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História Como tudo começou - para Vegeta - Sobre amizades inesperadas


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


DBZ não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Odeio fazer isso mas...

Vamos separar o casal.

Boa leitura!

Capítulo 96 - Sobre amizades inesperadas


Ao acordarem, o gosto amargo da noite anterior tinha ficado pra trás. Ainda estavam abraçados, com Bulma amparando o corpo de Vegeta caído entre o seu. Despertou antes, devido ao calor do sayajin entre as pernas, o qual tinha se desacostumado a ter toda manhã. Tentou sair debaixo do marido sem acordá-lo mas foi em vão. Assim que soltou o abraço, os olhos negros se abriram.

- Bom dia, sayajin. – Bulma saudou, com o cumprimento natural, de sempre.

Ele se remexeu, inquieto. Também tinha se desacostumado a acordar ali. Correu os olhos, assustado, pelo lugar. Demorou um segundo para entender que estava em casa. Só então olhou pra Bulma e a viu sorrir. Maldisse, em pensamento, cada dia que acordou longe daquele sorriso. Rolou pro lado e foi ganhar um beijo de bom dia.

- Bom dia, princesa. - De relance, viu as marcas no pescoço. Se odiou, novamente, ao constatar que não tinha sido só um pesadelo terrível. E pior, se detestou ao lembrar que devia voltar ao treinamento. – Que horas são? – perguntou, vendo que o sol invadia o quarto sem piedade.

Bulma percebeu uma inquietação nele. Livre do peso do corpo de Vegeta, aproveitou pra se ajeitar na cama.

- Tarde. Quase a metade da manhã. Por quê? – sentiu que algo o incomodava. Cismou com o que era. Mas não quis acreditar nisso.

Vegeta se levantou.

- Eu preciso voltar. Eu tenho que continuar treinando. – disse, sem olhá-la.

Bulma baixou os olhos. Era o que imaginava. Era o que temia.

- Vegeta, por favor. Não vai. Fica aqui. Eu aumento a gravidade, arrumo os robôs. Por favor, não vai. – pediu, com a voz calma. Não queria uma cena, não queria escândalo. Queria que ele ficasse.

Ele a olhou. Por um momento, pensou em ceder. Mas lembrou dos choros baixinhos cada vez que voltava machucado a noite. Dos olhos de Trunks, assustado, ao busca-lo na sala de gravidade.

- Não posso, Bulma. Eu preciso continuar tentando. – respondeu com a voz baixa. Mas sentiu o medo dela e a que isso se referia. – Eu volto logo. Prometo. – e foi se trocar. Da cama, a mulher via tudo isso. Via, de novo, ele fazer uma promessa. Ouvia, de novo, ele se comprometer com ela. E chegava, de novo, a conclusão de que mal tinha trocado duas palavras com ele, quando o viu partir, voando pela varanda.

Tanta coisa pra contar, tantas novidades. Videl e Gohan seriam pais de uma menina. Chichi não tinha deixado Goku voltar a treinar. Mr. Satan tinha ganhado uma medalha de alienígenas por ter “defendido” o universo. Queria contar que, inclusive, o homem tinha ligado pra ele pra pedir que lutasse em seu lugar. Vegeta teria rido horrores disso. Novidades sobre a Corporação, que ele não prestaria atenção. Novidades sobre Trunks, que ele não entenderia. Até um novo “amigo” que ela tinha feito e que o queixo do sayajin cairia no chão quando soubesse quem era. Há duas semanas que Whis aparecia sempre, pedindo que ela o levasse pra experimentar as maravilhosas comidas da Terra. Ali, deitada na cama, enquanto Vegeta já devia estar longe, Bulma pensava que tinha tudo isso pra falar com ele. E que, de novo, não tinham conversado sobre nada. Deu um suspiro resignado e se levantou pra trabalhar.

