1. Spirit Fanfics >
  2. Completo Novamente >
  3. Pesadelos Parte 2

História Completo Novamente - Pesadelos Parte 2


Escrita por: _SakuraUchiha_

Notas do Autor


Olá, meus queridos leitores
Trago para vocês mais um capitulo fresquinho. Agradeço o carinho e retorno de cada um de vocês, fico muito feliz de estar agradando.
O capitulo ficou um pouquinho grande, espero que gostem.
Para aqueles que gostam de ouvir musica enquanto lê, recomendo I Hate You, I Louve You - Ben Schuller
Bom, vamos ao que interessa.
Beijo à todos e boa leitura!

Capítulo 3 - Pesadelos Parte 2


Fanfic / Fanfiction Completo Novamente - Pesadelos Parte 2

{Sasuke}

Escutei sua voz suave me acordar daquele inferno. Quando despertei, eu a segurava pelo pescoço e a apertava. Quando a soltei, imediatamente ela caiu. Um sentimento de desespero me dominou. Segurei seu corpo antes de tocar o chão, sabia exatamente o que tinha acontecido. Estes malditos pesadelos... 

Até quando será assim? Por quanto tempo mais serei atormentado por essas sensações que sempre retornam? 

Eu não sabia mais o que fazer. Minha única alternativa é permanecer sozinho, assim evito machucar aqueles que são importantes pra mim. Ela tentou me convencer do contrário, mas assim que Kakashi me permitisse eu iria embora.  

Sakura viu o quanto aquilo me abalou, e me levou para fora do quarto. Sentamos na sala por um tempo. Eu quase a matei por conta de um pesadelo que ainda me afeta mais do que gostaria.  

 Ela me tirou de minhas preocupações com sua voz suave e gentil. Eu sentia que seus desejos eram verdadeiros. Ela me disse o quanto queria me livrar desses malditos pesadelos e de que queria realmente me ajudar. Seu olhar me trazia paz, seus lábios abriam em um sorriso gentil enquanto falava. Ela me lembrava... "Irmão, Sakura possui a mesma gentileza que você." 

Eu estiquei meu braço e toquei sua testa, como Itachi fazia comigo. Este foi o gesto mais singelo que poderia expressar à ela naquele momento. 

Não se passou muito e ela adormeceu. Estava alheio com meus pensamentos quando senti um leve peso sobre meu ombro. Senti seu cheiro invadir minhas narinas. Me virei e ela estava encostada em meu ombro. Eu a observei e vi de perto a mulher que Sakura se tornou. Seu rosto, seu corpo. Era estranho para mim o contato físico tão próximo com uma mulher, principalmente quando se tratava dela. 

Meus pensamentos se perderam nela, meu coração começou a bater descompassado. Eu comecei a me perder em meus próprios sentimentos. De repente, me peguei pensando no passado. Eu odiava a Sakura. Odiava, porque ela tinha o poder de me fazer querer recuar, ela me afastava de meus desejos. Eu a odiava porque, quando estava com ela, eu sentia que deveria parar de buscar vingança, que na naquela época era tudo o que eu tinha. Ela causava em mim, sentimentos contrários, sentimentos que eu recusava. Quando estava para deixar a vila e ir até Orochimaru, ela estava lá para tentar me impedir e eu não poderia permitir que ela me fizesse voltar atrás. Eu tinha decidido pela minha vingança, e assim eu faria. Eu a odiava porque ela me desfazia, ela me fazia esquecer meus propósitos. Depois de muito negar, eu entendia o porquê eu a odiava tanto, porque eu queria me ver livre dela. Eu a odiava porque eu a amava. No começo era um amor totalmente ligado a família, a amizade. Eu me importava com ela, mas na época era somente como amigos. Embora eu negasse isso a mim mesmo o tempo todo, eu me importava com ela, como me importava com Naruto. Eu sempre negava, tentando me convencer de que isso era um erro, porque eu não queria me desviar do meu caminho. Agora vejo com clareza a minha própria verdade. Com o tempo, e depois de tudo, esse sentimento cresceu dentro de mim sem que eu ao menos percebesse, e acabou se tornando algo mais forte, mais consistente. Mas eu negava, negava porque eu jamais seria capaz de dar a ela o que ela esperava. Antes de deixar a vila para seguir com a minha redenção, eu percebi que esse amor havia mudado, mas não sabia dizer exatamente quando. Talvez tenha sido enquanto eu a vi lutar. Me maravilhei ao ver o quão forte ela havia se tornado. Depois, tivemos aquele pequeno momento, em que eu a amparei em meus braços, quando nossos olhos ficaram totalmente ligados. Naquele exato momento, eu senti que algo havia mudado dentro do meu coração. Eu só não sabia explicar o que era, exatamente.

