História Compartilhada - A verdade

Não podia ser... Sasuke!

Seus olhos se chocaram contra os azuis do loiro. Uma enxurrada de emoções tomou conta do seu corpo, Naruto não conseguia pensar direito.

Por que ele estava escondido?

Deixou seus pés tomarem conta do seu corpo, suas lágrimas nublavam a sua vista, então quando menos esperava ele não estava mais encostado na árvore. Havia sumido.

Um vulto corria dentro da floresta, assim os dois iniciaram uma corrida, enquanto um queria fugir o outro, quer obter respostas.

Chegando perto o suficiente, o amigo agarrou o seu paletó. Sasuke cambaleou para trás, o encarando absorto.

Os dois respiraram fundo.

Adentraram a floresta por uns 3 km de distância. O Uzumaki estava com coração acelerado dentro do peito, enviando uma descarga de adrenalina para o seu corpo.

- Me larga! – Arrancou as mãos do seu terno.

Seu semblante antes confuso mudou de segundos para cínico, sarcástico.

 - O que aconteceu com você?! – gritei furioso. – Que história é essa de namorar a Ino? Teme! – o empurrou despejando todo o seu sentimento, não agüentava mais carregar tudo isso sozinho – Me responda!!

Ele parou. Limpou seu terno demonstrando que aquilo não passou de cócegas.

- Não se meta na minha vida, Naruto.

- Não. Você é o meu amigo, – deu de dedo – me fala!

O Uchiha explodiu em risadas, o loiro ficou confuso que essa mudança, até sua cara ficou com uma carranca, pois entendeu aonde ele queria chegar.

- Quer que eu fale a verdade?! Você quer tirar o peso do seu coração?

O órfão ficou impassível, não iria falar, ficou calado esperando...

- Fui eu quem fez isso! Fui eu quem espalhou os cartazes pela Universidade, fui eu quem provocou tudo! A sua amada Sakura. – Fez uma encenação de menininha indefesa.

Contudo, não esperava um soco certeiro do lado do seu rosto o bastante para fazê-lo ficar tonto. E mais outro no seu nariz, ouviu um crec e sentiu o seu cheiro de sangue. Mesmo com a dor física em seu corpo, Sasuke não imaginava que iria doer tanto falar aquilo. 

Merecia por tudo o que já fez a Haruno passar.

- Por quê? – Apertou seus punhos de tanta raiva acumulada, tremia de ódio.

De repente Sasuke ficou calado, não sabia o que responder.

Um ato amor. Era assim que ele pensava no fundo da sua alma, ele sempre gostou da Sakura, porém sempre que ficava perto dela lembrava-se da sua mãe Mikoto, ela era como ela.

Sorridente e amável.

Machucava quando se lembrava que não tinha mais uma família, apenas seu tio e seus amigos e justamente por isso tinha medo de amar, medo de deixar-se levar. Não podia sofrer mais do que já sofreu.

Ficou com a Ino por que ela não o amava, era se fosse um sexo sem compromisso, sem sentimentos envolvidos, e o único benefício que ganhava era o sexo junto com a popularidade.

E a melhor amiga da rosada sabia disso, que nunca teria chances com o Uchiha, então num dia quando flagrou o moreno chorando e olhando uma pequena foto de Sakura escondido, ela guardou na memória o quanto odiava a Haruno por ela ter tudo o que sempre queria.

Noutro dia questionou a ele sobre isso, intimidou-o que se Sasuke de pés juntos jurava não sentir nada por ela, ele iria ajudá-la num plano – o bullying compartilhada.

Sim. Ele a amava tanto que preferia a ver longe de si, mas era tão egoísta a ponto de perceber que Sakura não viveria sem ele, e agora... Ela faleceu, por sua culpa. Jamais conseguiria se perdoar.

Tentou falar, sua voz não saía.

Levantou-se do chão, parando de frente com Naruto, o amigo o olhava com desprezo, e isso doía ainda mais.

- Eu a amava. – desviou seu olhar não conseguia encarar o loiro.

Perplexo, começou a piscar pela sua resposta, nunca imaginaria que Uchiha Sasuke falaria isso.

- Eu vim apenas para deixar uma flor.

Tímido por ter falado isso, ele abaixa a cabeça e só a levanta quando sente seu ombro direito sendo apertado. Naruto tinha um mínimo sorriso em sua boca, mas perceptível o suficiente para o teme notar.

- E agora?

- Agora... Eu vou sair de Tokyo, tentar recomeçar a minha vida.

