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História Como em um Conto de Fadas - Ele Está Morto


Escrita por: lucymelark

Notas do Autor


Oi, bem, começou a parte emocionante. Espero que gostem.

Capítulo 14 - Ele Está Morto


Fanfic / Fanfiction Como em um Conto de Fadas - Ele Está Morto

Ele foi assassinado. Quando tudo parecia bem. Quando não havia mais preocupação. Ele foi assassinado. Quando ele estava mais desprevenido. Quando ele estava trazendo a filha para o colégio. Ele foi assassinado. Ele está morto. O tio Téo está morto. Só em ouvir isso eu congelei, nem lágrimas saíram dos meus olhos, eu estava simplesmente sem reação. E a Euge? Ela é filha dele, ela presenciou a morte, não pôde fazer nada para evitar, como ela deve estar se sentindo?

Eu olhei para o Nicolas, ele deve ter pensado o mesmo que eu. Mas ele não estava paralisado. Ele não esperou nem a diretora terminar de falar, apenas levantou e foi embora. Acho que a diretora falou algo, porém foi como se eu tivesse ficado surda. De repente minha vista começou a ficar embaçada e só quando uma coisa quente escorreu por meu rosto frio, eu percebi que eram lágrimas.

Ele não era apenas o pai da minha melhor amiga. Ele me fez amar livros. Ele me ensinou o que era literatura clássica. Me ensinava português. Conversávamos sobre livros, filmes, sociologia, sobre a merda da humanidade. Ele que me ensinou a andar de bicicleta, enquanto andava com a Euge. Quando eu precisava conversar com um adulto, eu preferia que fosse ele. Ele foi tão meu pai... quanto meu próprio pai.

Eu só... não conseguia acreditar. Como? Por quê? Com tanta gente bosta para morrer... por que ele? Por que alguém que só quer o bem?

– Lali! Ei! – Sussurrou Cande, me sacudindo. Eu não tinha percebido, mas eu tinha baixado minha cabeça na mesa e estava chorando feito um bebezinho. Quando eu levantei a cabeça todos estavam ao meu redor.

– Ei, calma. – Disse Peter, se abaixando ao meu lado devagar, pondo a mão em meu braço, eu provavelmente estava com cara de assustada junto com desesperada.

– O... tio Téo, ele... não... – Eu não conseguia formar uma frase sequer. Tentei limpar algumas lágrimas.

– Eu sei que você também gostava muito dele, que não tá sendo fácil digerir essa notícia, mas você precisa se estabilizar. – Pablo disse com toda a delicadeza do mundo, ele queria dizer algo a mais, porém, desistiu. Eu sei o que era, ele queria dizer que eu precisava me estabilizar porque alguém, que gostava dele mais do que eu, estava precisando de mim.

– Meu Deus... Euge. – Eu consegui dizer.

– Te ver assim não vai fazer bem pra ela Lali, é melhor você ver ela depois. – Disse Cande.

– Não, pior ainda vai ser ela nem me ver. É melhor eu me estabilizar. – Eu olhei para o Pablo e ele assentiu, enxugando algumas das minhas lágrimas teimosas.

– Você ouviu tudo o que a diretora disse? – Perguntou Gastón, colocando uma mão em meu ombro, carinhosamente.

– Não... eu... não sei o que aconteceu, eu só... – Comecei.

– Não importa o que ela disse, nós temos que ver como a Euge está. – Afirmou Dani.

– Ela não é única que tá mal, Dani. – Se intrometeu Augustin, como sempre.

– Mas é quem está pior. – Eu disse.

– Não dá pra ir todo mundo, por mais que a diretora tenha liberado, o funeral só vai ser amanhã. – Lembrou Maria. A palavra funeral ecoou na minha cabeça.

– Eu vou, eu sou a única aqui tinha proximidade com o tio Téo, eu sou a única que tem uma leve ideia do que ela está sentindo. O resto só vai fazer tumulto. – Eu não queria ser grossa, só queria me manter focada, mas como?

– O Nico já tá com ela, você vai ser inútil. – Disse Paula, ela não tem mesmo sensibilidade.

– Não é hora, Paula, vamos embora. – Maria puxou ela, sem um pingo de paciência.

– Eu te acompanho. – Disseram Pablo e Pedro em uníssono. O pessoal da sala conseguiu até soltar uma risada, mesmo com toda essa tensão no ar. Eu não, não consegui nem mesmo sorrir.

