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História Como Esquecer Alguém - Alguém declarou


Escrita por: GSilva

Capítulo 6 - Alguém declarou


Fanfic / Fanfiction Como Esquecer Alguém - Alguém declarou

Capítulo 5 - Alguém declarou

 

Geralmente, são as coisas com as quais você mais se importa que passam mais rápido do que o normal. Minha vida passou muito rápido, minhas intrigas e indiferenças.

 

Eu e Lucas deixamos Thomas sozinho, parado ao lado da quadra com uma expressão acusatória, enquanto fomos para o outro lado do pátio. A massa de estudantes, felizmente, encobria a visão de Thomas sobre mim, o que, na essência, era bom: eu não queria que ele me visse conversando com o Lucas, por menos íntima que a conversa fosse.

E, definitivamente, foi íntima.

Ele me levou até o muro do colégio, ao lado do grandioso portão de entrada enferrujado. Apesar do céu, que estava nublado e cinzento, eu ainda podia ver reflexos dourados em seus olhos. Quando ele se encostou ao muro, aproveitei para observar suas roupas. Ele não parecia seguir a regra do uniforme, ao contrário de mim, pois estava usando uma calça jeans preta e uma jaqueta branca. Suas mãos estavam envolvidas pelas mangas da jaqueta e eu o odiei por isso. Eu adorava quando os garotos faziam isso, com suas mãos, mas simplesmente sentia que tudo estava indo rápido demais. Eu não devia estar tão atraído por ele.

— E então? — Eu perguntei. — O que você não me falou ontem?

Ele ergueu uma perna e a apoiou no muro, olhando para a multidão. Eu caminhei até ele e fiquei ao seu lado.

— Muitas coisas. — Lucas respondeu. — Qual você prefere ouvir primeiro?

— Depende. — Respondi sorrindo.

Ele desviou o olhar, comprimindo os lábios.

— Provavelmente você não vai querer ouvir tudo. — Ele disse.

— Por quê?

— Porque é muito íntimo. — Lucas respondeu bruscamente. — Um monte de baboseira romântica...

— E por que eu não gostaria de ouvir isso? — Perguntei.

Pela segunda vez, nossos olhares se encontraram. Tudo em volta ficou em câmera-lenta. Foi como se eu estivesse mergulhando numa piscina de água quase congelada: um calafrio percorreu todo meu corpo. Mas, mesmo que fosse puro gelo, eu me acostumaria. E então uma deturpação de sentidos veio, me reaquecendo. Senti o sangue me corando na face.

— Vamos, me conte. — Pedi gentilmente, olhando com caridade.

Ele estalou a língua e olhou para baixo.

— Lembra quando eu disse que isso seria tão estranho para você quanto para mim? — Ele perguntou.

— Sim. — Assenti.

— Então... Eu estava falando do que sinto por você. — Lucas disse, me olhando seriamente. — Eu sei que tudo está indo rápido demais, essa é a nossa segunda conversa, mas não consigo tirar você da minha cabeça desde o dia da festa, no ano passado.

— Isso é... — Eu comentei.

— Horrível, eu sei. Pareço um psicopata obcecado por você. — Ele interrompeu. — Me desculpe.

— Não. Não. — Falei sem hesitar. — Não é horrível. É ótimo. Sério.

A câmera-lenta parou, literalmente. Senti tudo parar ao nosso redor. É nesses segundos, quando tudo à sua volta para, que você percebe o que realmente importa. Naquele segundo, apenas nós importávamos.

— Greg? — Ele disse. — Posso te falar uma coisa?

— Pode.

— Eu estou profundamente, irremediavelmente, incondicionalmente, apaixonado por você. — Ele respondeu.

Meu coração deu um pulo no peito. Eu simplesmente fiquei sem reação, como se não houvesse mais nada que podia acontecer. Eu já tinha esperado por aquele momento tantas vezes, quando alguém fosse se declarar para mim, mas ainda não tinha pensado em qual seria minha reação. Primeiramente, revisei todas as palavras dele, todas as letras. Depois, simplesmente não consegui acreditar.

