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História Como Queimar uma Borboleta - O Perseguido e o Acolhedor


Escrita por: VoidWolfinGale

Notas do Autor


E PARA QUEM ACHOU QUE EU ESTAVA MORTA...
estou quase lá, não desistam.
Enfim, atrasei mas to aqui. E COM UM CAPITULO MAIOR DO QUE O MEU FUTURO!
Demoro? demoro. Mas quando chego é com capitulo estuprante de grande. Espero que esteja tudo bem rs.
Plus, tem shipp nesse capitulo. ÊEEEEE! Para a felicidade das Jikook shippers, temos interação do couple, uhuul \o/
Para quem despreza Jikook, é um péssimo dia para estar vivo.
AAH, TBM TEM TRUMP QUE GANHOU AS ELEIÇÕES NOS EUA!
Ou seja, é realmente um PÉSSIMO dia para estar vivo. Para todos nós, infelizmente. Que JongDeus tenha piedade das nossas almas, amém.
Vamos parar com a bad. Aproveitem o capitulo, bjs ;*

PS: A imagem da capa deste capitulo é de autoria da muito maravilhouser @kookButterfly . Xonei, muito lindo, me rendeu uma treta digna com meus pais, mas enfim ahushahsuahs Apreciem o trabalho desse talentoso ser humano <3

Edição: esqueci de colocar a capa da fic quando postei devido ao horario que não permitia que meu cérebro pensasse com clareza. Perdoa os vacilo. Novamente, capa feita por kookButterfly, a pessoa talentosa das capa lacradora. <3

Capítulo 6 - O Perseguido e o Acolhedor


Fanfic / Fanfiction Como Queimar uma Borboleta - O Perseguido e o Acolhedor

Eu deixei cair o celular por entre minhas mãos, trêmulas demais para encontrar algum sentido em minhas ações. Em meu estado de pânico, eu não mais controlava a racionalidade das decisões de meu corpo. Sem olhar novamente para a figura do outro lado da rua, eu fechei a janela bruscamente, gerando um alto barulho com o baque.

Eu sai da cama e escorreguei para o chão, como se tentasse me esconder da vista da pessoa lá fora, ainda que a janela já estivesse fechada e eu soubesse disso. Eu estava aterrorizado, minhas ações não precisavam fazer sentido.

Coloquei por impulso minha mão no peito e, ainda que não estivesse prestando atenção, soube que meu coração estava mais acelerado do que nunca e que eu estava hiperventilando.

Desesperado, eu sabia que precisava fazer alguma coisa. Suga estava lá fora e eu não tinha ideia de qual seria seu próximo passo. Não sabia se ele só queria me assustar e já tinha ido embora, se planejava entrar em minha casa e assassinar-me. A última hipótese me causou calafrios e foi tudo o que eu precisei para sair do chão, agarrando meu celular no caminho.

Comecei a percorrer o quarto rapidamente, recolhendo o necessário de roupas do chão, apenas o suficiente para cobrir minha nudez. Peguei minhas calças jeans e camiseta, ignorando completamente qualquer tipo de calçado, ainda segurando o celular entre minhas mãos trêmulas e tentando abrir minha lista de contatos.

Eu já sabia para quem eu queria ligar. Ele era sempre a primeira pessoa em quem eu pensava quando estava em apuros, era assim desde muito tempo. Procurei pelo apelido de Taehyung salvo nos meus contatos e logo cliquei, colocando o celular contra o ouvido enquanto procurava pelas chaves do meu carro na sala. Entretanto, ele não atendeu.

Liguei umas três vezes, mas sempre caia na caixa postal. Isto era quase tão frustrante quanto não estar achando as chaves de seu carro para escapar de seu próprio assassinato, situação na qual eu também estava inserido no momento.

Por fim, desisti de Taehyung e liguei para segunda melhor pessoa para me ajudar. Kim Seokjin. Porque não, eu não iria ligar para Namjoon. Eu já estava com problemas no trabalho por causa de Suga, não queria apertar ainda mais a corda no meu pescoço, não queria envolver meu superior. Ainda que minha vida estivesse em jogo.

