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História Como Fogo e Gelo - Exposto ao Fogo


Escrita por: EroSeven e KeshaGang

Notas do Autor


OE OE!
Tudo bem com vocês? <3
Eu vou uma merda, obrigada ~
Aqui mais um capítulo, espero de verdade que gostem!
Boa leitura!
Kissus kissus

Ja nee ^^

Capítulo 7 - Exposto ao Fogo


Lian

Não tinha outra palavra para descrever aquilo que eu sentia, era única e apenas humilhação. Não era o meu pior dia, mas de fato entraria na lista dos Piores Dias da Minha Vida. Eu me segurei para não dar meia volta e fazer aquela vadia da Charlie se arrepender de ter comprado essa briga.

Eu a conheço desde a quinta série, sei que ela não é flor que se cheire, sempre metida, sempre provocando com a sua conveniência, sempre brincando com fogo. Só que dessa vez, ela está brincando com uma coisa muito pior que fogo.

Briguei com Roman hoje no café, meu fã doentio me ataca sexualmente no banheiro, descubro que tenho uma atração gay pelo meu “melhor” amigo, e agora vejo uma das pessoas que mais odeio de fogo com ele.

Eu realmente estou em uma crise de azar.

Pisei no acelerador e agarrei o volante com tanta força que meu punho doeu e as palmas de minhas mãos arderam. Minha respiração estava ofegante e seu sentia os batimentos do meu coração fortes contra meu peito, eu estava com tanta raiva. Raiva de Adriel e sua nova vadia, de Austin e a porra do seu coração partido, de Roman e a merda da empresa dele, e eu descontava toda a minha raiva do acelerador e no volante.

Sim, eu estava andando rápido, mas nos limites, não queria uma multa para piorar tudo.

Eu só queria ir para casa e descontar minha raiva em alguma coisa, beber umas cervejas deitado na minha cama e passar o dia inteiro terminando de assistir as minhas séries, trancado no único lugar onde tudo o que eu fazia era maravilhoso, pois ali eu estava em paz. Pelo menos já havia terminado a minha última tradução e já havia enviado para Vincell, ele iria me pagar na quinta.

O sinal havia se fechado, e eu parei. Eu estava com os olhos vidrados para frente, perto da saída da cidade; algumas mechas do meu cabelo estavam caindo sob meus olhos, havia uns dois carros em ambos os meus lados, algumas pessoas atravessavam a rua, o céu estava escurecido por nuvens negras carregadas por mais uma chuva.

O mundo da voltas e mais voltas, sempre na mesma direção, sempre rodando em volta de uma pequena estrelinha que também gira e, de junto a outros trilhões de estrelas, tornava-se algo perdido numa pequena galáxia, esta qual perdida em meio ao nada. E eu estava apaixonado. Não era uma quedinha, não era um sentimento de posse, nem um talvez apaixonado, eu estava apaixonado por Adriel porque ele escolheu ficar ao meu lado. Eu estou tendo uma paixão medíocre e nada a minha volta se importa com isso, é insuportavelmente inútil para humanidade mais alguém se apaixonar. Mas para mim era algo tão novo, tão dolorosamente vivo.

Agora eu entendo o que é a escolha de sofrer por amor a viver sem amor.

Respirei fundo, coloquei meus cabelos para trás e segurei o choro.

O sinal abriu e eu corri dali.

Liguei a rádio, que tocava uma música qualquer, enquanto entrava na rodovia Rosário. Eu estava na saída da cidade de Daphne. Evitei cortar as pessoas em meio ao transito, que por sinal não era nada muito caótico, e tentei manter minha mente vazia, na caixinha do nada, longe de qualquer tipo de pensamento que me fizesse ficar ainda mais ansioso; nada de ruivo adorável, nada de pai egoísta, nada de loiro psicótico. Ficar cantarolando No.1 Party Anthem - Arctic Monkyes com a rádio me ajudava, eu encarava a frente de forma quase hipnótica, meus olhos estavam tão abertos e arregalados que começaram a arder,  logo eu chorava.

