Acordei com o toque do celular.
Levantei a cabeça, que estava encostada na mesa do Starbucks, e cocei os olhos. Aquele lugar havia se tornado meu passa-tempo enquanto estava de suspensão.
Verifiquei o número. Era Rosé.
— Alô? - atendi com a voz ainda sonolenta.
— Jisoo?! -Pude ouvir a voz de Roseanne no outro lado da linha. Parecia desesperada. - A Jennie está com você ou... ou pelo menos esteve? Ela te ligou?
— Calma, Rosé. O que houve? -Me preocupei. - Não, ela não falou comigo desde segunda, quando ganhamos as advertências.
— Merda... -Era notável que ela estava chorando. -Eu falei coisas horríveis pra ela.
— Roseanne, calma. O que tá acontecendo?!
— Não acho que seja uma boa ideia você se envolver, Jisoo. Já deu pra perceber que você sente algo pela Jen. -Ela fungou. -E não recomendo que você se aprofunde nisso.
— Roseanne, a Jennie sumiu?! -finalmente me dei conta da situação.- Ela fugiu de casa, é isso?!
— Eu fui pro colégio hoje sem verificar se Jennie já tinha acordado, porque sabia que ela estava de suspensão e não viria pra escola. E como a gente tinha brigado ontem... achei melhor não incomodar. - Ela começou a soluçar novamente. - Ma-mas, quando cheguei em casa, fui até o quarto dela p-pra poder pedir desculpas, mas tava tudo destruído. -Ela respirou fundo, provavelmente tentando se acalmar. - e eu encontrei um bilhete.
— O que estava escrito, Roseanne?!
— Quer saber, Jisoo? Foi um erro ter te ligado, desculpa. Eu vou resolver isso, não se preocupe. - Ela desligou.
Claramente eu não deixaria aquilo por ali. Não poderia deixar de ajudar, eu me importava demais para simplesmente ignorar.
Disquei o número de Lalisa enquanto me levantava da mesa. Acenei para a mesma garçonete do dia anterior e ela devolveu o ato com um sorriso. Saí da cafeteria com pressa.
— Oi, Jichu. -A loira atendeu.
— Sua namorada está com problemas.
— Quê? Como assim?! -Conseguia entender sua confusão, eu havia a bombardeado com uma má notícia sem contexto algum.- O que houve?!
— Jennie está desaparecida e ela está se culpando. Onde você está? -perguntei. -Vou até você e daí a gente vai pra casa da Roseanne.
— Ainda estou na escola. Estava guardando as coisas no armário, mas Rosé não pôde me esperar.
— Chego aí em cinco minutos. -respondi e desliguei rapidamente.
Eu não sabia o endereço de Rosé, então precisaria que Lalisa fosse comigo.
Comecei a correr em direção ao colégio. Quando cheguei lá, vi a silhueta agoniada de Lisa em frente ao portão. Aproximei-me.
— Vamos. Rápido. -Puxei o braço de Lalisa para me acompanhar. -Onde Roseanne e Jennie moram?
— Setor de mansões Sul. - Eita porra, eram ricas. - Se pegarmos o metrô, chegaremos lá rapidão.
E foi exatamente o que fizemos, pegamos um metrô e logo depois um táxi até a propriedade dos Park.
Parei em frente à porta da grande mansão rosada e pressionei a campainha até alguém abrir.
— Sim? - um homem de cara amarrada e terno preto abriu uma fresta da porta. - Ah, senhorita Manoban, como vai?- Ele abriu a porta por completa.- Entre, por favor. A pobre menina Rosie não está se sentindo bem.
Isso foi um gatilho para Lisa, pois após ouvir as palavras do mordomo a loirinha adentrou a casa correndo para ir ao encontro de sua namorada.
— Hm... Oi. -Falei ao mordomo e ele deu sinal de que eu poderia entrar. -Obrigada... Então, onde posso encontrar a Roseanne?
— Andar de cima, primeira porta à esquerda. -Respondeu enquanto fechava a porta.
Subi as escadas, mas ao chegar no andar de cima vi que as vozes de Lisa e Rosé não vinham do quarto à esquerda, mas sim do quarto à direita. Segui o som e entreabri a porta para poder ver.
O quarto estava uma zona. Era como se tivesse ocorrido uma briga ali, muitas coisas estavam quebradas. No centro do cômodo, Rosé estava sentada nos calcanhares e com as mãos no rosto. Lalisa estava a abraçando.
— O que aconteceu aqui? -ousei perguntar.
— Jennie. -Roseanne respondeu enxugando o rosto enquanto mais lágrimas escorriam. -Ela é louca.
— Calma, amor, a culpa não é sua. -Lalice tentou acalmá-la.
— Eu sei que não, a culpa é daquela conturbada! - Ela se exaltou e acabou me assustando. Minutos atrás ela estava chorando e se culpando.- Tudo culpa daquela maluca imatura. Não sabe ouvir a verdade sem surtar!
— Roseanne, não fale assim da Jennie! - disse. - Ela pode estar em perigo, sabia?
— Por que se importa tanto, Jisoo? -Rosé me olhou com o rosto inchado. -Ela não se importa nem um pouco com você. Você está sendo feita de trouxa.
— Rosé. Para. -pedi. -Você não entende a gravidade da situação?