Caixa postal novamente. Liguei cinco vezes para Jin e em nenhuma delas fui atendido. A minha frustração e nervosismo apenas aumentavam, mas pelo menos eu pude visualizar as chaves do meu carro em cima da fruteira na cozinha –um local de fácil localização, caso eu não estivesse em pânico tentando preservar minha sobrevivência-. Agarrei as mesmas rapidamente e dirigi-me para a garagem, entrando no carro sem checar os arredores, com medo demais do que eu poderia encontrar.

Quando sai do portão da minha casa, eu poderia muito bem estar de olhos fechados que não faria muita diferença, pois eu me recusei a olhar a minha volta. Mantive meus olhos grudados no caminho a minha frente, sem saber se Suga ainda estava ou não na calçada.

Em meio ao meu pânico, enquanto dirigia descuidadamente –ultrapassando mais limites de velocidade do que deveria -, consegui pensar em apenas uma última pessoa que poderia me acolher naquela hora. Ele era minha última chance.

Peguei meu celular nervosamente e, por algum milagre, consegui clicar no contato que queria sem deixar o aparelho escorregar das minhas mãos. Coloquei-o na orelha e logo começou a tocar. Eu não estava muito esperançoso, visto que já havia me decepcionado nas minhas duas primeiras tentativas, por isso fui surpreendido quando ouvi a familiar voz do outro lado da linha.

“Hyung?” Sua voz soava sonolenta, indicando que eu provavelmente o havia acordado. Não sabia que horas eram, provavelmente tarde demais para alguém estar desperto, mas esse era o menor dos detalhes.

Soltei um suspiro instável e aliviado.

-J-Jungkook! Que bom que você atendeu! J-Jungkook, e-eu... –Minha voz tremia demais, fazendo com que o mais novo notasse meu emocional abalado.

“C-Calma, Jimin hyung! O que aconteceu? Por que você está assim? Está tudo bem?” Pude escutar a sonolência dando lugar para a preocupação em sua voz.

-J-Jungkook... –Minha voz vacilou no final, indício das lágrimas que eu já podia sentir escorrerem mais uma vez pela minha face. Agora que a ameaça estava relativamente longe, a carga emocional do meu desespero me atingiu avassaladora, fazendo com que fosse impossível eu não chorar como uma criança covarde. –E-Eu pre-preciso de um lugar para ficar, p-por favor, por favor... –O garoto não hesitou em me responder.

Claro, hyung, claro! Pode vir em casa, eu estou aqui. Vou te mandar o endereço por mensagem, ok?” Eu apenas afirmei com a cabeça, alheio ao fato de que ele não poderia me ver, mas parecia que ele havia entendido mesmo assim. “Por favor, chegue bem, hyung. Nós vamos conversar quando você estiver aqui.”

Eu desliguei e logo ouvi o barulho da mensagem que chegara. As lágrimas agora caiam de meus olhos como cascatas, soluços saiam de minha garganta sem parar e eu não conseguia conter os tremores que aquele choro convulsivo e desesperado causava sobre meu corpo. Não conseguia ver muito bem o caminho a minha frente –muita imprudência de minha parte -, mas a probabilidade de causar um acidente diminuía pelo fato de que as ruas estavam desertas àquela hora, dando-me mais espaço para surtar inconsequentemente.

Quando cheguei na casa de Jungkook, tendo me localizado facilmente pelo endereço enviado pelo mesmo, parei na frente da residência sem sair do meu veículo. Fiquei observando as redondezas solitárias, ainda receoso do que se escondia nas sombras. Observei também sua moradia, sendo ela um dos apartamentos mais altos do prédio que compunha aquele conjunto habitacional. Sua janela era a única iluminada.

Meu choro já havia cessado há um tempo atrás –eu nunca me permitia chorar por muito tempo-, mas a vermelhidão e inchaço de meu rosto ainda estavam presentes. Era mais do que claro para qualquer um que me visse que eu estava abalado. Por algum motivo, não queria que Jungkook me visse assim.