...Respire e Inspire...

Mas aquilo não fazia a dor passar, por mais que evitasse Adriel e mantivesse aquele coquetel de emoções sob o controle físico, meu peito doía, meus joelhos tremiam, minhas mãos ardiam.

E a porra do meu celular não parava de tocar. Eles não me deixavam em paz.

[...]

A Família O’Hanoly morava em um dos condomínios mais luxuosos da região entre Daphne e outras cidades. Ano retrasado nós morávamos num apartamento caro em um dos prédios bem ao centro de Daphne, mas por falta de colaboração dos vizinhos e pela saúde de Sammy, Roman comprou um lote no condomínio Vila Stenio e construiu uma casa bem grande e mais próxima do bosque.

Foi para o bem de Samantha.

Mas eu odeio aquela casa só pelo fato de ter que compartilhá-la com Molly e Roman. Ela já tentou fazer as pazes comigo, mas como eu disse, sou amargo e rancoroso, já Roman, ele mal me vê, está sempre viajando e odeia tocar no assunto “Os erros que eu cometi com o mais velho”, é... Ele nunca me pediu desculpas.

A casa era branca, com pilares de mármore, tinha três pisos, o primeiro para cozinha, copa, sala e blábláblá, o segundo andar era o dos quartos, biblioteca e a adega de Roman, e terceiro era o quarto de Sammy.

É, ela tem um andar só para ela, mas não acho injusto comigo, eu adoro mimá-la também.

A garagem era imensa mesmo que apenas para três carros, o meu, a BMW de Molly e a Ferrari preta de Roman, o que é uma família rica sem seus carros esportivos e caros? A garagem ficava ao lado da casa, e um pouco a frente, a piscina. Eles haviam contratado um jardineiro novo, um homem de meia idade com cara de quem acabou de tomar xarope de abacaxi, ele estava reparando as cercas vivas.

Ainda tinha o jardim super caprichado da Molly na parte de trás.

Eu realmente odiava aquele lugar, ainda mais com o cheiro de grama cortada.

Estacionei meu carro um pouco atrás da Ferrari, peguei todas as minhas coisas e mesmo que eu mal tivesse saído do carro, o cachorrinho irritante da Molly veio latir para mim, o chihuahua cor-de-merda se chama Fofuxo, ele vive usando pijaminhas que a Molly compra pra ele. A gente se odeia, mas pelo menos é engraçado assistir os pulinhos que ele da para trás toda vez que late.

 

– Sai, cão! – falei batendo a porta do carro, enquanto o mini capeta rosnava para mim.

Andei até a porta de casa, peguei na maçaneta fria e dourada e senti uma ansiedade gelada subir meu estomago, pois eu de fato não queria ver minha família, não... A única família que eu tinha mesmo era a Sammy.

O hall era ainda mais luxuoso, Roman adora viver no luxo, e por isso colocou um lustre de cristal logo na entrada; o piso branco havia sido limpo, impregnado pelo clássico cheiro de lavanda, tudo estava um brinco. Uma das empregadas, que regava um dos vários vasos de flores da casa, me olhou tensa, quase que com pena de mim. Era Maria, uma das funcionárias que mais durou por aqui, ela participa da minoria da cidade que tem pena de mim; é uma mulher gordinha, negra, com olhos grandes e amendoados, lábios grossos e bondosos, eu simplesmente amo a comida daquela mulher, conheço ela desde os onze anos, mas infelizmente, por ordem de Roman, os empregados não podem ser muito próximos ou conversar durante o trabalho.

Mesmo assim, sorri para ela, ela me deu um sorriso nervoso e me cumprimentou com a cabeça.

Olhei em volta, o hall tinha uma porta de cada lado e a escada, a direita levava a cozinha e a esquerda para os outros cômodos dos quais pouco me importo. Apressei-me e subi as escadas até o quarto degrau, mas uma voz doce e simpática me chamou.

