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História Como eu era antes de você - (Hot Version) - Capítulo 22


Escrita por: geezerfanfics

Capítulo 22 - Capítulo 22


Senti o sangue borbulhar em minhas veias e, por um momento, me perguntei se alguém ao nosso redor estava prestando atenção no que fazíamos. Will permanecia imóvel, os olhos em mim, como duas lanças quentes e famintas, e eu não conseguia reagir sob aquele olhar. Seu pedido ressoava em minha mente. Tire a calcinha, Clark. Corei só de lembrar.

— Mas tem pessoas aqui — falei baixinho, duvidando de que ele tenha me escutado.

Will abriu aquele seu sorriso de canto, seus olhos queimando em minha direção. Ele não me disse nada, apenas tomou mais um gole de seu vinho e o engoliu seco, o que fez todos os músculos abaixo da minha cintura se contraírem. Ele me quer, pensei, e isso bastou para que uma explosão de sentimentos tomasse conta do meu corpo. Engoli em seco, nervosa, e tomei um longo gole do vinho, encorajando-me.

Tudo bem, pensei, não é tão difícil assim. Sentindo-me completamente vulnerável à ele, abaixei minhas mãos até a cintura e, com o máximo de cuidado, segurei as laterais da minha calcinha. Empoleirei-me na pontinha da cadeira e Will observa cada um dos meus movimentos, os olhos em chamas, me desejando, assim como eu o desejo. Com uma lentidão provocante, abaixei a calcinha com cautela, olhando ao redor pelo canto dos olhos para ter certeza de que todas as pessoas estavam dispersas com seus pares românticos. Quando a calcinha chegou ao meu joelho, suspirei, sentindo meu sexo clamar por William. Dei mais um empurrãozinho na calcinha e ela escorregou por minhas pernas até chegar ao chão.

— Pronto — murmurei baixinho, sentindo minhas bochechas queimarem.  

Will sorriu, satisfeito, e colocou a cadeira mais para frente.

— Muito bem, Clark — disse com a voz rouca, completamente sensual, e eu derreti por ele. — Agora me dê aqui.

O que?

Pisquei, confusa.

— Me dê sua calcinha — ele disse com a voz baixa, segurando a taça de vinho na mão. Tenho certeza que, de fora, quem nos olhasse, poderia jurar que estávamos falando os tipos de filmes que gostamos, ou quais os nossos planos para amanhã. Will sabe disfarçar bem, e eu estou tentando acompanha-lo.

Tirei os pés de dentro da calcinha e ela ficou no chão. Disfarçadamente, dei um chute no tecido e sorri.

— Pronto — repeti, quase sem voz.

Will abaixou-se como se fosse arrumar o sapato e colocou a mão debaixo da mesa. Não tive certeza que ele pegou a calcinha, mas ele se ergueu sorrindo, me olhando como se eu fosse surreal.

— Você é incrível, Clark — disse. — Agora vamos para o Hotel.

 

 

Entramos numa suíte completamente luxuosa. Havia uma cama queen de casal, com lençóis de seda, e uma porta que dava acesso à varanda, onde, ao fundo, o céu brilhava acima do rio Tâmisa e a lua ilumina a água cinza. Os móveis são brancos e roxos, com detalhes dourados. Há uma porta imensa que dá para o banheiro, mas eu não vejo como é lá dentro. Parada no meio do quarto, segurando a bolsa no meu ombro, sinto Will fazer a volta por trás de mim. Ele senta-se na cama e, calmamente, retira os sapatos. Está parecendo tranquilo.

— Quer beber alguma coisa? — pergunta, ficando em pé e tirando o casaco do terno.

Percebo que, de repente, estou morrendo de sede. Meu corpo inteiro estremece ao ver os músculos do braço dele se incharem por debaixo do tecido branco da camisa social, que está por dentro da calça, marcando perfeitamente sua cintura fina, o corpo de formato V. Meu corpo sem calcinha torna-se, de uma hora para a outra, desinibido, como se a ausência deste tecido me deixasse ainda mais vulnerável a ele.

— Sim, por favor.

Ele vai até o frigobar de pés descalços, abre-o e tira de lá uma garrafa de champanhe.

— Está querendo me deixar bêbada, Sr. Traynor?

Ele sorri e abre a garrafa com um barulho abafado.

