História Completo Novamente - Uchiha à Caminho

{Sasuke} 

"Ela está gravida" 

                     "Ela está gravida" 

                              "Ela está gravida" 

Era tudo o que minha mente processava. Fiquei atônito, meus músculos se enrijeceram e fiquei sem ação. Eu não via ou ouvia, apenas fiquei parado, como uma estátua, que você vê, admira mas sabe que ela é tão fria quanto aparenta.  

Eu não conseguia colocar minha cabeça para funcionar, a noticia entorpeceu meus sentidos. Era bem óbvio que isso poderia acontecer, Sakura e eu não nos preveníamos, e acho que foi um acordo mutuo silencioso entre nós. Ela nunca me disse nada, e nem eu à ela. Mas ouvir tais palavras com tanta clareza, era uma realidade totalmente diferente. Naquele momento eu entrei em abstração, me tornei totalmente alheio. Mas uma mão suave sobre meu ombro me trouxe do transe.  

Encarei os olhos esmeraldinos, com um brilho que clareava tudo ao redor, a felicidade estampada em sua face era contagiante, me contaminou instantaneamente, iluminou o mais obscuro dentro de mim. Sua mão sobre meu ombro causava uma leve pressão, despertando-me do transe sem precedentes a qual me encontrava, como se ela soubesse o que eu precisava naquele momento. Um  sorriso cheio de vida veio ao meu encontro, me trazendo uma paz inexplicável. Retribui seu olhar, e inconscientemente direcionei meus olhos para seu ventre, era como se eu pudesse enxergar o ser tão frágil e pequeno ali dentro. Era uma sensação única sentir que serei indispensável, que terei alguém que dependerá de mim, e que carregará consigo meu sobrenome e o poder que apenas eu carregava. Seja como for, daqui pra frente tudo será diferente.  

Voltei a encarar o rosto da única mulher que poderia me proporcionar tamanha alegria, sem pedir nada em troca. Havia lágrimas em seu olhos, deixando-os ainda mais e brilhantes. Pela primeira vez, deixei de me importar com o que acontecia ao meu redor, e a priorizei. Aproximei nossos rostos, e depositei um beijo singelo em sua testa, e fiz a única coisa que estava ao meu alcance naquele momento. 

  — Obrigado! "- Agradecer, era tudo o que eu podia fazer. Ela me olhou meio confusa pelo meu ato inesperado, mas eu não me importava. Eu não seria mais o único, e tudo se tornou possível graças a ela, graças ao seu amor que me esperou por tanto tempo." 

Senti um vulto passar por mim e sair. Quando vi, me lembrei de Karin. Ela passou em disparada para fora a passos pesados. Não me surpreendi com sua atitude, ela nunca desistiu de tentar inutilmente me seduzir, e provavelmente estaria se remoendo neste momento.  Ainda mais por ver o quão próximo de Sakura me tornei. Mas não dei muito importância, minha prioridade era outra. 

Olhei para Sakura, que estava com o olhar fixo para o lugar por onde Karin passou. Havia uma certa condolência em seus olhos, uma compaixão que apenas Sakura poderia sentir. Acho que se compadeceu por Karin. Um sorriso discreto surgiu em meus lábios por perceber o quão solícita ela era.  

— Sakura! "- Meus planos sobre essa viagem mudaram drasticamente. Eu não vou arriscar sair com Sakura comigo. Ela voltou seus olhos para mim, cheios de atenção." —Quero que volte para Konoha! "- A expressão em seu olhar mudou violentamente, ela se afastou de mim. Eu sabia que não seria fácil convence-la. 

— Não, Sasuke-Kun, outra vez não! "- Não entendi o que ela queria dizer com aquilo, e tinha certeza de que Sakura era tão cabeça dura quanto eu. Respirei fundo, e continuei..." 

— Não posso ariscar, Sakura, isso não é uma discussão. Essa viagem vai demorar, e não vou permitir que fique e corra qualquer perigo! "- Ela me olhou com rancor, isso me atingiu. Por que está sendo tão...tão... irritante?" 