– Lian, querido... ­­– Molly apareceu da cozinha com o seu demônio de estimação no colo. – Chegou cedo!

Virei-me para trás, sério, eu realmente não suporto a aquela mulher, não depois do que ela fez com a minha mãe; Molly é uma mulher alta, tinha grandes olhos da cor verde, lábios carnudos e rosados, maças do rosto coradas e queixo fino, seus cabelos castanhos estavam presos num coque, e sua franja, guardada atrás da orelha, usava um vestido preto florido e meigo.

– Não estou me sentindo bem, vou para o meu quarto. – Virei as costas novamente, respirando fundo enquanto uma mecha do meu cabelo caía nos meus olhos ao que eu subia mais um degrau.

– L-Lian... Espere! – Molly gaguejou. – Fique um pouco, coma com a gente, eu acabei de fazer uma torta de avelã, eu sei que você ama avelãs.

– Recuso, obrigado – respondi ainda em direção ao andar de cima.

– Querido...

– O que você quer? – perguntei alto e grosso, virando meu rosto para ela. Eu a encarei com todo o ódio que eu sentia, eu estava com lágrimas nos olhos, e o maldito chihuahua começou a latir pra mim. Molly não fez nada, apenas ficou quieta me encarando, tentando achar palavras para me peitar; ela nunca conseguia. Já que ela não iria falar nada, continuei a subir as escadas ignorando completamente a existência dela, e torcia para não me encontrar com Roman no meio do percurso até o meu quarto.

E assim foi.

Minha porta tinha três trancas, era o único lugar em que só eu entrava com naturalidade, as faxineiras pediam permissão para entrar, isso nos dias de limpeza, pois eu normalmente o tranco. Eu sei que temos empregados bisbilhoteiros que adoram fofocar. 

Meu quarto era adorável, cortinas pretas blackout com janelas meio abertas, visto que amo lugares mal iluminados, uma cama de casal só minha, acompanhada de cobertas cinza e azul cinzento, travesseiros meio bagunçados, criados-mudos enfeitados com latinhas de refrigerante vazias, porta-retratos meus com Sammy, abajures, que incluíam um de lava azul, e papéis de bala. Meu guarda-roupa era de madeira escura e ficava ao lado da porta, eu tinha também uma mesa de escritório ao lado do banheiro, que servia apenas para traduzir algumas coisas e escrever um pouco.

Com o dinheiro do meu pequeno emprego temporário, comprei um frigobar só para não precisar sair do meu quarto e descer para pegar alguma coisa, e fiz questão de comprar com o meu dinheiro só para Roman não me questionar.

Sim, aquele quarto foi projetado para que eu nunca saísse dele e encarasse a cara do Roman.

Joguei minha mochila no chão e coloquei meus cadernos sobre a mesa, liguei o ar-condicionado na temperatura mais baixa possível e retirei minha camisa branca.

Esqueci meu blazer no carro.

Joguei as chaves no meu criado mudo e me deitei, socando a cara no travesseiro.
Sem os latidos daquele cachorro idiota, só o som do ar-condicionado.

Eu finalmente podia chorar.

E eu chorei, chorei por ciúme, por estar confuso, por estar com raiva. Eu me sentia humilhado, me sentia exposto de mais, me sentia imundo, uma vadia, pois eu... Nunca tive atração por outro cara, na verdade eu nunca dei corda para qualquer tipo de romance, das poucas vezes que eu “me apaixonei”, nunca foi desse jeito, da maneira como me apeguei a ele. Eu me excitei com ele de uma forma totalmente acidental, mas isso me mostrou uma coisa que eu ignorei totalmente de alguns dias para cá.

Eu me importava de mais com ele, me preocupava de mais, ficava ansioso de mais por ele, ficava feliz de mais com ele por perto, e ninguém nunca me fez sentir desse jeito.

Não foi uma ereção causa por hormônios cheio de inocência, foi porque eu realmente tinha tesão nele, eu realmente o vi com outros olhos.

