, ficando mais assustando quando o cara também aumentou.

 

 Eu deveria olhar para trás, mas quem disse que minha caganeira deixa?

 

 Quer saber, foda-se.

 

 Comecei a correr e a gritar quando percebi que o sequestrador barra algum doido estava chegando perto, mas nada adiantou pois o cara segurou meu ombro.

 

 - NÃO, POR FAVOR, SOU MUITO JOVEM PRA MORRER, SOCORRO - me debati e descabelei na tentativa de tentar acertar o rosto do maluco, mas ele realmente era grande.

 

 - CALMA, sou eu, Baekhyun - parei de bancar o desesperado na hora que ouvi a voz do Chanyeol no meu ouvido, me virei lentamente encontrando sua cara séria que me deu arrepios.

 

 - Ah, o-oi, por que está aqui? - dei um sorriso amarelo, tentando discretamente me soltar das mãos do Park que estava meu pulso.

 

 - Temos que conversar - sua voz soou tão dura que senti minha vida passar diante dos meus olhos.

 

 Adeus, vida bela.

 

 - S-Sobre o-o quê? - dei alguns passos hesitantes para trás, tropeçando em algum pedra - malditas pedras - e caindo em um banco que sempre tem nas calçadas.

 

 - Por que está me evitando? - arregalei os olhos e olhei para os lados em busca de uma saida, mas seu corpo se pôs em minha frente me impedindo de arregar e sair com o cebo nas canelas.

 

 - E-Eu não estou, de onde tirou isso - desviei o olhar e dei uma risadinha tosca.

 

 Me deu até vergonha, eu minto muito mal, eu sei.

 

 - Esta sim! - sua voz se alterou, ergui o olhar encontrando seus olhos tristes e... Culpados? - Eu te fiz algo ruim, não é? Eu não sei o que fiz mas me desculpe. Acho que você até me odeia, pra me evitar assim, eu entendo, eu vou ficar longe de você e... - levantei de supetão o assustando, peguei seu rosto com minhas mãos e o fiz me encarar diretamente, olho a olho, faca com faca.

 

 - Eu não te odeio, e-eu apenas me afastei por motivos idiotas, não sei o que deu em mim, não se culpe - tirei as mãos de suas bochechas lentamente, olhando para baixo e suspirando - E-Eu me sinto inseguro com algumas coisas, eu sou um idiota, me afastei por causa do meu egoismo, poxa, nem pensei nos seus sentimentos, sou um babaca. Chanyeol, me desculpe - levantei a cabeça, enrubescendo um pouco com seu olhar brilhante em mim - Você me perdoa?

 

 Abaixei a cabeça quando ele não esboçou reação, eu já tava preparado pra abrir o berreiro quando senti seus braços me pegarem e ele me abraçar forte, colocando a cabeça no meu pescoço me fazendo arrepiar.

 

 - Mas é claro que sim, Baek - eu não sabia se corava pelo abraço, pelo apelido, por ele estar perto de mim, ou por eu estar vergonhoso com esse catarro saindo do meu nariz enquanto engolia o choro - Você deve ter seus motivos para se afastar, nunca fale que é um idiota, ok? - se afastou um pouco e abriu aquele sorri cheio de dentes colgate dentes mais brancos- Mas nunca mais se afaste repentinamente, tá bom? Quase morri achando que te deixei bravo ou triste com algo que fiz.

 

 Rimos e ele colocou a cabeça novamente no meu pescoço, fazendo meu coração dar uma volta 360 e eu dar umas tremedeiras, mas mesmo assim retribui o abraço colocando o rosto no seu peito.

 

 Isso é mesmo um abraço entre amigos?

 

 Puff, claro que sim, Baekhyun, puf, sou muito iludido.

 

 Infelizmente.

 

 Cadê meu copinho para afogar minhas mágoas?

 

 - Ei, Baek, você é cheiroso.

 

 - O quê?

 

 - Q-Quer dizer, seu perfume é cheiroso, qual é? - deu um sorriso torto que mais parecia que queria peidar.

 

 - Não uso perfume, apenas loção corporal - me afastei um pouco dele, só pra dar aquela acalmadinha no coração.

 

 - Ah, legal - um silencio se estalou e olhei para o lado meio sem graça com o clima.

 

 - Posso te abraçar de novo? Gostei da loção, sabe.

 

 Acho que minha ida pro céu é hoje.

