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História Como sair impune de uma vida miserável - L3ddy - Primeiro - Lucas Olioti


Escrita por: policehistory

Notas do Autor


Oláaaaa!

Muito obrigada pelos comentários! Espero muito que estejam gostando!

Esse primeiro capítulo será sobre nosso querido urso, de uma forma bem diferente.

Bem... nos vemos nas notas finais.
Boa leitura!

Capítulo 2 - Primeiro - Lucas Olioti


Fanfic / Fanfiction Como sair impune de uma vida miserável - L3ddy - Primeiro - Lucas Olioti

Texas

 

Edifício Empresarial Kefera Buchmann

 

Faz frio. As madrugadas nesse país têm sido muito mais difíceis do que eu imaginei, enquanto, durante o dia, o sol infernal assola qualquer um que não esteja embaixo de um excelente ar condicionado. Péssima ideia vir de terno e calça social, que não me aquecem nem o mínimo necessário. Mas não tive saída.

 

Precisei me infiltrar em uma comemoração que foi realizada em uma mansão requintada - de forma exagerada, destaco - e seguir a aniversariante até esse endereço.

 

Encaro a mulher sentada no outro lado da mesa. Cabelos escuros que descem até o meio das costas, pele branca e queixo quadrado. Ainda está usando o vestido vermelho do evento, e eu fico me questionando que tipo de pessoa sai da própria festa e vem ao escritório no meio da noite. Tem, no máximo, vinte e cinco anos.

 

Era ela, a dona do prédio.

 

Parece concentrada no computador à sua frente, não percebeu a minha presença no lado externo da janela do escritório; eu estava pendurado em uma corda que estava presa em minha cintura enquanto a outra extremidade estava segura no parapeito da cobertura do prédio, e os pés apoiados no vidro na janela.

 

Abaixo de mim estavam vinte metros de queda livre, mas isso não me intimida; estou acostumado. A parte mais difícil foi passar pela barreira de seguranças na escada de incêndio, logo depois de desativar todos os alarmes na sala de controle no térreo e desligado as câmeras; quase não consegui dar conta dos doze homens que vieram para cima mim.

 

Mas aqui estou: decidindo como eliminar o alvo à minha frente. Com todo cuidado, arrastei a janela para o lado, apoiei os pés no parapeito, assim como as mãos, e desamarrei a corda que me prendia. Retirei a arma com silenciador do coldre, desci até o chão, começando a sentir o coração se acelerar um pouco com a expectativa; ela ainda não tinha me visto. Andei silenciosamente até a mesa, tocando a cabeça da mulher com o cano do silenciador da arma, e vi quando ela retesou o corpo, parando totalmente o movimento de seus dedos no teclado.

 

- Não faça nenhum movimento brusco. – Minha voz saiu grave e baixa. Com a outra mão, puxei o encosto da cadeira, fazendo-a girar e deixar a mulher de frente para mim; jamais atiraria pelas costas de alguém.

 

Seus olhos mostravam surpresa e terror. Olhos castanhos que dividiam a atenção entre a arma e o meu rosto. Seu peito subia e descia rapidamente, ofegante.

 

- Eu... Eu sabia que esse dia chegaria. – Surpreendi-me com a firmeza da voz da mulher, contrariando seu semblante. - Só me arrependo de não ter matado o filho da puta primeiro.

- Se isso te tranquilizar... Quem sabe ele não aparece na minha lista?

- Ah meu querido, isso seria ótimo. - Ela sorriu, abaixando a cabeça, porém a levanta rapidamente, fixando os olhos nos meus. – Sinto muito por você... Eles vão te achar... E vão matar quem você ama. Sabe por quê?

 

Levantei uma sobrancelha, despreocupado.

 

- Porque nenhum de nós realmente escapa. Eu perdi muitas pessoas na minha vida... E isso vai acontecer com você também. Salve quem você ama, fuja daqui.

- Só tem um detalhe nessa história, senhorita Buchmann...

 

Peguei-a pelo braço, levantando-a, e direcionei meus dedos para os cabelos de sua nuca, puxando-os levemente para inclinar sua cabeça para cima. Posicionei a arma abaixo de seu queixo, destravando a trava de segurança.

 

- ... Eu não amo ninguém.

 

Puxei o gatilho.

 

 

(...)

 

 

Enquanto aguardava meu vôo de volta para o Brasil, eu refletia sobre os últimos acontecimentos, sentado no banco do saguão de espera do aeroporto. Meus olhos estavam rodeados de olheiras; fazia três horas que havia deixado o prédio onde matei aquela mulher.

 

Estava exausto e ansioso; os goles de conhaque que tomei em minha casa texana após o serviço não ajudaram a me acalmar. Por mais que tente me controlar, a adrenalina após um trabalho funciona como uma válvula de escape; mas isso não era sinônimo de compaixão. Ela era apenas um alvo, um entre muitos que já eliminei.