Charlie iria fazer mal a ele, esse lugar faz isso com qualquer pessoa, e se penar bem, de certa forma, em algum momento da história da vida dele, eu irei fazer mal a ele.

E dessa vez não adianta sentar e esperar que esse sentimento vá embora, não é como as outras vezes, não era apenas posse, Adriel não é um presente ou um objeto.

Adriel, Adriel, Adriel.

Seu nome estava selado na minha mente, marcado, eu talvez estivesse de fato apaixonado. Naquele momento, enquanto berrava abafado pelo travesseiro, eu não tinha ideia de nada, eu simplesmente sofria, estava frustrado, enciumado e com raiva.

Sim, eu estava apaixonado finalmente, mas era só o começo do iceberg, eu estava muito mais fodido do que eu imaginava, e iria chorar muito mais do que eu pensava.

Eu fungava, grunhia, gemia e berrava, a falta de ar incomodava, mas abafava os berros e evitava preocupações alheias das pessoas que estavam do outro lado da porta; tudo o que eu via, com os olhos bem fechados, era preto, eu podia sentir as lágrimas de gosto salgado encharcando a fronha. A dor no meu peito parecia querer espremer meu coração, chorei tanto que minha cabeça começou a latejar de dor.

Olhei para o lado e relaxei cada músculo facial, as minhas costas estavam geladas por conta do ar-condicionado, mas meu rosto estava quente, minha visão ainda estava turva e embaçada pelas lágrimas e eu respirava entre soluços, sem muito esforço pude ver que havia feito uma poça no meu travesseiro. Eu chorei como se aquele sentimento vago de ser esquecido fosse embora, e que depois da crise não iria mais me importar, mas não foi assim. Meu celular estava jogado ao meu lado, ativei a tela e encarei o papel de parede, uma foto minha com Sammy numa ponte. Era uma da tarde, a senha do meu celular esperando, e nenhuma mensagem.

Talvez eu realmente tenha sido esquecido, se pensar racionalmente, faz sentido; Adriel passou o recreio todo quieto, olhando de canto para aquela menina, eles flertaram o intervalo inteiro, Adriel olhava que nem um bobo para ela, por mais que ele repetisse milhões de vezes que aquele relacionamento era casual, que fazia um tempo que não saia com alguém. Eu, como um amigo compreensivo e hétero, deveria entender e  incentivar, talvez a Charlie não seja a única, nem a última.

Eu passei o recreio inteiro quieto, de fato deprimido, e Adriel notou, talvez tenha sido esse o motivo de ele ter falado pouco comigo, ele sabe do espaço que tem que respeitar, sabe do limite que eu mesmo impus a ele. Ele só ficou ali comigo, do meu lado, me seguindo para cima e para baixo.

E mesmo tendo ele ao meu lado, tentando conversar comigo e respeitando o meu espaço, ele se importava com outra coisa também, pois de certa forma... Eu fui esquecido, e isso é culpa minha, por ser tão frio e tão fechado.

Não sabia o que eu queria enquanto olhava para o teto chorando e lamentando, mas eu simplesmente desejava que uma difusão miraculosa me deixasse completamente exposto só para que ele visse que eu não estava bem, só para que ele se preocupasse e se lembrasse de mim e soubesse de cada motivo para eu estar daquele jeito. Queria muito que Adriel violasse os limites, que ele visse por conta própria o quanto ele se tornou importante. Pois o que ele fez em algumas semanas, ninguém faz em uma década – E o motivo disso era única coisa que eu sabia naquele momento; ele assumiu a responsabilidade de se importar comigo.

Eu o tinha, mas ao mesmo tempo ele não me pertencia.

Eu precisava de um motivo para sentir ciúmes?

Se eu não decidisse ocupar minha cabeça bebendo, comendo e fazendo maratonas de séries, eu iria passar a tarde inteira chorando.

Era justo tentar esquecer por pelo menos algumas horas.

