Whis, mais uma vez, pensou se tinha sido uma boa ideia o “presente” levado pra Vegeta.
Com o tempo, o sayajin já tinha aprendido a controlar grande parte dos impulsos. Era, quase, uma nova pessoa. Menos ansioso, menos rabugento, mais submisso. Mesmo quando chegava com os bilhetes de Bulma, o auto-controle de Vegeta chegava a ser invejável. Só se deixava levar pela emoção quando estava sozinho, em sua intimidade.
Mas a chegada de Goku...
Os seis meses de treinamento de controle pareciam que estavam descendo ralo abaixo. Na frente de Whis, Vegeta ainda tentava manter aquela postura que treinou. Só que bastava o mestre virar as costas pra ambos começarem a se engalfinhar como duas crianças raivosas em um pátio de escola. E muito disso, se dava pela postura de Goku. Whis, até pela convivência, pôde perceber que a irreverência, a liberdade, até mesmo, a inconsequência do sayajin, incomodava Vegeta a níveis estratosféricos. Enquanto um era o exemplo da descontração, o outro era o da rigidez. Como água e óleo, não tinham o hábito de se misturar.
Bom, então, ele teria que mexer essa água. Deixava os dois juntos o máximo de tempo possível, sob a tutela de Vegeta. Ainda o treinava, para o controle. Mais tarde, Whis os treinava juntos, pelas lutas. No fim, veriam o que ia dar.
É claro que, no começo, Goku também estranhou aquele método “diferente” de treino. Limpar chão? Trocar lençol? E, pior? O Vegeta fazendo isso? De avental?! É. É a vida. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Se era o preço a se pagar pra conseguir o que ele precisava, até o mais orgulhoso dos sayajins estava disposto a se submeter à isso. E fazia quietinho, sem reclamar. O que era ainda mais estranho à Goku. Quem era esse Vegeta? Bom, esse Vegeta era alguém que estava treinando justamente pra não ficar com essa encheção de saco que você está agora! E a briga começava de novo.
Mas, em raros momentos de paz, o príncipe dos sayajins, aproveitava pra colher informações sobre o reinado que deixou na Terra. Detestava ter que fazer isso justamente com o imbecil do Kakaroto mas, era ele ou Whis. E o outro, enfim, já tinha percebido que era mais fácil tirar leite de pedra.
- Escuta, Kakaroto. – chamou, Vegeta, enquanto lavava uma das escadarias do castelo. – Aquela cafona da sua mulher não fez escândalo quando você disse que vinha pra cá? – perguntou, de forma desdenhosa, dando uma risadinha.
Goku, tão escandaloso quanto a cafona, já fez firula.
- Vixe! É melhor eu nem voltar pra casa! Eu tô frito, quando chegar... – devaneou, pensando nos gritos histéricos de Chichi.
Vegeta adorava a possibilidade de pensar no “amigo” se dando mal. Já deu uma risada maldosa. Queria assistir de camarote.
- Acho pouco. Ninguém mandou vim se meter onde não era chamado. – respondeu, prestando atenção no que fazia. Aí, pensou em algo. Parou e olhou: - Aliás, Kakaroto, como você soube que eu estava aqui? Por que, se você só veio agora, é porque só soube agora, não é?
Goku concordou com a cabeça, também esfregando, atento, seus degraus designados.
- Bulma. – respondeu, sem olhá-lo.
Só ouvir o nome da mulher fazia Vegeta se estremecer. Parou de fazer o que fazia e encarou Goku.
- Bulma? – repetiu, baixinho. Na verdade, se deu conta que essa foi a primeira vez que falou o nome dela em quase oito meses. Sempre que conversava com a mulher em pensamento, a tratava por princesa ou minha linda.
O outro tornou a concordar só com a cabeça e continuou a sua tarefa.
- É. Na verdade, ela não falou pra mim. Eu só ouvi quando ela comentou com Chichi e Videl, que você estava treinando fora há seis meses e que não te via todo esse tempo. Eu acho que elas estavam reclamando da gente. – explicou, sem prestar atenção nos olhos trêmulos de Vegeta. – Pra variar, né? – só aí o olhou, rindo.
Mas Vegeta não riu. Ele sabia que ele mesmo estava sofrendo. Imaginou que Bulma também estivesse. Mas ouvir alguém dizer isso era bem desagradável.
- Como estão as coisas por lá? – perguntou de modo direto, mas sem dar a entender que queria saber sobre Bulma. Até porque Goku não perceberia tal sutileza.
