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História Como tudo começou - para Vegeta - A consulta


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Ah, mas tava na cara que isso ia dar problema, não tava?

Boa leitura!

Capítulo 126 - A consulta


- Senhora Bulma? – o doutor gentil corrigiu, sorrindo à ela com os lábios e os olhos. – Podemos ir? – e apontou a porta do consultório.

Vegeta deu uma resmungada, que fez Bulma o olhá-lo com o canto do olho enquanto se levantava.

- O que foi? – perguntou baixinho, pegando a bolsa.

Ele fez carranca e cruzou os braços.

- O que esse “médico” vai fazer? – perguntou visivelmente incomodado. O modo como falou “médico” deixou claro que não estava gostando nada, nada disso.

- Me examinar, ué. – Bulma respondeu de forma óbvia. – Anda, Vegeta! Você vai ficar aí? – falou sussurrado, mas era, claramente, um grito, pro homem que ainda estava estacado, sentado no sofá. Ele virou o rosto. – Então fica, idiota. Eu tô indo. – e virou, toda sorridente pro médico.

Em meio segundo ele estava do lado dela. Aliás, na frente dela.

Vegeta conheceu um médico em sua vida. Não pra necessidade dele. Pras dele, “médicos” eram aqueles seres alienígenas que operavam os tanques de regeneração na base de Freeza. Na Terra, ele teve contato com um único médico, que era aquele que ficava na enfermeria da Corporação Cápsula. Tinha se relacionado com aquele homem em três ocasiões: quando Bulma caiu da escada. Quando Trunks ficou tempo demais desacordado depois de um golpe. E uma vez, que o encontrou na academia e, por algum motivo, sua anatomia diferenciada chamou a atenção do homem aplicado à ciência da biologia humana. Efetivamente, conheceu só esse médico e deduziu que todos seriam iguais à ele: velhos, com cheiro de alguém cuja morte está próxima de acontecer, sisudos, respeitosos, de poucos sorrisos, de perguntas pertinentes, pouca interação, que fosse adepto de respostas curtas e grossas e que, quando interagissem, fossem pra admirar como a sua composição sayajin era superior a de um mero terráqueo.

Foi uma surpresa ingrata descobrir que o homem que chamou a sua princesa era o médico. Esse tal “doutor” não se parecia em nada com o velho que trabalhava na Corporação. Em nada. Em absolutamente nada. A começar dessa boca arreganhada, cheia de dentes, se mostrando pro lado de Bulma. Assim que soube que esse era o médico que ia consulta-la e que esse sorriso aberto ia se manter por mais tempo, Vegeta sentiu uma estranha necessidade de provar qual era o gosto de dentes terráqueos. Talvez os do médico. Seria uma boa opção. Arrancá-los um a um, deixa-lo banguela, menos atraente, talvez. A irritação pela diferença não parou no sorriso. Não era velho. Jovem, bem jovem. Talvez a idade de Gohan. Pouca coisa mais velho, quem sabe. Um maldito cheiro de macho com vontade de acasalar. E que se sentiu levemente atraído por ver a fêmea mais linda e reluzente de todas: A terráquea dos cabelos azuis. Ficou um pouco chocado. Não se existe nenhum código de ética nesse planeta de merda?! Bom, isso talvez fosse uma boa desculpa pra mata-lo. Estava sendo desrespeitoso com a sua princesa e, como sayajin leal, teria que eliminar o cretino. Quando viu Bulma fazer menção à entrar naquela sala sozinha com o infanto-doutor, quase colapsou. Pulou na frente dela na hora. E foi de cara feia. Se tinha uma coisa nessa vida em que era bom, era em fazer cara de bravo.