— Sasuke-kun, você me obrigou a ficar sozinha sem você mais vezes do que eu posso contar. Me deixou pela ultima vez por malditos longos três anos, sem me escrever ou mostrar que se importava. Eu... por favor, não me force à isso novamente? Eu quero estar com você quando essa criança nascer, quero que você a veja. "- Havia raiva, rancor e tristeza no tom de sua voz. Eu não quero deixa-la, tão pouco faze-la pensar que eu não me importo." — Se você realmente me ama, e ama esta criança, tanto quanto eu já amo, me deixe ficar com você? "- Desviei nossos olhares e segui em direção à saída. Mas antes de deixa-la sozinha a olhei sobre o ombro" 

— Você...é realmente irritante! "- Como pode ser tão nostálgico uma única frase?" 

Fui até onde Karin estava. Como não convenci Sakura a ir, preciso ter certeza de que estará bem.Vou faze-la ficar aqui, assim poderei pelo menos controlar a situação. Ainda é incerto como vou fazer tal façanha, mas não posso me dar ao luxo. 

  —Karin, Sakura vai ficar aqui durante a gravidez, e você vai ajuda-la durante esse tempo. "- Nunca foi do meu feitio pedir nada a ninguém, e sabia que Karin se recusaria no começo." 

— Não! Leve-a de volta para Konoha, não vou ser babá de ninguém. "- Como eu já esperava. Não me alterei em nada, continuei com a expressão mais vazia que consegui." 

— Eu não estou pedindo, Sakura ficará! "- Fui seco em me pronunciar, e não estava disposto a discutir com Karin, apenas virei de costas e saí." 

[...]  

Se passaram pouco mais de uma semana, e combinei com Sakura de que ela ficaria. Porém quando a criança nascesse ela voltaria para Konoha. Obvio que não foi fácil, mas depois de muito discutir eu a convenci.  

Karin ainda não estava feliz com a presença de Sakura, mas eu sabia que poderia contar com ela. Avisei Kakashi que estávamos em um dos esconderijos de Orochimaru e que Sakura está gravida. Aparentemente, a esposa do Dobe também estava, descobriu ha pouco que estava gravida de dois meses. Recebi uma carta de Naruto, dizendo que estava feliz por mim, e que até chorou quando soube por Kakashi a noticia.   

Eu saía à procura de pistas, e eu sempre perdia o rastro dos malditos. Não faço ideia de quanto tempo isso vai levar, e voltar para Konoha e ficar lá, não estava em meus planos. 

Agora eu tenho bem mais com o que me preocupar, e voltar como se nada estivesse acontecendo não faz parte de mim. 

{Sakura}  

Quando ouvi da boca de Karin que eu estava grávida, foi como acender uma lâmpada dentro de mim. Eu teria um filho do homem que sempre amei, nunca pensei que pudesse me sentir mais feliz ainda. 

 Quando eu me lembro tudo o que se passou, toda a história do time 7, tudo o que passamos juntos, a dor que me consumiu quando Sasuke me deixou, quando Naruto e eu o vimos se jogar em um precipício de escuridão, querendo viver sozinho, e sem amor, me faz não creditar no que estou vivendo ao lado dele hoje. Ele cresceu, amadureceu, se transformou em um homem muito além das minhas expectativas, é como se eu me mudasse para um universo paralelo, onde tudo o que eu vivi no passado, não fizesse parte da minha realidade, como se aquele Sasuke, frio e calculista fosse parte de um terrível pesadelo.  

Hoje eu vivo ao lado de um Sasuke que, apesar de ainda ser introvertido, consegue demonstrar amor e afeto. Prova disso é o fato de estar ao meu lado como homem, e se transformando em pai. Quem poderia imaginar que Sasuke Uchiha o vingador, o único Uchiha, aquele que foi odiado por muitos, hoje estaria onde está? 

Meu coração não cabe em meu peito, está inflado de tanto orgulho e alegria, sinto imediatamente um bolo se formar em minha garganta, e lagrimas quentes descerem por meu rosto.  

É indescritível a sensação de paz que me invade e me conforta, estou vivendo um mundo de sonhos realizados, sonhos verdadeiros e concretizados, o qual não podem tirar de mim.  