Ele deu de ombros.
- Tudo bem. A Chichi está brava como sempre. Goten me ajuda com ela, mas até sendo forte, ele também tem medo dela. O Gohan está muito feliz, agora que a Pan nasceu. Ele e a Videl moram em uma casona. A Videl cozinha muito bem, sabia? – falou, agitado, pra um Vegeta que não tava nem aí.
- E eu lá quero saber dos seus filhotes, Kakaroto! Eu quero saber de Bulma e Trunks! – gritou, perdendo a compostura e fazendo Goku se ajeitar. Ele segurou o cabo da vassoura e pensou um pouco.
- Bom... deixa eu ver. O Trunks eu vejo mais, porque ele sempre está lá em casa. Ele e Goten estão sempre lutando. O seu filho é muito forte, Vegeta. – esse comentário fez o sayajin dar um sorriso discreto, daqueles de canto. Mas sem malícia, um sincero. É forte mesmo. – Só que ele disse uma coisa engraçada outro dia. Os dois ficaram treinando até tarde. Então, Goten veio me pedir que levasse Trunks embora com o teletransporte. A Chichi disse pra ele dormir em casa, que ela ligaria pra Bulma pra explicar. Ele não aceitou de jeito nenhum. Disse que não podia. Que tinha que voltar pra casa. – então Goku, parou, lembrando. – Por que foi mesmo que ele disse que tinha que voltar?
Vegeta aumentou o sorriso.
- Porque era responsabilidade dele cuidar da princesa. – falou baixinho, pro outro não ouvir.
E não ouviu mesmo. Tava concentrado demais.
- Era alguma coisa de princesa. Não lembro. – Goku, desistiu, voltando a esfregar o chão e parando de falar.
Vegeta se enfureceu.
- E Bulma?! – o sorriso prévio já tinha se desfeito. Como aquele tonto podia ser tão burro?
- Eu vi também. – Goku respondeu, sem dar atenção.
Como Vegeta ainda não tinha matado ele, não dava pra saber. Respirou fundo, tentou colocar o treino em prática.
- Certo, Kakaroto. Eu sei que viu. – respondeu com uma calma assustadora, sibilando as palavras. – Mas como ela está? – encerrou, levemente exaltado.
- Ah! Entendi. – Goku deu uma risadinha, sem jeito. – Tá bem. Ela cortou o cabelo.
“Cortou o cabelo? E desde quando o paspalho do Kakaroto repara nessas coisas?” Os olhos negros se estreitaram. O ciúme comeu por dentro.
- Como assim? – perguntou, devagar, com a mesma calma de gelar os ossos.
Goku reparou a cara de Vegeta. Sabia que aquele olhar, era o olhar de “Vegeta tá com ciúme”. Era bom se explicar.
- Foi no dia que ela falou que você tava aqui. A Chichi ficou um tempão falando na minha cabeça: “Nem inventa, Goku! Você não é aquele marginal do Vegeta e eu não sou a Bulma! Você não vai treinar em planeta nenhum! Olha bem pra mim! Vê se eu tenho cabelo azul? Falando nisso, você reparou que a Bulma cortou o cabelo?” – disse, imitando a Chichi e rindo depois.
Vegeta se tranquilizou, mas ainda ficou meio desconfiado. Por fim, tava curioso. Mas não ia perguntar como tinha ficado. Vai que o cabeça de vento fala que ela tava linda? Ele ia ser obrigado a mata-lo. Achou melhor encerrar por ali mesmo. Voltou a fazer o que estava fazendo.
- Faz tempo que você tá aqui, né? – Goku perguntou, numa boa, trabalhando de novo. Vegeta só confirmou com a cabeça. – Não voltou pra casa nenhuma vez? – também só negou com a cabeça. – Nossa... eu não aguentaria muito tempo sem a comida da Chi... – devaneou, pensando nas delícias que a mulher preparava.
- A Bulma não sabe cozinhar. – Vegeta respondeu seco. Não queria mais papo.
Goku deu uma risadinha.
- Mas tem outras coisas que ela sabe fazer, não tem? – perguntou, malicioso.
Os olhos negros se levantaram pra ele.
- Kakaroto... Cuidado pra onde vão esses seus pensamentos... – avisou, sendo o mais amigo de todos.
Goku engoliu em seco. Realmente, esse era um limite que não deveria cruzar.
- Ok. Parei. – respondeu, dando uma risadinha.
