História Complete with you - Bulletproof vest

“E se eu acreditar em você

Vai fazer isso parar?

Se eu te disser: eu preciso de você

É isso que você quer?

E eu estou quebrado e sangrando

E implorando por ajuda...”

-  If i believe you (The 1975)

 

P.O.V THALIA

Aquelas últimas semanas haviam me destruído pouco a pouco.

Me sentia em uma encruzilhada, onde todos os caminhos levavam a uma rua sem saída.

A morte de Luke havia me destruído de tal forma que eu nunca achei que fosse possível.

Eu tentava continuar a ser a Thalia de sempre, mas era muito difícil. A amargura que sentia em meu peito era grande demais até para mim.

Além disso tinha Annabeth. Eu sempre jurei protegê-la, mas eu havia falhado mais uma vez.

Leva-la para aquela festa foi um erro terrível. Eu deveria ter a deixado, deveria ter esperado o tempo que ela precisava, mas não o fiz. Tudo que eu queria era mudar aquela situação e mostrar que tudo no fim ficaria bem. Mas eu estava errada.

Sempre estou errada.

(...)

Em um baque surdo fechei meu armário. Mal sabia a matéria que estava estudando, mas aquilo não importava. Já estava me afundando em tudo, porque deixar a escola de fora?

Coloquei a mochila nas costas em tempo do segundo sinal tocar. Finalmente poderia ir para casa.

Seguia o caminho para fora do prédio em passos lentos. Minha expressão provavelmente seria de total descontentamento. As correntes presas na minha calça de couro faziam barulho.

Empurrei a porta e então saí no gramado da frente do colégio. A movimentação costumeira mal chamou minha atenção, já que, o único lugar para qual eu olhava não se assemelhava a aquilo.

Onde meu grupo de amigos costumavam a se reunir e conversar, se resumia a um Nico cabisbaixo, encostado em seu carro. Aquela imagem fazia meu estomago se revirar. Parecia que tudo havia se acabado. Tudo havia ruído.

Senti vontade de socar a pessoa mais próxima a mim, mas me contive, apenas seguindo na direção na qual eu sempre seguia.

- Ei punk. – Começou Nico quando me aproximei. – Parece que seremos só eu e você de novo.

A expressão do garoto de assemelhava à minha, o que me fez apenas assentir. Fiz menção de perguntar o paradeiro de Will, mas me recordei que ele havia viajado para a Florida e demoraria alguns dias para chegar.

Ao longe vi Hazel e Frank em um banco conversando, tentando imaginar onde meus outros amigos estavam.

Desde a morte de Luke o grupo mal se encontrava, e depois da overdose de Annabeth não me lembrava da última vez que havia conversado com alguém a não ser Nico, Jason e Carl.

Minhas mãos ajeitaram a alça da mochila quando Nico murmurou um “vamos” já seguindo em direção à porta do carro.

Fui para a direção oposta, abrindo a porta do carona e jogando minha mochila no banco de trás. Ao momento em que Nico se sentou, ao longe vi saindo da porta da escola Carl e mais uma pessoa na qual me fez ter um misto de fúria e alegria dentro de mim.

Rapidamente fechei a posta, deixando um Di Angelo totalmente confuso atrás de mim.

A fúria já não conseguia dar espaço para a alegria.

- Mas que inferno é esse Annabeth? Porque não me disse que viria hoje? – Disse ao me aproximar de Chase, que por sua vez me olhava um pouco espantada.

- Eu não preciso de babá Thalia. – Sua expressão se suavizou, me deixando ainda mais nervosa.

- Então é isso? – Perguntei, visivelmente exaltada. – Vai me tratar igual tratava o Luke? Vai continuar sendo uma idiota?

Vi seus ombros se recaírem e ela se mostrar completamente ofendida.

- Vá se fuder Thalia. Jura que vai falar dele? Como se você fosse alguma santa. – O olhar de desprezo de Annabeth fez meus punhos cerrarem.

- Gente não precisa disso... – Começou Carl, mas que logo foi interrompido por mim.

- É fácil falar isso quando ele a amava. Mas você sempre foi uma vadia idiota. Você sempre trata as pessoas como um lixo Annabeth, sempre pensa somente em você. Talvez devesse ficar sozinha. Talvez não mereça a ajuda de ninguém. – Correspondi seu olhar de desprezo.