Um silêncio se formou entre nós e, lentamente, o mundo começou a descongelar.

— E, tipo, eu agradeceria muito se você falasse alguma coisa... — Ele disse, com um sorriso nervoso.

Meu devaneio cessou. Estava na hora de encará-lo, encarar minha nova vida.

— Eu... — Respondi. — Eu queria dizer o mesmo para você.

O sorriso e o brilho nos olhos dele cessaram. Tive a sensação de que tinha acabado de estragar a felicidade de alguém (de novo) e percebi que realmente não conseguiria aguentar o fato de estar magoando alguém novamente.

— Eu sou idiota. Nunca dou certo com as pessoas. — Disse ele, olhando para o chão. Pude ver a mágoa naqueles olhos, uma mágoa muito maior do que eu esperava.

Ele deu um passo para a frente, ainda olhando para o chão, se distanciando, e eu simplesmente não consegui ficar parado. Com rapidez, segurei seu antebraço e o puxei para perto de mim, com gentileza.

— Eu posso não estar irremediavelmente apaixonado por você — eu disse —, mas isso não significa que não podemos tentar. Eu posso me apaixonar por você. Você é uma pessoa incrível, Lucas, e eu me sinto muito feliz por esse sentimento.

De alguma forma, fiz todo o mundo congelar novamente. Os olhos dele encontraram os meus e eu fiz de tudo para enxergar, neles, a força de que tanto precisava. E ela estava lá, escondida sob o amor que ele sentia por mim.

De alguma forma, o puxei para perto e meus braços envolveram seus ombros. Coloquei meu rosto em seu ombro (ele era maior do que eu) e senti seu calor, seu perfume. O abracei com força.

— Podemos tentar. — Repeti.

Ele envolveu minhas costas com seus braços e apertou gentilmente.

— Sério? — Ele perguntou.

— Sério. — Respondi.

 

Minhas mãos escorregaram pelos braços dele, abaixando-se até seu pulso e, então, nossas mãos se tocaram. Foi um leve toque, quase como uma simples cócega, mas, ainda assim, senti a reação química subindo por minha pele e me arrepiando.

— Sabe — eu disse — Você foi a primeira pessoa que já me disse.

— É, você já me contou. — Ele respondeu com um sorriso. — E você é primeira pessoa que sorriu quando eu disse aquilo.

Sorri novamente.

— Você é o primeiro, Lucas. — Eu respondi, segurando sua mão. Ao contrário de Andrew, que tinha pele gélida, e Larry, que parecia me queimar com seu toque, Lucas tinha alguma espécie de estática sobre a pele, quase como magnetismo. Segurar sua mão foi a melhor coisa que me aconteceu em meses. — Se sinta importante. — Respondi, com um sorrisinho.

Ele sorriu, um sorriso lindo, e apertou minha mão com gentileza. Foi inevitável me lembrar da primeira vez que o vi, na festa do fim do ano passado. Quem diria que chegaríamos àquele ponto?

— Sabe o que também é importante? — Ele perguntou, sorrindo. — Estudo.

Eu o olhei debochadamente.

— Nem bem começamos. Não diga que vai me trocar por um livro... — Respondi, sorrindo.

— Nem pensar. — Rebateu ele, olhando para mim.

Senti Lucas me puxando para perto e permiti que ele passasse um dos braços por trás da minha nuca. Imaginei como estávamos parecendo naquele momento: um casal apaixonado. Éramos isso. Graças a Deus éramos isso.

— Então pretende matar aula? — Perguntei.

— Claro. — Ele respondeu. — Mas só se você matá-la comigo.

Eu olhei para ele, sorrindo, e, naquele momento, percebemos que estudar não deveria ser mais importante do que ficar com a pessoa que você gosta.

 

***

 

— Greg, seu louco, me conte tudo. — Disse Aqua, na hora da saída. Ela veio caminhando à mim e me entregou minha mochila, a qual eu tinha deixado na sala de aula no começo do intervalo. Ela sorria como uma criança.

— Sobre o quê? — Perguntei. Vi Alison e Alicia se juntando ao nosso grupo, e Ryan, ao longe. Larry não parecia estar por perto.

