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História Como em um Conto de Fadas - Loiro


Escrita por: lucymelark

Notas do Autor


Antigos romances voltando? Talvez.

Capítulo 9 - Loiro


Fanfic / Fanfiction Como em um Conto de Fadas - Loiro

Ele me beijou. O Gas me beijou. Seu beijo não foi como o do Pedro me provocando arrepios e me esquentando ao lu inteiro, mas foi... Bom, ele tem lábios macios e com certeza tem pegada, sem falar no gostinho doce que ficou em minha boca. Quando ele me soltou do beijo disse:

– Desculpa, eu tinha que fazer isso. – e simplesmente foi embora, me deixando com cara de tonta sozinha do lado de fora.

Quer dizer, eu pensei que estava sozinha, mas aí eu vi o Pedro. Ele parecia magoado, mas parecia ter entendido o que tinha acabado de acontecer, tipo, realmente entendido, enquanto eu, eu não fazia ideia do que acabara de acontecer. Então eu retribuí seu olhar compreensivo com um de total incompreensão. Ele deu um sorriso triste e veio em minha direção enquanto seus irmãos iam pra casa.

– Acho que agora você acredita que quando alguém te beija inesperadamente não tem nada que você possa fazer para evitar, não?

– Er... É. – Eu gaguejei – O que eu faço?

– Mariana, o que você fez? – Perguntou a Cande, não dando brecha para Peter me responder, com os olhos vermelhos de pura raiva. – A Rô tinha me dito que o Gas estava estranho. Eu imaginei que fosse por sua causa, de novo, mas eu não esperava que ele fosse tão rápido, e qual é o seu problema? Não basta ser legal com ele, você tem que ainda... Ainda deixar ele te beijar. – Até porque eu falei “ei, Gaston, eu sei que você está namorando a Rochi, mas se quiser pode me beijar” né? Só a Candela mesmo – Meu Deus, se a Rochi souber disso ela nunca vai perdoá-lo, nunca, e as coisas nunca mais serão as mesmas entre vocês duas, e o clima entre a minha irmã e a melhor amiga não pode ser estranho. Agora me diz, Mariana, o que aconteceu entre vocês dois pra ele voltar a gostar de você? E não me diga que um ele simplesmente acordou e pensou “eu vou voltar a gostar da Lali” e pronto lá estava ele apaixonado. E o que foi isso aqui na porta? Eu deixo vocês dois sozinhos por um segundo e o Gas já se declara pra você e te beija, é isso? – Ela parou pra respirar fundo e se acalmar.

– Acabou? – Perguntou Peter com um certo receio.

– O que você está fazendo aqui? Se você viu a cena e ama ela, não deveria estar se lamentando pelo que aconteceu? – Eu ainda mato ela.

– Candela! – Eu exclamei.

– Minha mãe adoraria que vocês fossem almoçar lá em casa, ela já esperava que fossemos liberados mais cedo, então me pediu pra passar o recado. Ela não aceita um não como resposta. Quando estiver pronto eu venho chamar.  – Ele a ignorou.

– Só uma coisa, quando for nos chamar, usa a porta não a janela tá? – Disse Cande e eu vi Pedro assentir todo envergonhado e ri, então ele ficou ainda mais vermelho. E antes que pudesse rolar algum clima ela me puxou e continuou – Agora vamos, e seja rápida.

– Tá, tá, não precisa puxar. – Eu reclamei e escutei a risada de Pedro atrás de nós.

 

O almoço na casa do Peter foi ótimo. A família dele me adorou. O irmão dele, Jaime, é legal. O Cris é um amor. O pai dele é hilário. A mãe dele é super simpática. Pareciam uma família perfeita, mas será que eram? Quais segredos estariam por trás de uma aparência perfeita? A minha família também parece ser perfeita aos olhos dos outros, mas é perfeição um casal que está junto por obrigação e não por amor? Seria essa a visão de perfeição hoje em dia? Encaixar-se em padrões e normas é mais importante que a felicidade?

Minha reflexão mental não durou muito tempo. Como sempre, a Cande me tirou dos meus pensamentos. Ao chegarmos no hospital, depois que nossos pais saíram, a primeira coisa que a Cande fez foi perguntar sobre o beijo.

– Agora, você pode explicar que foi aquilo, Mariana? – Perguntou Cande.

– Bem, se eu soubesse eu poderia, mas eu não sei! – Eu exclamei.