— Claro que não — murmura, enchendo duas taças de champanhe, fazendo o liquido borbulhar. Minha garganta fica seca. Will se aproxima de mim e me entrega uma taça. — Dom Perignon 2004. Um dos melhores. Sempre tomo um desses em festas. Não quero deixar você bêbada, mas quem começa a tomar um desses, não quer mais parar.

Sorrio e tomo um gole do champanhe, sentindo o gosto maravilhoso e doce espalhar-se por minha boca. O liquido borbulha até descer por minha garganta e a sensação é refrescante.

— Ah — suspiro, fechando os olhos por um momento, deliciando-me. — Isto é incrível, Will.

Ele concorda com a cabeça e toma um longo gole.

— Sim, é maravilhoso.

— Quem te ensinou essas coisas de bebida?

Ele sorri e senta-se na cama, inclinando a cabeça para o lado, convidando-me a juntar-se a ele. Em meu primeiro passo em sua direção, sinto minhas pernas bambearem e alguma sensação estranhamente gostosa surge abaixo da minha cintura mais uma vez. Sento-me ao seu lado.

— Foi meu pai — ele diz, olhando para a porta imensa da varanda, os pensamentos ao longe. — Ele é ótimo com isso. Mamãe também é, mas foi ensinada por ele também.

Por um momento, imagino um adolescente sentado à mesa da Granta House, bebendo vinhos com o pai e ouvindo com atenção o que o mais velho dizia.

— Meu pai só entende de jardinagem — disse, sorrindo, mandando meus pensamentos para longe.

— E ele entende muito bem.

— É — digo.

Ficamos em silêncio por alguns instantes. Nossos corpos não se tocavam e havia um espaço torturador entre nós. Acima de nossas cabeças, era possível sentir o calor inundando nós dois, a sintonia tornando-se palpável, e eu pude jurar que nossas respirações pesadas estavam igualadas depois de um tempo.

— Vem — ele diz, surpreendendo-me, ficando em pé e estendendo a mão para mim.

Franzo o cenho. Para onde vamos? Achei que iriamos rolar pela cama em poucos minutos. Mas eu o obedeço. Entrego minha mão a ele e, enquanto ele caminha comigo de mãos dadas pelo quarto, engulo o restante do champanhe e largo a taça no criado mudo. Sigo Will até a varanda e paramos em frente à sacada de vidro. O vento bateu gentilmente contra meu rosto, levando alguns fios do meu coque para trás, entregando-me uma sensação de paz interior. Will aperta os dedos ao redor do meu, mas não diz nada. Continuamos ali, parados, admirando as luzes de Londres sobre o Rio Tâmisa, que se estende elegantemente pelo lugar. Algumas pessoas caminham nas calçadas estreitas abaixo do Hotel, carregando sacolas de lojas de grife, outras tomando sorvete, e alguns turistas parando para tirar fotos em cada esquina, certamente tão encantados com o lugar quanto eu.

Então, bons minutos depois, quando eu já estava completamente perdida enquanto admirava a cidade em minha frente, percebo que Will está me olhando. Não sei há quanto tempo ele fazia isso, mas senti meu coração acelerar. O vento bate contra nós outra vez, e agora passa pelo meu vestido, fazendo com que eu me lembre que estou sem calcinha, algo que é tão intimo, e que deveria estar me cobrindo. Mas não está.

— O que foi? — pergunto quando tenho certeza de que ele não vai falar nada.

— Sabe, Clark, eu me sinto feliz com você aqui — diz, suas palavras me pegando de surpresa. — Se você tivesse descartado a ideia de usar a passagem que lhe deixei, com certeza neste momento eu estaria enfiado no meu escritório trabalhando feito um maluco. É cansativo.

Ele está feliz? Meu peito se enche de alegria. Talvez, se eu não estivesse aqui, ele estaria com a ex-namorada dele, a Loira-Bronzeada-Linda-Maravilhosa. Aliás, qual o nome dela?

— Como é o nome daquela mulher que foi com você na cafeteria? — pergunto sem pensar.

Um breve silêncio nos ronda. Merda, porque eu perguntei isso? Noto que, neste instante, o filtro cérebro-boca não está presente, e me sinto um pouco culpada.

— Alicia — ele diz, tirando os olhos de mim por um instante e fitando a imensa cidade em sua frente. Quando voltou a me olhar, segundos depois, seus olhos estavam escuros, como se não quisesse falar sobre isso, mas achava necessário. — Namoramos por três anos.