– Ela agradece, Pablo, mas o JP vai. – Respondeu Cande.

Eu ignorei todo mundo, ainda estava levemente em choque, e saí.

 

O caminho para casa da Euge não era muito perto, entretanto, talvez isso fosse algo bom. Um tempo sozinha. Para pensar. Não que eu tenha passado muito tempo sozinha, Peter logo chegou, trazendo minha bolsa, que eu havia deixado na sala. Ele disse que a Cande se responsabilizou por levar a Liz para casa (nada mais que a obrigação dela) e então fomos em silêncio. Não sei se foi um silêncio constrangedor para ele, mas para mim foi todo o silêncio que eu precisava.

Memórias com o tio Téo não paravam de vir a minha mente, como estaria a da Euge, então?

 

Depois de um bom tempo, chegamos a casa da Euge. Eu bati na porta. A Gimena (mãe da Euge) abriu a porta e, assim que me reconheceu, os braços. Ela estava com os olhos abatidos, sem maquiagem, descabelada, a camisa com pontos molhados (não sei de lágrimas dela, da Euge, ou de ambas), descalça e seu abraço foi mais forte do que nunca, então ambas choramos, nos confortamos uma na outra. Assim que choramos tudo o que tínhamos para chorar, nós nos restabelecemos. Eu nunca a vi desta forma, tão frágil, tão desleixada, tão triste, tão... tudo que ela não é.

Pedro apenas observava tudo, esperando uma deixa para poder me reconfortar também. Mas ele não conhecia o tio Téo, não conseguia entender essa dor. Foi então que eu vi o Nico sentado no sofá. Fiquei sem entender, só que não conseguia pronunciar nem uma palavra, portanto, apenas inclinei a cabeça de forma interrogativa.

– Ela está no quarto. Ele veio vê-la, mas ela o mandou ir embora. Ele não quis, então ficou aí. Não acho que nenhum de nós pode fazer nada pra melhorar. – Ela disse abatida.

– Eu só queria mostrar que estou aqui com ela, para o que ela precisar, quando precisar. Não vai mudar nada, eu sei... – Explicou Nico.

– Vai mudar sim, só por ela saber que nos importamos, ajuda um pouco, ela... precisa de um tempo pra digerir, pra entender, pra aceitar, mas superar... acho que isso nunca vai acontecer. Mas ela vai sobreviver.  – Assegurou Pedro. – Eu vi o Augustin se recuperando da morte do pai, era de partir o coração. Demorou bastante, mas ele aceitou, ou fingiu aceitar.

– Você está certo, ela vai sobreviver. – Concordou Gimena.

– Eu vou lá. – Eu disse e corri para o quarto dela.

A porta estava trancada, eu bati e chamei por ela. Ela não respondeu, mas eu ouvi a porta sendo destrancada, e então ela abriu a porta com uma cara de partir o coração de qualquer um. Seus olhos verdes estavam agora de um azul céu tempestuoso, com linhas vermelhas em seus olhos, olheiras manchadas de rímel, lágrimas negras descendo por seu rosto, manchando a camisa da farda, que estava manchada de sangue... Meu Deus. Eu preferi não falar nada, apenas a abracei o mais forte que pude, mais forte até do que abracei a Gimena, e dessa vez eu não chorei, apenas ela. Um choro baixo, mas desesperado. Eu não podia deixar ela continuar daquele jeito, ainda com o sangue do pai na camisa.

– Acho que você tem que tomar um banho, mocinha. – Ela tentou sorrir, mas tudo que saiu foi uma careta triste.

– É, eu sei, dá pra acreditar que tudo o que eu tenho do meu pai agora é o sangue? – Se isso tivesse sido em outro momento, outra ocasião, outro estado, poderia ter sido engraçado, mas foi apenas… trágico – Obrigada por vir, obrigada por sempre estar comigo, você é a melhor amiga que eu poderia querer. – ela fez uma pausa demora e então continuou – Me faz um favor, chama a minha mãe e o Nicolas, eu sei que ele ainda está aí. – Eu fui e voltei rápido, mas a porta de seu quarto já estava trancada novamente. Ela só queria me distrair para voltar ao confinamento? Por quê? Por que eu a lembrei que ainda estava com o sangue do pai na camisa? O que ela vai fazer? Por que isso? Então me veio um estalo. O que ela falou parecia uma... despedida.

– Arromba essa porta. – Eu ordenei para o Nicolas.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
O que acham que vai acontecer?


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