Então foi alí, ao lado dela, que tudo começou a ganhar sentido. Eu não sabia ao certo como reagir com aquilo, mas sabia que conviver com aquele sentimento, traria um rumo totalmente diferente para a minha vida.  Precisava colocar minhas ideias e meus sentimentos no lugar, mas com ela ao meu lado, eu não conseguia pensar direito. Ela me desconcertava, me bagunçava por dentro. Resolvi que precisava me afastar por algumas horas. Então me levantei devagar para não acorda-la, a coloquei deitada sobre o sofá e saí porta fora.  

Caminhei pela vila que estava silenciosa, apenas o som do vento nas folhas das arvores. O dia estava quase amanhecendo, havia apenas um raio mínimo de luz. Deduzi que poderia ser 5:00 horas da manhã. Continuei caminhando tentando colocar minha cabeça em ordem. Tudo dentro de mim fervia, eu estava indeciso sobre o que fazer. Me senti assim apenas uma vez, e foi justo no dia em que resolvi sair da vila. Eu estava confuso e não sabia o que fazer, exatamente como agora. Eu parei perto de um lago e me sentei embaixo de uma arvore, joguei a cabeça para trás e suspirei fundo, como se o ar que entrasse em meus pulmões de alguma forma me acalmasse. Senti uma presença parar ao meu lado, mas não me preocupei em abrir os olhos, sabia exatamente quem era.  

 — Bom dia! Acordado a essa hora? - " Exatamente como daquela vez, ele aparece, como se soubesse que eu estava indeciso sobre o que fazer e precisasse de um concelho. Eu abri os olhos e olhei para o homem parado em pé ao meu lado, com o rosto coberto como sempre." 

— Bom dia! - " A esta altura eu não sabia que decisão tomar. Meu coração me impedia de tomar uma atitude racional, minha cabeça doía tentando achar uma solução pra tudo isso." — Eu preciso ficar em outro lugar, Hokage. Me deixe achar outro lugar enquanto minha situação não se resolve? - " Eu não queria ficar longe da Sakura, mas também não queria mais machuca-la. O que aconteceu entre mim e ela essa madrugada, me ajudou a tomar uma decisão. Eu não posso me arriscar em feri-la, eu não conseguiria conviver comigo mesmo se isso acontecesse. E diante do que está acontecendo dentro de mim, era uma chance que eu tinha de colocar meus pensamentos em ordem. Respirei fundo mais uma vez, e encarei Kakashi." 

— Bom, vou ver o que posso fazer. Mas me deixe perguntar? -" Ele se virou para mim e me fitou."  — Você quer sair da casa dela, por que vocês não estão se dando bem, ou é por que vocês estão se dando bem e você quer fugir do sentimento que tem por ela? -" Eu fitei Kakashi, e seu rosto não mudou depois que me fez a pergunta mais cretina que existe. Eu queria responder que aquilo não era da conta dele. Mas ele estava certo! Eu estava arranjando desculpas para mim mesmo, me convencendo de que é o mais apropriado a ser feito. Ele se sentou ao meu lado. Se fosse antigamente, teria que me amarrar para me falar o que se passa em sua cabeça, exatamente como fez daquela vez. Mas eu queria ouvir o que Kakashi tinha para me dizer. Ele respirou fundo e começou a ser o Sensei que costumava ser antigamente."