 

 

 

 

 

 (***)

 

 

 

 

 

 Felizmente tudo voltou ao normal, e pra melhor ainda, pelo menos para mim. Chanyeol e eu praticamente vivia grudado na escola, Kyungsoo com seus ciumes disfarçado reclamava que eu andava muito com os "uhh somos populares", e com o tempo eu iria me converter como um cachorro deles.

 

 Inveja, é tudo inveja.

 

 De algum jeito agora sou mais conhecido na escola, ou me conheciam como "o carinha que fica com os populares"' ou como "o menino inteligente que ficou legal com uma roupa". Falando em roupa, eu só usava umas bem legalzinhas de vez em quando, depois do que o Chanyeol falou comecei não me importar muito com a aparência, mas ainda só me conheciam como ''o cara com um roupa legal'. 

 

 É uma evolução ainda, não vou reclamar.

 

 Só internamente, é claro.

 

 Luhan e Sehun pareciam um chiclete ambulante, acho que nem pra mijar eles se separam, mas não é como se eu não adora-se ver as interações do OTP, às vezes eu até tirava foto escondido e coloca na pasta "meus shipps".

 

 Se eles descobrem isso to muito ferrado, socorro.

 

 Ainda não sabíamos a nota do trabalho, mas acho que com nossas três mentes brilhantes e uma maligna - cof Satansoo cof - uma nota legal vamos ter.

 

 Será?

 

 - O que tanto pensa? - me assustei quando Chanyeol colocou o rosto na minha frente.

 

 Já era hora de ir embora, e o Park falou que tinha que fazer algo na direção que eu estava indo, vocês não sabem o quanto sambei internamente.

 

 Agora 'tamo aqui, andando lado a lado e o retardado - no caso, eu - sem conseguir puxar assunto.

 

 Parabéns para mim, idiota.

 

 - Será que tiramos nota boa no trabalho? - perguntei mordendo o lábio inferior.

 

 - Claro que sim! Conseguimos pensar em coisas até que boas - bagunçou meu cabelos.

 

 Sério, acho que as vezes ele me trata como um pirralho catarrento.

 

 Continuamos a andar em um silencio assustador, eu não conseguia pensar em nada para puxar assunto. Franzi o cenho quando do nada ele parou e ficou olhando para os lados.

 

 - Baek, você escutou isso? - fiz um expressão confusa, negando. 

 

 Eu sempre soube que ele tinha ouvidos biônicos.

 

 - Ah! De novo - tentei aguçar os sentidos e arregalei os olhos quando ouvi um miado.

 

 - Ouvi agora, é um gato? - Chanyeol nada respondeu e como um cão farejador, começou a seguir o som dos miados.

 

 Com meu olho biônico consegui ver uma caixinha pequena com algo dentro se mexendo, corremos que nem loucos até ela, encontrando um gatinho preto miando que nem doido.

 

 Ai, acho que os olhinhos - grandes e pidões, que nem o do Chanyeol - desse gato  acertaram em cheio meu coraçãozinho.

 

 - Um gatinho, Baek - pegou o felino e fez uma cara assustada - Meu Deus, ele está machucado, olha a patinha dele.

 

 Com cuidado peguei a pata do gato, fazendo uma cara chorosa ao ver que ela estava meio arranhada.

 

 - E agora? não podemos deixar ele aqui e nem posso levar para minha casa, o que fazemos, Baekhyun? - mordi o lábio inferior alternando o olhar do gato para Chanyeol.

 

 É tudo ou nada.

 

 - Vamos para minha casa

 

 

 

 

 

 

 (***)

 

 

 

 

 

 Ok, Baekhyun, respira, você só está sozinho com o Chanyeol em sua casa.

 

 SANTA CENOURA, ESTOU SOZINHO COM O CHANYEOL NA MINHA CASA.

 

 Tá, chega de dar piti.

 

 Felizmente minha mãe não estava, se não eu iria levar uma cadeirada por trazer um gato para casa. E no final quem ia se ferrar era o gato e eu, Chanyeol iria ser recebido com um bolo de chocolate apenas.

 

 Agora está eu, o gatão - sim, é um macho - e o Park - que é um gato também, mas vamos ignorar isso - na sala, fazendo vários nadas e comendo comida. Eu tinha estranhado quando Chanyeol me pediu faixas e um pouco de água, mas depois fiquei muito orgulhoso quando ele remendou o machucado do felino para o curar.

 

 Que lindo, meu futuro marido vai ser veterinário.