- Podem ficar à vontade. – o médico gentil apontou as duas cadeiras à frente de sua mesa, indo diretamente pra dele. Bulma se sentou, devolvendo o mesmo sorriso grande que lhe era dado. Vegeta ficou de pé. Braço cruzado no peito e fazendo sua cara mais ameaçadora. Ela o olhou por cima do ombro, fazendo uma reprovação imensa com o olhar. Ele deu de ombros. Não sentaria. E ainda devolveu um olhar mais feio ainda, que era pra ela fechar aquela boca cheia de dente. Não precisaram se falar, mas ambos sabiam o que os olhos falavam. Bulma deu um suspiro cansado. Isso ia ser um desastre. Vegeta soltou um “Humpft!”. Quem faria o desatre seria ele mesmo.

- Muito bem, senhorita Bulma... – o médico começou a falar, lendo a ficha que tinha em mãos. O sayajin o interrompeu imediatamente com a voz de trovão.

- É senhora. Ela é casada. – tinha entendido que a mudança na palavra significava isso e, pra ele mesmo, nunca tinha tido importância nenhuma. Até esse exato momento. Sentiu uma necessidade inumana de deixar isso claro uma única vez, antes de ter que matar o médico. – Comigo. Eu sou o marido. – e deu um daqueles sorrisos malucos, que mais parecem uma ameaça de dentes à mostra.

O doutor levantou os olhos pra ele com um certo desdém. Ficou levemente assustado pela postura, mas não se deixou levar. Sabia que, por ser jovem e estar em uma área da medicina que lidava com mulheres, encontraria um ou outro marido ciumento. Cuidado, doutor. Prossiga com cautela.

Bulma deu um sorrisinho satisfeita. Mas não deixou Vegeta ver.

- Peço desculpas... “senhora” Bulma. – enfatizou o senhora. Provocou de propósito, olhando pra Vegeta. Mas se virou de volta pra ela. – Eu sou novo aqui no consultório, é a primeira vez que nos encontramos, certo? – perguntou de modo gentil.

Bulma assentiu com a cabeça, sorrindo levemente.

- Sim, sim. Na minha outra gravidez, quem cuidou de mim definitivamente não foi você. – e deu um riso nervoso. Ouviu um rosnado baixo atrás de si.

O médico se deixou levar pelo riso dela. Ele estava jogando um charmezinho.

- Meu pai. – justificou. – Ele se aposentou e eu assumi o lugar dele na clínica.

Bulma concordou com a cabeça, como se lembrasse de algo.

- Me lembro de ele comentar que tinha um filho que estava entrando na Faculdade de Medicina... – devaneou pela lembrança. – Nossa, mas isso já tem tanto tempo assim? – ela mesma se corrigiu. – Claro, Trunks já está pra fazer catorze anos! – e riu de si mesma, pelo lapso. – Mas você é tão jovem...

Alguém assistia essa troca de gentilezas, mordendo até a boca de raiva.

- Também acho. – Vegeta disse firme. – O menino mal saiu das fraldas. Como pode te ajudar com qualquer coisa? Deveria ir atrás de outro. – disse com aquele tom arrogante, usando da sua capacidade ímpar de menosprezar os outros.

Novamente, o médico só lhe lançou um olhar de desdém.

- Sou perfeitamente capaz de lhe assistir durante à gravidez, “senhora” Bulma. – respondeu à provocação de Vegeta, olhando pra ele e enfatizando de novo o senhora. – Mas, gostaria que ficasse muito à vontade se quiser procurar outro médico, afinal, eu não sou meu velho pai... – e riu, coçando a nuca, despojado como o jovem que era.

- Velho não é mesmo... – Vegeta resmungou baixinho.

Mas Bulma ouviu.

- Vegeta! Chega! – ralhou sussurrado, olhando pra ele de cara feia. De novo, ele só soltou um “Humpft!” e não se abalou. Ela voltou a olhar pro médico. – De maneira nenhuma! Os Briefs são tratados por sua família desde sempre e isso vai continuar assim! – disse firme, dando a confiança que o jovem doutor nem precisava.

Ele sorriu pra ela, satisfeito pelas palavras.