Terminaram aquela obrigação. Passaram para a outra. Seguiram para o treino diário, sob a orientação de Whis. E a noite, quando se recolheram, as palavras de Goku, voltaram à mente de Vegeta. Já era difícil dormir, dividindo o quarto com aquela máquina pesada roncando mais que um trator. Ainda mais pensando no que ele tinha dito. Se levantou e seguiu pra varanda.
Usou um dos pesos que Whis lhes davam pra treinar. Ficou ali, se exercitando e pensando na família. Trunks, pelo visto, nem precisou ser lembrado da obrigação de cuidar da mãe. Era mesmo seu filho. E Bulma... nossa, como será que ela estava? Kakaroto disse que ela tinha reclamado. Whis, em algum momento, também tinha deixado escapar que ela já tinha se queixado de falta dele. Oito meses... Quase o mesmo tanto de tempo de quando foi embora daquela vez. Quando ela ficou, grávida, e ele nem sabia. Bom, dessa vez, se ela tivesse grávida alguém teria lhe contado. Como será esse cabelo novo? O cheiro do cabelo... Levantando aquele peso, fechou os olhos, tentando se lembrar de como era. Se apavorou um pouco. O tempo estava levando embora esses pequenos detalhes.
Escutava os roncos do outro. Precisava fazer do “companheiro” mais um incentivo. Enxergar Kakaroto como o objetivo a ser ultrapassado. Mas Bulma disse pra não fazer isso. Bom, se isso o levasse de volta pra ela, faria isso sem o menor problema. E mais, Kakaroto já tinha alcançado o poder de deus. Era só se tornar mais forte que ele. Mais controlado, mais intenso. O seu objetivo era mais definido, com certeza. Era isso. O foco tinha se renovado. A partir de amanhã, os treinos seriam pra valer. O último olhar pra “Bela Adormecida” denunciava: voltavam a ser rivais.
Whis percebeu isso. O plano de Vegeta era bom, com certeza. Mas foi com muita sede ao pote. Criticou, como sempre, o descontrole, a rigidez e, até aquilo que ele sempre achou que fosse seu ponto forte, o planejamento total dos atos. Tinha que ser mais tranquilo nos atos. Mais como Goku. Ah, merda! Agora, tinha que parecer com Kakaroto pra ser mais forte! Sim. Mas não tanto. Porque, pra Goku ser mais forte, tinha que ser mais como Vegeta. Mais comedido, mais aplicado, mais atento. Ou seja, um era complementar ao outro. Talvez, por isso, a fusão dos dois gerava o guerreiro mais poderoso do universo. Que ironia. Bom, fazer o quê? Vamos tentar, isso aí! Treinaram duro, sob o olhar atento de Whis. E, por fim, sob o olhar desconfiado de Bills, que acordou de seu sono, pra entender qual o motivo de tanta bagunça em seu quintal. Deu de ombros. Querem treinar, que seja. Ficava lá, comendo e olhando os dois se estranharem. Tudo na mais perfeita paz.
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Se no planeta de Lorde Bills tudo estava em paz, na Terra... bom, na Terra, paz é um conceito bem passageiro. Aqui, quando você começa a achar que tá tudo bem, a bomba explode. E quando não explode com bomba nova, é alguma mina antiga que arrebenta sozinha.
Um dia normal no castelo dos Briefs. Trunks e Goten estavam brincando no jardim, quando viram uma nave pousar. Mais estranho que isso, só o ser que desceu dela, procurando por Bulma. Sujeitinho esquisito, nervosinho, arrogante. Fez uma dancinha esquisita, dizendo ser da Patrulha sei lá do quê. Os fofoletes ligam? Claro que não! Mas enfim, Trunks chamou a mãe.
- Jaco! – Bulma veio receber o tal visitante intergaláctico. – Não sabia o que Trunks queria dizer quando disse que um tal “Zaco” queria falar comigo... – riu, da confusão do filho.
O alien fez uma cara de contrariado. Aumentou mais ainda ao ver os fofoletes partindo pra explorar sua amada nave.
- Ei! Não toquem na minha nave de Super Elite! – gritou pros meninos.
Bulma nem ligou. Conhecia os dois bem demais pra saber que não se incomodariam com aquilo.
- Então, o que você quer? – perguntou, direta à Jaco. Ele foi direto ao ponto.
- É verdade que você é amiga daquele que derrotou Freeza? – perguntou, impaciente.
Bulma confirmou.