— Sasuke, você sempre foi um aluno querido, por isso me sinto na obrigação de lhe orientar, como já fiz certas vezes. Sakura ainda tem esperanças de estar ao seu lado. Prova disso, foi esperar pacientemente por você durante todos esses anos. Ela guarda o mesmo sentimento de antigamente, o mesmo desejo de querer viver ao seu lado, de poder te ajudar. Eu cometi muitos erros em minha vida. Fui distante e introvertido. Eu era exatamente como você. Preferia sofrer sozinho do que compartilhar com alguém, e quando finalmente decidi mudar, eu perdi aqueles que eu mais amava, perdi meu Sensei e meus amigos. Eu estou aqui justamente para impedir que você cometa estes mesmos erros. Sasuke, se você corresponde aos sentimentos dela, então demonstre. Ninguém nasceu para viver sozinho, nem mesmo você. Siga um caminho diferente do que pretendia e eu te garanto, você não vai se arrepender! "- Silêncio foi o que reinou por longos muitos."

—Muito bem, já falei o que queria. Espero que tome a decisão certa desta vez!  - "Desta vez". 

 Kakashi se levantou e foi embora, me deixando lá com suas duas ultimas palavras martelando em minha cabeça. Me lembrei mais uma vez daquele dia. Ele me aconselhou a esquecer a minha vingança e eu não ouvi. Decidi ir contra tudo o que ele disse e fui embora da aldeia e desde então minha vida se tornou um inferno. Ele sempre esteve certo. Eu me vinguei, mas não consegui o alívio que eu esperava, consegui apenas dor e sofrimento. Matei meu irmão, mas isso só me trouxe desgraça. Se eu tivesse ouvido o conselho de Kakashi, tudo seria diferente." 

  {Sakura}

Acordei com o despertador que marcava 6:00 horas. Merda, preciso ir trabalhar. Me levantei e percebi que estava sozinha. — Onde será que você está? Subi para o quarto para me trocar, se não me atrasaria e Tsunade-Sama me encheria logo cedo. Estava preocupada com ele. Com certeza o que aconteceu de madrugada o faria querer ir embora. Conheço bem Sasuke-Kun, ele tem medo de me machucar, apesar de não admitir. Será que ele foi falar com Kakashi-Sensei para arrumar outro lugar para ficar? É muito provável que sim. Senti uma fisgada no peito, porque se ele realmente fez isso, significa que prefere ficar sozinho, que só está aqui porque precisa, que não quer se aproximar de ninguém e muito menos dividir seu fardo com outra pessoa. Me senti inútil, eu não poderia ajudar mais uma vez, tudo o que eu poderia fazer era assistir Sasuke escapar como areia entre meus dedos. Uma lágrima solitária escorreu pelo canto dos meus olhos. Eu queria tanto ajuda-lo, mas como poderia? Sasuke sempre me afasta, sempre me joga de lado. Guardei meu amor por tanto tempo, chegando a pensar que ele aceitaria minha ajuda, que compartilharia seus pesadelos comigo. Mas talvez eu não seja a pessoa certa para isso, talvez ele já tenha achado alguém... 

Quando percebi já estava chorando feito criança. Merda por que não posso controlar isso? Quando o assunto é chakra sou a melhor, mas quando se trata dos meus sentimentos eu não consigo, eles se recusam a ser controlados, é como se tivessem vontade própria.  

Me recompus, respirei fundo e me controlei. Vou ser forte. Eu sou forte. Não vou deixar meus sentimentos me vencerem tão facilmente. Fui até o banheiro e lavei o rosto. Eu não vou me abater, vou ajudar Sasuke de um jeito ou de outro. Me senti determinada, e assim eu faria.  