- Ótimo, ótimo... – e voltou a ler a ficha antiga que tinha. – Então, vamos conversar mais um pouco. Alguns dados eu já tenho aqui, mas alguns eu vou precisar atualizar... – disse à ela, se preparando pra escrever. – Vejamos... Bulma Briefs... – e esperou. Olhou pra ela. – Nome de casada?

Um silêncio estranho pairou no ar. Por algum motivo, Vegeta sentiu que isso se referia à ele. Como, nome de casada? Quando se casa, muda nome? Terráqueo tem cada imbecilidade...

- Não alterei. Continua Bulma Briefs. – Bulma contornou. Mas ficou curiosa. Será que tinha algum sobrenome depois de Vegeta? – o médico continuou. Alterou a idade pelas contas próprias.

- Filhos... um, certo? – perguntou e Bulma concordou com a cabeça. – Quer dizer, mais um à caminho! – e riu do jeito brincalhão de novo, estreitando os olhos e coçando a nuca. – Algum acidente grave, cirurgia, fratura, depois da primeira gravidez, Bulma? Posso te chamar de Bulma? – perguntou rápido.

- Claro, claro. – ela respondeu sorrindo. O sayajin resmungou um palavrão em alguma língua que ela desconhecia. Bulma pensou na pergunta. Depois de Trunks nascer... quase morreu na explosão da nave contra os androides, caiu da escada, morreu por Majin Boo, foi pro futuro duas vezes. – Não, tudo em ordem. – respondeu com um sorriso falso. Ouviu Vegeta rir baixinho e olhou pra ele, com um olhar cúmplice. Deu uma risadinha sem vergonha, que ele retribuiu.

- Uma saúde de ferro, então! – o médico brincou.

- Quase um alienígena! – Bulma rebateu, ainda rindo da primeira piada interna.

- Fico satisfeito em saber disso. – ele respondeu sorrindo e olhando pro arquivo dela. – Suas taxas durante a gravidez eram sempre oscilantes... – analisou com uma leve preocupação. – O bebê sugou muito dos seus nutrientes... duas internações por desidratação e anemia? – perguntou à ela, esperando a confirmação.

Vegeta sentiu um baque. Nunca soube disso. Mas conseguia entender que fazia todo sentido. Gerar um sayajin era algo extraordinário à composição de uma terráquea. Ainda mais uma com corpo tão frágil quanto o de Bulma, que era visivelmente magra. Nunca tinha parado pra pensar nisso, mas era bem óbvio que Trunks tinha sugado até o seu tutano. Olhou pra ela chocado pela descoberta da informação. E pelo segredo bem guardado durante todo esse tempo.

Bulma baixou os olhos. Era algo que ela não queria que Vegeta soubesse. Em seu íntimo se culpava, de alguma forma. A cada vez que sentia seu corpo ranger de dor ou fraqueza, se lembrava do quanto o sayajin desprezava os terráqueos por sua inferioridade. Então se manteve forte pelo máximo que pôde. Mas, por duas vezes, o corpo ruiu e precisou de ajuda.

- Sim. – respondeu baixinho. – Mas foi só dois dias na primeira e três na segunda. – complementou mais alto e rápido, como se quisesse justificar que tinha se recuperado bem rápido.

O médico voltou a fazer anotações, dizendo algo sobre tentar estabilizar seus níveis durante toda a gravidez, mas Bulma sentia o olhar penetrante de Vegeta lhe queimando a nuca. Não queria olhá-lo, porque tinha certeza de que iria encontrar a decepção em seu olhar. Era fraca, como todos os terráqueos. Até sentir a mão dele em seu ombro. Levantou os olhos, confusa e surpresa com aquilo. Ele se abaixou ao lado dela, lhe dando o sorriso mais sincero de todos. Seu olhar não era de acusação. Era de admiração. De respeito.

