História Completo Novamente - Verdades não Ditas

{Sakura}  
 

Estava no hospital, sentada em minha mesa com alguns papeis na mão, totalmente mergulhada em pensamentos e lembranças. Se passou quase sete semanas desde que Sasuke retornou para a vila, 47 dias, para ser mais exata. E as coisas tomaram um rumo bem diferente do que eu esperava. As coisas entre Sasuke e eu estão muito bem, não assumimos nada. Porém Sasuke está mais aberto emocionalmente. Todas as noites dormimos juntos, mas não passa disso, dormir. Mas não posso me queixar, Sasuke tem sido carinhoso e gentil, o que muitas vezes me surpreende um pouco, mas acima de tudo, estou feliz.  

Minha rotina voltou a ser como sempre. Agora é um pouco diferente ir para a casa e ter alguém me esperando. E esse alguém ser Uchiha Sasuke, faz meu coração se aquecer. Mas sinto dentro de mim, que há algo de errado. As vezes eu o vejo perdido em pensamentos, como se estivesse em outro lugar. Eu já estou acostumada com essa instabilidade emocional de Sasuke, mas eu tenho um certo pressentimento sobre isso, eu sinto um grande temor. Meu coração insiste em dizer que há algo errado, e toda a vez que eu penso, não consigo deixar de lado a possibilidade de Sasuke me deixar, e então sinto algo dentro de mim se quebrar em milhões de pedaços, uma dor familiar me invade, e me sinto incapaz, uma verdadeira inútil. Eu não consigo aceitar a possibilidade de Sasuke me deixar mais uma vez, de ser capaz de me abandonar depois de tudo. Uma dor pontiaguda me incomoda, e eu me vejo em posição de defesa, eu queria sumir, esquecer de uma vez esse sentimento para evitar me machucar mais uma vez. Saí destes pensamentos torturantes quando uma bala de canhão, chamada Ino entrou pela minha porta. 

— PUTA MERDA, INO! -" Disse colocando a mão no peito em sinal de espanto." 

— Que foi, testuda, estava fazendo algo de errado pra se assustar desse jeito? -" Ino cruzou os braços, e disse em um tom provocativo." 

— Deixa de ser idiota, Porca, estava só pensando! -" Logo depois que voltei para o hospital, Ino me infernizou até contar tudo o que aconteceu entre Sasuke e eu. Após ser torturada, contei o que de fato estava acontecendo, e agora Ino não me deixa mais em paz pra saber quando eu e Sasuke iremos dar 'mais um passo no relacionamento'." 

— Pensando nele, tenho certeza! -" Levantei os olhos, Ino fala como se fosse o descobrimento do século." 

— Parabéns, Ino, você é realmente um gênio. Como nunca percebi isso? -" Meu tom saiu cheio de ironia." 

— E pelo visto está mal humorada também... Vou ter que conversar com Sasuke-kun a respeito disso. Só existe uma coisa capaz de curar esse azedo! -" Obviamente sua ultima frase saiu cheia de duplo sentido. Eu já estava de saco cheio desse assunto sobre sexo." 

— Ino, vá trabalhar, estou com a cabeça cheia de coisas! E sexo não é a solução para tudo. -" Disse me levantando. Saí porta fora, e pude ouvir ela retrucar." 

— VOCÊ QUE PENSA! -" Nem me dei ao trabalho em responder, apenas continuei." 

Enquanto andava pelo longo corredor, tomei a decisão de falar com Sasuke, e faze-lo me contar o que de fato ele está escondendo de mim, não irei me torturar nem mais um minuto com isso.  

{Sasuke} 

Eu devo partir em missão em três dias. Logo devo contar a Sakura que vou embora da vila, e que não sei quanto tempo vou ficar fora, eu não tinha ideia de como contar para Sakura sobre isso. Como será sua reação? Como eu poderia faze-la entender que, por mais que eu estivesse partindo novamente, eu não tenho a intenção de magoa-la? 
Eu sempre me orgulhei de minhas habilidades como um shinobi, e quando se trata de planos de batalha, eu sempre me saio bem, mas em relação a sentimentos e em como expressa-los, eu não sou tão bom como gostaria. Minha vontade era de dizer à Sakura tudo o que de fato está em meu coração, mas eu não tinha ideia de por onde começar. 