Tomou um banho rápido, pra espantar a preguiça e colocou um vestido simples. Se olhou no espelho e viu as marcas do encontro da véspera. Seguiu com o dedo, pelo caminho do pescoço. Aquele, quase já não se via mais. Mas os olhos azuis tremularam ao ver a marca arroxeada no ombro. Ficou encarando a si mesma por um tempo. Por fim, respirou fundo, pegou um bolero e vestiu, cobrindo a mordida. Passou um pouco de maquiagem pra cobrir a sombra do pescoço e se olhou de novo. Ao mundo, a Bulma de sempre. À Bulma, mais uma experiência horrível pra colocar na lista das muitas que viveu.

Desceu. Em casa, já não encontrou ninguém. Trunks estava com a professora. A mãe, fazendo ginástica. O pai, em algum lugar da fábrica. Encontrou ele na mesma velocidade que faria se tivesse um localizador de ki. O que queria? Um cigarro. Ainda estava precisando. Se sentou no jardim, sozinha, olhando todas aquelas flores da mãe. Admirou-a por isso, por essa capacidade de procurar a beleza em tudo. Por essa incrível capacidade de se ocupar de coisas mundanas, como cultivar um jardim. Fez uma nota mental: agradecê-la por isso mais tarde. Entre as tragadas, observava o trabalho dos pequenos animais. As abelhas, as borboletas, os besouros. E pensava em si mesma, como um pequeno animal no jardim imenso que era a vida de Vegeta. Nesse momento, o que fazia até era fundamental. Mas passava batido. Era um evento microscópico dentro da grandiosidade do que ele procurava. Que droga! Soprava a fumaça pra longe, pensando em como poderia fazer pra ajudar o marido nessa busca incessante pelo tal poder de deus. Se fosse uma porcaria de uma máquina, construía em dois tempos. Mas não era. E não dependia dela. Só tinha medo de não ser capaz de suportar outro ataque de loucura como o da noite anterior. Pensando, novamente, nisso, os olhos azuis se arregalaram mesmo sem querer. Marejaram. O cigarro continuou queimando sozinho, até quase chegar no dedo, segurando o filtro. A mente, revendo os olhos insanos de Vegeta. O corpo, sentindo o aperto contra a parede.

- O seu dedo não está doendo? – a voz adocicada de Whis cortou seu transe medonho, fazendo Bulma perceber que sim, o dedo estava doendo. Jogou a bituca fora com um movimento rápido, chacoalhando o dedo que ardia pela pequena queimadura. Levou aos lábios instantaneamente. Só aí olhou pra ele, parado, como sempre, silencioso, ao seu lado.

- Uma hora você me mata do coração, Whis! – ralhou, brincando com ele. Como se a grandiosidade do susto viesse só da presença dele.

Ele deu uma risadinha comedida, colocando a mão sobre a boca. Bulma se afastou onde sentava, dando espaço pra que ele sentasse ao seu lado. Assim ele o fez.

- Seu semblante estava tão estranho, Senhora Bulma. Tão diferente do habitual. Geralmente, você está alegre ou gritando com alguém. Nunca está assim, em silêncio. – comentou, de modo até indiscreto, sobre o que tinha encontrado ao chegar.

Whis tinha se tornado uma espécie de amigo. Claro que, em um primeiro momento, Bulma tinha se disposto à leva-lo pra comer, na intenção de que isso lhe garantisse alguma vantagem, caso Bills desse defeito de novo. Mas, aos poucos, conversar com aquele “ser” tinha se tornado bons momentos de seus dias.

- Não tive uma noite muito agradável. – respondeu, seca. Desviando o olhar.

- Hum, entendo. Lorde Bills também tem péssimos dias quando dorme mal. – justificou a compaixão pelo entendimento. – Mas isso se deve ao Senhor Vegeta? Eu o vi sair, quando estava chegando. – Whis nem sabia que estava sendo indelicado. Só achava que era um assunto passível de ser tratado. E Bulma, aos poucos, se acostumou com isso.

- Sempre. – respondeu, com um suspiro. – Sempre se deve ao Vegeta. – e encerrou aí. Era um amigo, mas não um confidente. Não contaria a ele nada sobre o que aconteceu. E Whis também já tinha aprendido certos limites de Bulma. Não os ultrapassava mais. Finalmente, Bulma balançou a cabeça, passou a mão pelo colo e deu um sorriso. – Whis! Você está aqui! – e riu, como ele disse que ela sempre o recebia.