- Você é a mulher mais forte que eu já conheci. – disse baixinho pra ela, que sorriu satisfeita demais de ouvir aquilo. Vegeta se rendeu à isso. Se Bulma estava disposta a passar por toda essa dificuldade de novo, ele conseguiria suportar um vermezinho insolente, vestido de doutor. Sentou ao lado de Bulma, na cadeira que tinha lhe sido oferecida. Mas manteve a carranca. Aliás, aumentou a carranca quando o médico lhe lançou um olhar de vitória.

- Muito bem, Bulma. – ele continuou. – Hábitos alimentares? – ela discorreu sobre tudo e ele indicou um nutricionista, ainda mais pra ajudar com os níveis que queria manter. – Fuma? – negou. Há tempos não colocava um cigarro na boca. – Bebe? – também disse que não bebia há algum tempo. – Vida sexual. Como está? – a pergunta era de praxe. Agora o sayajin...

Vegeta achou que ia ter um troço. Deu uma engasgada tão alta, que chamou a atenção dos outros dois, que o encararam pra saber qual era o problema.

- Como você acha?! Ela está grávida, não está?! – rebateu irritado com a “ousadia” do médico.

Bulma rolou os olhos. Não era sobre isso que ele estava perguntando.

- Está tudo em ordem. – respondeu sem dar atenção ao chilique. – Aliás... minha vontade está aumentando conforme os enjôos tem diminuído. – explicou naturalmente, fazendo Vegeta ficar ainda mais incomodado.

- E está resolvendo como? Estão transando? Masturbação? – a pergunta do médico também foi muito normal.

Ele ia morrer. Ia morrer. Ninguém tava vendo um sayajin a ponto de explodir ali do lado?

- Na verdade, já faz um tempo que não transamos. – Bulma concluiu, olhando pra Vegeta, que, agora, ainda se sentia um frouxo. Ela olhou pro médico. – Masturbação sim. – respondeu sem se alterar.

- Como eu vou fazer isso, mulher?! E se eu te machucar?! E o bebê?! – a pergunta dele, sim, foi alterada, desesperada, olhando pra Bulma.

- Sexo na gravidez não é prejudicial pro bebê. – o médico respondeu sorrindo, olhando pra Vegeta, que considerou isso uma afronta.

- Porque você não conhece ela! – falou no impulso. Depois se arrependeu, ao notar o maldito cheiro de excitação de novo. Estreitou os olhos e cerrou os punhos embaixo da mesa. – Mas eu vou resolver isso, pode deixar. – encerrou falando com a calma assustadora.

Dessa vez, o doutor deu uma apavorada. Primeiro, porque tinha perdido um pouco o controle do pensamento, imaginando o que será que ela gostava que podia ser tão perigoso. Segundo, porque aqueles olhos estreitos eram mesmo assustadores. E terceiro, essa calma dele ao falar tirava a alma das pessoas do corpo. Engoliu em seco e se recompôs, tentando não transparecer o pavor.

Bulma reconhecia aquele sorriso do marido. Até ela deu uma engolida, ao vê-lo sendo endereçado ao rapaz. Tão jovem e tão morto...

- Vegeta... – chamou baixinho, pegando a mão dele que ainda estava cerrada, com o soco armado. Os olhos malucos dele se despregaram do pobre médico e se voltaram pra ela. – Sem matar ninguém, tá amor? – sussurrou com um sorriso. Ele desfez a postura de ataque e se encostou de novo na cadeira.

- Não garanto nada. – respondeu com desdém, cruzando os braços no peito.

O médico ainda estava em choque pelo olhar e, por mais que tivesse sido sussurrado, ouviu o aviso sobre a morte iminente.

- Okay... – falou com os olhos arregalados. – Acho que eu não preciso mais saber nada daqui. – e fechou o arquivo rápido, colocando a pasta pro lado. Respirou fundo, pensando em como devia prosseguir. – Bem, Bulma. Vamos tirar um pouco de sangue, pra fazer uns exames e depois dar uma olhada nesse bebê. O que acha? – disse tentando manter a postura comum, despreocupada.

