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História Como Eu Me Tornei... - Anjo


Escrita por: kauany_lucia

Capítulo 5 - Anjo


Fanfic / Fanfiction Como Eu Me Tornei... - Anjo

Eu perdia e retomava a consciência, sem focar em nada, a chama consumindo-me e dominando-me. Sempre que voltava à um de meus momentos conscientes, tentava encontrar a voz doce, ainda que terrivelmente histérica, de Ana, dentre o tumulto da multidão. Entretanto, eventualmente, os gritos se extinguiram, ficando cada vez mais e mais fracos, mais distantes, e senti-me indo à deriva, flutuando em direção ao desconhecido.

De repente, por alguma razão que eu não entendi muito bem, abri meus olhos. A espessa fumaça os fez queimar e arder, sufocando-me. Não conseguia ver nada, por todo o lugar havia apenas uma grande massa de acinzentada névoa branca. Não, espere, havia algo lá. Uma figura negra estava caminhando lento, e ainda graciosamente em minha direção, parecendo derreter pela impenetrável névoa. Seu contorno estava embaçado e eu apenas era capaz de dizer que era uma forma humana. Seria este nebuloso e terrível lugar o Paraíso ou o Inferno? E se fosse o Paraíso, essa figura seria um anjo ou Deus? Tentei gritar, perguntar quem era, mas logo que abri minha boca, senti a sólida e nebulosa fumaça adentrá-la, assolando meus pulmões. Tossi incontrolavelmente, tudo estava girando.

Olhei para cima para procurar pela figura novamente, mas, não estava lá. Eu estava confusa, de repente sentindo-me mais sozinha do que jamais me senti. Olhei ao redor, procurando-o, caçando por ela.

“Criança”

A voz veio de cima de meu ombro direito, e com aquelas poucas sílabas eu soube duas coisas; Uma, era a voz da sombria figura – ou do Anjo, se é que era isso – que eu podia ouvir e dois, aquele Anjo era um homem. Ele falava calmamente, tão suave e sedutor, até musical.

“Qual o seu nome, criança?” Ele indagou.

“J-Jane” eu gaguejei em resposta. Minha voz mal era um quebrado sussurro, dificilmente audível para meus ouvidos, mas, meu anjo pareceu ouvir pois acenou com a cabeça. Ele pausou, acariciando meu ombro com seus suaves, longos e brancos dedos como mármore. Eles eram frios como gelo, como se os tivesse colocado debaixo de água congelante. Eles se sentiam prazeirosos, em contraste com o calor escaldante ao meu redor, e tentei me virar para ver o rosto do meu Anjo. Sua mão, entretanto, segurou meu ombro, tornando isso impossível. Seu aperto era forte como ferro, mil vezes mais forte que o do guarda, e eu podia dizer que ele seria capaz de esmagar-me como eu seria capaz de esmagar uma formiga, sem esforços.

“Jane” Ele meditou, afagando minha pele.

“Fique parada então, minha Jane querida, ” veio a voz suave e sedosa do Anjo. Eu podia sentir seu hálito em meu rosto, doce e fresco. Cheirava delicioso, como maçãs de outono ou rosas.

Pude sentir o Anjo curvando-se sobre mim, seu rosto pairando em cima de meu ombro. Ele parecia me cheirar, inalando meu aroma. Perguntei-me o que ele estava fazendo e estava prestes a perguntá-lo, quando senti seus gelados lábios gentilmente tocarem minha clavícula, sua rígida língua ternamente lambeu minha pele. De repente, ele abriu sua boca e enterrou seus dentes em minha carne.

A princípio eu não podia sentir nada, curiosa e levemente enraivecida por ele me tocar daquele jeito. Então houve a dormência. Se sentia estranho, como quando eu havia acidentalmente sentado em minha perna e ela ficou dormente, um formigamento estranho tomando lugar de qualquer sensação normal.

A dormência espalhou-se por meu braço até a ponta de meus dedos, fazendo-os também formigar. Procurei pelo Anjo ao meu redor, mas ele não estava lá. Comecei a entrar em pânico, ansiando por sua misteriosa e tranquilizante presença.

Foi aí que a queimação começou.


 



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