— Sobre Lucas. — Aqua respondeu. — Thomas disse que você estava conversando com o Lucas.

— E você acreditou no Thomas? — Rebatei. As três garotas arquearam as sobrancelhas.

— Larry estava na sala, Andrew não está mais aqui, Thomas também estava com a gente... Então, por que, ou por quem, você mataria aula?

Eu fitei o rosto de cada uma e desviei o olhar para o chão.

— Ok. — Respondi. — Eu estava com o Lucas.

Aqua se aproximou e arregalou os olhos para mim, mas foi Alison que perguntou, com ânimo.

— E então, como foi?

Eu, ainda olhando para o chão, me lembrei das coisas que tinha dito para Lucas enquanto matávamos aula. Infelizmente, tive que deixá-lo ir embora, porque ele não podia se atrasar para o estágio, mas a lembrança de seus olhos claros não saía da minha cabeça.

Quando voltei a olhar para elas, tenho certeza, estava sorrindo como uma criança também.

— Acontece que... — Respondi. — Eu comecei a namorar!

 

O espanto delas foi evidente. Elas arregalaram os olhos e se aproximaram. Apenas Alicia sorria: Aqua e Alison pareciam desconfiadas, como se eu estivesse mentindo. Mas, quando viram que eu realmente estava convicto, as três ficaram histéricas.

— Meu Deus, Greg, o quê?! — Elas perguntavam, num coro de perguntas repletas de pontos de exclamação.

Eu levantei as mãos para acalmá-las.

— Ok, eu não sei se “namorar” é o ter certo, mas... rolou algo entre nós. — Respondi.

— Você vai contar tudo para a gente neste exato momento. — Aqua ordenou.

E foi isso o que fiz.

 

***

 

Depois de explicar tudo para minhas amigas, e para Ryan (incluí uma parte extra, dizendo que essa história deveria ficar em segredo – ele jurou que não contaria para nossos pais), voltei para casa. Nada significativamente importante aconteceu num período de horas, e eu comecei a achar que aquilo que havia ocorrido era mais uma anomalia, algo que iria desaparecer.

Por horas, nada aconteceu, não até às sete horas da noite.

Eu estava deitado em minha cama, pensando “reformar” meu quarto – mudar a cama e os armários de lugar –, quando ouvi meu celular vibrar logo ao lado. Mais do que rapidamente, agarrei o aparelho e desbloqueei a tela.

Nova mensagem. De Andrew.

Ele: “oi”

Eu: “oi”

Ele: “tudo bem?”

Eu: “Sim, claro”

       “E vc?”

Dez minutos de silêncio.

 

Ele: “e aí, alguma novidade?”

 

Ótimo, ele realmente fez essa pergunta. Foi como levar um balde de água fria, algo como ter certeza que minha resposta poderia magoá-lo de alguma forma. Pensei no que tinha falado para minhas amigas, no que tinha contado para Ryan. E, se eu contei para eles, por que não para Andrew?

 

            Eu: “Sim!!”

            Ele: “Nossa”

                   “O que é?”

 

            Pensei bem no que podia responder. Eu podia falar qualquer coisa (qualquer coisa mesmo), até mentir, mas realmente queria falar a verdade; não para esfregar minha felicidade na cara dele, mas para mostrar que eu finalmente consegui achar alguém.

 

            Eu: “Comecei a namorar!!”

 

            Uma pausa de minutos novamente. Ele viu a mensagem imediatamente, mas não respondeu. Foram minutos de tortura, para mim e, provavelmente, para ele.

 

            Ele: “Isso é ótimo”

                    “quem é o sortudo?”

            Eu: “Lucas Matheus”

                   “vc provavelmente não o conhece”

            Ele: “Quero conhecer [carinha feliz]”

                   “deve ser uma pessoa ótima”

            Eu: “Ele é”

 

            Finalmente, felizmente ou infelizmente, abri o jogo para Andrew. Fiquei imaginando como seria quando ele soubesse. E, quando contei, senti que realmente estava fazendo algo importante.

            Finalmente comecei a (verdadeiramente) aprender a como esquecer alguém.



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