Ela se iluminou. Era o que queria desde o começo. Abriu o sorriso largo, daqueles em que Vegeta achava que iluminava tudo ao seu redor. Aliás, Vegeta sentiu um ciúme mortal desse sorriso ser dado ao médico. Torceu o nariz de novo.

- Onde eu me troco? – ela perguntou empolgada, já se levantando.

O doutor lhe devolveu o sorriso, coçando a nuca. Era um hábito. E um hábito dos mais charmosos, diga-se de passagem, além riso largo, com a coçadinha e os olhos fechados enquanto ria.

- Vem comigo, eu te mostro. – e se levantou pra indicar o lugar onde Bulma deveria ir.

Sirenes altíssimas foram ligadas dentro da cabeça do sayajin.

- Onde você vai? – perguntou ríspido à Bulma, que saía com a mão com médico amparando suas costas.

- Colocar a roupa pra fazer o exame. – ela respondeu como se fosse óbvio.

Vegeta parou ao lado dela de imediato. Olhou pro médico. Olhou pra mão do médico. Imediatamente, o doutor tirou dali, como se tivesse quente.

- Vou junto. – disse sério.

- Vegeta, não precis... – foi interrompida.

- Vou junto. – repetiu. Bulma rolou os olhos.

- Então vem. – respondeu impaciente. Ele saiu se sentindo vitorioso. Ainda deu uma olhada superior pro médico, como se tivesse ganhado uma competição imaginária, da qual o coitado nem sabia que estava participando. Foram encaminhados até um cômodo anexo ao consultório, onde tinha uma camisola preparada pra Bulma.

- Você pode se trocar. Assim que estiver pronta, é só voltar pra sala, que a enfermeira já vem pra coletar seu sangue. – o doutor foi gentil mais uma vez, antes de deixar só os dois. Assim que fechou a porta, Vegeta viu os olhos azuis escuros de tempestade se virarem pra ele. Ferrou.

- O que você pensa que tá fazendo?! – perguntou brava. Ele assumiu a postura passivo-agressiva.

- Não sei do que está falando. – tentou desconversar.

Bulma foi caminhando até ele, em passadas lentas demais. Lentas demais. Ele apavorou.

- Vegeta, você tá tentando assustar o médico! – ralhou com ele.

- Ele que tá com gracinha pro seu lado! – admitiu, irritado.

- Ciúme, Vegeta?! Ciúme?! Do médico?! Ele é um menino, pelo amor de Kami-Sama! – bradou de volta, incorfomada com isso.

Ele estava com ciúme. Estava se mordendo de ciúme. Estava alucinando de ciúme. Por mais que sua constituição de sayajin permitisse que sua aparência ainda fosse mais jovem, sabia muito bem que não era mais nenhum garotão. E ver um garotão de verdade, todo cheio de dentes pro lado de sua princesa tava sendo particularmente desagradável. Tava acostumado com o verme. Não era fácil, não gostava. Mas com o verme, sabia que ia acontecer e já tinha aprendido a lidar. Achava até prazeroso, tortura-lo ficando perto de Bulma. Também estava acostumado com os outros insetos que sempre a rodeavam, como o velho nojento e o porco esquisito. Até Bills, ele tinha suas dúvidas em relação à algum interesse. Mas tinha sido a primeira vez que lidava com isso diretamente. Com essa visibilidade que a “sua” terráquea ainda causava nos outros machos. Depois de tanto tempo, grávida, ela ainda conseguia despertar o desejo de outros homens. E pior, em terráqueos mais jovens. Teve uma baita crise de ciúme, associada à uma de meia-idade.

- Ele está interessado em você. – respondeu com falso desdém, cruzando os braços e virando de lado.

Bulma rolou os olhos, impaciente.

- Amor, por favor. Ele é um médico. Isso não é nem correto, da parte dele. – tentou explicar com argumentos racionais.

Vegeta deu um riso seco.

- Como se isso impedisse alguma coisa... Se você conseguiu fazer com que eu passasse por cima do que achava certo, acha que não faria isso com um vermezinho daqueles? – era uma mistura de medo, com mágoa.