Já estava anoitecendo, então resolvi voltar para a casa dela. Quando cheguei ela não estava, se passava das sete da noite, imaginei que se atrasaria, então resolvi tomar um banho. Me permiti demorar um pouco mais, aproveitando cada gota de água que caía sobre meu corpo. Depois de relaxar com o banho morno, fiz a higiene diária, e olhei para o presente que ganhei dela logo quando cheguei.  

{Flashback ON} 

Logo depois do almoço, Sakura voltou para o hospital, e me deixou em sua casa. Ainda me sentia cansado, então resolvi subir para o quarto dela para dormir um pouco. Ao entrar no quarto me deparei com um pequeno embrulho sobre a cama. Soube que era para mim, pois no embrulho havia o símbolo do meu clã. Me sentei e com calma desembrulhei o presente. Dentro tinha um shorts cinza de malha bem leve e uma camiseta azul escura com o símbolo do Clã Uchiha nas costas. Era um pijama. Um sorriso escapou em pensar no esforço que Sakura está tendo em me receber, fazendo de tudo para me fazer sentir em casa. Essa irritante...  

{Flashback OFF}

Por mais estranho que pareça, eu me acostumei com minhas roupas de viagem. Mas mesmo me sentindo estranho com uma roupa tão simples quanto um pijama, eu evitava fazer a desfeita de não usar, então foi o que eu vesti após o banho. Desci as escadas e me sentei no sofá esperando ela chegar. Não demorou muito e logo ouvi a maçaneta girar e cabelos róseos passarem pela porta. 

— Olá, Sasuke-kun! -" Ela veio até mim e depositou um beijo em minha bochecha. Nossa intimidade mudou muito depois que a beije. Quando ela me cumprimenta deposita um beijo delicado em mim, e toda vez ela cora." —Desculpe a demora, eu tive um paciente de ultima hora. Mas já estou indo fazer nosso jantar! -" Ela se virou e subiu as escadas. Eu nunca vou me acostumar com essa disposição que ela tem."  

Após alguns minutos, ela desceu com uma roupa bem diferente que estava vestindo, ela usava uma bermuda jeans e uma camiseta rosa de regata, os cabelos presos em um coque deixando a mostra o circulo em suas costas. Não pude evitar de imaginar naquele mesmo lugar, o símbolo do meu clã, e de repente de uma maneira estranha, senti meu peito se aquecer.  Desde criança sempre fui o único Uchiha, e pensar em mais alguém carregando esse nome, me traz uma sensação que ha muito eu havia esquecido, a sensação de fazer parte de uma família. Eu estou sendo capaz de sentir tudo isso novamente, ter a sensação de que eu estou onde deveria estar, e tudo isso graças a ela.   

No jantar o clima não me agradava muito. Nossas refeições sempre foram silenciosas, porém eu tinha a sensação que algo a incomodava, ela parecia perturbada, quase não comia, e fitava um ponto qualquer no chão e parecia se perder em pensamentos. Eu tinha uma leve intuição a respeito, provavelmente ela está suspeitando que vou embora. Sakura sempre teve um olhar analítico para certas coisas, e quase nunca deixava nada passar despercebido. E se eu a conheço, sei que a qualquer momento vai vir tentar tirar a duvida, que com certeza está perturbando-a. 

 Depois do jantar, nos sentamos na sala, e como eu já suspeitava ela veio esclarecer suas duvidas.  

— Sasuke-kun, me desculpe por estar distante no jantar, mas há algo me incomodando! -" Com certeza ela suspeita. Ela brincava com o pano do shorts e havia tensão em sua voz."  