Eu não sabia o porquê de estar falando aquilo. Sim, já havia gostado de Luke, mas foi algo rápido e passageiro e Annie não tinha culpa disso. Mas ela fora egoísta. Egoísta por só pensar em si mesma e em não pensar nos sentimentos dele.

Nem ao menos esperei a resposta de Annabeth, apenas dando meia volta e seguindo de volta para o carro.

- O que aconteceu...? – Começou Nico, mas logo o cortei.

- Vamos embora logo. – Entrei no carro. – Agora!

Após meu grito Nico parece ter resolvido que fazer mais perguntas não seria o mais sensato a fazer, então somente deu a partida e logo já nos afastávamos do colégio.

P.O.V PERCY

- Ei, aquela não é Annabeth? – Chamou minha atenção James, apontando para um local próximo à entrada da escola.

Olhei pelo vidro do meu carro, nada impressionado em ver a garota. A minha expressão possivelmente estaria revelando desgosto, já que o garoto franziu o cenho ao meu lado.

- O que? Você já sabia? – James continuou.

- É, já sabia. – Disse secamente, já dando a partida no carro.

- Thalia parece estar discutindo com ela. Acho melhor irmos até lá... – Ela fez menção de abrir a porta, mas eu interrompi seu ato.

- Nem pensar – Me estiquei pelo banco do carona, fechando a porta. -, Annabeth escolheu não ter nossa ajuda, então ela terá isso.

James me olhou totalmente impressionado e chocado. Já eu, ignorei, apenas ligando o carro e dando a partida, olhando a garota de cabelos louros pela última vez naquele dia.

(...)

Abri a porta de meu quarto e joguei minha mochila em um canto, deitando em minha cama logo em seguida. James dormia no quarto de hospedes, o que o agrava e agrava a mim já que ambos não gastavam de dividir o espaço com o outro.

Peguei meu celular e o desbloqueei, já colocando uma música para tocar e o colocando sobre o criado mudo depois.

O maior erro que eu poderia cometer.

Entre diversas coisa que não gostam de mim, o modo aleatório com certeza está no topo da lista. Ele sempre vai colocar uma música para acabar de vez com o seu emocional. Se isso não é inteligência artificial eu não sei o que é.

Enquanto fallingforyou do The 1975 tocava, minha cabeça trabalhava em modo acelerado.

Havia acontecido tantas coisas desde que me mudei que chegava a ser cômico. Não se passaram nem dois meses desde que as aulas começaram, mas me parecia um século.

Me sentia tão confuso e frustrado com tudo, e a letra da música não ajudava nem um pouco a melhorar a situação.

What time you coming down?

Em uma fração de segundos a cabeleira loira me veio à cabeça. Os olhos tempestuosos me encarando. O seu corpo sobre o meu. O seu sorriso que antes perecia iluminar tudo a sua volta.

We started losing light.

Me lembrei daquela primeira aula de matemática, onde pela primeira vez a vi. Onde pela primeira vez ouvi sua voz e experimentei do seu incrível tom de ironia. Lembrar daquilo me fazia sorrir, mas não foi algo que durou muito já que a aula de hoje mais cedo veio como um chute em meu estômago.

Eu sentia nojo de mim mesmo, mas ao mesmo tempo sentia que deveria ter feito algo, mas não daquela forma.

Annabeth havia se aberto para mim. Havia contado coisas que eu duvidaria que outros soubessem. Coisas que atormentavam seu coração, e agora também o meu.

Tudo bem que ela ás vezes faz coisas que machucam os outros, mas a solução não é abandona-la. Essa nunca é a solução.

Sim, eu estava com raiva. Muita raiva. Raiva por ela ser tão egoísta, por ser tão orgulhosa, por parecer não se importar com os outros..., mas eu sei que se importa.

Aquilo me parecia como um colete a prova de balas. Uma proteção do mundo. Uma casca dura para uma pele macia, mas se depender de mim, esse colete será retirado e a casca será quebrada.

I think I'm falling, I'm falling for you

Maybe you'll change your mind.