Afastei aquelas inseguranças sem nexo da minha cabeça, não era a hora de me preocupar com coisas desse tipo. Sai do carro quando tive certeza de que não havia mesmo nenhuma alma viva por perto e, o mais silenciosamente que pude, dirigi-me para o interfone. Digitei o número de seu apartamento e esperei até sua voz soar do outro lado da linha.

“Jimin hyung...?”

-Sim, sou eu, Jungkook.

Ouvi o barulho da porta destrancando e logo entrei, indo para o elevador e chegando em seu apartamento o mais rápido possível.  Jungkook já me esperava na frente da porta. Assim que sai do elevador, pude ver a preocupação no rosto sonolento daquele menino encostado no batente da porta. Quando este me viu saindo das portas metálicas, logo foi ao meu encontro e, antes que eu pudesse dizer alguma coisa, envolveu-me em seus braços.

Seu abraço foi apertado e trêmulo, reconfortante no entanto. Eu estava precisando daquilo. Ele afundou sua cabeça na curvatura de meu pescoço e eu senti cócegas na minha pele quando ele suspirou aliviado. Sentia-me bem nos braços alheios, era como se eu estivesse finalmente seguro.

O contato durou poucos segundos, o suficiente para termos certeza de que ambos estávamos ali, estávamos vivos, estávamos bem. Ele se afastou e segurou meu rosto em suas mãos, analisando minhas feições com pesar ao constatar que eu realmente não estava em meu melhor estado. Ele apenas estalou a língua no céu da boca e em silêncio segurou na minha mão e guiou-me para dentro de seu apartamento.

Ele me deixou sentado no sofá de sua sala enquanto foi preparar um chá para mim. Eu não era um grande fã de chá e havia dito isto a ele, mas Jungkook insistiu, dizendo que iria ajudar a me acalmar. Eu não argumentei, estava mesmo precisando de relaxamento, ainda que não apreciasse o gosto daquilo.

Olhei ao redor de sua residência enquanto esperava o garoto ocupado na cozinha. Era um lugar pequeno, mas aconchegante para um jovem adulto que vivia sozinho. Digo, ele vivia sozinho, certo? Nunca o ouvi mencionar uma namorada ou colega de quarto, então apenas presumi que sim, mas havia muitas coisas que eu ainda não sabia sobre Jungkook, não me impressionaria se eu estivesse errado.

Talvez eu que estivesse morando em uma casa grande demais para minha solidão. Na época era um lugar relativamente barato, a vizinhança era boa, tinha tudo que eu precisava, então não hesitei quando comprei uma habitação maior do que minha necessidade de isolamento. Realmente, quando eu parava para pensar melhor, era um lugar vazio e melancólico, não era à toa que eu passava a maior parte do meu tempo no trabalho.

-Toma aqui, hyung. Isso vai te ajudar a se acalmar. Espero que goste. –Jungkook disse, chegando na sala e estendendo para mim uma caneca fumegante de chá de camomila.

-Já disse que não vou gostar, moleque, desiste. –Ele riu abafado com meu comentário e sentou-se na poltrona de sua sala de frente para mim com sua própria caneca em mãos. –Mas... obrigado... por tudo.

-Não me agradeça ainda, hyung. Eu nem sei o que está acontecendo. Por que me ligou a essa hora? Por que está assim? Você está bem? Aconteceu alguma coisa?

Foi minha vez de rir com o descontrole do menino, que já mostrava novamente suas feições preocupadas.

-Vai com calma, garoto, haha. Uma pergunta de cada vez. –Eu disse, e beberiquei um pouco do conteúdo da caneca. Tentei reprimir uma careta de desprazer, o que não passou despercebido pelos olhos do mais novo que logo começou a rir da minha cara.

-Bebe tudo, hyung, vai te fazer bem. Eu sei que não gosta, mas depois vai me agradecer.

-Eu vou te agradecer se você parar de ficar me empurrando água suja com a desculpa de que acalma.

Jungkook riu das minhas palavras, mas logo após o silêncio se instalou. O clima que antes estava sendo amenizado por conversas desconexas voltava a pesar, lembrando-nos do porque estávamos reunidos primeiramente.