— Eu sei o que você quer saber! -" Eu não iria mais esconder, Sakura não é mais criança. Infelizmente já vejo o quanto minha partida vai magoa-la."  

— Então eu não estou errada, você vai me deixar novamente? -" Respirei pesado para responder mas ela não deixou." — Por que, Sasuke-kun, por que vai fazer isso comigo novamente? Eu pensei que... -" Ela abraçou o próprio corpo, e em seus olhos havia uma mistura de raiva, amargura e tristeza, vê-la dessa maneira me atinge profundamente."  

— Sakura... -" As palavras fugiam, eu não sabia o que fazer nem o que falar." — Eu não quero ir! -" Ela me olhou com os olhos marejados, e senti como magoa-la me abala e me enfraquece." 

— Você vai partir em missão? -" As primeiras lagrimas começam a rolar. Me vejo completamente impotente, em não poder fazer nada para mudar essa situação. Apenas assenti com a cabeça."  — Quando? -" Ela abaixou a cabeça e se recusou a me olhar" 

— Em três dias! -" Ela não esboçou nenhuma reação, apenas chorava em silencio." 

Um silencio cortante tomou conta do ar, e eu sentia que Sakura poderia desabar em lágrimas a qualquer momento e me pedir para não partir, como havia feito em minha primeira partida."  

{Flashback ON}  

—Você vai escolher ficar sozinho de novo? Naquele dia você me ensinou que a solidão pode ser dolorosa! Eu entendo isso agora, eu tenho família e amigos... Mas se você se for, pra mim, vai ser a mesma coisa que estar sozinha! 

— De agora em diante, um novo caminho se abrirá para todos nós! 

— Eu, eu te amo tanto! Se você ficar comigo, e farei com que você não se lamente disso. Todos os dias serão divertidos, com certeza seremos felizes, eu farei qualquer coisa por você! Então... por favor, fique! Eu te ajudarei com a sua vingança, eu farei qualquer coisa... então, por favor fique comigo. Se não poder ficar, me leve com você! 

— Você realmente é irritante! 

— NÃO VÁ! Se você for, eu vou gritar! 

— Sakura... Obrigado!  

 
             {Flashback OFF} 

Deixa-la naquele dia, foi uma das coisas mas difíceis que já tinha feito. Eu não quero deixa-la, e também não quero magoa-la. Como eu faria isso? Minha partida é inevitável... 

{Sakura} 

Meu peito doía, eu sentia minha respiração presa, e meu coração se quebrava em mil pedaços. Eu estava com a cabeça baixa e as lágrimas escorriam. Essa maldita dor, a dor que ele me causa quando me deixa... Era gritante, sufocante. A dor me exprimia, eu me sentia fraca, frágil. Essa sensação angustiante, me faz agonizar em silencio. Eu não pensava em mais nada, minha mente ficou em branco, eu só sentia aquela dor pontiaguda em meu peito, nada mais. Em três dias ele partiria, e eu não sei se suportaria, não sei se aguentaria a espera de longos anos para tê-lo de volta. 

De repente sinto sua mão fria sobre meu rosto, mas evito olha-lo. 

— Sakura, olhe para mim! -" Sua voz saiu firme mas gentil. Eu o olhei, mas não conseguia evitar as lagrimas, era como uma espada que atravessava meu peito." 

Ele se colocou mais perto do meu corpo, e passou o polegar sobre meu rosto, tentando limpar as lagrimas que caíam. Sua respiração se misturou com a minha, e em um ato desesperado, tomou meus lábios, e me beijou com sofreguidão. Um beijo necessitado, avido, com desejo... Eu correspondia com todo o meu desejo e amor, a dor deu espaço para a paixão, e eu sentia que apenas ele tinha a cura para toda aquela dor, apenas ele possuía o antidoto. Na verdade, ele era o meu antidoto, e eu não queria perde-lo. Ele interrompeu os beijos sedentos e me fitou com seus ônix tão penetrantes, e me disse algo que mudaria tudo o que estava para acontecer. 

—  Sakura... Venha comigo!