História Como Se Livrar De Um Demônio Apaixonado - Epílogo

A vida, as vezes, pode ser imprevisível.

Você pode acordar hoje se sentindo o maior fracassado e terminar o dia como um campeão. Na verdade, todos nós somos, não é mesmo?

Mas deixando esse papo furado de lado, provavelmente você deve está querendo saber o que aconteceu com Jungkook e Jimin.

Isso mesmo, não é o Jungkookzinho aqui. Dou um doce se você adivinhar e acertar quem é.

Mas, voltando ao casal central dessa história, gostaria de dizer que já se passou muitos anos desde que eles foram viver juntos no inferno. Muitos anos mesmo.

De início, foi até um pouco complicado para o Jeon se adaptar, até porque era tudo novo. Porém, essa nem é a pior parte, e sim, quando Jungkook se deu conta de que havia morrido.

Sim, o manézão tava saltitando pelo inferno há anos e, de repente, teve uma crise de existência e começou a chorar.

Eu, como um bom amigo, cai na gargalhada. Sorry, não pude evitar.

Muitas coisas aconteceram também, o casal brigou bastante quando outros demônios convidava-os para fazer coisas. Jimin, estúpido, aceitava de cara e isso deixava Jungkook nervoso. E no fim sempre terminava em discussão, mas eles logo se acertavam. Com o tempo, o mais novo foi aceitando sua vida infernal e aprendendo a viver como nós.

Provavelmente você já deve ter sacado quem sou eu. Puta merda, não sirvo pra suspense.

Ta bom, sou eu, Taehyung cheiroso ao seu dispor.

Enfim, continuando, depois de alguns anos, no aniversário deles de não sei quanto tempo juntos, eu estava em dúvida sobre o quê dar de presente. Como sou péssimo para isso, mal conheço os gostos de meu melhor amigo, quem dirá do Little Jeon, decidi fugir para a terra e perguntar ao Yoongi e Hoseok.

Eles sugeriram algo memorável, a coleção inteira de Game of Thrones. Juro que nessa hora perguntei aonde havia amarrado meu burrinho (aprendi com Jungkook essa).

Depois, perguntei para Jin que disse-me para dar uma fantasia de coelhinho para o Jeon, daí ele usaria com o Jimin. Só de imaginar a cena fiquei com náuseas, fingi até vomitar. Enquanto ria, Namjoon escutava a nossa conversa e acabou sugerindo algo que fosse único, algo que eles fossem me agradecer por toda a eternidade. E foi então que eu percebi o que Jimin e Jungkook realmente precisavam.

Algo que eu nunca pude ter, uma nova chance.

As vantagens de ter um papai que criou o universo são inúmeras, por isso decidi fazer uma troca com o mesmo. Cedi parte de minha asa em troca de uma nova vida para meus amigos, ou seja, sem qualquer chance de um dia voltar para o céu.

Como se eu ainda tivesse alguma.

Mas, bom, pelo menos eles poderiam ter o que eu não pude, sabe? E eu consegui dar a eles isto, consegui dar a Jimin a chance de conseguir viver uma vida normal, sem um pai ditador e Jungkook sem a frieza de sua família.

Então, Ele fez o que eu pedi e deu-lhes a vida outra vez.

Olhando pela janela da pequena sala em que me encontrava, estava refletindo em tudo isto que havia dito a você. Loucura como minha vida mudou bastante no último milênio. Como eu disse, a vida é imprevisível.

— Nem parece um babacão com essa posse séria observando a paisagem. — sorri de canto ao escutar aquela voz.

Quando girei os calcanhares, encontrei Jungkook parado na porta, seus cabelos agora estavam mais escuros que antes. O deixou ainda mais bonito.

— Eu gosto de bancar o irresistível.

— Mas continua sendo um babaca. — fechou a porta atrás de si e se jogou em uma das cadeiras de couro daquela sala, que na verdade tava mais pra um escritório.

— Obrigado, sempre tão gentil. — disse ao me aproximar da mesa e me sentar na beira, continuei olhando para o mais novo.