Saí do banheiro e quando estava descendo as escadas, o vi passar pela porta. Meu coração disparou sem aviso, meu cérebro esqueceu de comandar meus membros, e quando dei por mim, tropecei feito uma criança que aprende a andar. Tentei me segurar no corrimão, mas foi uma tentativa inútil, meu cérebro não funcionava.  Uma ninja como eu, caindo completamente descoordenada, isso era vergonhoso. Eu vi o chão chegar cada vez mais perto, o que me resta agora é acertar o chão e torcer para não sentir tanta dor. Em fração de segundos senti seu braço me segurando, ele usou seu corpo para me apoiar e logo meu corpo estava totalmente amparada pelo dele, eu caí de frente para ele e minha cabeça estava tombada e meus olhos estavam fitando o chão. Levantei a cabeça devagar e ele me olhava. Seu olhar era indecifrável, seus lábios subiram levemente formando um sorriso tentador.  

 — Você está bem? - " Por Kami, eu estava tão perto de seu rosto, que sentia seu hálito quente roçar minha pele. Sua voz me fez arrepiar. Eu simplesmente estava na mesma posição em que caí. O que Sasuke faz comigo é inexplicável. Engoli toda a saliva que minha boca produzia e forcei minha voz." 

— Eu estou, obrigada! - " Ele ainda me apoiava em seu corpo e seu toque me fazia suar frio. Que raio de ninja sou eu, para cair desse jeito?  Se eu pudesse,  enfiava minha cabeça na terra agora mesmo. Percebi que eu ainda estava apoiada em seu corpo, então forcei meu cérebro a comandar meus membros, e comecei a retomar o controle" 

Mesmo meu corpo se recusando, me soltei aos poucos do apoio que ele me dava. Minha cabeça processava o que tinha acabado de acontecer, de fato ele estava mesmo aqui, não foi embora. Eu tentava controlar meu coração que ainda batia descompassado, minha mente estava vagando, e meus olhos estavam perdidos nos orbes negros à minha frente. Ele mantinha o sorriso, aquele maldito sorriso que me faz esquecer até mesmo quem eu sou. Mordi meu lábio inferior, e pisquei algumas vezes, como se estivesse acordando de um transe. Minha mente voltava a funcionar e junto com ela meu raciocínio, foi aí que eu me lembrei. MERDA, PRECISO IR TRABALHAR.  

—    Sasuke–Kun, preciso ir para o hospital! Não se preocupe, na hora do almoço eu volto para a casa para preparar algo para você comer! - " Nem deixei ele ao menos responder, virei de costas e saí porta fora. Falta de educação eu sei, mas se eu me atrasasse, Tsunade-Sama me faria ouvir até a próxima geração." 

Enquanto corria pelas ruas de Konoha, eu ainda sentia o corpo de Sasuke, ainda sentia seu toque sobre mim. Respirei fundo e balancei a cabeça, tentando afastar essas sensações, que fazia meu corpo reagir de uma maneira que eu não sabia explicar. Tudo estava acontecendo de um modo bem diferente do que eu imaginava. De alguma maneira eu me sentia satisfeita. Sasuke realmente mudou, mas isso não significa que ele não precisa da minha ajuda.   

 Parei na porta do hospital, me concentrei deixando de lado minhas emoções para me concentrar no que iria fazer. Sou uma médica, e como tal não posso ter distrações. Mal entrei e senti Ino agarrar meu pescoço. 

— Testuda, estava mesmo te esperando! - " Oi, como assim? Ino chegou antes que eu? Algo errado não está certo. Mas também, não sei como não passou isso pela minha cabeça. É obvio que a porquinha curiosa, quer saber se está rolando algo entre mim e Sasuke."  — Vamos, testuda, conta logo. Está rolando alguma coisa entre vocês? Anda, desembucha, cheguei mais cedo só pra saber. Não desperdice meu sacrifício. -" Não tinha como não rir. — Do que você esta rindo, Testa de Marquise? - " Ela me perguntou emburrada, e claramente irritada." 

