História Como Não Perder Essa Garota - Melhor Ou Pior Dia?

— Tem algo errado. - Mumurou baixo.

Sakura ficou pensativa. Afinal, o que estava acontecendo? Seus pais nunca agiram desse jeito, sua mãe parecia querer contar algo, estava aflita, e seu pai... bom, ele principalmente, ela nunca o viu assim, abatido e chorando.

Apesar dela ter aprendido com eles mesmo como esconder seus sentimentos, é fácil ela enganar alguém, é fácil ela não deixar que ninguém consiga a "ler", mas seus pais estão sensíveis, eles não conseguiram esconder o que sentiam, algo ruim está acontecendo, não, é algo péssimo e ela está disposta a descobrir o que é.

Ouviu a doce e alta voz de sua mãe, se levantou e foi até a cozinha.

Se sentou e começou a comer, o clima estava tenso, parecia que uma aura de tristeza havia invadido o ambiente, o pior é que isso suga somente a alegria dos seus pais.

"Como eu queria estar assim no lugar deles."

Pensou enquanto os olhava, o que de tão ruim eles esconderiam dela? Seria para protegê-la? Mas do que? Dói mais vê-los sofrendo assim do que sofrer junto.

Puxar assunto não vai adiantar, ela sabe melhor do que ninguém que quando seus pais estão quietos é pra deixá-los quietos.

Mas é tão ruim ver o seu pai que sempre é o primeiro a fazer gracinhas estar triste.

Resolveu que não iria falar nada, eles falariam pra ela se fosse necessário, não falariam?

Terminou de comer e colocou seu prato na pia, voltou para o local e os olhou uma última vez antes de subir.

Subiu as escadas, e a cada degrau um pensamento.

"Por que estão agindo assim?"

"Fui eu? Eu fiz algo errado?"

"Não, isso nunca aconteceu antes."

"Sempre que eu faço algo de errado eles se sentam comigo e nós conversamos."

"Sinto falta de conversar com os dois."

Sentiu seu peito apertar, como ela não conseguia saber o que estava acontecendo com pessoas tão próximas a ela?

Inútil, isso que ela sente, inutilidade.

Chegou no seu quarto, se deitou novamente e ficou lá encarando o teto e esperando o tempo passar, ela precisava sair um pouco, num pulo se levantou e foi jogar água no corpo.

Pegou um vestido floral, calçou a rasteirinha, passou um brilho nos lábios e soltou suas madeixas.

Colocou seu celular na bolsinha junto da carteira e foi até o quarto dos pais.

Bateu três vezes e entrou.

— Mãe, vou dar uma volta, qualquer coisa me ligue ok?

— Tudo bem.

Fechou a porta e saiu, não pegou o carro, resolveu ir à pé. Ela precisa caminhar um pouco, sentir o ar puro.

Já no caminho do parque ela sentia o vento levar seus cabelos, o doce aroma da primavera invadia suas narinas e ela inspirava e expirava.

Fechou os olhos e deixou que a natureza a guiasse, os abriu e de longe viu uma linda cerejeira, deu pequenos passos até a belíssima árvore.

Se sentou debaixo da mesma e fechou novamente seus olhos.

Seus músculos relaxaram no tronco e resolveu ficar ali mesmo.

— Sakura?

Essa voz, essa rouca voz lhe arrepiou, se lembrou de muitas coisas...

Ainda de olhos fechados franziu o cenho, não queria os abrir, não queira o ver, na verdade ela não queria ver ninguém.

— Hey... tudo bem?

— Hum?

— Está tudo bem?

— Tá, tá sim... eu acho - Sussurrou a última parte.

Ele se sentou do seu lado e a olhou com um pequeno sorriso, ah ela se lembra bem desse sorriso, mas não é hora de se lembrar disso.

— O que foi Sasori?

— Nada, só é estranho te ver assim, quietinha e desanimada.

— Está tudo bem, me deixa sozinha um pouco? - O olhou suplicando.

— Está bem, mas antes...

Ele a puxou para um forte abraço. Por que ela estava tão sensível? Ah Sasori, por que você é assim?

Retribuiu o abraço o apertando mais, seu cheiro é maravilhoso, seu abraço é confortável e seus braços a acalma.

Desmancharam o ato, se encararam por um momento até que Sasori toma outra iniciativa, segurou com carinho o pequeno queixo da pequena cerejeira, puxou seu rosto cuidadosamente e a beijou.

Aquilo a assustou, seus olhos verdes se arregalaram e ela não sabia o que fazer além de retribuir o ato, fazia tempo que ele não a beijava assim... de um jeito apaixonado.

Infelizmente a falta de ar chegou, desfizeram o beijo, ele a olhou e acariciou seu delicado rosto com o polegar, ela sorriu fraco e fechou os olhos, aquilo estava muito bom.

Sentiram pequenas gotas pingarem sobre suas peles, estava chuviscando, se olharam e sorriram.

— Acho melhor irmos pra casa, vem vou te levar. - Sasori disse parando as carícias.

Por um momento ela sentiu falta disso.

Ele se levantou e a ajudou a fazer o mesmo, se assustou ao sentir sua pequena mão ser puxada pela dele, grande e macia. Ele a levou até seu carro correndo, abriu a porta para que ela entrasse, assim fez.

Foram conversando, não muito, Sakura não estava tão animada para conversas, preferia ficar em silêncio e ver as gotas escorrerem no vidro e as luzes da cidade se embaçarem.

Já estava anoitecendo, ela só quer voltar pra casa e descansar.

Chegando na frente da bela casa dos Haruno's, Sakura abriu a porta do carro, quando ia sair sentiu seu braço ser puxado, seus olhos e boca se arregalaram.

Sentiu os lábios quentes dele sobre os seus gelados, sua língua dançou com a dela, aquilo nunca vai deixar de ser bom.

— Eu te amo. - Ele sussurrou.

Ela só conseguiu sorrir.

Saiu do carro e apertou a campainha, logo o grande portão abriu, se virou para o veículo e acenou antes dele dar partida.

Adentrou a casa, o silêncio chegava a dar medo, seus pais com certeza estão preparando tudo para viajem de amanhã.

Subiu as escadas, a cada passo a chuva engrossava mais.

Sorriu discretamente, um dos motivos por ela amar a primavera é a chuva, ela ama a chuva, quer aproveitar cada momento.

Entrou no quarto e foi para o banheiro, tomou um banho quente e vestiu seu pijama de unicórnio, foi até a cozinha e preparou um chocolate quente, voltou para o quarto e colocou a netflix na TV, resolveu assistir antes de dormir.

Aquilo era bom demais, poderia estar tudo bem, mas ela sabia que não estava, soltou um longo suspiro e se deitou.

Ela só precisa de um pouco de paz.