História Como eu era antes de você - Se isso for um sonho ninguém me acorde, por favor!

Eu já nem durmo mais, não
             Só fecho os olhos e penso em você
             Só fecho os olhos e tento entender
             O que me trouxe aqui

Sei que te amo mais, mais
             Bem mais do que eu te falei há um mês
             E se eu não falo mais dessa vez
             É porque finalmente entendi

Eu e você, sem direção
             Me dê a mão e eu me perco mais
             Eu e você, sem direção
             Não solte a minha mão jamais...

                       Manu Gavassi - Direção

                                    Paulo Castagnoli On

  Mano, não acredito que hoje já é segunda. Por que o final de semana passa tão rápido? Olhei para o relógio e vi que era 6hrs. Levantei, tomei um banho, escovei os dentes e coloquei uma touca. Não vou arrumar o cabelo mesmo.

Terminei de me arrumar, me despedi dos meus pais que iriam viajar hoje, ouvi todas as recomendações da minha mãe e fiquei o pessoal na porta.

      O primeiro a aparecer foi o Caíque, com a maior cara de sono da vida.

Caíque:- Pra que escola em?

Eu:- Pra você ser menos burro.

Caíque:- Há há há....

Nathan:- Bom dia chatos.

Eu:- Nossa vocês estão com uma cara péssima, serio.

Caíque:- Nossa, serio? Legal né?

Ri da sua ironia e vi o Nathan reclamar da demora das meninas.

Nathan:- Não entendo porque elas demoram tanto.

Vi a porta da casa da Celina abrir e ela saiu. Tão linda.

Celina:- Bom dia meninos.

Eu:- Bom dia Lina.

Ela sorriu e logo veio o Caíque e seus comentários.

Caíque:- Nathan acho melhor a gente sair que química ta no ar aqui.

Nathan começou a rir, percebi a Celina envergonhada e fechei a cara pra eles.

Eu:- Vamos parar né...

Nathan:- Cadê as meninas Lina?

Celina:- Estão terminando de se arrumar.

Caíque:- Meu Deus, pra que tanta arrumação.

Elena:- Como assim pra que? Quer que eu saia na rua feia?

Maju:- Vocês não entendem né? Affs.

Caíque:- Eu não disse isso.

Nathan:- Vocês demoram muito.

Eu:- Vem Lina, vamos. Isso aí não vai terminar tão cedo.

Fui conversando com ela sobre coisas aleatórias até chegar no colégio, enquanto eles foram discutindo durante TODO o caminho.

Celina:- Eu vou pra sala.

Eu:- Mais já? Nem tocou o sinal ainda.

Celina:- Eu gosto de ir antes.

Eu:- Então eu vou com você.

Celina:- Não precisa Paulo, seus amigos estão te olhando. Provavelmente querem você lá.

Eu:- Depois eu falo com eles, vamos.

Seguimos para a sala e ainda não tinha ninguém lá. Faltavam uns 10 minutos para o sinal bater. A sala era estranhamente divida digamos, duas fileiras laterais e a do meio é um trio. Pelo menos da pra sentar com os meninos. Ela claro sentava com as meninas, a diferença é que eu sou da turma do fundo, por mais que o Nathan reclame, mas a maioria sempre vence né?

Eu:- Porque você vem pra sala antes?

Celina:- Sei lá, não gosto muito de ficar lá.

Eu:- Entendi.

Novamente nossos olhos se encontraram, mexi em seu cabelo e dei um sorrisinho atrevido. Só havia nós dois ali, não ia ter problema dar um beijinho nela né? Juntei nossas testas e ela sorriu, dei um selinho nela e ela sorriu um pouco.

Eu:- O que você ta fazendo comigo em?

Tirei seus óculos e iniciei nosso beijo, ela correspondeu e eu sorri um pouco. Até que ouvimos uma voz e ela se afastou rapidamente. Era a professora de literatura, dona Elizabete. Digamos que ela é a professora mais legal desse colégio.