— Ino, você é tão previsível! Eu tinha certeza que seu motivo para chegar cedo, ou melhor, no horário, seria para me fazer um interrogatório sobre a estadia de Sasuke em minha casa. Pois desculpe desaponta-la, não está rolando nada entre nós. " Ino estava visivelmente desapontada, e fazia uma tromba gigante.  

— Quer dizer, que deixei de fazer meu sagrado ritual de beleza por nada? - "Como era de se esperar, a criançona está fazendo birra. Sei que ela torce para que eu tenha esse sentimento correspondido. Meu maior desejo é estar ao lado de Sasuke, mas as coisas não são assim. Esperei por Sasuke todos esses anos, e o natural, seria mesmo ele retornar e realmente rolar algo. Mas conheço muito bem o homem que eu amo. Com ele não é assim." 

— Ora, eu não pedi para você pular seu tão "sagrado ritual". Você se equivocou ao pensar desse jeito. - " Ino estava de braços cruzados e com um bico de dar dó, mas infelizmente para e ela, e até mesmo para mim, não está rolando nada, e eu me recuso a ficar imaginado coisas.  — Agora, com a sua licença eu vou trabalhar, e recomendo que faça o mesmo, porquinha. - " Dei as costas para Ino, que ainda estava irritada. Não aguentei e olhei para trás, e lá estava ela emburrada feito criança. Saí rindo e balançando a cabeça. Eu poderia tirar uma foto, porque esta cena está cômica demais."  

Tudo estava tranquilo no hospital, apesar da minha correria costumeira, as coisas fluíam bem. Quando dei por mim, já era hora do almoço. Me lembrei que disse a Sasuke que voltaria para preparar algo para ele comer. E é exatamente o que eu vou fazer. Subi até onde Tsunade - Sama estava, e avisei que logo voltaria. Saindo do hospital dei de cara com Ino.  

— Ei, Testuda, vamos almoçar juntas? Também estou indo. - " Eu tinha certeza que no momento em que eu desse a minha resposta pra ela, dizendo que eu não poderia, pois iria arrumar algo para Sasuke, Ino alopraria meus ouvidos. Mas já tinha dito a ele que voltaria, então era isso o que eu iria fazer. 

— Desculpe, Ino, hoje não vai dar. Esqueceu que tenho um hóspede em minha casa? Tenho certas responsabilidades com ele. - " Como era de se esperar, a loira emburrou. Ino as vezes agia de forma tão infantil quanto Naruto." 

— Sakura, eu te dou o maior apoio com o Sasuke. Mas você não vai começar a me dar bolo agora, né? - " Kami, como é dramática. " 

— Pare de drama, Ino. Por várias vezes você me deixou sozinha na hora do almoço, para ficar com Sai, e nem por isso eu fiz o drama que você está fazendo. Pelo contrário, te dei maior apoio, então não seja tão melodramática, ok? - " Ino desfez a carranca, mas ainda estava insatisfeita de ter que ir comer sozinha." — Prometo que logo te compenso, porquinha. - " Dei um beijo nela e saí á caminho de casa. 

Andava um pouco mais apressada que de costume, não conseguia segurar meus pés, pareciam que tinham vontade própria. Resolvi parar e fazer uma comprinha rápida, e também comprei algo pronto para comer. Estava sem paciência para cozinhar. Cheguei em casa, chamei por ele, mas ele não respondeu. Subi até o quarto e ele não estava. De certa forma me senti meio desapontada, se eu soubesse que ele não estaria, teria ido almoçar com Ino. Deixei uma sacola em cima da minha cama. Tinha comprado algo para ele, para que se sentisse mais confortável. Desci as escadas e segui até a cozinha, coloquei a comida em cima da mesa e me preparei para comer. 

—  Vai comer sem mim? - " Cara, quase grudei no teto com o susto, nem ouvi ele entrar. Preciso me acostumar com esse jeito dele. Por Kami."

— Me desculpe, eu achei que não voltaria para o almoço. Quando entrei e não vi você, imaginei que tinha saído e comeria fora! - " Agora me sinto culpada, eu poderia ter esperado alguns minutos. Mas nunca sei o que Sasuke vai fazer." 