Foi a vez dele rir, colocando a mão na boca.

- Sim, Senhora Bulma! Estou aqui! Adivinhe o que eu vim fazer? – brincou com as palavras dela.

E Bulma entrou no jogo.

- Pois eu tenho uma ideia do que é e estou achando ótimo! Estou morrendo de fome! Tenho um lugar perfeito pra conhecermos! – avisou se levantando. Era tudo que Whis queria ouvir. Logo já estava ao seu lado, indo a caminho de mais um restaurante.

---------

Já no deserto que foi o cenário dos últimos malditos dias que treinou, Vegeta começou tudo de novo. E fez tudo mais uma vez. Arrebentou com tudo. Mas quanto mais treinava, mais sentia que não estava chegando a lugar nenhum. Só estava se afastando de Bulma e de sua própria sanidade. Não quis correr o risco de caminhar pela beira da loucura novamente. Se o treinamento não levava a nada, não ficaria ali. Pelo menos, não hoje. Não depois de quase tê-la machucado. Na verdade, não tinha nem que ter ido pra lá. Tinha que ter ficado com a sua princesa, como ela pediu. Puta merda, por que ainda tava lá? O que ainda fazia naquele lugar dos infernos? Ia voltar. Hoje, ia voltar.

Quando chegou, parou no quintal. Mesmo que por pouco tempo, o treinamento era intenso o bastante pra lhe destruir. Ficou por ali, bebeu um pouco de água, até ver, de relance, as pernas lindas da mulher que tanto amava.

- Já voltou? – o sorriso discreto. No fundo, adorou que ele já tivesse de volta.

Vegeta não respondeu. Levantou o corpo e ia de encontro a ela. Mas, ao fazer isso, viu algo que nunca imaginou que veria. O coração apertou. Bulma em perigo esse tempo todo e ele lá, treinando pra algo que não conseguia ser. Os olhos se arregalaram.

- Whis! – gritou, ao ver o homem ali, parado perto de sua princesa.

- Senhor Vegeta, há quanto tempo! – Whis cumprimentou, formal como sempre. Na verdade, há cerca de dois meses tinham se visto pela última vez, ainda no cruzeiro. Nas muitas vezes em que visitou Bulma, Whis nunca se encontrou com Vegeta, que estava sempre treinando.

- Por que você está na Terra, seu maldito?! – perguntou, apavorado. O risco de outro ataque de Bills era sempre uma faca no pescoço do sayajin.

Whis deu uma olhadinha pra Bulma. Pelo visto, ela não tinha contado nada ao marido. Bom, ele o faria.

- Eu? Eu vim pra sair com a senhora Bulma e comer! – explicou, rindo da cara de tacho que Vegeta fez.

E fez. Olhou pra Bulma com olhos mortais. Como assim?! Ela só deu uma risadinha sem jeito.

- Desde aquela ocasião, nós nos demos muito bem! E o Whis, frequentemente, vem pra cá para se divertir. – ela explicou, tentando informar tudo de uma vez.

Vegeta não gostou nadinha disso.

- Frequentemente? – perguntou bem devagar. Quão frequentemente? Divertir? Com o quê?

Whis respondeu às perguntas mentais de Vegeta.

- A senhora Bulma sempre me leva pra comer coisas gostosas. A Terra realmente tem um montão de comidas deliciosas. – explicou tranquilamente. Não resolvia muito o problema do ciúme. A “senhora” Bulma era dele. Só podia levar ele pra comer coisas gostosas. Não tava gostando mesmo de nada disso aí. – Eu não me canso de vir pra cá! – encerrou, animado.

É. O sayajin tava incomodado. Já não ia com a cara do Whis. E essa história de ficar saindo com a princesa...

- E é graças a mim que pode comer essas coisas gostosas. Não esqueça disso! – Bulma disse, interrompendo o olhar fuzilador de Vegeta pra Whis.

Aí ele começou a juntar uma coisa com outra. Maldita terráquea dissimulada... tava fazendo isso de ficar “amiguinha” do outro pra tirar vantagem. Os olhos azuis confirmaram o que ele pensou. Mas ainda assim, não gostou dessa proximidade.