Elizabete:- Que amor...

Celina:- Ai meu Deus...

Sorri com a vergonha dela e a professora continuou.

Elizabete:- Pode deixar, eu não vi nada.

Eu:- Valeu professora.

Coloquei os óculos nela

Eu:- Viu, ta de boa Lina.

Celina:- Mas eu estou com vergonha.

 Eu:- Eu sei, mas não precisa.

O sinal tocou, deixei um beijo em sua testa e fui para o meu lugar. Olhei para a professora que observava tudo sorrindo e sorri para ela. Logo percebi todo mundo entrando e os meninos sentaram do meu lado.

Nathan:- O que ta rolando em?

Eu:- O que?

Caíque:- Desde daquele dia você não desgruda da Celina.

Eu:- Nem é nada. Só vim ficar aqui com ela.

Nathan:- Ta né...

Elizabete:- Bom pessoinhas, já que o amor ta no ar hoje. Nós vamos iniciar o romantismo na literatura.

Ela jogou essa olhando para minha pessoa e sorrindo.

Caíque:- Por que ela olhou pra você?

Eu:- Ai e eu que vou saber? Porra em.

Nathan riu e eu voltei minha atenção para o que ela dizia.

Depois de algumas horas de aula e de ficar olhando pra Celina, finalmente chegou a hora do intervalo. Vi a Celina com as meninas e apenas sorri na direção dela. Vi alguns meninos e o João se juntarem a nós. Eles entraram em um assunto sobre a festa da noite passada... Não dei muita bola e fiquei mexendo no celular, até um deles chamar meu nome.

Rafael:- Que foi cara, não está dando atenção pro papo.

Eu:- Só não estou muito afim de ouvir vocês falando as mesmas coisas hoje.

João:- Deve ta assim por causa da estranha.

Sabia muito bem que ele estava falando da Celina.

Eu:- Ta querendo ficar com o olho roxo de novo?

João:- Ah qual é cara? Ela não sabe nem beijar. Maior estranha, sou mais a irmã dela.

Caíque:- Ou a Elena não.

Levantei o empurrei na parede e dei um tremendo de um soco em seu rosto.

Eu:- A próxima vez que você falar assim dela, não vai ser só um não.

João:- Falei em falo de novo.

Não aguentei, quando vi já estava rolando com ele no show, ele acertou um soco em minha boca e eu em seu olho.

Caíque me puxou com o Nathan e o Rafael segurou ele.

Eu:- ME SOLTA.

Nathan:- Cara, calma.

Eu:- Eu não vou fazer nada.

Vi uma voz feminina se aproximar e pro meu azar era a diretora Rosangela.

Rosangela:- Os dois pra minha sala.

Eu:- Mas ele...

Rosangela:- AGORA.

Fui andando em direção à secretaria, mas antes de entrar a Celina me chamou com as meninas.

Celina:- O que houve?

Eu:- Nada, vai ficar tudo bem.

Segui para a sala dela e sentei logo ele estava do meu lado e ela na nossa frente. Contei tudo que aconteceu, ele tentou dizer que era mentira, mas ela acreditou na minha palavra.

Diretora:- Você senhor João, já disse que não quero esse tipo de coisa no colégio. A próxima chamo seus pais aqui e você vai ganhar uma bela suspensão no histórico.

João:- Mais...

Diretora:- Sem mais... E você senhor Paulo, segure esses punhos. Nem tudo se resolve em briga.

Paulo:- Ok, desculpa.

João:- Ele partiu pra cima de mim e a senhora só fala isso?

Diretora:- Primeiro, se você não tivesse falado da Celina ele não ia pra cima de você. Segundo, eu dirijo esse colégio e sei o que fazer e o que não fazer aqui dentro. Agora podem ir.

Ele saiu de cara fechada, sorri para ela e voltei para a sala. Assim que entrei todo mundo ficou olhando para mim.

Eu:- Não fui expulso se é isso que vocês querem saber.