— Você disse que voltaria para fazer o almoço. Por que eu sairia para comer fora? - " Isso mesmo, joga na cara. Eu já estava me sentindo culpada, agora me sinto horrível. 

— Me desculpe, deveria ter te esperado!  - "Eu subi meu olhar e não acreditei em meus olhos. Sasuke estava sorrindo, mas seu sorriso era de deboche. Desde quando ele sorria assim?" —  Por acaso você está rindo da minha cara? - " O olhei incrédula, Sasuke tinha senso de humor? Ai, Sakura anta, claro que tem. Tá, mas, desde quando ele sabe usar? Eu levantei uma sobrancelha sem entender, e dei o sinal com a mão para que ele sentasse. Ele desfez o sorriso debochado, e manteve o seu costumeiro meio sorriso, esse sorriso... Ele se sentou à minha frente, agradeceu a comida e começou a comer."  

Nosso almoço foi silencioso como sempre. Mesmo depois, eu ainda ria sozinha. Desde quando ele ficou assim? Apesar de sentir que ainda poderia haver coisas que o atormentam, eu o sentia um pouco mais leve. 

Depois do almoço me despedi de Sasuke, e voltei para o hospital. Eu sabia que mantinha sustentado um riso idiota, mas não conseguia evitar, eu estava feliz. Quando entrei no hospital vi orbes azuis me encarando com curiosidade. 

— Pelo visto o almoço com o Uchiha rendeu hein, testuda? -" Ino parou na minha frente, me olhando com cara de "conta tudo".  

— Deixa de ser boba, porca. Não aconteceu nada do que você provavelmente está pensando. Sasuke e eu apenas almoçamos juntos, nada demais. - " Obviamente Ino me olhou com cara de quem não acreditou. Mas pareceu se conformar e me deixou quieta. Eu estranhei, Ino se conformando? Realmente, meu dia hoje pode ir para o topo da lista como o mais esquisito."  

 Passei o dia inteiro no hospital, escutando Ino toda hora me dizendo a mesma frase sem parar: — Tira esse sorriso da cara testuda, parece retardada rindo sozinha! — Mas eu não conseguia evitar ao pensar em Sasuke tão descontraído e tão leve. Eu estava tão feliz, como ha muito não me sentia. Parece que ele resolveu se abrir e finalmente tentar se livrar dos pesadelos, dividindo o seu fardo com outra pessoa. O que será que o fez mudar? Pensando em tudo isso, percebi que ja havia passado da hora de ir embora. — 20:30— Eu estava morrendo de fome, não tinha parado pra comer desde que voltei do almoço. Resolvi ir direto embora. Me despedi de todos, e saí do hospital.

Se eu achava que as surpresas do meu dia já tinham acabado, mais uma vez eu estava enganada. Eu parei na saída, ao encarar a silhueta masculina, encostado na parede, com o olhos fechados, calmo e sereno como de costume. Meus lábios se levantaram sozinho em um sorriso bobo. Só ele me causava essas sensações. Meu corpo agia diferente ao sentir a sua presença, e meu coração como de costume se recusava a bater devagar.  

— Sasuke-Kun... o que veio fazer aqui? - " Ele se desencostou da parede e se virou para mim, me fitando com os ônix mais brilhantes que já vi. Eu não sabia como reagir. O que exatamente pretendiam fazer comigo hoje, meu Kami?" 

— O que parece que eu vim fazer? Você já foi mais espertinha.- " Oi? Eu entendi bem? Sasuke está tirando onda com a minha cara? Eu estou mesmo no lugar certo? Bom já que ele estava visivelmente bem humorado, claro que eu revidaria."

— E você já foi menos sacana! - " Eu o olhei e como sempre sorrindo de canto. Mas mesmo estando descontraído, eu sentia que algo o preocupava, mas eu não conseguia saber o que era."  