 

 Iludido, eu? Imagina.

 

 - Ei, Baekhyun, sua mãe não vai ficar brava? - perguntou enquanto alisava o gatinho e dava uma ração que compramos no caminho.

 

 - Acho que não, mas não é certeza - pai nosso que estás no céu, que minha mãe não me meta uma vassourada nas costas.

 

 Eu to com o cu fechadinho, tio.

 

 - Não se preocupe, vou te ajudar a cuidar dele, é nosso responsabilidade - deu o sorriso colgate - Qual vai ser o nome dele?

 

 - Thor - falei a primeira coisa que veio na cabeça, quis me afundar no solo quando ele riu alto.

 

 - Criativo mas... Q-Que tal Baekyeol? - olhou meio receoso para mim.

 

 - Baekyeol? É a junção dos nossos nomes? - balançou a cabeça animado - E-Eu gostei - soltei um suspiro discreto quando ele mostrou aquele sorriso aberto.

 

 Parando pra pensar ele colocou o nome pro gato de um shipp - mesmo sem intenção -.

 

 E ERA UM SHIPP NOSSO.

 

 Venci na vida, chupa essa Darth Vader.

 

 - Que bom e... - quase cai para trás quando ouvi a porta bater e aparecer minha mãe alternando o olhar de mim, pro Chanyeol, e do Chanyeol pro gato, que estava ocupado arranhando e mordendo o sofá.

 

 Vish, fedeu.

 

 - Eu posso explicar, mãe - levantei depressa colocando as mãos para cima.

 

 - Olá, senhora Byun, sou Park Chanyeol - se curvou perfeitamente.

 

 Amor, querido, não é hora disso.

 

 Tem uma mãe a ponto de explodir com um gato ferrando o sofá dela agora, colabora ai.

 

 - Oh, prazer em conhece-lo, querido - deu um sorriso amigável - Agora me expliquem esse gato - voltou com a cara endemoniada.

 

 - Nós achamos ele machucado e resolvemos trazer aqui, mãe, por favor, me deixa ficar com ele? Não tem pra onde ele ir - juntei as mãos e me arrastei até os pés delas, abraçando as pernas dela - Por favor, nunca te pedi nada.

 

 - Por favor, Sra. Byun, eu vou ajudar ele a cuidar do bichinho - fez aquela cara pidona dele, se ajoelhando e juntando as mãos.

 

 - Não, eu não vou... - parou de falar quando Baekyeol começou a escala-la, ficando as unhas nas roupas dela e miando com aquelas olhões verdes - A-Acho que podemos pensar sobre deixa-lo aqui.

 

 Opa, mãezinha foi fisgada pela fofura.

 

  - Obrigada, mãe - me soltei das pernas dela e sorri para Chanyeol que retribuiu.

 

 - Tá tá - tirou o felino da roupa dela - Que tal um bolo de chocolate, Chanyeol? Fico feliz do meu filho ter feito um novo amigo - sorriu gentil, mas juto que vi um olhar malicioso para mim.

 

 Droga, agora minha mãe acha que estamos namorando.

 

 Mereço.

 

 - Eu adorari... - foi interrompido pelo som de uma mensagem no celular - Ah, eu gostaria muito mas tenho que ir, obrigada pela oferta - se curvou e foi acariciar o gatinho.

 

 O segui até a porta, fazendo uma carinha meio triste porque ele iria embora.

 

 - B-Bem, nós vemos amanhã - acenei meio fraco, dando um sorriso torto.

 

 - Tchau - se virou pronto para sair, mas se virou com um olhar indecifrável - Ei, Baek, você é... - começou a me olhar intensamente, com uma cara séria.

 

 Senti meu coração bater mais forte quando ele se aproximou, estranhamente engolindo em seco.

 

 - Você é um ótimo amigo, muito mesmo - deu um sorriso de lado e bagunçou meu cabelos, se virando para ir embora e me deixando com cara de merda na porta.

 

 Amigo.

 

 Ótimo amigo.

 

 Só amigo?

 

 Amiguinho?

 

 Acho que essa é aquela hora de ir pro cantinho e chorar.

 

 Voltei para a sala onde minha mãe estava com a aura mais triste do que quando alguém rouba o que você guardou pro dia seguinte.

 

 - Que cara é essa, filho? Levou um pé na bunda, é? - começou a rir, com direito a tapas no sofá.

 

 Porra, mãe, respeita o momento.

 

 Eu não mereço isso.