Eu mexia nervosamente na caneca, observando o liquido ainda quente em seu interior girar, evitando olhar nos olhos de Jungkook a fim de adiar aquela conversa o máximo possível. Não sabia bem o que falar e eu não queria que ele me visse naquele estado deplorável. Eu queria ser o hyung forte, legal e confiável, e não aquele que foge de sua casa com medo dos monstros com os quais eu sempre trabalhei e procura refúgio na proteção dos colegas de trabalho. Eu parecia tão patético no momento, tinha medo de que Jungkook também pensasse assim.

-Hyung... –Eu me assustei quando ele se inclinou e colocou sua mão sobre a minha, fazendo-me parar com os movimentos giratórios que fazia com a caneca. –Você sabe que pode confiar em mim, não é?

Eu suspirei fundo. Eu não sabia de nada, na verdade. Não sabia se deveria ou não contar o que havia acontecido, afinal, ele ainda era mais colega de trabalho do que meu amigo. Se eu falasse sobre Suga, eu não poderia nem ao menos culpa-lo por ir na delegacia e delatar tudo a Namjoon, pois ele só estaria cumprindo seu dever como detetive. Com Taehyung ou Jin eu não precisava me preocupar com isso, eu sabia que eles apenas me acolheriam em silêncio caso eu pedisse, mas eu não conhecia Jungkook o suficiente para afirmar o mesmo dele.

Eu estava em conflito. Por um lado, o mínimo que eu tinha que fazer depois de todo o trabalho que eu dera para o garoto era contar o porquê de minha perturbação. Por outro, meu trabalho já estava por um fio e eu não sabia os efeitos que um acontecimento desses poderia ter caso chegasse aos ouvidos de meus superiores.

-Eu... não sei se posso contar. –Minha voz saiu em um sussurro e eu esperava desesperadamente que ele me entendesse, compreendesse meus motivos sem que eu precisasse citá-los.

Jungkook largou minha mão ainda inerte e afastou-se, respirando fundo.

-Hyung, eu... eu sei que não somos muito próximos, e na verdade isso sempre me incomodou muito, mas eu queria que você pudesse confiar em mim. Eu queria que nós conversássemos mais, que fossemos mais íntimos, por isso, seja lá o que for que você precise falar, eu não vou trair sua confiança. Eu só quero ficar mais perto de você, hyung, por favor, confie em mim...

Ao ouvir o pesar que laceava sua voz, eu levantei o olhar e mirei sua expressão. Pude ver preocupação e sinceridade em seu rosto conturbado, pude ver que ele falava a verdade, pelo menos sobre a parte de querer aproximar-se de mim. Eu também queria isso, talvez mais do que pudesse admitir.

-Você não pode contar para o capitão, ou para ninguém na delegacia. Isso é sério, Jungkook.

Ao proferir aquilo, Jungkook abriu um sorriso aliviado, pois soube que eu estava preparado para confiar pelo menos aquela pequena parte de mim para ele. Era o primeiro passo. Ele afirmou com a cabeça, confirmando o sigilo que eu pedira.

-É sobre Suga... –O sorriso escorregou de sua face e seus olhos de arregalaram comicamente, mas ele não disse nada. –Ele está me perseguindo.

-E-Ele fez algo mais depois da mão? Ele te ameaçou, mandou outra coisa, o que aconteceu, hyung!? –Jungkook perguntou, já se desesperando. Eu fiquei em silêncio por alguns segundos enquanto ele me olhava impaciente.

-Ele apareceu na minha casa. –Eu apertava a caneca com tanta força que a ponta dos meus dedos se tornava branca. –Suga sabe onde eu moro e ele apareceu na minha casa.

Era a vez de Jungkook de ficar em silêncio, apenas me olhando horrorizado.

-JIMIN! Isso é muito perigoso! Você tem que falar para o capitão, você está sendo perseguido! Voc-

-Eu não vou falar nada para Namjoon e você muito menos, Jungkook. Não faça eu me arrepender de ter te contado. –Eu respondi rápido e ríspido.