- Ora, mas é claro! Estou muito grato por isso! – Whis gritou, animado.

Não, não, não. Ainda assim, Whis era um risco. Não era interessante mantê-lo tão perto.

- Por que não avisou que estava na Terra? – Vegeta indagou, nervoso, à Whis, que deu de ombros. Não teria porque avisá-lo disso.

Bulma tentou interferir. Medo de que ele pusesse a perder o esforço de carregar Whis pra lá e pra cá pelos restaurantes da cidade.

- Por que está tão bravo? Ah, entendi! É porque a sua linda esposa está saindo pra comer com o Whis. Entendo que esteja preocupado, como meu marido. – lançou, no ar, como se não fosse nada. Queria armar um joguinho.

E, se tem alguém que conhece essa maluca, no mundo, esse alguém é Vegeta.

- Isso tanto faz, pra mim. – disse, desdenhoso, se mordendo de ciúme. Não ia cair na armadilha dela. Whis era um risco. Não era pra ser amiguinho. – E Bills, veio também? – indagou.

- Lorde Bills ficou descansando em seu planeta. – Whis respondeu, desconfortável pela ceninha anterior do casal.

- Entendo. Então me leve onde ele está, imediatamente! Eu o ensinarei qual é o verdadeiro poder de luta de um sayajin! – gritou, em tom de ordem. Quando Vegeta faz isso, todo mundo se mexe. Bom, Whis não ligou. Já Bulma... Bom, ela se apavorou. Pediu licença ao amigo e chamou o marido de cantinho.

- O que foi? – ele perguntou, contrariado.

- O que acha que está pedindo?! – Bulma ralhou. – Se fizermos isso, o que faremos se Bills vier destruir a Terra de novo?! – falava baixinho pra Whis não ouvir, mas meio gritado.

Vegeta sabia que o plano dela era válido. Mas não era o tipo de estratégia que ele usava. Imagina, se fazer de amiguinho de alguém... Humpft! Sem contar que ele precisava por pra fora toda essa loucura que tinha tomado conta de seu peito. Bills seria uma excelente válvula de escape.

- Quietinha! – mandou. – Eu preciso lutar com ele pra saber até onde posso chegar! – discutia, sem pensar nos argumentos.

- Lutar?! Não é óbvio que não pode ganhar?! – Bulma perguntou sem medo do perigo. – Até mesmo o Goku foi derrotado por completo! – e ele ainda estava com o poder de deus enquanto lutava.

O pior é que Vegeta sabia de tudo isso. Mas ainda assim...

- Isso é o que mais me incomoda... – resmungou, admitindo que talvez ela estivesse certa.

- De qualquer forma, não se meta nisso! Se formos amigos de Whis, mesmo que Bills venha destruir a Terra de novo, nós estaremos a salvo! – Bulma explicava, de forma lógica, seu plano. Era um excelente plano. Excelente. Fechou a cara, cruzou os braços. Maldita terráquea inteligente dos infernos!

Voltaram ao encontro de Whis, como se nada tivesse acontecido.

- Então, vamos lá? – Bulma chegou perguntando.

Vamos onde? O sayajin já ficou cabreiro.

- Sim! Estou ansioso pra ver o que preparou de sobremesa pra mim, senhora Bulma! – Whis disse, tranquilamente, caminhando ao lado da mulher, sob os olhos atentos do maluco que ficava, tremendo de nervoso.

E o Vegeta, bravo, faz o quê? Merda!

- Espere! Ainda não terminei de falar! – gritou, vendo os dois se afastarem. Bulma baixou os olhos. Será que ele não podia, pelo menos uma vez, ser bonzinho com ela? Vegeta tentava atacar Whis mas, por qualquer motivo, era bloqueado. Ah, não. Amigo de Bills, leva sua mulher pra comer e ainda bloqueia seus ataques? – Whis! O que diabos é você, seu maldito? Não acredito que seja um mero servo de Bills! – berrou, exigindo informações.

As últimas palavras do sayajin chamaram sua atenção. Whis parou de caminhar, olhou com os mesmos olhos caídos de sempre pra Vegeta e, só então, lhe respondeu.