– Como você não sabe? Ele te beijou. – Disse Candela. E nós continuamos a nossa discussão com a Cande tagarelando, que eu não devia ter deixado, que a Rochi  ficaria magoada, que eu era culpada, que devia ter feito algo pra ele ter voltado a gostar de mim, e falando que eu já sabia e que não tinha feito nada, até que o Pedro interferiu.

– Vocês nunca param de brigar? – Perguntou ele.

– Não! – Exclamamos em coro.

– Olha, ele tá esquisito comigo desde ontem – Eu comecei antes que a Cande começasse a tagarelar e, Meu Deus, parecia que tinha se passado uma eternidade de ontem pra hoje – quando aconteceu o acidente da Liz e eu fiquei desesperada. Você já deve estar sabendo, mas eu ainda briguei com a Paula e logo em seguida fui correndo pra casa – me surpreendi por ela não ter perguntado pela briga, a Rochi já deve ter contado com todos os detalhes pra ela – Fui direto pro quarto chorar, e quem foi até o quarto tentar fazer com que eu me sentisse melhor, inacreditavelmente, foi o Gas – ela franziu o cenho – ele disse que eu precisava desabafar, eu não desabafei, eu desabei, chorei feito uma criança em seu ombro, e então quando eu consegui parar de chorar ele me falou pra te ligar, Cande, e perguntar como a Liz estava, e eu o fiz. Depois ele veio aqui ontem, ficou comigo. E então hoje… Ele falou que voltaram as memórias de infância quando me viu chorando. É que quando nós nos conhecemos eu estava chorando, você tinha acabado de me derrubar do balanço e eu caí de cara no chão – ela fez uma careta – ele viu e me ajudou a levantar. Desde então nós somos amigos, tínhamos uns 6 anos. Mas quando eu tinha uns 14 anos, ele começou a me tratar de uma maneira diferente, especial, a Rochi até tinha percebido, morria de ciúmes. Um dia ele disse que me amava. Foi quando eu disse pra ele que aquilo não deveria ser amor, que ele deveria estar apenas confundindo tudo. Ele me respondeu dizendo que se aquilo não era amor então o amor não existia. Aí ele começou a me tratar como tratava todas as outras meninas e eu passei de melhor amiga à apenas amiga. – Cande fez um silencioso ata, ela nunca tinha entendido nosso distanciamento – Ele falou que uma parte do que ele sentia por mim, voltou quando ele me viu chorando, como quando na primeira vez que ele me viu. Ele disse que realmente ama a Rochi, mas mesmo assim ele precisava saber o que estava sentindo por mim, então ele me beijou. – Eu concluí.

– Ok, então ele sabe que ama a Rochi, mas mesmo assim te beija, mas que safado. – Ela disse. E eu por um instante pensei que ela diria algo decente, pura ilusão. – E você deixa ele te beijar. – Ela me jogou uma almofada.

– Ai. Que culpa tenho eu? Você nunca foi beijada inesperadamente?

– Mas pergunta! É claro que não! – Ela quase berrou.

– Lali! – A voz da Liz me chamou a atenção, eu não tinha reparado, mas ela e o Cris tinham parado de conversar e voltado a atenção para mim – Você gosta do Gas? Ele é legal, e se ele fosse meu cunhado eu brincaria mais vezes com a irmã dele, mas eu acho que ele não é o certo pra você. – Ela piscou pro Pedro. Tinha algum tipo de complô ali?

– Não, Liz, eu não gosto do Gas, não desse jeito, ele é como um irmão pra mim. Mas se você gosta do Gas e ele não é o certo pra mim, quem é? – Eu perguntei, olhando em seus olhos, ela não consegue mentir quando olham em seus olhos.

– Isso eu não sei, mas o Gas não é, eu sei quem eu quero que seja, e eu queria que fosse o Pedro, mas você não sabe o que sente por ele. – Ela disse naturalmente, e eu arfei incrédula, não sei quem é pior, ela ou a Cande. Peter finalmente relaxou o rosto e ainda pôs aquele seu sorriso irônico e me olhou como quem diz “você deveria escutá-la mais vezes”. Eu simplesmente revirei os olhos e ele riu.

Nós estávamos numa boa, rindo e conversando, quando o meu celular tocou e olha só quem era: Gastón.

– É ele. – Eu disse.

– O Gas? – Perguntou Cande entusiasmada – Bota no viva voz – ela ordenou.

“Oi, Gas.” Eu atendi.