— Sim, eu entendo. Entendo que toda vez que Jennie precisa ter um pouco de maturidade, ela procura alguém para fazê-la gemer. É a única solução que consegue encontrar pra fugir de seus problemas.- Rosé se levantou e Lalisa ficou a observando assustada.- E ela acaba envolvendo trouxas sentimentais em suas confusões, assim como o Jiyong e, agora, você.
Senti um aperto no coração.
— Que merda você tá falando?! -Retruquei.
— Você é uma idiota, Jisoo! - Ela começou a apontar em minha direção, como se eu tivesse culpa de algo. - Você não entende? A Jennie tem distúrbios. Ela é ninfomaníaca! -Roseanne semicerrou os olhos. - É tudo por prazer. Se toca, ela não gosta de você. Ela não se importa.
— O que...? - Minha visão ficou turva e meus olhos arderam. Encostei-me na parede e deixei meu corpo deslizar até o chão.- Ela é viciada em... sexo? -Sussurrei decepcionada.
Lisa percebeu que a situação havia se descontrolado. Rosé estava chateada e começou a descontar a raiva em mim.
— Gente, que porra é essa?! -Lalilsa gritou. - Se acalmem. -Ela foi até Rosé, parou em sua frente e segurou seu rosto. -Amor, eu entendo que você esteja chateada, mas realmente precisamos encontrar a Jennie. Você a ama e por isso está tão preocupada. Tente relaxar um pouco e pensar nos possíveis lugares aonde ela poderia estar.
— Eu sei onde ela está. -Rosé retirou as mãos de Lalisa de seu rosto. -Eu procurei em todo canto, ela só pode estar lá.
— Onde? -A loira perguntou.
— Com Seungri. -Ela fungou. -Ele nunca negaria satisfazê-la.
Senti uma pontada de ciúmes no peito, mesmo sabendo que aquilo entre eles não envolvia sentimento algum.
— Ela está segura pelo menos? -perguntei com a voz rouca. Rosé riu irônica.
— De modo algum. Eles estão no lado oeste da cidade, e Seungri é a pessoa mais drogada que já conheci na vida. - Rosé passou a mão no rosto. -Não duvido que ela pegue alguma doença lá.
— Que horror, não fale uma coisa dessas. -Lalisa interviu. -Vamos buscá-la. Por mais que ela tenha seus problemas, não podemos virar as costas. Jennie é nossa amiga.
A ruiva suspirou pesado.
— Okay... okay. -Roseanne começou a se acalmar. -Desculpe, Jisoo... Por ter te contado sobre a Jen dessa forma. Foi o calor do momento, não leve tudo a sério, tá? -Assenti, mesmo sabendo que tudo o que ela disse era a verdade nua e crua.
— Não importa, Rosé. -falei olhando para o chão com a visão desfocada. -Não importa se ela não tá nem aí pra mim. Eu me importo. Me importo com ela, independentemente de não ser recíproco. -olhei para a menina com feição confusa e semicerrei os olhos. -E não vou virar as costas só porque me decepcionou uma vez.
Rosé arqueou as sobrancelhas, ela teria recomeçado uma discussão naquele momento se Lalisa não tivesse intervido. A loira entrelaçou as mãos com Rosé para que se acalmasse novamente.
Desviei o olhar.
— Talvez o Haru nos leve lá... -Rosé anunciou.- Mas ele é totalmente fiel ao meu pai. Se formos, meu pai irá ficar sabendo.
— Tem algum problema nisso? -perguntei.
— Sim. -Roseanne suspirou.- Nosso passado com a família da Jennie é extenso. Meu pai ama aquela menina com todas as forças e, se ele souber que ela voltou àquele lugar, a internará de novo. Ele pensa estar fazendo o que é melhor pra ela assim.
Franzi o cenho.
— Resolvemos isso depois. Foda-se se ele quer internar a Jennie. -disse convicta. -Não precisamos nos preocupar com isso ainda.
As duas a minha frente balançaram a cabeça em afirmação.
Descemos as escadas com pressa e fomos até a saída lateral da grande casa rosada, que era onde ficavam os carros e, o mais importante, onde Haru estava.
— Haru, sei que assim que entrarmos nesse carro você mandará uma mensagem ao papai, entendo isso. -Rosé disse ao senhor de cabelos grisalhos que estava ao lado de um painel com várias chaves de veículos.- Mas não deixe de nos levar lá. Você sabe que Jennie é a irmã que eu nunca tive, somos praticamente uma só. Não posso ficar parada sabendo que ela pode estar mal. -Ela estava entrando em desespero novamente. Roseanne estava prestes chorar.
— Pequena menina Rosie, seja clara. -Haru pediu.
— Precisamos buscar Jennie no oeste. -Ela o avisou e imediatamente os pequenos olhos de Haru se arregalaram. - Eu sei o que papai disse sobre ir até lá, mas precisamos fazer isso, Haru... Pela Jennie.
— Sabe que terei de avisá-lo a todo custo, não é? -Haru dirigiu-se a Roseanne. A ruiva balançou, relutante, a cabeça em afirmação. -Okay, vamos no carro que está na vaga 3.
Antes que Haru nos seguisse até o carro, pude vê-lo sacando o celular do bolso e começando a digitar algo. Provavelmente já estava informando o Sr. Park da situação.
Lalisa, Rosé e eu nos sentamos no banco de trás. Haru deu um longo suspiro antes de girar a chave na ignição e ligar os motores. Ele, com certeza, estava preocupado com as possíveis consequências.
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