Fui para perto do pessoal já que a professora não estava na sala.

Maju:- Eaí, o que rolou?

Elena:- Anda fala logo.

Eu:- To bem ta gente, obrigada.

Caíque:- Para de enrolar.

Eu:- A próxima ele vai ter que vir acompanhado dos pais e levará uma linda suspensão, já eu preciso segurar os punhos, porque nem tudo se resolve com brigas. Palavras da nossa querida diretora Rosangela.

Nathan:- Caraca, ele deve ta bem puto.

Eu:- Muito, vocês não tem noção...

Maju:- Bem feito, ele é um idiota.

Elena:- Real, da próxima vez quem quebra ele sou eu.

Ri fraco e notei a incrível diferença entre ela e a Celina. Enquanto ela estava assim toda irritada, Celina que era a causa disso tudo ouvia tudo atentamente enquanto brincava com seus dedos. Eles entraram em um assunto aleatório e eu sentei do lado da Celina.

Celina:- Obrigada por isso, de verdade.

Eu:- Você sabe que não precisa me agradecer, não vou deixar ninguém ficar te humilhando.

Celina:- Mesmo assim, você poderia ter se dado mal. E olha, está machucado.

Eu:- Não se preocupa com isso, ele ta com um maravilhoso olho roxo.

Ela riu um pouco e eu fiquei apenas observando, até que a diretora entrou na sala. Fui para o meu lugar e ela começou a falar.

Diretora:- Queridos o professor de matemática não pode vir hoje e vocês vão sair mais cedo.

Caíque:- SERIA UM MILAGRE?

Diretora:- Quer ficar senhor Gama?

Caíque:- Eu? De forma alguma.

Diretora:- Hum... Podem ir, civilizadamente.

Peguei minhas coisas e saí com os meninos, às meninas saíram na frente. Quando chegamos na porta vi a Elena e a Maju, mas a Celina não estava.

Elena:- Vamos ter que esperar um pouquinho.

Nathan:- Por??

Maju:- Um nerdzinho fofo da outra turma chamou a Celina pra conversar.

Eu:- O que??

Caíque:- Irritado com isso?

Eu:- Claro que não, só achei estranho.

Elena:- Só sei que já quero.

Eu:- Eu vou indo.

Nathan:- Ei cara, espera um pouco.

Eu:- Não estou afim, quero ir pra casa.

Saí andando e não dei ouvidos para eles.

 

                              Celina Mesquita On

Depois que fomos liberados, eu e as meninas ficamos esperando os meninos no pátio... Até que um menino da outra turma pediu para conversar comigo. Confesso que não queria, mas fui. Ele começou a falar que gostava de mim, coisas desse tipo, apenas disse a ele que gostava de outra pessoa e que podíamos ser amigos, ele concordou triste e eu voltei para o pátio.

Elena:- Eaí maninha? CONTA TUDO.

Caíque:- Papo de menina, serio?

Elena:- Fica quieto.

Eu:- Ele disse que gostava de mim e eu disse que podíamos ser amigos.

Maju:- COMO ASSIM CELINA?

Eu:- Não grita. E vocês sabem...

Soltei essa e elas relaxaram entendo o que eu quis dizer.

Nathan:- Sabem do que?

Maju:- Nada lindo.

Eu:- Cadê o Paulo?

Caíque:- Não quis esperar, já foi.

Eu:- Ah...

Elena:- Vamos né? Chega de colégio mos né?

Fomos para casa e durante o caminho inteiro fui andando na frente, eles estavam entretidos em algum assunto e eu não estava com a mínima vontade de segurar a famosa vela. Assim que chegamos no prédio me despedi dos meninos e subi. Encontrei o Paulo no meio do caminho, mas assim que ele me viu subiu na frente... Me assustei um pouco com isso, afinal esses dias ele tem sido tão carinhoso comigo,  mas também não o chamei. Subi de elevador e entrei em casa.

Mãe:- Oi filha, cadê sua irmã e a Maju?