Bulma achou bonitinho. Era ciúme. Mas não daqueles doidos, que quase matavam o Yamcha. Era um ciúme daqueles que deixam a pessoa deprimida. Chegou mais perto dele e o abraçou pelas costas.

- A diferença é que você eu queria. Ele eu não quero. – disse baixinho, no ouvido dele, que se arrepiou.

Um esboço de sorriso se formou. Desde quando tinha ficado tão inseguro? Era o maldito príncipe dos sayajins e tava ali, tendo um ataque de ciúme e com medo de ser substituído por um terráqueo de bosta que nem aqueles, que não aguentaria um tapa dado com as costas da mão.

- Faz bem de não querer. Eu sou muito melhor. – respondeu com a arrogância de sempre, virando pra ela e a abraçando pela cintura. – Sem contar que você é minha... – disse mansinho, se abaixando pra roubar um beijo, que Bulma deu de bom grado.

- Sempre. – respondeu com os lábios colados no dele. – Agora, deixa eu me trocar, porque eu quero ouvir o coração do meu solzinho! – disse animada, se soltando daqueles braços fortes que não estavam muito animados de deixa-la fugir dali.

Quando voltou pra sala do médico, a enfermeira já a esperava. Bulma teve o sangue coletado, sendo escoltada pelos olhos atentos do sayajin mais preocupado de todos, que ameaçou a pobre enfermeira duas vezes, por estar apertando demais o braço de sua princesa. Até que, finalmente, o momento esperado chegou. Foram até uma segunda sala, onde o doutor já aguardava. Bulma se deitou na maca, ansiosa.

- Vamos lá? – o médico perguntou o de praxe. Foi abrindo a camisola como era o procedimento. Mas conforme fazia isso, os olhos negros de Vegeta foram esverdeando. Bulma sentiu que as coisas estavam estremecendo no lugar e olhou pro marido.

- Só um minuto, doutor. – e levantou rápido, puxando Vegeta pra outra sala. – Misericórdia, homem! A gente não acabou de conversar? – perguntou apavorada.

Ele estava em choque.

- Aquele infeliz... – balbuciava com os dentes mordidos. – Aquele maldito... ele ia tirar a sua roupa... comigo ali... – Bulma notou as faíscas verdes surgindo de novo nos olhos dele. Espalmou as duas mãos em volta do rosto de Vegeta e fez ele encará-la.

- Você vai me matar. – falou firme. Uma conclusão. – Você vai conseguir me matar de nervoso.

Ele se assustou. Se acalmou na hora, quando Bulma disse que ele ia mata-la.

- Pára de ser idiota, mulher. Não fala essas coisas. – resmungou, se livrando das mãos dela.

- Kami, Vegeta! Ele estava tirando o tecido de frente da minha barriga! – falou gritado, irritada por ter que explicar o óbvio. – Pra passar o aparelho!

Vegeta fechou os olhos. Vergonha. Respirou fundo, constrangido. Claro que era isso. Era uma situação tão absurdamente constrangedora, que não tinha nem o que falar. Abriu os olhos e olhou pra Bulma. Começou a dar risada.

- Eu não vou pedir desculpa, você sabe disso. – disse em meio a risada.

Ela nem riu. Tava brava demais pra isso. Só virou de costas e voltou pra sala. Ele a seguiu, ainda rindo.

- Desculpa, doutor... – disse bufando e se deitando de novo. – Podemos continuar.

Ele concordou com a cabeça. Voltou ao mesmo procedimento e, ao abrir a camisola, Bulma fixou os olhos em Vegeta. Se ele inventasse de fazer alguma gracinha, ia dar um grito tão grande com ele, que era capaz de os namekuseijins ouvirem. Mas ele não fez nada. Ficou quietinho, esperando em silêncio, de cara feia e braço cruzado.

- E aqui está o nosso bebê. – o doutor falou, olhando praquele borrão na tela.