Decidi então tomar um banho bem gelado com o som alto tocando System Of A Down, havia tomado algumas cervejas para tentar relaxar, e foi complicado não pensar em algum problema meu, até porque a maioria deles eu não tenho a solução, e toda vez que toco em um deles para tentar solucionar, entro em pânico e fico com ainda mais raiva. Imagine se eu sofresse de TPM?! No final de tudo, a caixinha do nada era a minha heroína.

Assim que coloquei uma samba canção confortável de cetim e uma regata branca rasgada e manchada, me joguei na cama. Havia latinhas espalhadas por todo o meu quarto, coisas jogadas no chão, um dos empregados havia me chamado para almoçar, mas não queria comer. Meu notebook estava aberto sob a cama, estava jogando tempo fora lendo algumas porcarias e assistindo bobagens. Havias duas mensagens de Adriel no Skype, estavam ali há horas, mas ignorei, fingi que não existiam, e depois de uma ligação ignorada do Skype, doze mensagens no meu celular e duas ligações perdidas, decidi parar de fingir que estava ocupado e saber logo o que ele queria.

“E ai? Vc ta melhor? – 12:46”

 

“Aquele babaca veio comprar briga na saída – 12:46”

 

“Foi legal, queria que vc estivesse lá só para ver – 12:52”

 

“Ok, vc ñ ta legal... – 13:30”

 

“Fala comigo mano ;-; – 13:34”

 

“Pelo menos me atende no Skype, eu sei q vc ñ ta ocupado, seu bêbado – 13:57”

 

“Ok, eu sei q vc odeia a Charlie, eu vi o jeito q vc tratou ela quando foi em bora, ta? – 13:57”

 

“Se vc ta mal mano, fala cmg pelo menos, esqueceu q existe uma coisa chamada *AMIGOS* - 14:02”

 

“Vou te ligar!! – 14:05”

 

“Seu merdinha, atendeeee ;-;  - 14:10”

 

“Ta bom, dclp flw.. Eu to preocupado, tenho coisas para te contar e EU SEI q vc ta triste, ñ sei se é cmg ou se com o babaca louro, mas vai ficar tb <3 – 14:11”

 

A última mensagem era uma foto do Adriel sentado no sofá marrom rasgado que ele tinha. Ele mandava um beijinho com uma piscadela em uma pose ridícula com a mão esquerda no formato de uma metade de coração, como esperasse que eu enviasse outra foto o completando.

E o gay ainda sou eu.

Ele estava muito fodido, eu até senti um pingo de pena. Voltei para minha pose de sério assim que notei que eu estava sorrindo feito um idiota, e pensei comigo mesmo:

Achei pouco!

Eu sei que Adriel já saiu de brigas muito piores, tanto que ele quase morreu em uma, e mesmo estando um pouco enferrujado, eu conhecia o lado louco dele, eu tinha quase certeza que Austin havia se saído muito pior.

“Relaxa, eu estou bem, e pare de usar essas abreviações, esses erros estão me dando agonia. – 14:57”

 

Quando enviei aquilo, pude perceber que ele não estava online há alguns minutos, mas assim que minha mensagem foi enviada, ele ficou online na hora, visualizado e respondido no mesmo instante:

“Pqp heim! Da pro senhor me atender no Skype? – 14:57”

 

Revirei os olhos, mas no fundo eu estava feliz por ele ainda se preocupar comigo. As mensagens no Skype eram bem semelhantes as que ele tinha mandado antes, enchendo o saco com carinhas irritadas e me perguntando se eu estou bravo com ele ou se já estou melhor.

“Pode ligar, quero saber mais dessa briga! – 14:58”

E não demorou muito para isso acontecer.

Romeu havia quebrado o seu webcam sem querer, mas antes conversávamos direto por chamada de vídeo, agora então nos limitavam as ligações de voz. Assim que cliquei em no botão de atender, o seu timbre relaxado, rouco e de tom feliz berrou:

– Finalmente, Sr. O’Hanolly!