Jungkook calou-se na hora, mas eu pude perceber suas mãos cerradas em punhos e seu maxilar fechado fortemente.

-Desculpe, hyung. –Ele falou baixo.

Eu havia sido um pouco rude, mas estava irritado demais para me importar com aquilo no momento. Eu estava ansioso e com medo, muito medo. E, para completar tudo isso, eu não poderia fazer nada a respeito de meu terror por causa de meu trabalho que eu não queria perder, então tinha que me resignar a pedir a ajuda de um colega de trabalho novato no meio da noite e ainda fazê-lo jurar discrição.

Eu suspirei fundo. Parecia que, a cada dia mais, minha vida desmoronava, como areia escapando por meus dedos que, por mais que eu tentasse, não conseguia conter.

-Ele... não entrou na minha casa nem nada, ele ficou do lado de fora. –Eu falei depois de alguns segundos em silêncio, tentando amenizar o clima que se instalara e acalmar o mais novo. Jungkook respirou fundo com aquela informação, provavelmente aliviado.

-Isso é perigoso, hyung. Ele está mais perto do que deveria. Você está em perigo, sabe disso, não? –Eu demorei um pouco para responder.

-Sim. Sim, eu sei. –Uma pausa. –Mas, no nosso ramo de trabalho, quando estamos seguros, não é mesmo?

Eu dei uma risada abafada para amenizar a tensão no ar. Jungkook, no entanto, permaneceu imóvel e calado, observando um ponto fixo no chão enquanto deixava transparecer em suas feições as preocupações que ocupavam seus pensamentos. Foi a minha vez de me inclinar e segurar na sua mão envolta na caneca levemente, o que teve sucesso em capturar sua atenção.

-Eu vou ficar bem, Jungkook. Não é o primeiro caso existente de assassinos que se sentem ameaçados e tentam ir atrás daqueles que veem como inimigos. Isso na verdade é bem comum na nossa profissão. Suga só está fazendo isso motivado pelo medo de ser capturado, mas a polícia é mais forte e, quando ele perceber isso, que não tem chance contra mim, ele vai parar. Eu tenho certeza disso, não precisa se preocupar. É apenas uma... disputa de egos.

Jungkook mostrou um pequeno sorriso no canto dos lábios com as minhas palavras, apreciando meu esforço em acalmá-lo, e eu retribui com meu próprio sorriso fechado.

Afastei-me dele para me encostar novamente no sofá e, depois de algum tempo, voltei a girar o conteúdo da caneca em minhas mãos. O chá já estava meio frio e eu mal tinha tomado um gole. O silêncio voltara a reinar e eu ponderava se valia mesmo a pena beber aquele liquido sem gosto, principalmente agora que já perdera o calor que queimaria minhas papilas gustativas e fariam o sabor daquela bebida mais suportável.

-Sabe, hyung... Eu acho que você está muito estressado. –Jungkook começou, rompendo o silêncio. –Você já está estressado há muito tempo, isso não é bom. Aposto que está tendo problemas para dormir, não está?

Eu apenas afirmei com a cabeça silenciosamente. Não sabia que estava tão transparente assim. Jungkook me lançou outro sorriso complacente.

-Eu... posso te fazer uma massagem se você quiser.

Eu levantei uma sobrancelha com aquela sugestão.

-Uma massagem...?

Pude sentir que Jungkook ficara desconcertado pela sua própria sugestão inusitada. Ele olhava para todos os cantos, menos para meu rosto, e eu pude perceber suas bochechas tomando um tom roseado pelo nervoso.

-S-sim, hyung, uma massagem. Digo, eu sou bom nisso, e já que você não quer tomar o chá de jeito nenhum, pelo menos uma massagem iria te ajudar a dormir melhor. –Ele falou, enquanto coçava sua nuca, ainda evitando meus olhos.