- “Nosso”. – Vegeta interferiu. – Meu e dela. – e os apontou. Bulma rolou os olhos impaciente.

- Ainda não dá pra saber, né? – Bulma se referia ao sexo. O médico negou com a cabeça. Pelas contas, estava com pouco mais de três meses e ainda demoraria um tempo até poderem descobrir. – E está tudo bem? – a pergunta de Bulma era preocupada. Tinha abusado um bom tanto, antes de descobrir que estava grávida. Afinal, duas viagens no tempo não era algo tão comum.

- Tudo. – ele respondeu sorrindo pra tela, confirmando os dados conforme mexia o aparelho sobre sua barriga. – Pelo visto, o bebê também tem uma saúde de ferro, como a mãe. – e sorriu pra Bulma.

- Um maldito sayajin... – Vegeta murmurou sorrindo.

- Um maldito sayajin... – ela murmurou também, sorrindo pra ele, que sorriu de volta, gostando demais dos olhos azuis claros daquele jeito.

O médico não entendeu o que aquilo significava, mas deu de ombros. Podia ser alguma intimidade do casal, portanto, não quis interferir.

- Querem ouvir o coração? – perguntou animado. Bulma balançou a cabeça empolgada. Vegeta só concordou por praxe. Tava ouvindo esse tempo todo.

Então ele apertou um botão e aquele som rápido e forte ecoou por toda a sala. Imediatamente, os olhos azuis de Bulma se arregalaram e ela começou a prestar atenção. Era imenso. Tão grande quanto o de Trunks. A melhor sensação do mundo. Foi impossível não se emocionar. Os olhos se encheram e as lágrimas desceram mesmo sem ela querer. E até Vegeta, que nem tava dando importância, sentiu um impacto. Naquela altura, naquela sala, com os olhos de Bulma demonstrando tanto amor, foi muito melhor ouvir o coração do seu solzinho do que quando ouvia sozinho. Ali, naquele momento, teve, mais uma vez, a certeza da escolha. Era feliz. Era imensamente feliz. Tinha uma família. Olhou Bulma, que o encarava sorrindo.

- Presta atenção. – sorrindo, chamou a atenção dela pra uma coisa.

E se aproximou de sua barriga. Imediatamente, a batida ficou mais rápida. O solzinho o reconhecia. Era o papai. Estava ali. Com Trunks não teve isso, mas seria o mesmo, com certeza. E Bulma, mais uma vez, sentiu que as lágrimas escorriam teimosas. Mas não era tristeza. É que as vezes a felicidade é grande demais pra um sorriso.

- Muito bem, papais. – o médico desligou tudo e fechou a roupa de Bulma. – Tudo certo com vocês. – disse com a gentileza de sempre. – Nos vemos mês que vem, Bulma? – brincou com ela, antes de sair.

- Sem dúvidas, doutor. – ela respondeu sorrindo, ainda limpando o rosto das lágrimas.

- Eu também venho. – um determinado sayajin resolveu se fazer presente.

O médico não resistiu. Deu sua última risada gostosa, coçando a nuca.

- Eu podia apostar que sim, senhor... – e deixou que ele completasse.

- Vegeta. – disse seco.

- Vegeta. – o médico repetiu. – Então, nos vemos no mês que vem. Vou passar as vitaminas de acordo com os seus exames e peço que mandem direto pra Corporação. Até! – e saiu, deixando os dois lá.

Bulma se trocou, passou pela recepcionista que baixou os olhos e saiu na rua sentindo que o sol brilhava mais bonito que o normal. Ainda tinha Vegeta ao seu lado que, quando chegou ficou por ali porque tinha sido babaca. Mas agora estava porque queria. Sentiu uma vontade imensa de estar ao lado de sua princesa. Descobriu coisas nessa consulta que nunca imaginou. Reconheceu fatos, que nem sonhava. E relembrou o que nunca tinha que ter esquecido.

Era dela.

Sempre seria dela.



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