– Cala a boca, caralho, eu estou no viva voz aqui em casa! – falei grosso e irritado.

– Você se fodeu, então, porque eu estou louco pra te contar o que eu fiz com aquele tarado! – Sua voz mostrava o quão ansioso ele estava para falar sobre isso comigo, e ele parecia estar mastigando alguma coisa também.

– Ok, ok, desembucha, tenho coisas importantes para fazer! – menti de forma bem ranzinza.

Ok, ok, desembucha, tenho coisas importantes para fazer! – Adriel tentou imitar minha voz de uma forma ridícula, segurei meu riso. – Eu estava indo comprar ração para o Romeu, e mano, o Austin apareceu da casa do caralho e quase me atropelou.

Serrei meus punhos, eu estava boquiaberto, e de novo senti uma raiva imensa dele.

– Ele fez o que?!

– Isso mesmo o que eu disse! – sua boca estava de fato cheia de alguma coisa. – E o pior é que ele chamou mais um brother pra cuidar de mim.

– Mas que filho da puta! – falei alto, sem me preocupar se tinha alguém tentando ouvir alguma coisa. – Espero que tenha descido a mão em alguém pelo menos.

– Haha, é como perguntar a um peixe se ele sabe nadar! – riu ele, seu riso rouco e debochado fez um calafrio subir a minha coluna. – Eu saí só no caco também, mas cuidei bem do louro, pode crer!

– Quero muito ver o rosto dele amanhã! – exclamei ansioso, abrindo um sorriso.

Por um momento nós permanecemos em silêncio, eu só podia ouvir sua respiração e a coisa crocante que ele mastigava.

– Mas enfim, eu meio que falei a real pra ele, sabe?! – eu fiquei quieto. – Falei umas verdades e outras coisas na cara dele, por pouco ele não chora. E se esse assunto chegar aos ouvidos do treinador, mais os assédios, podem acontecer a ele coisas piores do que ser expulso do time.

Eu fiquei quieto por um momento, pensando no que fazer, e a verdade é que eu caguei com todas as forças do universo para o que vai acontecer com ele; eu peguei receio, ódio talvez, mas ele me eu muito medo por anos, quando eu percebi que ele gostava de mim, eu achava que ele era um doente. Ok, talvez ele seja um pouco, mas se pensar bem, posso usar isso contra ele para me deixar em paz.

– Vamos deixar isso quieto, agora que eu tenho meu guarda costas particular ele não vai mais me perturbar! – falei rindo nasalado.

– Vai se foder – ele retrucou brincalhão, com a boca lotada da coisa que ele estava comendo.

– Para de falar de boca cheia – eu disse em um tom mais abatido, e novamente, ficamos em silêncio. Eu estava sentado em posição de lótus em frente ao computador, segurando uma bolinha com uma foto bem bonita dele; eu olhava para aquela foto e o meu coração chegava a bater mais forte.

– Você e o seu pai brigaram de novo, né?

– ... Aham... – murmurei em resposta, em um tom abalado, deixado claro que não era só o beijo com Austin que havia me deixado triste. Bem, também tinha a parte de que eu tenho uma queda por ele, mas disso ele não precisa saber.

– Quando isso aconteceu? – seu timbre estava mais tenso, soava preocupado.

– Hoje de manhã – respondi coçando a nuca, meu peito pesou. – Ele jogou um copo de vidro em mim.

– Wow... – ele pareceu chocado e até revoltado. – Você quer conversar pessoalmente sobre isso?

Eu fiquei alguns segundos em silêncio, meu queixo tremeu e os meus olhos se encheram de lágrimas, engoli um seco e respirei fundo.

Sim, eu quero!


Notas Finais


E foi isso, gente <3
Agradeçam a Gabe por esse capítulo, quero lamber ela inteira :')
Espero que tenham gostado e que continuem acompanhando a gente até o final dessa jornada com o Adriel e o Lian. ~
Até o próximo!
Kissus kissus

Ja ne ^^


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