História Complementary Colors - Together

Irado. Era como ele se sentia, suas grandes e ásperas mãos moviam-se até os trêmulos e delicados ombros daquela linda e odiosa réplica de sua amada noiva. Ele estava convencido que aquela imagem era apenas mais uma ilusão de sua mente perturbada. Impulsivamente ele agarrou aqueles pequenos ombros com força.

Um arrepio gelado correu pelos braços fortes dele. Era físico. Os orbes safiras dele se arregalaram em espanto, em choque. Seu tato indicava que aquilo era real. Mas não podia ser real. Grimmjow sabia que Orihime estava ainda em coma, ela não poderia estar ali na frente dele.

Cautelosamente, as grandes mãos dele caminharam pelos finos e delicados braços da ruiva, ele colocava certa pressão nos braços da moça, um aperto forte, talvez uma tentativa de ter certeza que aquela era a sua noiva. Era inevitável o desconforto causado ele, Grimmjow era um homem forte e parecia que aquela força estava fora do controle do rapaz de cabelos azuis. Orihime tentava suportar aquela dor, porém acabou por deixar escapar por seus trêmulos e rosados lábios um tímido e pequeno gemido.

Aquele baixo e temeroso gemido foi o estalo de realidade na mente de Grimmjow. O rapaz a soltou imediatamente, de forma bruta, quase a empurrando para longe dele, fazendo a moça dar dois ou três passos para trás, cambaleando ligeiramente desajeitada.

Ele a encarava sem compreender, assustado, com os olhos arregalados e as sobrancelhas franzidas em dúvida e raiva. A grave voz dele murmurava “Não pode ser...” os orbes safiras do rapaz passearam pelo corpo delicado da moça, visualizando desde o rosto entristecido dela até os pés que pareciam lutar para manter o equilíbrio do corpo da jovem, logo voltando sua visão para o rosto da ruiva novamente, “Isso é impossível...” murmurava o rapaz dando um ou dois passos para trás, tentando compreender tudo aquilo.

Finalmente Orihime achou uma oportunidade, ela reuniu toda e qualquer coragem que conseguia encontrar em seu ser trêmulo, ela retomou a postura dando alguns passos até o rapaz dizendo “Grimmjow sou eu!” aclamava a jovem levando as delicadas mãos até o rosto dele, tentando acalmá-lo, salvá-lo daquele desespero insano.

Ele assistiu aquelas duas macias e sutis mãos aproximarem-se dele. Pensou em se deixar salvar por ela, se deixar desabar naqueles gentis braços, se afogar no cheiro e na pele marmorizada dela. Todavia algo na mente desconfiada do azulado o alertou. E se aquilo tudo fosse um golpe de sua mente? Uma forma de fazê-lo desistir de sua razão e se perder em um sonho, se corromper em uma ilusão, no desejo de reencontrá-la e estar com ela.

A nuca dele gelou com aquele pensamento, ele já fora enganado tantas vezes por aquelas visões, talvez dessa vez a bebida estivesse sendo a responsável por deixar seus sentidos tão confusos. Ele se lembrou de ter tido a sensação de tocar sua amada noiva em seus sonhos e logo acordar, percebendo que estava sozinho. Grimmjow sentia que precisava fugir daquilo. Não tinha coragem ou força para lutar contra aquela bela e tentadora projeção imaginária, sua única alternativa era fugir. Fugir como uma presa assustada, temendo ser pego, receoso de ser aprisionado em uma gaiola de ilusões intermináveis e esperando ser abatido por seu desgosto e desespero.

“Fique longe de mim...” murmurou a voz grave do rapaz de cabelos azuis, dando um passo para trás “Você não é real...” completava o azulado, fugindo das delicadas mãos da moça. Cambaleando, decidindo não se deixar levar por seus desejos egoístas e permanecer lúcido, mesmo que isso significasse aceitar a possibilidade de sua mulher nunca mais acordar.

Orihime o assistiu se distanciar dela com lágrimas escorrendo pelos seus grandes olhos castanhos claros. Ela insistiu se aproximando do azulado “Grimmjow, sou eu! Orihime!” dizia a ruiva. Ele rebatia explodindo e gritando “NÃO! VOCÊ NÃO É A ORIHIME!” e completava dizendo com a voz arrastada, cansada de tudo aquilo “A Orihime está em coma em um hospital a quilômetros daqui!”.