- Sim, embora duas pessoas tenham derrotado Freeza. – corrigiu Jaco. – Uma delas é meu filho, Trunks. – encerrou, sem imaginar o nó que isso daria na cabeça do coitado.
Ele correu os olhos pro menino, imediatamente. Fez as contas na cabeça. Impossível.
- Essa criança derrotou Freeza?! – perguntou, incrédulo, vendo o menino fuçar em tudo em sua nave.
Bulma balançou a cabeça, impaciente, como se fosse uma resposta óbvia. Bom, era mas não era.
- Não o Trunks de agora. Pra ser precisa, o Trunks que veio do futuro em uma máquina do tempo. – explicou, tranquilamente.
Alerta de patrulheiro! Alerta de patrulheiro!
- Veio do futuro?! Fala como se não fosse nada! Controlar o tempo é um crime contra a galáxia! Se o pegarem, vão exilá-lo no espaço! – ralhou com Bulma. Ela ligou? Claro que não! Brigou com ele.
- Eu não sabia que vocês tinham essas leis! – falou, com as mãozinhas na cintura.
Jaco não se abalou.
- Porém, mesmo que ele tenha vindo do futuro, ter derrotado o Freeza... Nada mal, pro seu filho, um terráqueo! – encerrou, admirado.
Bulma gostou do elogio, mesmo que tivesse um tom de desprezo no fim.
- Ele não é terráqueo. – explicou. – Tanto Trunks, quanto Goten, são híbridos sayajin.
O pequeno alien congelou.
- Sayajin?! – gritou. – Tá falando dos Sayajin do Planeta Vegeta?! - Exatamente. Inclusive, Trunks, era filho do príncipe que leva o nome do planeta. Mas Bulma achou melhor não se gabar. Só concordou. – A tribo de guerreiros Sayajin?! – ele realmente não queria acreditar. – Ou seja... o seu marido é um Sayajin?! – perguntou, por fim.
Bulma até suspirou. Sim, ele é. O mais lindo de todos eles.
- Naturalmente. – concordou, com a pergunta óbvia do amigo.
Jaco estava estranhamente nervoso.
- Naturalmente?! – como “naturalmente”?! Ela aqui, com esses contatos poderosos, e ele preocupado com coisas que Bulma resolveria facilmente. Nem se importou mais com os dois mini-sayajin mexendo em tudo lá dentro da nave.
- Tá Jaco! O que você veio fazer aqui? – Bulma perguntou, impaciente.
Ele voltou a si. Era muita informação pra assimilar.
- Certo. Eu vim ver o homem que derrotou Freeza. E não é o seu filho. – emendou, antes que ela o corrigisse. – Quem é ele?
Bulma torceu o rosto. Isso seria um problema.
- Meu amigo Goku. – respondeu, vacilante.
- Deixe-me vê-lo agora mesmo! Preciso contar algo à ele! – bradou Jaco, com a arrogância da qual Trunks havia falado.
Aí que entrava a dificuldade.
- Esse é um caso complicado... – Bulma disse, colocando a mão no queixo pra pensar. – Agora mesmo, ele está treinando com o meu marido na casa do Lorde Bills.
- Lorde Bills? – Jaco pensou onde essa mulher arrumava esses amigos. Lorde Bills era só um mito. Agora o marido de Bulma até “frequentava” a casa dele. Era demais. – Ele é só uma lenda... – disse, tentando se convencer do que falava.
Bulma deu de ombros.
- Se você diz...
O foco de Jaco voltou.
- Não é hora de ficar aliviada! Freeza foi ressucitado e está voltando a Terra com um exército de 1000 soldados! – gritou, revelando o motivo de querer falar com Goku.
Ah não! Bulma congelou. De novo, não.
- Freeza?! – perguntou, chocada. – Com ressucitar... É sério? – não queria acreditar.
- É sério. – Jaco confirmou.
Merda! Merda, merda, merda! E agora? Como chamaria Goku e Vegeta? Nunca conversou com Whis. Ele sempre apareceu. Como faria pra trazê-lo até aqui?
Era a mesma conversa de sempre. Freeza está poderoso, com um exército sedento de sangue e querendo a aniquilação dos terráqueos. E, Bulma, sozinha. Jaco, deixou bem claro que não ia lutar. Os meninos, Trunks e Goten, fora de questão. São malucos demais. Perigoso quererem ir agora, enfrentar o Freeza. Um risco. Bom, passo um: avisar os outros. Passo dois: tentar chamar Whis. Freeza chegava em uma hora.