Engulo em seco, desejando ter meu vinho aqui para beber e tentar me refrescar.

— Vocês costumavam a ser felizes?

Ele endurece a expressão e me pergunto se devo calar a boca.

— Às vezes, sim. — responde, me fazendo se sentir aliviada por não estar sendo tão inconveniente. — Mas ela não gostava das mesmas coisas do que eu. Uma pena que demorei a notar isso.

Mas ela não gostava das mesmas coisas do que eu, a frase se repetiu em minha mente, me incomodando. Quais são as coisas que ele gosta? Eu nem mesmo sei. E se quando souber e me dar conta de que não gosto, será que ele vai continuar me querendo como diz que quer? O pensamento me faz ter um leve desconforto.

— E do que você gosta? — me encorajo a perguntar.

Will sorri. Aquele sorriso torto, que levanta só um lado dos lábios e chega aos olhos, triunfante. Não pude evitar um sorriso de felicidade pela cena que eu estava vislumbrando bem aqui. Na minha frente.

— Amanha você vai ver, Clark.

Hein? Ergo as sobrancelhas.

— Vou levar você à um lugar — responde, usando aquela sua incrível habilidade de ler meus pensamentos.

— Que lugar?

— Você vai ver, Clark.

 

Deitamos na cama, lado a lado, mas sem se encostar. Ainda estou sem calcinha.  Estou uma mistura de curiosidade para saber onde iriamos amanhã e um misto de agonia e felicidade por tê-lo ao meu lado. Agonia porque, até agora, ele ainda não me tocou. Não da forma como eu quero que me toque.

Espero ansiosamente alguns minutos se passarem, aguardando algum movimento dele, mas Will permanece quieto, deitado de barriga para cima, as mãos entrelaçadas sobre a barriga. Por que é que ele simplesmente não está me tocando?

— Will — chamo-o, impulsionada pela coragem recente, aproveitando este momento. — Por que é que você está tão... Tão... — Viro-me de lado, apoiando a cabeça na mão, procurando a palavra certa. —... Distante?

Ele sorri e continua com os olhos no teto.

— Porque não quero que pense que eu levo você para encontros só para que, no final, ganhe sexo como recompensa.

— Eu não penso mais nisso — falo, sabendo que cinquenta por cento é mentira.

Will vira o rosto para mim, erguendo uma sobrancelha, sarcástico. Minhas bochechas queimam. Apesar de acreditar quando ele revela seus sentimentos por mim, ainda tem aquela parte do meu inconsciente que diz: Huuum, acho que isso não é totalmente verdade. Eu queria não pensar assim, mas é inevitável.

— Fala sério, Clark. Eu sei que pensa.

— E até quando pretende fazer isso?

Minha Deusa interior está sentada num canto, com o queixo apoiado nas mãos acima dos joelhos, triste por saber que, infelizmente, ela não entrará em cena hoje.

— Até eu ter certeza de que você acredita em mim.

— Mas eu acredito em você.

Isso é verdade.

— Você acredita quando eu digo quem me ensinou a escolher bebidas, ou quando falo sobre o restaurante que meus pais frequentavam quando eu era menor. Mas quando digo que gosto de você pelo o que você é, isso não passa de uma mera mentira, não é mesmo?

Engoli em seco. Como ele faz isso? Parece que ele tem uma ligação direta com meu cérebro e com as partes mais intimas do meu ser.

— Tudo bem — falo, por fim, admitindo que perdi dessa vez.

— Vamos dormir, Clark. — ele diz, me puxando para mais perto, virando-me para que ficasse de costas para ele. — Amanhã o dia vai ser longo.

Will me entrega um beijo suave abaixo da orelha, o que causa um arrepio completo por meu corpo.

— Boa noite, Will.

Então eu caio num sono profundo minutos depois se sentir a ereção de Will nas minhas costas seguido de um pedido de desculpas baixinho e uma risada encantadora. Depois ele me disse algo sobre a dificuldade de me ter por perto sem usar calcinha, mas não lembro se consegui responder ou não.