Ele não deixava de estar certo. Eu definitivamente não iria beber mais chá, não valia a pena, mas eu tinha plena ciência de que não conseguiria dormir nesta noite. Eu estava atormentado demais, pensamentos intrusos na minha cabeça que não me deixariam descansar apesar de meu cansaço corporal. Eu tinha que ao menos tentar algum método de relaxamento se quisesse descansar em um futuro próximo e, já que Jungkook estava oferecendo, não vi motivos para negar. Nunca havia recebido uma massagem, mas já ouvira dizer que fazia muito bem ao corpo.

-Ok, pode ser. –Jungkook me olhou levemente incrédulo por ter aceitado. –O que eu preciso fazer?

-Bom, nada de mais. Você precisa deitar em uma superfície confortável e relaxar, eu faço o resto. Você... poderia deitar na minha cama.

Eu assenti e logo o segui pelo corredor do apartamento, em busca de seu quarto. Quando entrei, não reparei muito na decoração e afins, apenas me joguei de qualquer jeito sobre seu leito, deitando de bruços e fechando os olhos.

-É.... hyung? –Eu o olhei, ainda parado ao pé da cama, parecendo hesitante. –Você... tem que tirar a blusa. Quer dizer, não precisa se não quiser, mais seria mais efetivo assim.

Não o respondi, apenas me levantei o suficiente para retirar aquela peça de roupa do meu corpo, sem hesitar. Não tinha experiência com massagens, não sabia os procedimentos, então se Jungkook dizia que era necessário, ele provavelmente estava certo. Voltei a me deitar na cama na mesma posição.

Senti o mais novo subindo em cima da cama e logo senti seu peso ao notar que ele sentara sobre minhas nádegas. Algo gelado e liquido tocou as minhas costas, fazendo-me recuar um pouco, até eu perceber suas mãos quentes desenhando padrões pela minha pele, espalhando a loção que ali despejara. Seus dedos me acolhiam com maestria, movendo-se e pressionando nos lugares certos que não falhavam em me relaxar. Podia sentir meus músculos se soltando a cada passar de sua mão pela minha tez, desfazendo os nós que meu trabalho havia colocado em meu corpo.

Não percebi exatamente quando, mas a sonolência começou a tomar minha mente. Meu corpo estava tão leve que minha mente não teve outra escolha senão segui-lo, por um momento me deixando livre das preocupações que eu não achei que esqueceria tão cedo. Estava quase rompendo minha última ligação com a lucidez e entregando-me ao sono, quando senti um par de lábios plantando um selar sutil na lateral de meu pescoço. Aquilo foi o suficiente para me despertar de imediato.

Eu me levantei rapidamente, movido pelo reflexo, ajoelhando-me na cama e fazendo com que Jungkook –ainda sentado sobre minhas nádegas –caísse para trás no colchão. Olhei-o surpreso e vi em sua face que ele também estava alarmado pela minha reação. Provavelmente não estava esperando que eu ainda estivesse lúcido para perceber seu ato furtivo. Eu não sabia o que pensar da situação, muito menos como agir, e pude ver que ele não estava em um estado tão diferente. Ambos estávamos atordoados demais, cada qual com sua razão e surpresa.

Eu não iria me pronunciar tão cedo, não tinha capacidade para tal no momento, mas quando o silêncio já estava se prolongando desconfortavelmente demais, vi que Jungkook resolvera tomar uma atitude. Sua face alarmada encheu-se de determinação por um segundo, tudo que ele precisou para reerguer-se do colchão e engatinhar lentamente até mim.

-O-O q-quê... –Eu balbuciava incoerências ao passo que ele chegava mais perto, a coragem ainda laceando seu olhar sobre mim.

Jungkook chegou a centímetros do meu rosto, perto demais para que meu coração não batesse descontrolado em meu peito, e segurou minha face delicadamente com uma de suas mãos. Ele nem por um momento desviou os olhos dos meus ou titubeou, apesar de eu conseguir notar a inconstância de sua respiração causada pelo nervosismo.

-Hyung... –Sua voz era baixa e sua respiração quente atingiu em cheio a pele de meu rosto, aumentando ainda mais o rubor que eu tinha certeza que já estava aparente. –Hyung, eu quero você...