– Bota no viva voz. Eu só quero escutar. – Pediu Cande. Eu atendi seu "pedido".

“Ahn, oi, Lali, eh, eu queria falar sobre o que eu fiz hoje mais cedo, er, desculpa?”

“Desculpa? Só isso que você tem a dizer?” A Cande me encarou.

“O que você quer que eu diga?”

“Que você errou, que não deveria ter me beijado, que a Rochi jamais te perdoaria se soubesse o quão idiota você foi hoje.”

“Ela já sabe”

“O quê?” Dissemos Cande e eu em coro.

“A Cande tá aí também? Ela já sabe de tudo?”

“Já” Eu fiz sinal de silêncio pra ela e para os outros. “Então a Rochi já sabe de tudo? Como ela reagiu?”

“Como você acha? Ela está péssima, mas aparenta estar ótima, bem típico dela.” Eu e Cande nos entreolhamos e confirmamos.

“É, mas o que você disse a ela?”

“A verdade, que eu não estava com certeza do que sentia por você então eu fui tirar a prova, então eu tive certeza de que era ela quem eu amava não você, mas parece que ela só ouviu eu te trai, não, eu te amo.”

“Que garota gosta de ouvir do namorado que ele não tinha certeza do que sentia e então foi e beijou outra pra confirmar?”

“Mas a outra era você, e ela já sabia que eu já tinha sentido algo muito forte por você antes”

“Ah, claro, isso justifica tudo. Por que você tinha que ter me beijado, seu idiota, não poderia ter feito de outro jeito?”

"Primeiro, não finja que não gostou, você até retribuiu. Segundo, eu tinha que sentir seus lábios nos meus pelo menos uma vez. E terceiro o que uma pessoa já sentiu uma vez pode voltar, o que não foi o caso, mas antes eu não sabia.”

“Aproveita e diz isso pra Rochi, ela vai adorar saber que você tinha que me beijar pelo menos uma vez."

“Você quer que eu morra? Porque é isso que vai acontecer se eu disser que não me arrependo de ter te beijado mesmo amando ela.”

“Desgraçado, quer outro beijo pede logo. Só não finge amar a Rochi quando não ama, tá?” Cande se meteu na conversa. "Você não tá nem mesmo arrependido."

"Cande, eu me arrependo sim de ter traído ela, de ter magoado ela, só não me arrependo de ter tirado aquela dúvida de mim. Eu precisava ter certeza do que sentia, não seria justo com a Rochi. Eu liguei exatamente porque eu pensei que você e a Lali pudessem me ajudar a conquistá-la novamente. Podem?"

"Então você acha que eu vou ajudar você, o cara que traiu a minha melhor amiga, a voltar com ela?" Cande se indignou.

"Claro que vamos, nós sabemos o que você sente por ela, apesar do idiota que é e sabemos o que a Rochi sente por você, ela só deve estar magoada, que é a pior parte, mas nós vamos dar um jeito, ok?" Eu discordei da Cande, travamos uma briga de olhares e eu ganhei, porque ela sabia que eu estava certa.

"Mas, o que vocês vão fazer?"

"Isso nós ainda não sabemos, mas deixa com a gente tá? Só dá um jeito de aparecer lá em casa pelas 19:00 em ponto sem atrasos, combinado?"

"O que você vai fazer?"

"Eu já disse, deixa comigo. Tudo que você tem que fazer é chegar lá às 19:00 em ponto, ah, e levar uma cesta de chocolate."

"Pra quê?"

"Só leva, tá legal?"

"Ok, baixinha"

"Você me chamou de baixinha?" eu ri.

"É, chamei, agora só falta você me chamar de loiro, lembra?"

"É claro que eu lembro, loiro. Senti falta dessa sua amizade."

"Eu também senti falta, baixinha. Até mais tarde."

"Até, loiro."

– Eu senti um clima aí. – repreendeu Cande.

– Não teve clima nenhum, nós nos chamávamos assim quando éramos próximos. Quando eu sentia que ele era como um irmão pra mim. – Eu expliquei.

– Sei.

– É... eu fiquei curioso pra saber... O que você vai fazer? – Disse Pedro.

 

No caminho para casa, paramos em uma floricultura para comprar algumas pétalas da flor mais barata que tivesse apenas para dar um pouco de efeito no jantar que íamos preparar. Cande se encarregou de ir escolher, enquanto eu e Peter ficamos esperando do lado de fora.

– Então… Você correspondeu o beijo? – Ele perguntou. Por quanto tempo será que ele prendeu essa pergunta?