 

 

Acordo com a sensação de que estou sendo observada. De inicio, pela sonolência presente em meu corpo, abro os olhos assustada, olhando ao meu redor. Mas meu coração se acalma quando vejo que é Will parado de pé ao lado da cama, me olhando. Está vestindo uma calça jeans preta, que o deixa muito bonito, por sinal, e uma camisa azul, que realça seus olhos. O cabelo está bagunçado, aquela típica característica dele, que me deixa fascinada. Eu poderia olhá-lo em todas as horas do dia.

— Bom dia, Clark. — diz ele, abrindo seu sorriso torto que me faz suspirar. — Está preparada?

Meu cérebro demorou alguns segundos para decifrar o que ele estava querendo dizer.

— Bom dia, Will. Estou preparada desde que me disse que iriamos sair.

Ele sorriu. Levantei-me da cama e coloquei calça jeans e uma regata florida, sem saber ao certo se estava me vestindo adequadamente para a ocasião. Se papai estivesse aqui, diria que, de fato, eu nunca me vestia corretamente para os eventos da vida e nunca me preocupei com isso. Pensar nele me fez sentir saudades e lembrou-me de que preciso fazer uma ligação.

Tomamos um café da manhã rápido, mas farto, daqueles cafés de Hotel que todo mundo dia que é a melhor parte. Nunca tinha provado antes, afinal de contas, nunca saíra da cidade a ponto de precisar me hospedar em algum lugar — meus passeios eram tão perto que, em algumas horas, eu já estava em casa novamente.

 

 

Às oito e meia Nathan estava nos esperando no Maybach Exelero no meio fio em frente ao Hotel Corinthia, e seguimos pelo tráfego de Londres. Seguimos pela Woolwich Manor Way e, minutos depois, chegamos ao centro da cidade. Pensei que ficaríamos por ali, curtindo a paisagem e o Rio Tâmisa como todas as outras pessoas diante da janela do carro faziam, mas, para a minha surpresa, Nathan entrou em uma estrada estreita e seguiu reto por alguns minutos. Will segurava a minha mão desde que saímos do Hotel e, às vezes, eu pegava-o sorrindo sozinho, animado. Me perguntei onde é que estávamos indo, e perguntei a ele também, mas ele apenas sorriu e disse: Acalme-se, Clark, já estamos quase chegando. Ele disse isso à dez minutos atrás.

Finalmente avistei algo além de árvores e grama alta. Uma plaquinha no fim da rua indicava a chegada à Docklands Riders. Fiz uma busca rápida em meu cérebro que pouco conhecia sobre Londres, e não obtive nenhuma resposta. Tentei lembrar-se se Will já mencionara o nome alguma vez, mas também não cheguei a conclusão alguma.

O carro parou na frente de dois cones e uma pequena barraca. Espiei pela janela e vi mais árvores enormes e um chão de barro. Olhei pela janela de Will, que estava com o vidro abaixado, e enxerguei um jovem de cabelos escuros, com expressão judiada do sol, eu acho, que sorria largo e com os olhos fechados, mostrando rugas prematuras em sua feição.

— Ah, Sr. Traynor, que bom ver você — disse, estendendo a mão cheia de graxa para cumprimentar Will e, depois, abaixou-se um pouco mais e acenou com a cabeça para mim. — E trouxe uma amiga. Melhor ainda. O que o senhor pretende fazer hoje?

O homem falava como se Will viesse aqui várias vezes e, pela forma como ele parecia à vontade e ansioso, soube que, sim, ele frequentava o local constantemente.

— É bom ver você também, Rony. — Will virou-se para mim e sorriu, depois voltou a olhar para o rapaz. — É minha namorada... — Os dedos dele apertaram-se nos meus, como quem dizia “sim, você é, viu só como eu admito?” — Bom, acho que vamos fazer uma trilha hoje. Das pequenas. É a primeira vez dela.

Não sabia ao certo por onde começar a pensar. O carro voltou a andar, passando no meio dos cones. Uau! Ele disse que sou a namorada dele? Borboletas davam voltas em meu estômago e, por um instante, senti como se estivesse na quinta série, onde, quando um coleguinha falava que gostava de mim, eu me sentia completamente bobinha. Sim, estou me sentindo boba. Não sei o que dizer a ele, ou se devo dizer alguma coisa. E, espera... Vamos fazer uma trilha? Recordo-me vagamente de Will já ter falado sobre seu hobbie de dirigir moto, mas não sabia que ele frequentava lugares assim. Parece interessante.