 

Decidi discar um número em meu celular e, ao primeiro toque, a pessoa do outro lado atendeu.

 

- Feito.

- Ok, acredito que o próximo alvo vai demorar um pouco, estamos trabalhando nisso. Manterei contato. - A voz era feminina, quase robótica.

 

Desliguei. Não gostava da dona daquela voz; era como se estivesse recebendo ordens e eu não gostava disso. Mas não poderia fazer nada a respeito, pois era ela quem me direcionava. Lembrei-me do dia em que a conheci, quatro anos atrás.

 

FlashBack On

 

- Lucas, seu celular está tocando! - Um dos alunos da academia grita, chamando minha atenção, já que estou no ringue treinando muay thai com meu parceiro. Retiro as luvas, já descendo as escadas, indo até minha mochila que está em cima do banco do vestiário. Pego meu celular no bolso da frente, e no visor aparece "número desconhecido". Como eu detesto isso. Mas resolvo atender.

 

- Alô?

- Lucas Olioti? - Voz feminina. - Poderia me encontrar no café da Paulista com a Augusta assim que terminar seu treino?

 

Franzi o cenho.

 

- Quem está falando? E como sabe que estou treinando?

- Quando nos encontrarmos responderei suas perguntas. É um assunto de seu interesse. Em uma hora, não se atrase.

 

Desligou. Tirei o celular da orelha e fiquei olhando para a tela, sem saber o que pensar.

 

O que foi isso? Seja quem for, sabe meu nome completo e onde estou. Não estou gostando disso, preciso saber quem está me observando. Deveria? Não. Poderia simplesmente voltar para meu treino e fingir que essa conversa nunca aconteceu. Mas o que fiz foi vestir minha camiseta, pegar minhas coisas e retirar minhas ataduras das mãos, me despedindo do pessoal da academia. Fui até meu apartamento, e no caminho todo andei desconfiado, olhando para os lados, para ver se alguém me seguia.

 

Tomei um banho rápido, vesti uma camisa cinza, um jeans e um tênis branco, e percebi que a ansiedade estava chegando. Esse problema me persegue desde os dezessete anos, após a morte dos meus pais. O thai me ajuda um pouco, mas nesse momento é inevitável. Tranquei a porta do apartamento e fui a pé até o café.

 

Chegando lá, vi que a única pessoa que não estava acompanhada era uma mulher negra, os cabelos cacheados jogados no ombro e com óculos escuros. Mesmo sem ver seus olhos, senti seu olhar sobre mim quando me aproximei.

 

- Você quem me ligou?

- Eu mesma. - Ela retirou os óculos, revelando olhos amendoados muito bonitos. - Sente-se, por favor.

 

Sentei na cadeira à sua frente. Ela parecia muito formal, usando um terninho preto e pouca maquiagem.

 

- Você é jornalista?

- O único jornalista aqui é você, Sr. Olioti. - Meu Deus, mais informação. - Meu nome é Renata, sou agente de serviços especiais.

 

Ah ta. E eu sou o Batman. Ameacei me levantar, porém ela continuou.

 

- Incrédulo? Por trás de mim há uma equipe bem maior do que imagina e trabalhamos em vários ramos. Sei que isso lhe parece estranho... – Ela encostou-se na cadeira, sem desfazer a expressão séria. – Mas tenho te acompanhado há um bom tempo, Lucas.

 

Abriu a pasta que estava em cima da mesa, revelando uma foto de rosto minha acima de algumas informações. Comecei a ficar ansioso novamente.

 

- Lucas Olioti de Souza, vinte anos, solteiro, morador da Rua Palmeiras, 365. Dos nove aos catorze anos sofreu abusos sexuais do pai e a mãe era usuária de drogas. Aos dezessete, em um acesso de fúria, matou os dois a sangue frio utilizando um coquetel molotov que foi jogado no porão com eles dentro. Desde então, tornou-se um homem anti-social, tem em sua ficha várias ocorrências de violência, invasão de patrimônio público e particular e caráter questionável. Formado em Publicidade e Propaganda - Como conseguiu isso, querido? - trabalha na revista MIlleniumm há um ano como editor principal. - Ela encerra, levantando o olhar para mim. - Bem, isso foi bem resumido.

 

Eu estava petrificado.

 

- Mas que porra é essa? Você está me espionando??

- Sim. Um dos ramos do meu trabalho é procurar por pessoas que não se encaixam na sociedade de um modo geral, e lhes oferecer uma saída. Para cada personalidade há uma vaga e, no seu caso, a vaga é de Agente de Serviços Especiais Extra-Governamental. Traduzindo: matador de aluguel.

 

Ela cruzou as mãos em cima da mesa, me olhando fixamente. Aguardei o momento em que ela riria e daria um tapinha nas minhas costas, porém isso não aconteceu.

 

- Você sabe que no mundo corporativo e político há várias pontas... soltas. E você se encaixa no perfil que precisamos: Sem vínculos familiares ou amorosos e centrado.