- E a Ino?

- Terminei com ela no dia em que aconteceu.

Os dois ficaram quietos por uns instantes, absortos em seus próprios pensamentos. Parece que com a Sakura morta, um lugar ficou vazio no grupo de amigos. Não tinham mais quem encher o saco ou mandar fazer os trabalhos.

- Vamos.

Caminharam em silêncio a respeito da colega, foram até o seu túmulo aonde pararam em frente a ele. O cemitério já estava vazio, os parentes fora embora.

O entardecer nunca foi tão bonito como foi hoje. O sol se põe no oeste bem de frente para a lápide dela.

Naruto e Sasuke ficaram de pé em frente. Antes de chegarem, colheram um ramo de flores da árvore de cerejeira.

O Uchiha se ajoelhou primeiro, colocando a flor em cima do mármore branco. Sem sair som da sua boca, disse:

- Obrigado, Sakura. – sentiu uma lágrima descer pela sua bochecha.

Quando os Uchiha’s amam podem apostar que é verdadeiro. Eles não sabem expressar o seu amor por suas pessoas amadas, mas sabem ocultar o significado com poucas palavras.

Em seguida, o outro se abaixou, ficando com um joelho no chão. Tocou de leve as palavras escritas em forma de homenagem.

- Sakura-chan, e.eu – seu rosto começou a ficar molhado – me desculpa por tudo o que eu te disse, eu estava com raiva e, não se preocupe que eu vou ficar de olho no Sasuke – apertou firmemente a sua camisa – saiba que você vai estar sempre no meu coração.

No final, o Uzumaki soluçava, só conseguiu se controlar quando sentiu seu único amigo que restará o ajudar a se levantar.

Contudo, sentiu que o peso que havia nas suas costas não existia mais. Apenas o sentimento que ele sempre se lembraria dela.

Os dois ficaram um de frente para o outro, Naruto se surpreendeu de novo quando viu que Sasuke também tinha chorado.

- Adeus, usuratonkachi. – sorriu divertido.

- Até, teme.

Um toque de punhos foi o suficiente para ainda se dizer “pode contar comigo, amigo”.

(...)

O pequeno sobrado estava totalmente escuro, a única coisa aberta era uma janela do banheiro, ou seja, seu padrinho Jiraya havia saído de novo – para pegar mulher e escrever o seu livro.

Fazia tempo que não tinha uma companhia, alguma pessoa que realmente gostasse dele. Há semanas tinha descoberto por si mesmo que nunca amou Sakura daquele jeito e sim, apenas por que zelava por seus passos, como um irmão.

Ligou a luz da cozinha e pegou um copo d’água, sua garganta ficava seca quando chorava até parecia que saía todo o líquido acumulado do seu corpo.

Quando ia se dirigir até o seu quarto ouviu a campainha ser tocada com insistência. Verificou pelo olho mágico de quem se tratava e ficou surpreso por ver uma cabeleira loira.

Ela estava num estado deplorável, vestia uma calça jeans e uma simples blusa verde, não era nada parecida com Yamanaka Ino.

Atrás de suas costas ela escondia alguma coisa.

- O que veio fazer aqui? – perguntei ríspido me apoiando no batente da porta. Não estava a fim de vê-la nem pintada de ouro.

- Quero falar com você. – Seus pés faziam desenhos invisíveis no chão enquanto tentava esconder o seu nervosismo.

- Já está!

- Peço desculpas pelo o que fiz e sei, que eu não mereço o seu perdão... Nem de ninguém. A verdade é que, eu sempre senti inveja pela Sak -

- Não diga o nome dela! – vociferou Naruto.

Abaixou mais uma vez a cabeça.

Reiniciou a fala: - por ela ter excelentes amigos, menos eu. E... Isso aqui é pra você.

Uma flor Shiragiku - Crisântemo Branco – ela segurava em suas mãos, estendia para o loiro esperando que ele aceitasse. Vendo que era difícil ela vir aqui e fazer isso, pegou com delicadeza a flor.

- Escolhi na minha floricultura; significa a verdade ou tristeza, que no meu caso seria os dois. – passou o dedo embaixo do seu olho. – Obrigada por me ouvir.

Naruto ficou um tempo ali olhando para a rua enquanto Ino se distanciava.

Sasuke foi embora, e por outro lado entendia o amigo.

Fechou a porta trancando-a.

 Ele simplesmente não imaginava que as coisas acabariam dessa forma, começou com ele e acabou com o mesmo.

Fim