- Eu não te falei? Eu sou o professor do Lorde Bills. – um sorriso irônico no rosto, um ar superior, de quem estava colocando o sayajin nervosinho em seu devido lugar.

E colocou. Não só ele, como Bulma, ambos ficaram chocados com a informação. Então, se era o professor de Bills, isso significava que ele era mais forte? A cabecinha cheia de cabelos azuis, achou mais importante que nunca manter as aparências de boa amiga. A cabeça cheia de labaredas negras viu a oportunidade que esperava todo esse tempo. E ela estava ali, parada na sua frente, falando com a sua princesa. Queria dar um beijo na boca dela, por ter mantido esse maldito por perto tempo o bastante pra poder tê-lo encontrado.

- Ah, senhor Vegeta, deixa eu te dar um aviso: vejo que melhorou seu poder graças ao seu treinamento. Porém, com essa forma de treinar, jamais conseguirá vencer Lorde Bills. Deve aprender a controlar melhor o seu ki. Se conseguir fazer isso... com certeza poderá superar esse sayajin chamado Goku! – encerrou com a voz adocicada de sempre.

O conjunto perfeito de palavras que Vegeta queria ouvir. Essas, somadas às anteriores, de que ele era o professor de Bills, resultaram em:

- Você pode me ensinar essa forma de controlar meu ki? – era um pedido, mas a postura de Vegeta chegava a ser ameaçadora. Bom, não pra Whis. O sayajin teve que abaixar a carranca. Quer alguma coisa? Pede com jeitinho. Se ajoelhou e tudo. – Me deixe treinar sob sua tutela. – aí sim, foi um pedido de verdade.

Whis ainda fez um charminho. Não. Ele só treinava o deus da destruição. Enfim... paciência.

Ah, tá, que o sayajin é controlado assim! É comida que você vem procurar na Terra? Ok, eu vou te dar a comida mais gostosa de todas! Uma proposta: se Whis gostasse do que Vegeta desse pra ele comer, ele o treinaria. Bom, proposta aceita.

Só que aí deu problema. As comidas mais gostosas que Vegeta tinha provado, quem o levou pra experimentar foi quem? Bulma! Pois é. A mesma Bulma que estava levando Whis por um tour gastronômico. Resultado: tudo que o sayajin propôs, Whis já tinha experimentado. Vegeta olhava Bulma angustiado. E ela, coitada, não tinha o que fazer. Como podia imaginar que estaria nessa situação um dia? Ainda tentou um último recurso: cozinhar. Mas aí piorou mais ainda! Alguém já viu esse homem fazer qualquer coisa na cozinha?

Só que chegava a ser bonito o empenho de Vegeta. Bulma até se emocionou. Ele lá, todo enrolado pra quebrar um ovo. Olha a que ponto chegava, pra poder conseguir treinar! E ali, percebeu que Whis era a alternativa da qual ela tinha falado na noite anterior. Sim! Se ele não estava conseguindo treinar sozinho, talvez com a ajuda de seu amigo Vegeta conseguisse! Precisava ajuda-lo. Um pigarreado. Só um.

Vegeta já olhou pra Bulma querendo bronquear. Ia berrar que deixasse ele em paz! Que ia conseguir quebrar o ovo sozinho! Mas não era isso. Os olhos azuis... o sorriso discreto. Não soube como, mas Vegeta tinha certeza que ela estava tentando lhe dizer alguma coisa enquanto o olhava daquela forma. Os olhos brilhantes, o sorriso se abrindo. Tão linda... Bulma era sempre tão linda. Tão linda quanto a viu, com os namekuseijins. Tão linda quanto a via, jogando videogame. Tão linda, quanto se juntaram e ela andava pra lá e pra cá, de camiseta e calcinha. Tão linda quanto sempre. Tão linda quanto ontem.

“Olhos brilhantes, sorriso aberto, camiseta e calcinha.”

Ele já sabia o que dar pra Whis comer. Correu em casa. Bulma riu mais largo. Ele tinha entendido a mensagem.