— A casa está cheia. Puta merda, nem dá para acreditar! — citou com os olhos brilhantes.

Ele estava mais animado que eu.

— Pudera, a parada é boa poxa, e, também, meu fã clube é grande.

— Fã clube? - resmungou cruzando os braços, tipico. - Eu quem deveria estar ganhando toda a atenção.

— Qual é! — ralhei dando-lhe um pequeno empurrão. — Nem vem, porra. Eu te dei créditos, Little Jeon.

Ele comprimiu os olhos por o tempo antes que nós caissemos na gargalhada.

— Tem razão, eu nem acredito que é a descrição de um sonho meu, sabe.

— Foi muito bem elaborado.

— Quer dizer... — se levantou. — Eu invocando um demônio que basicamente se tornou meu escravo e depois nos apaixonamos, mas aconteceram umas reviravoltas e eu o mandei de volta para o inferno. O Namjoon sendo um mago e o Jin o principe da Luxúria. - acabou rindo divertido.

— Sendo que o Namjoon é um professor de história na mesma faculdade que você trabalha e o Jin, um viajante.

— É, ele some um bocado. Me pergunto como o Nam aguenta essas sumidas repentinas.

— Verdade. — respondi normalmente.

Jungkook que antes estava olhando pela janela onde eu estava, girou os calcanhares olhando para mim com um sorriso no rosto e apontando.

— E não podemos esquecer de você, Mr. Capeta. — acabou gargalhando.

— Você tem uma imaginação fértil, não é mesmo? — entrei na brincadeira.

Era engraçado ver que ele não podia se lembrar de sua vida passada, essa era a condição da reencarnação.

— Verdade. Fico feliz que a idéia do livro tenha dado certo.

— Eu também. — respondi e me aproximei de Jeon. — Após essa sessão de autógrafos, eu terei que sumir por uns tempos.

— Hm, de novo?

— Sim, eu preciso ir... — para o inferno, literalmente. — Divulgar o livro em outros lugares.

— Ah sim, eu entendo.

Jungkook parecia pensativo.

— Tudo bem?

— Sabe o cara do meu sonho, o demônio? — assenti. — Eu sinto que toda a nossa história foi verdadeira, sabe. Como nós dois e a nossa amizade, é como se nos conhecêssemos há anos.

— Ah, que meigo. — passei meu braço em volta de seu pescoço.

Baguncei seus cabelos.

— Ei, idiota! - resmungou ao se soltar. — É sério.

— Eu tenho a impressão de que você vai encontra-lo um dia.

— Você acha? — perguntou esperançoso.

— Claro, quando ele perceber essa sua bundinha, vai ser amor a primeira vista. - dei um pequeno tapa e Jungkook me devolveu em meu braço.

— Babaca, não dá para conversar sério contigo.

Após rirmos juntos, um dos assistentes bateu na porta e anunciou que a sessão iria começar. Seguimos juntos para fora do escritório.

Eu lhes ajudei lhes dando uma nova vida, porém Jeon e Park não se lembravam um do outro, só vagamente. E eu, bom, o combinado era que eu não podia intervir, mas, provavelmente, você já sabe como eu sou do tipo que não segue as regras.

Então, meu amigo, eu intervi só um pouquinho.

Ao chegarmos ao térreo do prédio, os flashs iniciaram. Algumas pessoas gritavam eufóricas e apenas sorria em satisfação. Na terra, eu era Kim Taehyung, um escritor famoso que explodiu com um livro com uma história totalmente inovadora inspirada em um sonho de um amigo meu.

Mas que não era nem um pouco fictício como todo mundo achava, muito pelo contrário, era muito real.

Me sentei em uma das cadeiras enquanto uma fila se formava e, calmamente, fui atendendo cada fã. Alguns choravam, outros ficavam completamente sem fala e outros queriam abraçar tanto a mim quanto ao Jungkook que era o verdadeiro dono da história.

Porque não hesitei em revelar da onde havia saído minha inspiração.