Pegou o telefone e avisou Kuririn. Tadinho, se treme todo ao ouvir falar de Freeza. Fazer o quê? Ele se encarregou de informar aos outros. Com Whis, teria que tentar as variáveis. Pegou o sorvete mais saboroso que tinha e apontou pro céu. Com sorte, ele sentiria as papilas gustativas sendo chamadas antes que os ouvidos escutassem os gritos desesperados de Bulma.
De lá, Whis até percebeu que alguma coisa podia estar lhe chamando a atenção. Mas o foco era o treinamento dos dois sayajins. Daqui, o pau já tava caindo a folha. Não tem Vegeta e Goku, vai com o que tem mesmo. Ainda bem que ainda sobra Gohan, Piccolo, Kuririn, Kame e Tenshin Han. Bom, cinco contra mil não é lá uma conta muito justa. Mas são os cinco melhores da Terra contra os mil piores do exército de Freeza. As chances são boas. E Bulma, coitada, gritando com Jaco pra ajudar e com Whis, com aquele sorvete na mão, que desafia as leis da termodinâmica, já que estava tão apetitoso quanto da primeira vez que ela o levantou pro céu, com os olhos azuis arregalados.
Só que o único sayajin que tinha, pra honrar o nome dos que faltaram, era Gohan. Lembra do Gohan, né? Fofolete, que não é mais fofolete? Pois bem. Enquanto era fofolete, o moleque era do caralho. Sem mais. Só que quando cresceu, começou com aquelas historinhas de não vou mais lutar. Finalmente, a Chichi entrou na mente dele. Enquanto era o Piccolo que fazia a cabeça do menino, Gohan era um misto de sayajin com namekuseijin, se tornando um guerreiro imbatível. Mas depois de Cell... bom, todo mundo já sabe. O fofolete perdeu a graça. Até é forte pra caramba e tudo mais, mas na hora do “vamo vê”, acaba ficando pra trás. E foi o que aconteceu. Levou um golpe traíra, de um dos homens de Freeza. Traíra, porque o maldito matou o próprio companheiro pra acertar Gohan. Só que foi um tiro mortal. Aí você pensa: o Freeza vai chapar, que os soldados tão se matando. Chapou nada! Achou foi lindo, a crueldade do outro! Ganhou ponto com o changeling e tudo!
Graças à Kami, que existem as famosas Sementes dos Deuses. Corre dar uma pro Gohan! Mas o coração do sayajin já tinha parado. Oh, meu Kami, e agora? Outro coração quase parou! Picccolo, que criou esse menino mais que o Goku, desesperou ao ver o Gohan naquela situação. Ainda mais agora, que o garoto era pai e tinha família pra cuidar. Não, não, não. O verdão ia resolver isso aí! Já mandou uma carga de energia no peito do sayajin pra desfibrilador nenhum botar defeito! Ponto pro namekuseijin! Gohan tá vivo? Semente pra goela!
E a insanidade continua. É soldado ganhando patente nova, é ki aumentando em nível estratosférico, é todo mundo ficando preocupado, é Piccolo perdendo braço, é Gohan defendendo o pai postiço, uma verdadeira loucura! Teve até uma participação especial de Todo Poderoso Gotenks! Ah, é legal demais quando ele aparece! Pena que foi rapidinho. Logo, a fusão desfez e, pela primeira vez, os dois foram sensatos o bastante pra irem se esconder embaixo da asa de Bulma. Mas o auge da doideira, foi a troca de corpos. Sim, Ginyuu. Ele voltou. Até com Bulma o esquisito já trocou de corpo. Agora, tava no do soldado mais forte de Freeza. Bom, isso era um problema. Apesar de ser um lunático, Ginyuu era um soldado bem experiente. Com a força recém-obtida, com certeza seria uma pedra no sapato dos cinco heróis presentes.
É, só piorava. Como suposto, Ginyuu era forte o bastante pra derrubá-los com um golpe. E ainda estava empolgado, por ter um corpo de novo, e por voltar a lutar por Freeza. Praticamente imbatível. Enfim, cada um fez o que podia. Gohan, o mais forte dos lutadores, foi enfrenta-lo. Bulma, a mais esperançosa das terráqueas, foi buscar o seu sorvete. Ainda colocou Trunks, Goten e Jaco pra chamar Whis junto com ela. Agora, mais do que nunca, ele precisava ouvir!