Voltou com água quente e um copo de plástico. O “ser” azulado não entendeu o que sairia dali. Até experimentar! Ah, macarrão instantâneo! Quem não gosta daquela porra! É bom demais! Pronto! Passagem garantida no expresso Whis, direto pro planeta de Bills! Treinamento garantido por causa da dica silenciosa de Bulma! Ponto pra princesa! Pediram um momento pra Whis, pra poderem ajeitar algumas coisas antes de partir. Ele pediu um estoque de macarrão pra levar. Bulma pediu que providenciassem. Enquanto isso, chamou Vegeta no quarto.

- Toma. Isso é seu. – e entregou uma caixa com um novo uniforme. Nova cor, nova armadura.

Encarou o marido, que olhava o conteúdo de modo curioso.

- Isso é pra eu usar? – perguntou, um tanto estranho, olhando o uniforme tão diferente do habitual azul.

Bulma sorriu, complacente. Caminhou até onde ele estava. Tirou a armadura nova, mais compacta, da caixa. Depois estendeu a malha cinza sobre a cama.

- Bom, acho que não ficaria bem em mim. – respondeu, olhando pra ele e dando uma risadinha.

Ele duvidou. Qualquer coisa ficaria bem nela. Mas entendeu o que Bulma quis dizer.

- Por quê? – no fundo, queria saber o porquê de uma mudança agora. Sim, era um uniforme, como tantos outros que ela já tinha feito. Mas esse era diferente.

Ela se virou. Caminhou alguns passos até a janela da varanda. Sentia os olhos de Vegeta acompanhando seu movimento, como se ele pudesse enxergar os ossos se mexendo por dentro do corpo.

- Porque é hora de mudar. Hora de subir de nível. Você tá indo embora de novo, Vegeta. E quando voltar, vai ser Super Sayajin Deus. – e se virando pra ele, continuou: - Faz tempo que eu fiz esse uniforme pra você, pra te entregar quando você entrasse por essa varanda me dizendo que conseguiu. Eu não vou estar lá pra ver. Eu não vou ver você se tornar deus, amor. Mas eu sei que você vai. E eu sei que você vai precisar de uma roupa nova, mais resistente, mais ao nível do seu novo poder. – encerrou, sorrindo de forma triste.

Não, ela não estaria lá. Da mesma maneira que não esteve quando ele se tornou Super Sayajin ou quando alcançou o segundo nível desse poder. E, nas duas vezes, ela foi a primeira pessoa pra quem ele quis mostrar que tinha conseguido. Foi até ela e pegou a mão, que estava nervosamente cruzada na frente do corpo tenso de Bulma.

- É a oportunidade que falamos ontem, mulher. Eu, sozinho, não consigo. Se esse Whis me treinar, eu tenho certeza de que me tornarei mais forte. Mais forte que Kakaroto, mais forte até que Bills... – foi interrompido.

- Pára, V! – a voz de Bulma era doce, mas tinha tons de impaciência. – Não sai daqui pensando isso, não. Vai treinar pra ser o mais forte que você conseguir. Eu tenho certeza que se fizer isso, será o mais forte de todos! Mas se ficar se comparando com os outros, você sempre vai se sentir massacrado por esse sentimento de correr atrás de alguém! Aproveita essa oportunidade única! – e buscou nos olhos negros se eles tinham entendido a mensagem.

Tinham. Maldita terráquea mais inteligente de todas! Vegeta lhe sorriu de volta. Envolveu Bulma em um último abraço antes de partir e ficou ali, com ela, por alguns segundos. Ela tentou não chorar, sabia que ele não gostava. Ele torceu pra que ela não chorasse, sabia que seria mais difícil partir se ela fizesse isso.

- Eu quero te dar mais uma coisa. – Bulma disse, se afastando do peito tentadoramente aconchegante do marido. Foi até a cômoda e trouxe o MP3 com os fones enrolados. – Eu sei que você gosta de treinar ouvindo música. – e lhe entregou com um sorriso daqueles que desmontam o sayajin. Linda demais! – Agora se arruma que o Whis já deve estar impaciente! Eu vou te esperar lá embaixo. – disse, saindo do quarto.

- Bulma! – Vegeta chamou, fazendo ela se virar pra ver o que era. – E o menino? – perguntava sobre Trunks. Mal o tinha visto nas últimas semanas.