-O-O que, Jungkook, p-por q-

-Eu quero você desde o momento em que te vi, hyung. Você é muito bonito, foi impossível não reparar em você desde o começo. Desculpe se eu não consegui me controlar, eu realmente achei que você já estava dormindo, você estava tão vulnerável...  Não devia mostrar sua pele para os outros tão descuidadamente, isso pode deixar alguém louco. –Ele falou enquanto chegava cada vez mais perto e sua respiração se tornava cada vez mais irregular.

Ele inspirou fundo quando seu nariz já havia encostado na pele da minha bochecha e eu ainda estava atordoado e confuso demais com suas ações para tomar qualquer atitude. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, seus lábios tomaram os meus.

Não fora algo sutil ou delicado, a força com que ele atacara minha boca era selvagem e desesperada. A pressão de seus lábios contra os meus chegavam a machucar, mas –e isso surpreendeu até a mim mesmo –não era desagradável. Não senti repulsa ou desconforto com nossa atividade, não tive o impulso de empurrá-lo para longe e, antes que eu me desse conta, já estava retribuindo seu beijo com a mesma voracidade com a qual me fora entregado.

Abri a boca para que nos conectássemos mais profundamente e ele não hesitou ao inserir sua língua, aprofundando ainda mais aquele beijo afoito e banhando-o em um choque de línguas e misturar de salivas sem restrições. Minhas mãos resolveram se apoiar em seus largos ombros, inconscientemente o puxando para mais perto de meu corpo, enquanto que seus dedos acharam seu caminho até meu cabelo e entrelaçaram-se no mesmo, dando ocasionais puxões fortes porém prazerosos.

No meio do torpor de nosso deleite, uma de suas mãos foi descendo pelo meu corpo, acariciando a pele por onde passava. O toque era bruto, parecido com a movimentação de seus lábios, e ele apertava e arranhava minha tez onde podia, arrancando de mim involuntários silvos de dor e prazer.

Não foi até sua mão descer mais do que deveria que eu consegui recuperar meus sentidos. Quando senti seu toque começando a massagear a parte fronteira de minha calça, tentando excitar meu membro, em um impulso saí do transe em que estava inserido e empurrei-o para longe. Mais uma vez, ele caiu esparramado pelo colchão, consequência de meu reflexo.

Nossas respirações estavam pesadas e nossas peles ferventes, ambos suando e meio atordoados ainda com o que acontecera. Ficamos olhando um ao outro por alguns segundos, vendo nossos peitos subindo e descendo rapidamente devido a respiração errática. Pude ver o volume presente em suas calças e, ainda que não me atrevesse a olhar para as minhas, sabia que não estava muito diferente. Aquilo havia sido tão intenso que por um momento eu me perdera em meus pensamentos, emoções e sensações.

-Desculpe, eu... eu não-

-Tudo bem, hyung. –Ele me ofereceu um sorriso gentil, ainda ofegando. –Não se preocupe, sério. É tarde e nós estamos muito cansados, não era a hora para isso.

Ele ia se levantar da cama quando eu agarrei seu pulso rapidamente. Eu não havia falado tudo que precisava e aquele segundo de coragem era necessário para dizer aquelas palavras.

-E-Eu gostei, sério. É que, hoje não, muita coisa aconteceu, eu não estou com cabeça para isso, eu só-

-Hyung. –Ele me cortou, colocando sua outra mão sobre a minha agarrada em seu pulso. –Eu entendo. De verdade, não se preocupe. –Ele abriu um sorriso. –Você precisa descansar, amanhã nós conversamos sobre isso.

Ele se soltou de minha mão e caminhou até o armário marrom escuro no canto do quarto, tirando dois trajes de pijama e uma roupa de cama. Ele jogou um dos trajes para mim.

-Pode usar meu pijama e dormir na minha cama hoje. Eu vou dormir no sofá da sala. –Eu já ia retrucar, quando ele percebeu e levantou a mão, interrompendo-me. –Você vai dormir melhor aí e sozinho. Você precisa disso, hyung, por favor. Amanhã nós discutimos sobre isso, mas, por enquanto, descanse bem. O banheiro é no final do corredor, me chame se precisar de alguma coisa. –Ele se dirigiu até a porta do quarto e parou na mesma, olhando pelo ombro uma última vez. –Boa noite, Jimin.