O problema é que, pra enfrentar Ginyuu, Gohan virou Super Sayajin. Aí, a gente precisa de contexto. Vamos lá: Freeza tá um pouco desatualizado na história dos sayajins. Tanto que, quando Goten e Trunks chegaram, ele ficou meio chocado com os meninos. Sacou que o moreninho era filho de Goku, já que são idênticos. E que o de cabelinho lilás era parecidíssimo com o que o matou da última vez. Não conseguiu deduzir que eram o mesmo porque, né? Enfim... O único Super Sayajin que viu, foi Goku. Agora, via o filho dele que, por acaso, conheceu quando era criança, fazer a mesma coisa. Bom, Freeza compartilhava da mesma crença que Vegeta tinha no começo. Aquela, de que só existia um único Super Sayajin, o Lendário. Se passasse pela cabeça dele que não só todos os sayajins conseguem virar super, como já passaram pro nível dois, alguns até pro três e que, inclusive, Goku e Vegeta estão no nível de Super Sayajin Deus, sairia fumaça da cabeça fibrosa de Freeza. Por isso, quando ele viu Gohan, todo loirinho de olhinho verde, o doido pirou mais ainda. Já tirou Ginyuu da jogada. O Super Sayajin era dele. Contas antigas a acertar. E de Freeza, Gohan não ganha.
Freeza torturou o ex-fofolete. Pequenas rajadas de ki, varando seu corpo, que caiu, inerte. Mas, como eu já disse, quem tem pai, tem tudo. E não, eu não me refiro à Goku. Quando Freeza desferiu o golpe final, o golpe que mataria Gohan, Piccolo entrou na frente. Hoje não, seu maldito. O menino dele, não. Levou a energia no peito, caindo, morto, ao lado de Gohan. Mas o salvou, permitindo que o sayajin pudesse fazer algo muito mais importante.
Em outros tempos, a morte de Piccolo faria Gohan se encapetar até a ponta do cabelo loiro. Viraria um Super Sayajin do caralho e acabaria com a porra toda com uma mão amarrada nas costas. Mas, não podemos ser mais irreais do que já somos. Nós já acreditamos na possibilidade de voar e soltar golpes de energia com as mãos. Não podemos crer que Gohan seria capaz de reassumir a forma mortal que tinha já que ele não faz o favor de treinar um minuto por dia! Não, ele não consegue ganhar de Freeza. Mas ele tem um contato direto com alguém que é capaz. Inclusive, que já fez uma vez. Seja útil, coração. Chama o papai!
Só que o plano de Bulma, de ativar a barriga de Whis deu certo antes. Ela ainda vai precisar de Gohan, calma. Finalmente ele respondeu. Do planeta de Bills, ele viu, pelo bastão, o sorvete bonito que ela oferecia. Mas conhecia a mulher. Percebeu a preocupação. Chamou-a.
- Bulma! – os olhos azuis marejaram, ao ouvir a voz adocicada em sua mente.
- Você demorou pra responder. – reclamou, brigando com ele, pelo desespero. Ninguém entendia porque ela estava falando sozinha e balançava a cabeça sem parar. Só ouviam ela dizer que o sundae não importava e pedia que Vegeta e Goku viessem, urgente, pra Terra. Explicou que Freeza estava de volta e causando problemas.
A incredulidade dos dois sayajins foi a mesma. Freeza? Mas como? Whis projetou a imagem de Bulma, explicando o que acontecia.
Não é preciso dizer que a reação dos dois, nesse caso, foi diferente. O coração de Goku se apertou ao ouvir as palavras de Bulma. Tinha que voltar o mais rápido possível. Mas o de Vegeta, além disso, sentiu um conforto tão grande de ver a sua Bulma ali, tão linda... Aquele era o corte de cabelo, então. Mas o rosto estava sério, preocupado. Não, tinha que voltar junto com Kakaroto.
O problema é que, pra Whis leva-los, demoraria 35 minutos. Nesse tempo, Freeza já teria matado todo mundo. Fora de cogitação. Bom, Goku podia se teletransportar. Mas precisava sentir o ki de alguém lá e, a essa distância, não conseguia. Aí entra o Gohan. Ele elevou seu ki ao máximo que pode, pro pai poder senti-lo de onde estava. Daí, foi fácil. Goku achou o filho rapidinho. Ainda deu uma carona pra Vegeta, que resmungou pra não perder o hábito. Lógico que iria junto! Chegaram a tempo de impedir que Freeza matasse Gohan.
É Freeza. Eles chegaram. Agora, é briga de sayajin adulto.
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