Eu:- Oi, estão com os meninos lá em baixo.

Mãe:- Hum... Elas e esses meninos, não sei não.

Eu:- Nem falo nada, vou subir.

Mãe:- Vai lá minha filha.

Subi, tomei um banho e logo percebi que as meninas estavam no quarto.

Elena:- Porque está tão quieta em Lina?

Eu:- Nada... Eu sou assim e vocês sabem disso.

Maju:- Foi porque o Paulo não esperou né?

Eu:- Olha, me deixem.

Elena:- Nossa ok linda.

Sei que fui grossa, mas só assim elas iriam parar, peguei meu notebook , meu fone e deitei pra assistir alguma coisa.

Maju:- Não vai almoçar?

Eu:- To sem fome.

Maju:- Ta né.

Fiquei assistindo alguns filmes e acabei pegando no sono...

 

        ~~ Alguns dias depois ~~

Hoje já é sexta e o Paulo não veio mais para a escola desde de segunda, achei extremamente estranho, pensei até que foi algum problema com os pais dele, mas eles estavam viajando. Pensei em ir no seu apartamento ontem também, mas os meninos me aconselharam a não ir. Não entendi bem o porquê, mas Nathan disse que ele estava apenas gripado, indisposto e não queria visitas. Não me convenci muito com essa historia, mas deixei passar.

São exatamente 18:00hrs, as meninas estavam na casa da Maju, vai rolar festa do pijama lá já que seus pais estavam viajando, fiquei de ir mais tarde para terminar alguns trabalhos.

Assim que terminei já era umas 2ohrs, me arrumei, peguei algumas roupas e desci.

Pai:- Juízo em.

Eu:- Pai eu vou estar no andar de baixo.

Mãe:- Chato né? Já sabe...

Eu:- Qualquer coisa liga. Podem deixar.

Pai:- Menina esperta.

Despedi-me deles e saí. O apartamento da Maju era no andar de baixo, do Caíque e Nathan no andar de cima e o do Paulo no mesmo que o meu, só que o dele ficava próximo ao elevador... Fui andando pelo corredor e quando passei pela porta do apartamento do Paulo, ouvi um barulho de algo quebrando. Parei e pensei em tocar a campanhinha, mas por um momento lembrei-me do que os meninos me disseram... E se ele estiver precisando de ajuda? Seus pais não estão em casa. Afastei todos esses pensamentos e toquei a campanhinha, ele não atendeu, então girei a maçaneta da porta e graças a Deus ela estava aberta. Entrei e ouvi o barulho de outra coisa quebrando, era no andar de cima, possivelmente no quarto dele, subi as escadas devagar e assim que cheguei no corredor senti um cheiro estranho... Continuei andando e parei em frente o seu quarto e logo ouvi ele gritar.

Paulo:- ME DEIXA CAÍQUE, PORRA, EU FAÇO O QUE EU QUISER. ESSA MERDA DE VIDA É MINHA.

Fiquei esperando a voz do Caíque surgir, mas ela não apareceu. Ele devia estar no telefone.

Ouvi outro barulho e abri a porta devagar, me assustei quando meus olhos passaram em seu quarto. Tudo estava revirado, parecia que um furacão tinha passado por ali. Havia umas garrafas de bebida jogadas no chão, algumas estavam quebradas. Na verdade muita coisa estava quebrada ali, quadros e até seu violão estava no chão. Mas o pior foi quando eu olhei para ele, assim que o mesmo percebeu minha presença. Seus olhos não tinham a cor que eu costumava ver, estavam vermelhos, seus cabelos bagunçados e em sua mão tinha uma garrafa, ia começar a falar, mas ele foi mais rápido.

Paulo:- Como você entrou aqui?

Eu:- Bom... A porta estava aberta e eu...

Paulo:- NÃO SE ENTRA ASSIM NA CASA DOS OUTROS.

Eu:- Eu vim ver se você estava bem.