- E por que diabos você acha que eu aceitaria um absurdo desses?

- Eu não acho, Lucas; eu sei. Você não tem mais nada, apenas uma faculdade e um emprego que sei que detesta. Mas até será bom você permanecer nele, para vias de segurança. Só que... - Abaixou a cabeça. - Você precisa controlar seus impulsos, violência e invasões têm que sair da sua rotina, meu querido. Senão não vai rolar.

 

 

FlashBack Off

 

Sim, eu sei que é loucura. Ouvir aquela proposta me pareceu absurdo de início, e mais tarde uma pontada de arrependimento me acertaria, mas fiquei um tempo refletindo, depois de fazer um milhão de perguntas pra ela. Era simples: eles me mandavam um contato e um endereço, eu executava e o dinheiro caía na conta. O que eu tinha a perder?

 

Há quatro anos sou matador de aluguel, com quarenta e dois alvos eliminados com perfeição. O treinamento pesado que recebi quando entrei para a corporação me fez mais agressivo e calculista do que já era. Pode parecer clichê, mas eu realmente gostava do que fazia. Já recebi uma proposta para ser detetive, mas não tinha certeza se queria isso. Era algo mais profundo e arriscado, e com certeza teria que sair da Milleniumm.

 

(...)

 

Dormi a viagem inteira. Acordei com o solavanco do pouso do avião e, ao olhar pela janela, vi que já estava em São Paulo. Esfreguei os olhos e levantei-me, acompanhando os outros passageiros para a saída.

 

Fazia um calor intenso e na hora minha cabeça começou a latejar. Peguei um táxi até meu apartamento, onde entrei e coloquei as malas no chão. O lugar estava virado de cabeça para baixo; pizza de vários dias em cima da mesa, roupas para todo lado, várias gavetas abertas... Parecia que tinha sido assaltado, mas foi resultado da correria quando saí de viagem para o Texas.

 

Caminhei até uma das gavetas, onde sabia que estava uma foto.

 

Aquela foto.

 

Peguei-a e a observei por algum tempo. Nela estava Lucas, meu amigo de infância e adolescência, com o cabelo castanho claro e um sorriso enorme de aparelho, enquanto segurava uma garrafa de coca-cola na mão direita. A fotografia estava um pouco surrada e amarelada devido ao tempo.

 

Dez anos... Era muito tempo pra ficar sem a presença de alguém tão importante. Há dez anos não nos falávamos, não nos víamos... Lucas (vulgo Luba) foi a única pessoa com quem me importei a vida inteira.

 

Sei o quanto isso pode soar contraditório e dramático, mas é a verdade. Eu nunca fui muito aberto para confiar em pessoas, porque as mais importantes, que foram meus pais, me decepcionaram.

 

Lucas era... Um refúgio, sabe? Uma saída daquele inferno.

 

Quando apanhava do meu pai ou era... explorado, eu o procurava para esquecer. Nunca contei o que realmente acontecia, pois eu não queria sua amizade por pena. Luba sempre foi leal e me ajudou mais do que jamais poderia saber. Éramos inseparáveis, até o loiro dizer que precisava ir embora, pois seus pais iriam mudar-se para Santa Catarina. Foi um dos piores dias da minha vida: despedir-me dele.

 

Sem minha única fonte de felicidade, eu me vi perdido. Tinha catorze anos na época e Luba dezessete. Dissemos que nunca íamos deixar de nos falar, mas os meus problemas aumentaram tanto que me desfiz de tudo que tinha. E depois do ocorrido com meus pais... Decidi deixar aquela vida para trás.

 

Às vezes ficava imaginando como estaria Luba hoje...

 

Saudades é pouco. O que sinto ainda não tem nome.

 

Se pudesse reencontrá-lo, diria o quanto ele tinha sido importante, o quanto sua amizade fez falta nesses anos. O quanto da minha sanidade ele levou na mala, pois era o único que conseguia me fazer sorrir. Talvez... Talvez eu sentisse sentisse mais do que um simples sentimento de amizade, mas nunca tive a chance de descobrir.

 

E de que adiantaria fazer isso agora?

 

Olha pra mim... Ele não merece uma pessoa como eu. Eu estou quebrado, tenho um passado difícil e meu presente seria uma vergonha para ele.

 

Ele era tão inocente, tão pequeno... Mesmo sendo três anos mais velho.

 

Guardei a foto na gaveta, sentindo um aperto muito grande no peito, que tentei ignorar. Passei as mãos pelos cabelos e me dirigi à janela, olhando as horas no relógio da parede: 17:46.

 

Por um momento pensei em arrumar um pouco aquela bagunça, mas desisti assim que sentei-me no sofá, pegando no sono instantaneamente.


Notas Finais


Eai, gostaram?
Sim, ele será bem problemático nessa história, apesar de, no fundo, ser uma boa pessoa.

Até o próximo capítulo!
Beijão!


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