O carro estacionou em cima de um concreto, que tinha lugar para vários outros carros, e descemos, eu saltando para fora antes que alguém fizesse a gentileza de abrir a porta para mim. Rony, o moreno, já nos esperava com duas sacolas grandes nas mãos, e Will esperou-me na frente do carro, dando-me a mão para juntar-me a ele e Rony.

— Aqui estão as roupas de vocês — ele disse, e Nathan foi mais rápido e segurou tudo. — Vou pegar a sua moto, Sr. Traynor. Volto já.

Will acenou para ele e o moreno saiu às pressas, como se deixar Will esperando fosse inaceitável.

— Não está com medo? — perguntou-me, abrindo uma sacola que indicava o tamanho P. — Se estiver, podemos ir embora e fazer outra coisa.

Pisquei. Estou com medo? Acho que não. Para falar a verdade, não sei o que estou sentindo neste momento. Ainda nem processei o fato de ele ter me chamado de namorada.

— Não — falei, convincente, e pisquei, confusa, quando ele fez sinal para que eu esticasse os braços. Eu obedeci e Will colocou as mangas de um casaco vermelho e preto, depois passou-o por minha cabeça. — Quanto tempo vem aqui? — Perguntei, e Will abaixou-se para tirar minhas sapatilhas, enfiando calças largas em mim, combinando com o casaco.

— Desde que fiz dezoito anos — disse, colocando as botas em mim. Estava começando a me sentir uma criança quando ele me olhou, sorrindo, feliz por estar me vestindo. Tentei ignorar a presença de Nathan e fingir que ele não estava notando nada, mas pouco tempo depois percebi que isto é impossível. — Isto não foi influência do meu pai. Ele nem gosta muito que eu venho, diz que é perigoso. Mas eu gosto da sensação.

Depois, Will ficou de pé e colocou luvas em minhas mãos, um óculos grande em meu rosto e, por fim, joelheiras e um capacete que me fazia ter a sensação de que meu pescoço cairia para o lado a qualquer momento. Tive que fazer esforço para me equilibrar enquanto ele vestia um equipamento igual ao meu, porém muito maior.  

Rony voltou montado numa moto de trilha da cor azul, que parecia leve, mas o motor roncava alto. Ele esperou no canto do estacionamento, animado, como se fosse ele quem iria dirigir, e Will puxou-me pela mão até a moto, e Rony saltou no mesmo instante.

Will, sem esperar muito, subiu na moto, acomodando-se no lugar do motorista, os ombros relaxando a medida que ajeitava as mãos no guidão e os pés no apoiador. Fiquei parada ao lado dele, tentando enxergar seus olhos por detrás do capacete e dos óculos e, quando vi as íris azuis cinzentas, vi que estavam brilhantes e felizes, e um sorriso brotava de seu rosto bonito.

— Qual o nome dele? — perguntei, percebendo, de repente, pelo meu tom de voz, que eu estava tão ansiosa quanto ele. Parecia que sua energia passava para mim através de uma linha invisível.

— É uma Yamaha Wr 250 F — Diz, dando um tapinha na garupa. — É a mais segura da categoria. Não tenha medo, Clark. Venha dar uma volta com seu gatão.

Eu solto uma gargalhada mais alta que o esperado e faço o que ele pede. Assim que me sento não sei o que fazer; onde pôr as mãos, como acomodar meus pés, como manter minha postura. Will da um tapinha no retrovisor da moto, o que me chama a atenção, e vejo que ele está me olhando.

— Segure nas cordas a garupa — Me instruiu, e eu fiz o que ele pediu, um movimento automático, ouvindo com atenção. — Somente quando estiver com bastante medo, segure-se em mim. Vire o corpo na mesma direção que a moto virar. E mantenha as costas retas, é mais confortável.

— Tudo bem — falo, repassando todas as informações na minha cabeça, torcendo para que, quando a moto começar a andar, eu não esqueça de nada disso.

Will acelerou com força, por longos segundos, e Nathan e Rony estavam nos olhando, maravilhados, provavelmente cheios de vontade de estar sentados em meu lugar. Quase pulei da moto e cedi meu lugar à eles, mas me contive. Will falou alguma coisa, mas eu não ouvi por causa do barulho estridente do motor e, com uma risada alta, ele arrancou a moto depressa.

 

 

 



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