Estou sentada em um tronco caído, olhando para o céu escuro iluminado apenas pela luz da lua. Sasuke não está, foi investigar mais sobre os ninjas que encontramos. Vê-lo se dedicar tanto para proteger a vila que um dia quis destruir, me enche de orgulho. A gravidez me deixou mais mole do que já sou, choro por qualquer coisa, os hormônios estão a todo vapor.  

Me viro, quando sinto uma presença se aproximando.  

— A comida está na mesa! "- Karin ainda tem dificuldades em se relacionar comigo. Fico sozinha com ela, tento ser amiga, mas ela faz de tudo para que isso não aconteça." 

— Obrigada, Karin, já estou indo! "- Ela parou e encarou o céu como se aquilo a trouxesse alguma lembrança." — Eu gosto quando a noite está assim, me faz lembrar os olhos de Sasuke! "- Ela me olhou com uma carranca mas logo a expressão suavizou." 

— Venha logo! "- Eu e levantei e segui junto com ela." 

Enquanto seguíamos para dentro alisei com carinho minha barriga, ainda não dava pra ver, mas eu não precisava ver ou sentir para saber que estava ali a minha nova razão de viver. Karin pareceu notar meu gesto. 

— Eu... eu... quero que saiba que vou te ajudar com o seu parto, mas não seremos amigas." A olhei confusa, sabia que Karin nutria sentimentos por Sasuke, e sabia de sua rivalidade comigo. 

— Olha, Karin, eu não vejo o porquê disso. Não há razão para não sermos amigas, eu agradeço o que esteja fazendo por mim, mesmo que seja somente porque Sasuke a pediu. Eu quero que saiba que queria muito que você fosse madrinha do meu filho. Você é a pessoa mais próxima de mim agora, e quero que veja que eu não quero ser sua inimiga. " Ela parou de andar, e me encarou surpresa, como se nunca esperasse tal ato vindo de mim. Eu sorri para ela, e continuei meu caminho para dentro, e percebi que ela me seguia. Pode ser que esse seja o começo de uma nova amizade." 

[...] 

 O tempo passou voand. Eu já estava com 38 semanas, o tempo de uma gestação é 40. Mas a partir daqui, o bebe ja estava pronto. 

Eu ainda não sabia qual era o sexo do bebê, e não estava me aguentando de ansiedade. A qualquer momento eu poderia dar a luz, o bebê já estava pronto, e eu já estava mais do que preparada para o parto. O meu relacionamento com Karin havia melhorado consideravelmente. Ela estava sendo uma ótima amiga, e estava me ajudando muito. Sasuke quase não vinha me ver, mas disse que estaria comigo quando chegasse a hora, eu confiava nele e sabia que esse momento era tão esperado por ele quanto por mim.  

Mandei uma mensagem para Sasuke, avisando que a hora do parto poderia ser a qualquer momento, e que ele teria que se apressar a voltar. Ele respondeu três dias depois, avisando que já estava a caminho. Agora o que me resta é esperar pelo momento em que o bebê resolvesse nascer. Cada minuto que se passava era torturante, a ansiedade nunca me atingiu tão forte.  

Eu estava sozinha no meu quarto, era madrugada, e dormir era algo impossível, a barriga enorme me impedia de respirar, meus pés e mão estavam inchados, e eu não via a hora de dar a luz. Nunca me senti tão enorme. O bebê estava paradinho desde da parte da tarde, e eu estava atenta, como médica sei que esse pode ser um sinal de que o parto se aproxima. Comecei a fazer carinhos na barriga e a conversar com o pequeno que estava ali dentro. De repente sinto uma forte dor, respiro com calma, soltando o ar pela boca, a dor passa, mas volta em menos de cinco minutos. Poderia ser apenas contrações de Braxton Hicks.  

Fiquei meia hora parada respirando com calma, enquanto a dor me abatia, mas começou a diminuir a frequência, e vir de dois em dois minutos. Karin havia se mudado para o quarto ao lado do meu, como precaução, caso o neném viesse de madrugada. E foi dito e feito, de repente sinto um liquido vazar pela minha perna, a bolsa estourou, era agora.  

Grito por Karin, e em menos de um minuto a vejo invadir meu quarto desesperada. Em meio a respiração ofegante conseguir dizer: 

— Karin, chegou a hora!