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História Como em um Conto de Fadas - Ele Prometeu


Escrita por: lucymelark

Notas do Autor


Bom, a partir de agora vai ter um pouco mais de drama e tensão na fic. Espero que gostem!

Capítulo 15 - Ele Prometeu


– Arromba essa porta. – Eu ordenei para o Nicolas.

– O quê? – Ele indagou.

– Agora! – Gritei. – Ela não tá bem, é sério, arromba! – Dessa vez ele obedeceu, jogou seu corpo contra a porta com toda a força possível, apenas duas vezes foram necessárias para a porta cair. Com todo o barulho, Peter veio até onde estávamos, atônito, não havia tempo para explicar, fomos correndo para o banheiro. Ela estava na banheira, com os braços pendendo, gotas escarlates, formando uma poça no chão, vinham de um braço, o outro estava deixando a água cor de sangue. Ela estava acordada, mas parecendo dopada, seus cortes foram tão profundos que não precisou de muito tempo para sangrar tanto. Nicolas a tirou da banheira, nem se deu ao trabalho de se envergonhar por ela estar nua, estava mais preocupado em salvá-la. Gimena correu para tirar o carro da garagem, eu apenas enrolei a Euge em uma toalha. Peter, que logo entendeu o que estava acontecendo, procurou panos limpos para estancar um pouco o sangramento. Colocamos ela no carro, e fomos para o hospital mais próximo e mais rápido possível.

– Ele prometeu que ia ficar tudo bem. Ele prometeu. – Ela repetiu isso inúmeras vezes. Ele prometeu.

Facadas repetidas em meu estômago teria doído menos que vê-la neste estado. Agora, já limpa e em um estado estável, era possível ver os cortes. Um longo e profundo corte em cada braço, em um dos lados pegou em uma veia, foi preciso uma transfusão sanguínea. Eu... eu ainda estou sem reação. É muita informação. Decidimos não falar pra ninguém sobre isso. Para todos os efeitos ela apenas teve uma queda de pressão por causa de tudo o que está acontecendo. Ninguém precisa saber foi o que Gimena disse.

Mas não foi só uma queda de pressão, e eu sei disso. E eu não consigo pensar em nada para fazê-la melhorar. Não consigo pensar em nada que possa animá-la. Não consigo pensar em nada que possa fazer com que ela tenha vontade de viver. O que eu posso dizer? "Seu pai não gostaria que fizesse isso". Ela sabe. Não preciso dizer. "Existem pessoas que te amam e elas querem o seu bem" Ela também sabe disso, apenas a faria se sentir mais culpada. Eu não quero isso. "Pense no Nico, você ama ele, ele vai ajudá-la, vocês vão ter um lindo futuro". Um futuro que o tio Téo não poderá ver. "Pense nos seus amigos, pessoas que te amam e não querem te perder". Assim como ela não queria perder o pai.

Será que há algo que possa ser dito? Eu queria conseguir me colocar no lugar dela e pensar no que gostaria que me dissessem, mas quanto mais penso, só consigo concluir que não iria querer que me dissessem nada.

Eu entrei no quarto, depois que a Gimena já tinha ido.

– Por favor, não me enche de perguntas também. – Ela implorou.

– Pode deixar. – Eu sentei ao seu lado e a abracei, em silêncio.

– Você me salvou, por que fez isso? Por que não me deixou morrer? – Ela perguntou entre lágrimas.

– Porque eu sou uma amiga egoísta que ainda precisa muito de você. E porque eu sei que por mais que esteja doendo, você é forte o suficiente pra conseguir superar. Não precisa ser sozinha, eu estou aqui pra isso. – Eu respondi.

– Forte o suficiente? Eu não fui forte o suficiente pra aguentar nem mesmo até o enterro, Lali, como vou ser forte o suficiente para viver coisas nas quais ele deveria estar comigo? Como vou todos os dias até ao colégio sem me lembrar que meu pai morreu porque era honesto? Como eu vou imaginar um futuro com o Nico, sabendo que meu pai nunca vai poder ver isso? Como vou me formar, ver todos com os seus pais e lembrar que meu pai foi assassinado por fazer seu dever? Como vou viver sabendo que meu pai morreu numa tentativa falha de fazer a droga desse país melhorar? Como vou conseguir ser forte o suficiente sabendo que tantas vezes o decepcionei? Como fazer isso com a cena do sangue dele escorrendo e seus olhos ficando vidrados e sem vida na minha cabeça o tempo todo? Lali, eu conheço a minha força, ela não é tanta. –  Lágrimas não paravam de escorrer por seu rosto. Minha garganta estava tapada, o que dizer?

– Eugênia, eu conheço você e conheço sua força e, sim, ela é tanta. Ela está aí dentro e você vai alcançá-la e vai sobreviver. Você nunca decepcionou o seu pai, só vai decepcionar se desistir. Se simplesmente desistir de viver, de seguir em frente. Sem nem ao menos tentar. Eu... eu não estou dizendo que está sendo fácil pra você, ou que será. Que com o tempo melhora. Nunca diria isso. Só estou dizendo que você tem que ao menos tentar conviver com a dor.

– E-eu não consigo, Lali. O problema não é a dor, é ele não estar mais aqui.

– Ele sempre vai estar aqui, você é uma parte dele, e não falo isso apenas de forma poética. Você foi criada por ele, conviveu com ele, tem traços não apenas físicos como de personalidade dele. Você é uma parte dele. Ele está em você.

– Não é o mesmo, e você sabe disso. Para de tentar melhorar. Não vai.

– Que tipo de amiga eu seria se nem ao menos tentasse? Eu vou continuar falando um monte de merda até não ter mais merda pra falar. E vou continuar sempre com você, você querendo ou não. – Ficamos em silêncio durante um bom tempo. Não havia o que dizer. Nada que eu dissesse seria ao menos útil. Eu continuei a abraçando até o Nico chegar. Ele também merecia conversar com ela, estava tão preocupado quanto eu.

 

No tempo em que eu estava com a Euge, Peter já havia ligado para minha família para acalmá-los e dar notícias da filha desnaturada que não fazia isso. Avisou a eles também que eu iria dormir na casa dela. Eu não tinha dito isso a ele, mas era lógico que, quando ela recebesse alta, eu ficaria com ela. Assim como ele estava aqui comigo.

– Eu vou voltar com a Gime, não acha melhor ir logo, enquanto está cedo? As casas são em locais totalmente opostos, não seria inteligente você pegar uma carona com a gente.

– Quando vocês forem, eu vou. – Peter disse, determinado. Nada iria mudar sua opinião. – Não me importo em esperar com você, ok?

– Obrigada. – Eu agradeci com lágrimas nos olhos. Ele me abraçou. Uma onda de segurança e conforto em um mar de inseguranças, com pessoas machucadas, pessoas mortas, pessoas querendo morrer, um mar violento e traiçoeiro.

– Ela terminou comigo. – Ele diz, nos surpreendendo.


Notas Finais


Espero que estejam gostando, se não, por favor, digam. Qualquer crítica (construtiva) é bem vinda.


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