– Você não correspondeu o da Paula? – Retribuí.

– É. Bom argumento.

– O problema é que eu não deveria ter correspondido. Ele tem, quer dizer, tinha namorada.

– O único problema que você vê em ter correspondido é só esse? Sério? Então você gostou do beijo? Gostou de ter beijado ele? – Ele perguntou, não com raiva, com desespero.

– É complicado, quer dizer, foi de repente, eu nem tive tempo pra pensar. Eu só reagi de uma forma que não deveria. Digo, sim, eu correspondi, mas eu não pensei. Não parei pra pensar no fato dele ter namorada nem nada. Nem mesmo tive tempo para pensar, fui surpreendida, e estava tão confusa... Acho que no fundo eu queria beijar alguém que não fosse você apenas para me sentir vingada… E agora eu me sinto tão culpada pela confusão em que eles estão.

– Então que se dane o que eu sinto por você ou o que eu senti quando vi vocês se beijando. Agora você se sente vingada. Espero que se sentir culpada pelo fim da relação deles não seja equivalente ao quanto eu me sinto culpado pelo acidente da sua irmã. Porque por mais que eu esteja com raiva de você por ter gostado dele ter te beijado por pura vingança, eu não te desejo esse sentimento de forma alguma.

– Pedro – Eu tenho que parar pra pensar quando falo, tenho. – Eu não… – Fui interrompida pela Cande, que saiu da floricultura com uma sacola em mãos.

– Interrompi algo? – Ela perguntou.

– Não, vamos? – Pedro disse.

 

Para o jantar nós fizemos macarronada, fácil, rápida e gostosa, quer prato melhor pra um encontro de última hora? O Gas chegou na hora exata, com a cesta de chocolate e de terno e gravata, mas eu já até imaginava como tudo aquilo ia acabar...

Assim que a Rochi chegou, e viu o Gas, nos fuzilou com o olhar, antes que ela fosse embora , ele a segurou e disse:

– Eu sei que eu errei,  que nunca deveria ter duvidado do que sinto por você, mas você querendo ou não eu te amo e sei que você sente o mesmo por mim, e isso não é tão ruim assim  é? Amar?

– Sim, é. – Respondeu ela amargamente.

– Elas tiveram tanto trabalho pra fazer tudo isso – tínhamos tirado todos os móveis da sala e espalhado pétalas ao redor da mesa, então sim, tinha dado trabalho –, não seja ingrata, pelo menos senta e come. – Sugeriu Pedro. Corajoso ele, bem corajoso. E sim, ainda um tanto irritado comigo

– Ele é louco. – Sussurrou Cande.

– Qual é o seu problema? Ele beijou a garota que você diz gostar, por que você está ajudando ele? – Indagou Rochi.

– Simples, ele está arrependido. – Ele a encarou e apontou com o olhar para a mesa. Sempre tão direto. Eu amo isso nele.

– Eu só vou sentar pra mostrar pra Lali que eu tô de boa com ela. – Ela me lançou um sorriso meigo e meio sem graça. Eu amo essa garota – Vocês podem nos dar licença, por favor. – Pediu Rochi. – Nós temos muito o que conversar. – Só com sua sombra de olhar maligno eu entendi tudo.

Assim que saímos, Rochi esfregou a macarronada na roupa branca do Gas, no terno, em seu cabelo bem penteado de bom moço, na sua cara que ela tanto odiava naquele momento. Quando o Gas finalmente conseguiu segurar seus tapas e ela já estava no chão, chorando, com o Gas ao seu lado se desculpando por tudo, nós voltamos. Ela continuou a chorar, sempre mantendo Gastón longe, como se ela não precisasse de seu abraço, ou que nem consolá-la ele merecia. Levantou. Enxugou as lágrimas. Foi embora como se nada tivesse acontecido. Sem dizer uma só palavra. Simplesmente foi. E pronto

– Sabia que ela faria isso né? – Indagou Gastón, eu assenti – Então porque você pelo menos não fez algo que me sujasse menos?

– Porque assim não teria graça ela tacar comida em você. – Eu respondi.

– Você queria um pouco de vingança não era? – Perguntou Pedro.

– É. – Engoli em seco.

– Você é má. – Concluiu Gastón.

– Vingativa, eu diria. – Disse Pedro, eu precisava conversar com ele.

– Bem, vamos ao plano B? – Perguntou Cande.

– Que plano B? – Indagou Gastón.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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