— Obrigado pelo presente! -" Me virei surpresa, eu tinha até esquecido do presente que comprei pra ele. Tudo bem, não era presente, era só uma lembrancinha. Mas era pra ele se sentir mais confortável. Eu apenas sorri para ele, e assenti." 

Seguimos em silencio, porém o clima entre nós estava tão descontraído e leve, que as vezes chegava a imaginar que tudo não passava de um simples sonho. Chegamos em casa e eu disse que faria algo para comermos, ele assentiu e eu fui pra cozinha.  

Resolvi caprichar no jantar e fiz um Sukiyaki para comermos. Como estava com fome, uni o útil ao agradável. O jantar foi silencioso, mas já estava acostumada com o silêncio que sempre teimava em existir. Eu olhava para ele vez ou outra, mas pude perceber que algo o perturbava, certos momentos seu rosto estava sério e pensativo. Me limitei a fazer uma única pergunta, mas já sábia qual seria a reposta. 

— Sasuke-Kun, está tudo bem? -" Ele levantou seus olhos, e ficou em silencio por alguns segundos antes de responder a minha pergunta." 

— Em breve vai ficar. Obrigado pela comida! -" O que estava acontecendo com ele? Ele estava sendo gentil, mas suas palavras saíram tristes e com preocupação. Eu precisava ajuda-lo a se livrar disso que ele estava sentindo. Eu não entendia e sabia que ele não me contaria o que de fato estava acontecendo." 

Depois do jantar fui tomar um banho e ele ficou na sala. Fiz minha higiene diária, e deixei a agua cair, relaxando meu corpo.  Minha cabeça doía um pouco, e eu estava começando a me sentir indisposta. Era só o que me faltava, gripe.

Saí do banho e pra variar um pouco meu dia, lembrei que não tinha pegado minhas roupas. Ai, alguém bata na minha cabeça pra vê se ela funciona? Mas será que eu nunca vou aprender? Coloquei a cabeça pra fora do banheiro, e percebi que ele ainda estava na sala. Fui correndo para o quarto e tranquei a porta, não arriscaria sair e dar de cara com ele. Me troquei e desci.  

Ele ainda assistia TV, mas notei que estava alheio a tudo. Sentei sem falar nada, e ele também não se atrevia a quebrar o maldito silencio. Não demorou muito e percebi que meus olhos começaram a ficar pesados, de repente adormeci. 

Acordei pela madrugada escutando os mesmos estralos da noite passada no cômodo de cima. Subi correndo, pois já sabia do que se tratava. Entrei no quarto e ele estava se debatendo na cama, se mexendo bruscamente. Por Kami, o que eu vou fazer? 

Me coloquei em cima da cintura dele, com os joelhos um de cada lado. Forcei meu corpo sobre o dele, e segurei seu braço. Graças ao treinamentos com Tsunade-Sama eu tinha mais força física, segura-lo não era o problema, eu estava preocupada de ser atingida por um genjutsu. Se ele abrisse os olhos com o Sharingan ativo, eu não teria como impedir.  

—     Sasuke-Kun, acorde! ACORDE! - " Ele se mexia bruscamente, e como eu temia os olhos se abriram vermelhos e com três virgulas, maldição o Sharingan...  

"Onde eu estou? Olhei a minha volta e reconheci imediatamente o lugar. Era a Ponte Samurai. Foi onde Sasuke lutou contra Danzou, foi onde nos encontramos. Quando eu vim atrás dele para tentar...mata-lo. De repente olho a minha frente e o vejo parado me encarando. Seus olhos, transpassam dor, ódio, rancor...  

Este é o pesadelo dele. Ele está sonhando com aquele dia, aquele maldito dia. 

Ele caminha até mim sustentando um sorriso diabólico. Ele estica seu braço até mim e me segura pelo pescoço, exatamente como naquele dia. Em seu olho esquerdo há sangue, ele ri e chora ao mesmo tempo. Eu tento gritar, mas nenhum som sai da minha boca. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu sei que é apenas um genjutsu, mas dói. Sasuke ainda me segurava, em sua mão vejo acumular chakra e tomar a forma do chidori. Ele quer me matar. Não consigo mais respirar e de repente ele acerta meu peito. Cuspo sangue. Eu fecho os olhos por conta da dor, e quando abro, eu estou segurando a mim mesma. Mas oque está acontecendo? 