- Não se preocupe com ele. Eu explico. – sorriu uma última vez antes de deixa-lo sozinho.

Então Vegeta se viu ali, parado, no meio do quarto. Pela primeira vez, sairia dele pra treinar com a aprovação de Bulma. É, era diferente. Não que ela negasse, mas das outras vezes, ele nunca tinha nem conversado com ela sobre isso. E agora, mais uma vez, era ela quem o colocava de pé na batalha. Olhou o uniforme novo. Em um primeiro momento, não tinha gostado tanto. Mas era como Bulma tinha dito. Uma mudança. O novo. Um novo uniforme, pra um novo momento, pra um novo poder. E teria ela, novamente, colada em seu corpo. Olhou o MP3 em sua mão. Até nisso a mulher tinha pensado. Seria terrível se afastar dela sem saber quando poderia voltar. Mas fazia isso, principalmente, por ela e pelo garoto. E, lembrando das palavras inteligentes que saíram de sua boca esperta, por ele também. Não pra ser mais forte que ninguém, mas pra ser o mais forte. Pra ser o mais forte por eles três.

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No jardim, Bulma reencontrou-se com Whis.

- Já trouxeram o seu estoque de macarrão? – perguntou, rindo. Mas, no fundo, sua expressão era triste.

Ele riu, com a mão na boca.

- Já! – apontando o cajado pra uma imensa trouxa de copos plásticos. Então, reparou melhor na amiga. – Algum problema, senhora Bulma? Está novamente com aquela expressão silenciosa da manhã.

Bulma tentou disfarçar. Talvez tivesse quieta de novo, mas era por outro motivo.

- Vegeta, Whis. Sempre, Vegeta! – e caminhou ao lado dele, pelas flores até o mesmo banco onde se sentaram mais cedo. Dessa vez, decidiu falar um pouco mais. – Esse treinamento é importante demais pra ele. De certa forma, acaba sendo pra mim, também. Ele espera alcançar muito, treinando com você. – terminou, suspirando.

- O poder de Super Sayajin Deus. – confirmou, com a voz adocicada. Bulma confirmou com um aceno de cabeça. – Por que o senhor Vegeta não fez o mesmo ritual que o senhor Goku? – perguntou de forma curiosamente espontânea.

Bulma balançou a cabeça, impaciente.

- Porque você não conhece o Vegeta, Whis. Na próxima vez que você vier, você mesmo vai saber a resposta pra essa pergunta. – respondeu com voz estridente, apertando os lábios.

Ele riu, discretamente.

- O famoso orgulho dos sayajins. – confirmou, novamente.

- O famoso e desesperador orgulho do príncipe de todos os sayajins! – Bulma dramatizou. – Ele abominou a ideia no início e depois, foi se tornando mais irreal a possibilidade. Só que, sozinho, ele não conseguiu aumentar os poderes a ponto de chegar ao nível de deus. – ela encerrou, respirando fundo, cansada. Na verdade, foi gostoso falar isso em voz alta. Parecia um desabafo. Mandou às favas o constrangimento e continuou: - Ele treinou sem parar, Whis. Sem parar... O corpo de Vegeta chegou ao limite da exaustão. E a mente... ao limite da sanidade. Ele esteve a ponto de enlouquecer. – disse, com os olhos parados, fitando uma pequena joaninha em uma flor. – Ontem, quando ele chegou em casa, ele não era mais o Vegeta. Era... outra pessoa.

Whis percebeu que havia um peso na voz de Bulma.

- O senhor Vegeta está bem? – perguntou, com a voz baixa, fazendo Bulma voltar a si.

- Agora está. Mas ele quase perdeu a cabeça. Por isso eu disse que é importante esse treinamento. Com outra pessoa perto, ele conseguirá se controlar mais. – disse, sorrindo discretamente ao amigo.

Ao longe, viram Vegeta surgir. Já veio com a arrogância de sempre.

- Já estou pronto. Podemos ir. – ordenou, como se fosse o soberano de todos.

Bulma e Whis riram, cúmplices, um pro outro. O sayajin não tava gostando muito dessa amizade aí. Mas ia deixar passar.

