História Como Pode Ser?! - Imersa

Estava olhando para o relógio enquanto batia os pés freneticamente. Mordi o canudo do copo do Starbucks pela milésima vez em agonia.

Quando ponteiro chegou aonde queria, levantei num pulo. Acenei para a garçonete atrás do balcão e deixei uma nota de cinco em cima da mesa onde estava. Saí da cafeteria e descartei meu copo no lixo mais próximo e comecei a correr em direção à escola.

Eu queria falar com Rosé, mas estava de suspensão e não poderia adentrar os portões do colégio. Então, fiz o que Jennie sugeriu.

Saí de manhã, como de costume, e só voltaria à tarde. Assim meus pais não desconfiariam de nada, até porque eles me matariam se soubessem que eu havia ganho uma suspensão.

Como as aulas já tinham acabado quando cheguei, a frente da escola estava lotada de adolescentes escandalosos. Tentei visualizar Rosé na multidão.

Avistei Lalisa e, consequentemente, Roseanne. Dei pulinhos e acenei para que me vissem.

Quando as duas garotas notaram minha presença, acenaram de volta e começaram a andar em minha direção.

— Oi, Jichu. -Lisa apertou minha bochecha. -Danada! Levou suspensão, né?

— Foi pura armação, não tive culpa de nada. - arqueei as sobrancelhas. -Como você sabe disso?

— Rosie me contou. -Ela deu de ombros e eu fechei a cara para Roseanne.

— Jennie te contou, não é? -Me direcionei à Rosé.

— Na verdade eu descobri quando acordei e vi que ela não tinha se levantado da cama ainda.- aparentemente minha expressão era uma interrogação gigante, pois Rosé continuou. - Ah, a Jennie mora comigo. Acho que nunca te contamos isso, né?

Entreabri a boca surpreendida. 

— Pois é, essa também foi minha reação. -Lisa anunciou debochada.

— Mais uma coisa que temos pra conversar então. -falei convicta.

— Ihh, que climão. Acho melhor não me intrometer nisso. -A loirinha retrucou. - Vejo vocês depois.

Lalisa olhou em todas as direções para conferir se não estavam chamando atenção e deu um rápido selinho de despedida em Rosé. A ruiva sorriu largo.

Fiquei constrangida com a cena, ainda não tinha me acostumado com as duas juntas daquela forma.

— Hm, você quer conversar... sobre? -Rosé perguntou. 

Sorri fraco e olhei para baixo.

— Jennie. -Rosé ficou em silêncio, então me senti na obrigação de continuar. - Hm, será que posso perguntar por que ela mora com você?

— Jisoo, não é que eu não queira contar pra você. Confio em você, só que o problema é que isso não diz respeito a mim. - Ela suspirou. - Jennie tem problemas que você nem sequer imaginaria.

— É, ela disse a mesma coisa.

— A única coisa que posso dizer é que um dos motivos dela morar comigo é que meus pais são os seus padrinhos. Eles a adotaram.

— Por quê? -perguntei, tentando chegar a alguma resposta.

— Isso quem tem que te contar é ela. -Rosé franziu o cenho. - Quando Jennie dormiu na sua casa, aconteceu algo entre vocês?!

Interrompi o contato visual. A pergunta me deixou desconfortável e envergonhada.

— A gente se beijou... - sussurrei.

— Com certeza não foi só um beijo. Merda, não acredito que ela te envolveu nisso!- Roseanne bateu a mão na testa com força. Se eu já estava perdida, depois daquilo fiquei mais ainda.

— Como assim?! Me envolveu em que?

— Na confusão que é a vida e a cabeça dela! -Rosé olhou para cima tentando se acalmar. -Olha, Jisoo, desculpa, mas preciso ir pra casa. Preciso falar com a Jennie urgentemente.

Roseanne começou a se afastar em passos apressados. Com certeza minha expressão era de pura confusão. Nada daquilo fazia sentido.

— Jisoo - Roseanne me chamou e parou a alguns passos à frente. - Como sua amiga peço: não se envolva com a Jennie dessa maneira. Pelo seu bem, não se apaixone.

Fui falar com Roseanne para ganhar respostas, mas o que ganhei foram mais dúvidas.

Aquilo não fazia sentindo algum. Todo aquele mistério me fazia ficar mais interessada ainda.

Mesmo que eu quisesse me afastar, eu não conseguiria. Já estava envolvida demais. Desde o dia em que eu e Lalisa vimos Jennie virar todos aqueles copos de vodka na festa, só fui me aprofundando mais e mais nas incertezas da paixão.

Jennie me mostrou um lado meu que eu desconhecia. Não era questão de que nenhum garoto tinha me pegado de jeito, ou de vergonha na cara. É que ela me fazia sorrir de uma maneira que ninguém jamais pôde. Não sabia o que estava acontecendo, não sabia como poderia ser. Só sabia que queria insistir nisso.

Já havia me apaixonado. Já havia me envolvido.

E não desistiria facilmente.