Não demora e eu percebo o que aconteceu. Eu não sou mais eu, eu estou no corpo de Sasuke, e sinto dor, muita dor. Eu estou sentindo a dor de Sasuke, a dor de ter perdido seu amado irmão. Eu sinto a sua raiva, sinto seu ódio por Konoha, e por todos aqueles que fizeram seu irmão sofrer. Sinto a dor de ser sozinho, de ter perdido todos quem mais amava. Sua dor é tão grande, que chega a ser dor física. Eu finalmente entendi os sentimentos dele. Consegui entender por tudo o que ele havia passado. Eu nunca imaginei quanta dor Sasuke passou. As imagens foram ficando turvas e se distanciando" 

 Abri os olhos, e sentia lágrimas escorrendo. Fui voltando a ter consciência aos poucos. Vi Sasuke sobre mim, sua boca se mexia, mas eu não conseguia entender o que ele estava dizendo. Ele tinha me libertado do genjutsu. Eu entendi, entendi sua dor, sofrimento e solidão. Ele sofre com esses sentimentos e pesadelos, agora eu sei o que o atormenta. 

Me levantei e ignorei tudo o que ele dizia e o abracei. Eu sentia enxurrada de lágrimas caindo de meus olhos, eu chorava feito criança. Afundei minha cabeça em seu peito, e só sabia dizer a mesma coisa: 

— Eu...sinto...muito, Sasuke-kun! Eu senti a sua dor...eu senti seu ódio... Eu sinto muito... sinto muito...Sasuke-kun. -" A cada palavra eu o abraçava mais forte, e chorava mais. Minhas palavras foram se misturando com soluços... Mas eu queria que ele sentisse que eu me importava. A dor que eu sentia em meu peito era forte demais, eu não queria que ele tivesse passado por nada disso. Foi quando as palavras não saíam mais que eu senti ele retribuir meu abraço. Eu não queria sair dali, eu afundava minha cabeça em seu peito, e senti que a dor aos poucos estava indo embora. Nós estávamos ajoelhados sobre a cama, e eu com os dois braços em volta do seu corpo e a cabeça em seu peito. Eu ouvia seu coração bater rápido. Finalmente fui me acalmando, e seu braço estava envolta do meu corpo. Ele me puxou para um abraço com mais contato e deitamos sobre a cama sem nos soltar. Eu já não soluçava mais, então consegui falar com mais controle. 

— Eu sinto muito mesmo, Sasuke-Kun, eu não queria que voc... -"


— Já passou, Sakura! "-Ele me interrompeu. " — Agora vai ficar tudo bem! -" Sua voz saiu com compaixão e ternura. Estávamos deitados de lado, um de frente para o outro, sua mão acariciava meus cabelos e eu estava totalmente envolvida com seu abraço. Coloquei minha cabeça mais perto do seu peito e eu senti seu queixo sobre minha cabeça. Eu queria eternizar aquele momento."

Ele me acalmou com um simples abraço. Foi o abraço mais reconfortante que eu já havia recebido. Meus pensamentos estavam todos nele. Seu cheiro invadiu minhas narinas. O cheiro que somente Sasuke possuía. Eu deixei seu cheiro passar até meus pulmões, e me permiti fechar os olhos sentindo seu toque em meu corpo. 

Lentamente, adormeci. 

 


Notas Finais


"Sukiyaki é um cozido feito com diversos ingredientes, dentre eles carne fatiada, com diversas verduras como udon, cogumelo shitake, entre outras coisas. É um dos pratos mais famosos da comida japonesa, sendo servido principalmente no inverno
Espero vê-los no próximo capitulo.
Beijosssss....


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...