- Bom, então vamos! – Whis disse, se levantando. Virou-se para Bulma. – Senhora Bulma, sempre um prazer. Volto logo, para experimentarmos mais uma das muitas delícias da Terra! – disse, animado.

Os olhos negros se estreitaram. Tomara que não resolva experimentar a delicia que é a terráquea dele.

- Senhor Vegeta, por favor, pegue aquele embrulho. – e apontou com o cajado o grande pacote de macarrões de copo que estava ao lado deles. Vegeta começou a resmungar, dizendo que não faria, que era um príncipe e que não sei mais o quê. Ficou quietinho ao ouvir as palavras: - Seu treinamento começa aqui. – Whis viu ele voar como o vento e pegar, sem dificuldade, os macarrões. Riram juntos, ele e Bulma.

Um último cruzamento de olhares. Os olhos negros e azuis se despediram ali. Não saberiam, quanto tempo ficariam sem se ver. Mas os dois sabiam que era o melhor a se fazer. Bulma ainda colocou, delicadamente, a mão sobre o braço de Whis. Pediu baixinho:

- Cuida dele. – o amigo lhe sorriu e concordou com a cabeça. Bateu o cajado no chão e sumiram, no ar.

Bulma ficou ali, olhando pro céu. Tinha visto Whis fazer isso tantas vezes nas últimas semanas, mas não imaginava que, em uma delas, seu peito doeria tanto. Levava com ele, uma carga preciosíssima: seu sayajin amado. Ainda ficou por ali mais um tempo. Depois decidiu: seu dia terminaria como começou. Correu até o pai e pediu mais um cigarro. Nota mental: comprar um maço. Viriam tempos de solidão que só conseguiria manter com a combinação café + fumaça. Sentou-se de novo no banco e torceu, com muita fé, pra que Vegeta alcançasse logo seu objetivo e voltasse pra casa o mais rápido possível.

No caminho, Whis avisou ao sayajin que demorariam algum tempo. A dor da separação era ruim. Toda vez que se afastavam era aquela sensação estranha de deixar metade do corpo pra trás. Demorava um tempo pra se acostumar. Juntando isso ao fato de não gostar de jogar conversa fora, pegou o MP3. Colocou os fones no ouvido. A primeira música que rolou, já deu um riso irônico. Por que as músicas sempre conseguiam falar por ele?


Girl, you'll be a woman
Menina, você será uma mulher
Soon
Em breve

 

I love you so much, can't count all the ways
Eu amo tanto você, não poderia dizer o quanto
I've died for you girl and all they can say is
Eu morreria por você, menina, e tudo o que eles conseguem dizer, é
He's not your kind
Ele não faz o seu tipo
They never get tired of putting me down
Eles nunca se cansam de me criticar
And I'll never know when I come around
Eu nunca saberei, quando chegar
What I'm gonna find
O que vou encontrar
Don't let them make up your mind
Não deixem que façam a sua cabeça
Don't you know
Você não sabe

 

Girl, you'll be a woman soon
Menina, você logo será uma mulher
Please, come take my hand
Por favor, venha pegar a minha mão
Girl, you'll be a woman soon
Menina, você logo será uma mulher
Soon, you'll need a man
Logo você precisará de um homem

I've been misunderstood for all of my life
Fui incompreendido por toda a minha vida
But what they're saying girl it cuts like a knife
Mas o que eles estão falando, menina, me corta como uma faca
"The boy's no good"
"O rapaz não presta"
Well I've finally found what I'm a looking for
Bom, finalmente encontrei o que estava procurando
But if they get their chance they'll end it for sure
Mas se eles tiverem chance, eles certamente destruirirão
Surely would
Com certeza destruiriam
Baby I've done all I could
Querida, fiz tudo o que pude
Now it's up to you
Agora é com você

 

Girl, you'll be a woman soon
Menina, você logo será uma mulher
Please, come take my hand
Por favor, venha pegar a minha mão

Girl, you'll be a woman soon
Menina, você logo será uma mulher
Soon, you'll need a man
Logo você precisará de um homem*
 


Notas Finais


Música do capítulo:
* Girl, you'll be a woman soon - Urge Overkill


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