A moça não conseguia mais se segurar, apenas correu até o enfraquecido azulado. Acolhendo o cansado e desesperado rosto dele entre suas macias e claras mãos. Fazendo-o encará-la confuso e surpreso. “Grimmjow sou eu.” sussurrava a doce e calma voz dela, provocando um estranho arrepio quente no rapaz, fazendo-o pensar que ela estava dando a ele o estúpido benefício da dúvida.

Paralisado. Questionando-se em pensamentos bagunçados. Perturbado por todos aqueles sentimentos que borbulhavam em seu ser. Torturado por aquela bela mulher. Grimmjow se deixou observar o rosto choroso dela, misturado a um sorriso gentil e misericordioso. Engoliu em seco enquanto sentia os finos e longos dedos dela massagearem sua pele suada. Ele piscou ao finalmente perceber o cheiro dela, aquele cheiro leve e doce, o qual o azulado nunca se enjoava. Perguntava-se se aquela realmente poderia ser sua noiva. Mas em sua mente aquilo era impossível. Era um absurdo.

“Mas... Você está em coma...” insistia Grimmjow em um tom baixo. O azulado observou a jovem a sua frente morder os lábios e balançar a cabeça para os lados “Não, eu estou aqui.” falava ruiva. Mais uma vez ele tentou desacreditar, se distanciar. As grandes e ásperas mãos do azulado seguraram os pulsos da moça, tendo a intenção de retirar aquelas confortáveis mãos de seu rosto.

Ao sentir aquelas mãos apertarem seus finos pulsos, Orihime teve pareceu entender o que ele estava prestes a fazer. Rapidamente a ruiva equilibrou-se na ponta dos pés, levando os lábios carnudos e macios até os finos e firmes dele. Ah, aqueles lábios... Como ele sentia falta daquilo. Fora derrotado por uma mulher, aquele delicioso e calmo beijo o fez desistir de tudo. Se fosse para ficar louco, que ficasse. Para o azulado aquilo não importava mais. Já estava jogando tudo para o alto. Que se dane.

Ele se deixou abraçá-la, percorrer aquele corpo formado por provocantes curvas com suas mãos firmes. O azulado a suspendeu e a carregou sem qualquer problema, deitando-a na cama que por incontáveis noites eles dividiram. Se rendendo completamente aos encantos dela, fazendo aquilo que por meses ele desejava fazer. Finalmente ele conseguia sentir que ela estava ali. Sentia que estava completo. Feliz novamente.

Estavam deitados, ela repousava a cabeça no forte peito dele enquanto o azulado alisava os longos fios de cobre dela. “Mas como?” questionou o azulado, tentando compreender toda aquela situação que quase o havia feito pensar que tinha perdido o maldito juízo. Ele sentiu a jovem se remexer em seu peito, sentando-se ao lado dele.

Orihime respirou fundo, enquanto pensava como poderia explicar para seu futuro marido o que havia acontecido nas últimas semanas e preferiu apelas relatar tudo que havia acontecido de forma resumida e direta. Quando a moça comentou sobre as ligações para o celular do rapaz, este imediatamente levou a grande mão direita até o rosto, se achando um estúpido “Droga, a culpa foi minha. Eu quebrei o celular.” confessou Grimmjow.

“Você quebrou?” repetia a ruiva de forma desconfiada, forçando o rapaz a se corrigir dizendo “Tá, eu joguei a droga do celular na parede, porque eu tava com raiva.” o tom irritado característico dele, acompanhado por aquela nova confissão fizeram a moça rir de forma descontraída.

Ele não pôde deixar de sorrir ao ouvir aquela risada gostosa, ele movimentou seu forte e musculoso corpo naquela cama confortável, avançando lentamente até os lábios felizes e rosados da moça “Eu te amo, Orihime.” sussurrava o azulado, beijando-a novamente.

Finalmente eles estavam juntos e mais uma vez Grimmjow podia ousar dizer que havia encontrado a felicidade, mesmo que tenha tido que lidar com um caminho escuro e torturante.