Paulo:- Pois já viu, saí daqui.

Eu:- Por que você está assim?

Paulo:- Você não está entendo? SAÍ DAQUI.

Eu:- Eu não vou...

Ele olhou fixamente nos meus olhos, pegou no meu braço e tentou me empurrar.

Eu:- Para Paulo, você está me machucando.

Ele me soltou e jogou a garrafa que estava em sua mão na parede. Me encolhi com o barulho e me aproximei um pouco.

Eu:- Por que você está assim?

Paulo:- Me deixa Celina.

Olhei para a mesa que estava ao lado de sua cama e vi pó branco ali, sabia bem o que era aquilo. Por que ele estava usando isso?

Eu:- Isso é droga, você usou?

Paulo:- Não importa, vai embora.

Me aproximei mais ainda dele e peguei em seu rosto, seus olhos estavam cheios de lagrimas e ali eu percebi um Paulo diferente. Agressivo e sensível, compreensivo ou talvez nem tanto, carinhoso, mas precisando de carinho. Tinha um turbilhão de coisas dentro dele e isso era nítido em seus olhos, na sua atitude e na bagunça do seu quarto.

Eu:- Eu não vou sair daqui, me diz o que houve.

Paulo:- Eu sou um merda, minha vida ta uma merda. Meus pais querem se separar e eu nem sabia disso, eles não me contaram.

Quando eu percebi ele já estava chorando, peguei em sua mão e ele gemeu um pouco, havia um corte ali.

Eu:- Vem aqui.

Sentei com ele na cama e o mesmo continuou.

Paulo:- Eles estão me fazendo acreditar que está tudo mil maravilhas, estão me fazendo de idiota. Nem juntos nessa viagem eles estão cara.

Eu:- Como você descobriu isso?

Paulo:- Fui usar o computador da minha mãe e tinha uma conversa dela com uma amiga em seu facebook, eu li e descobri.

Eu:- Se eles vão se separar é porque não dá mais pra ficarem juntos.

Paulo:- Eu preciso deles juntos Celina, JUNTOS.

Eu:- Ei, calma. Não dá pra levar um casamento forçado adiante Paulo, isso não é só por eles, é por você também. É melhor uma separação do que você ser engano com um teatro ou brigas na sua frente. E outra, vai que isso só dure por um tempo. Tenha calma.

Ele respirou fundo e eu continuei.

Eu:- Foi por isso que você usou aquelas coisas?

Ele confirmou com a cabeça e eu voltei a falar.

Eu:- Isso faz tão mal, poxa.

Paulo:- Eu precisava me aliviar de alguma forma.

Eu:- Olha seu quarto Paulo, está tudo revirado. Acha que não se aliviou além da conta?

Ele permaneceu quieto e meu celular tocou, era a Elena.

 

~~ Ligação on ~~

Elena:- Cadê você?

Eu:- Não sei se vou.

Elena:- COMO ASSIM? Não vai ficar fazendo trabalho à vida toda né?

Eu:- Elena estou com o Paulo

Elena:- Hummm...

Eu:- Me deixa falar? Obrigada. Ele não está nada bem, devo ir aí mais tarde ok?

Elena:- O que houve? Quer que eu e a Maju vamos aí com os meninos?

Eu:- Não, acho melhor não. Vou desligar.

Elena:- Ta bom, qualquer coisa liga.

~~ Ligação off ~~

 

Paulo:- Você ia encontrar com as meninas né? Pode ir, eu to bem.

Eu:- Você não está e depois eu vou. Vem, vai tomar um banho, vou ver se tem alguma coisa pra você comer.

Paulo:- Você não precisa cuidar de mim.

Eu:- Você cuidou de mim algumas vezes. Vai lá.

Ele levantou seguiu para o banheiro e eu desci. Fiz um sanduíche com algumas coisas que tinha na geladeira e subi novamente. Sentei em sua cama observei umas fotos no chão, algumas estavam rasgadas, achei uma nossa de quando éramos crianças. Pra uma estranha, até que eu era uma criançinha fofa.