Eu provavelmente fiquei mais mexido pelo fato dele não ter usado honoríficos no meu nome do que eu deveria. O jeito que ele pronunciou soou tão íntimo, algo quase exótico ao ser pronunciado justo por ele, com quem eu mal conversava sobre o tempo há alguns dias atrás. Ao mesmo tempo, não foi ruim. Não foi desrespeitoso ou estranho, foi natural e eu só percebi o quanto eu realmente havia gostado quando me dei conta que sorria involuntariamente enquanto olhava para o nada.

Um bocejo me tirou de meus pensamentos e eu percebi que estava mais cansado do que imaginara. Todo o estresse físico, psicológico e emocional haviam me destruído e, apesar de não ter acreditado que conseguiria pegar no sono naquela noite, a presença e ajuda de Jungkook reverteram esse quadro. Eu estava mais calmo e sabia que não tinha ninguém a agradecer senão o garoto dormindo na sala.

Sem conseguir suportar mais o peso de minhas pálpebras, deitei sobre o colchão e cobri-me com o edredom ali em cima. Peguei no sono rápido, nem percebendo a transição de minha lucidez para um mundo onde eu, felizmente, não tive sonhos.

 

(...)

 

O que me despertou foi o som de uma voz, juntamente com o sol que entrava pelas frestas da janela e atingia em cheio o meu rosto. Esta combinação me ajudou a sair lentamente do torpor recém-acordado em que me encontrava e tornar-me lentamente consciente de onde estava. Uma olhada ao redor e todas as memórias da noite passada voltaram, fazendo-me exprimir uma careta transtornada. Algumas partes de ontem eu gostaria que pudesse esquecer para sempre.

Não sabia que horas eram, mais o sol parecia forte do lado de fora, então presumi que já devia ser de tarde. Reparando ainda mais no ambiente, voltei a notar a voz vinda da sala, baixa porém perceptível. Era a voz de Jungkook.

Levantei-me da cama e fui em direção ao banheiro silenciosamente, de modo que Jungkook não percebesse que eu já estava acordado e fora da cama. Chegando lá, tomei a liberdade de fazer minha higiene matinal o mais eficientemente que pude com os materiais que estavam disponíveis, apenas saindo do toalete quando estava satisfeito o suficiente com o meu trabalho.

Caminhei em direção a fonte daquela voz. Precisava agradecê-lo novamente pela ajuda e também tínhamos assuntos pendentes. Não que eu estivesse planejando discuti-los naquele exato momento, afinal, havia acabado de acordar de uma das noites mais estressantes da minha vida. Entretanto, eu queria poder olhar nos seus olhos e saber se havíamos voltado ao zero, se estávamos mais próximos, como estava nossa relação. Queria saber o que seria de nós dali para frente depois da confissão de ontem e de nosso ato imprudente.

Quando cheguei perto da sala, no entanto, percebi que Jungkook falava ao telefone. Sua voz estava mais baixa que o normal, provavelmente para que eu não escutasse, e eu mal consegui me esconder atrás da parede quando ele olhou pelas costas de repente. Fiz isso por impulso, mas não me arrependia. Jungkook estava agindo muito estranho, desde o tom da sua voz, até o jeito como ele ficava olhando para os lados e para o corredor toda hora, como se temesse que eu pudesse ouvi-lo. Ele estava suspeito demais. Logo, quando ele continuou sua conversa ao telefone, eu entendi o porquê.

-Sim, ele está aqui. –Ele pausou por alguns segundos e eu prendi minha respiração com o conteúdo da conversa. Ele falava de mim. –Não se preocupe, hyung. Ele não vai escapar desta vez.


Notas Finais


TÃ!
Sorry not sorry.
Hahahaha. Espero que tenham gostado, não desistam de mim e perdoem os vacilo. Beijos, tchau ;*
Ps: é tarde e eu não editei muito bem. Se virem algum erro na escrita, favor avisar o/


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