Porém, minha preocupação não era apenas a sessão de autógrafos, e sim, se Jimin apareceria como planejado.

Não demorou para que eu enxergasse uma cabeleira rosa na multidão.

Ele se aproximou e retirou os óculos escuros acenando em seguida. E, de soslaio, percebi a reação de Jungkook ao vê-lo e me segurei para não rir.

Nitidamente boquiaberto, ele olhava fixamente para o Park que estava ainda mais perto.

— Não é que tudo deu certo mesmo, Taehyung? — disse ele ao chegar próximo a mesa e me abraçar. — To vendo que você nem precisa da minha ajuda.

Jimin era um empresário muito conhecido por ter êxito em todos os seus trabalhos.

— É porque eu sou muito bom.

Ao desfazer o abraço, Jimin percebeu Jungkook ao meu lado que desviou o olhar para o chão envergonhado.

— E quem é esse Don Juan ao seu lado?

— Don Juan? — balancei a cabeça. — Fala sério, Jimin. Não tinha nenhuma melhor?

Ri divertido.

— Não. — respondeu normalmente.

O rosado deu um passo, ficando ao lado do Jeon.

— Me chamo Park Jimin, sou o atual empresário do Taehyung, ele me invocou sabe. — riu baixo.

Jungkook olhou para o mesmo completamente sem jeito.

— J-Jeon Jungkook.

— Jungkook? — perguntou. — Você me parece familiar...

Fiquei observando-os por um tempo, imaginando o que aconteceria daqui pra frente. Jimin era comunicativo e Jungkook um pouco envergonhado, eles eram perfeitos um para o outro, alma gêmeas.

Acabei sendo retirado de meus pensamentos quando mais um fã se aproximou e me abraçou desesperada.

(...)

Já no inferno, me encontrava em minha sala no grande castelo. Havia acabado de atravessar o grande espelho. Hoseok e Yoongi estavam ali, sentados cada um em uma cadeira enquanto disputavam em um jogo de cartas.

— Vinte e um! — gritou Yoongi em vitória.

— Vinte e um nada! — resmungou Hoseok. — Você roubou!

— Você nunca aceita quando eu ganho.

Pronto, novamente se iniciou uma nova briga. As vezes cogitava se havia sido bom te-los ao meu lado.

Sim, viviamos os três juntos

Mas, diferente de Jimin, eu não firmei um pacto com eles. Hoseok e Yoongi viveram até a sua velhice na terra e depois seguiram para o inferno, para viver ao meu lado e porque fora condenados também.

Papai não iria querer esses manés ao lado dele.

Quando me perceberam ali, correram em minha direção para me abraçar. Fui recebido com carinho e beijos, confesso que era muito bom.

— E os dois? — perguntou Yoongi. — Conseguiu junta-los?

— Mais ou menos. — respondi. — Eu acho que sim, dei um empurrãozinho.

Ambos assentiram.

— O que é isso em suas mãos? — indagou Hoseok sobre o livro.

Sorri antes de entrega-lo em suas mãos.

— O livro de toda a nossa história, já saiu.

— Ah, estava ansioso. — sorriu o Jung. — Então está tudo registrado aqui? Vou ler para matar as saudades.

— Depois não esquece de me emprestar. — resmungou Yoongi.

— Uh, vou pensar no seu caso.

Dito isso, Hoseok começou a se esquivar dos tapas de Yoongi e eu acabei por rir. Minha vida se tornou colorida desde a chegada dele e de suas idiotices, agora eu sabia o que era sorrir de verdade. Eu amava aqueles dois homens. Entendia, agora, o que Jimin sentia por Jungkook e, sinceramente, se o amor é assim, eu queria me embriagar, me perder completamente nele. 

Livro: Como Se Livrar De Um Demônio Apaixonado

Autor: Kim Taehyung

 

 

 

 

As vezes, o que um cara pode ter de mais interessante não é seu sorriso ou ser um demônio, e sim, sua mania de acertar pessoas com discos de vinil.