Ele saiu do banheiro secando o cabelo com uma toalha e seu rosto estava bem melhor agora.

Eu:- Bem melhor agora.

Ele sorriu leve e sentou do meu lado, olhei para a sua mão e ela ainda estava machucada.

Eu:- Tem alguma coisa pra fazer curativo?

Paulo:- Não precisa Lina.

Eu:- Ta no banheiro né? Vou pegar. Vai comendo.

Peguei uma maleta que havia ali e voltei pra o quarto. Sentei ao seu lado e peguei em sua mão, comecei a limpar e ele olhava atentamente para mim enquanto comia. Coloquei uma faixa ali e quando percebi ele já tinha acabado de comer.

Paulo:- Obrigado.

Eu:- Não foi nada...

Paulo:- Não só por isso, por tudo. Eu vacilei feio com você e você ta aqui, me ajudando...

Eu:- Você me disse que era pra esquecer toda essa história e eu esqueci. Ta tudo bem.

Ele pegou em meu rosto e eu fechei os olhos, logo senti seus lábios nos meus e minha boca sendo invadida por sua língua. Foi um beijo diferente, não sei dizer como, mas foi diferente.

Paulo:- Eu gosto de você.

Eu:- Você já me disse isso.

Paulo:- Não assim, eu gosto de verdade sabe? Eu acho to apaixonado.

Eu:- Não brinca comigo assim, por favor.

Paulo:- Eu não estou brincando Celina, eu... Eu amo você. Talvez isso seja há muito tempo, mas eu me dei conta agora.

Eu fiquei olhando para ele completamente em choque, eu só posso está sonhando, ele disse que me ama.

Paulo:- Fala alguma coisa, Pelo amor de Deus.

Eu:- Essas drogas ainda estão fazendo efeito? Você ta louco ainda?

Paulo:- Para, eu to falando serio.

Eu:- Eu te amo bem antes de você me amar

.Ele sorriu e me beijou novamente, tão bom quanto antes.

Paulo:- Eu espero que se for um sonho, eu não acorde.

Eu:- Desejo o mesmo.

Paulo:- Fica aqui comigo hoje?

Pensei um pouco, mas logo confirmei com a cabeça.

Mandei uma mensagem para Elena dizendo que ia ficar com ele e ela me mandou um monte de emoji.

Paulo:- Acho melhor a gente ir pro quarto de hospedes, não da pra ficar nessa bagunça.

Eu:- Uhum.

Ele pegou na minha mão e me levou para o outro quarto.

Ele deitou na cama e me puxou devagar, deitei em seu peito e serio isso só pode ser um sonho.

Paulo:- Que lance é esse de você me amar antes mesmo de eu amar você?

Eu:- Ai que vergonha...

Paulo:- Para vai, fala.

Eu:- Gosto de você há tanto tempo. Depois daquele beijo então...

Paulo:- Eu me senti diferente depois dele também, mas depois daquele baile... Sei lá, eu nunca me senti assim.

Eu:- Como vai ser no colégio? Acho que não vão gostar muito de você comigo, claro se você quiser.

Paulo:- Claro que eu quero. Não ligo pra opinião de ninguém naquele colégio e você também não deveria moça.

Eu:- Promete não usar mais aquelas coisas? Por favor...

Paulo:- Prometo, não vou usar nunca mais.

Ele beijou minha testa e eu sorri.

Ele tirou meus óculos e olhei para ele.

Paulo:- Você fica ainda mais linda sem eles.

Eu:- E cega também...

Ele riu e me beijou.

Eu:- Que sono.

Paulo:- Vamos dormir e obrigado de novo por hoje.

Eu:- Não precisa agradecer.

Paulo:- Eu amo você, muito.

Eu:- Também amo você.

Ele deixou um selinho em meus lábios e me aconcheguei em seu peito.

Se isso for um sonho ninguém me acorde, por favor!