História Conectados - Monster

Devem ser umas 17h agora, já me sinto bem melhor vou descer e falar com mamãe, não falei muito com ela hoje. Ando a casa inteira e não a encontro, tento ligar para seu celular e ela não atende. Ok, ela não é do tipo desprevenida que sai sem bateria, ao menos deixaria um bilhete se fosse demorar tanto. Ligo para papai que também não atende, espero alguma mensagem de texto, que ele sempre manda quando não pode atender, mas nada chega. Fico sentada na sala, esperando. É o melhor que posso fazer, não conheço muitos lugares por aqui, não faço a mínima ideia de onde procurar, estou realmente ficando muito preocupada.

- Acho que você deveria ver uma coisa. – Ouço Yoongi dizendo, me viro instantaneamente para observa-lo.

- Estou esperando minha mãe, não quero sair daqui agora.

- Envolve ela.

- A-Aconteceu algo com mamãe?

- Me siga. – Diz olhando para baixo.

Caminhamos até a parte de trás da casa, não estava gostando daquilo, Yoongi nem sequer me olhou diretamente por um momento. Após adentrarmos algumas árvores fiquei em choque. Haviam membros humanos espalhados, formando um pentagrama. E haviam duas cabeças no meio, eram meus pais.

- O QUE VOCÊ FEZ?! – Grito para Yoongi, não conseguindo esconder a raiva e a dor que estava sentindo.

- Você acha mesmo que eu faria algo assim? E se tivesse feito que te traria aqui?

- Talvez porque meu destino será o mesmo. – Digo entre lágrimas.

- Não seja tola, a última coisa que quero é te machucar de alguma forma. Mas você iria descobrir de uma forma ou de outra. – Senti gentileza em suas palavras.

- Que tipo de pessoa faria algo desse tipo?!

Minha cabeça está uma confusão, ainda não consigo processar o que acabei de ver. Me virei de costas, não aguentava mais aquele cenário.

- Infelizmente eu acho que sei. – Diz Yoongi colocando sua mão em meu ombro, como tentativa de me consolar. – Mas não foi uma pessoa. Bom, não é mais uma pessoa.

- Um fantasma?

- Sim. Meus “pais” não era os únicos adeptos aquela religião extremista, haviam outros que chegaram ao limite da insanidade e cometeram suicídio em nome da crença. Sabe, faz 5 anos que aconteceu comigo. Nesse tempo eu só consegui pensar em alguma forma de me libertar. Mas tem alguns que não pensam assim. Se sentem superiores, já que estamos em um plano intermediário algumas regras físicas são facilmente ignoradas, você já deve ter notado isso.  Sempre mantive distância deles, nunca me afetaram, até esse momento.

Olho para a face pálida de Yoongi, tentando absorver as tantas informações.

- Não sei seus nomes, nem faces. Sempre aparecem cobertos de roupas pretas e com máscaras. Mas onde há tragédia eles estão próximos. Tudo em nome daquele culto idiota. – Pude sentir raiva em sua fala, obviamente, afinal seja lá o que for essa religião foi o que o deixou nessa situação.

- Não posso deixar isso assim. - Disse olhando novamente para à cena, com o coração pesado. – Muito menos contar a alguém, ninguém nunca acreditaria. Mas eles não podem apodrecer às moscas.

Fui até o quintal e peguei uma pá para fazer uma cova minimamente descente para meus pais. Yoongi apenas me observou em silêncio, me dando o espaço necessário para prosseguir com aquela tarefa. As lágrimas caíam sem parar. Quando toquei em um dos membros para poder enterra-lo o clima pesou ainda mais. Havia friagem agora. Claro, já estava frio por conta da presença de Yoongi, mas era diferente. Eu me sentia bem com a presença dele, dessa vez eu sentia como se o ar gelado fosse me rasgar ao meio.

- Como ousa destruir nosso altar?! – Ouço uma voz pesada e ecoante vindo de cima.

Posso notar 12 homens vestidos de preto, em cima de uma árvore próxima. Aparentemente quem disse essas palavras era o que se projetava a frente. Sua face lembrava uma coruja, com os olhos arregalados.

- Porque você fez isso?! – Pergunto indignada, surpreendendo até a mim mesma com minha coragem. Não havia mais lágrimas, apenas indignação.

- Era necessário. Almas como as deles não são comuns por aqui. É necessário aproveitar cada oportunidade.

- Do que você está falando?!

- Ora, ora. Como VOCÊ não saberia querida S/N?

- Como você sabe meu nome?!

- Acho que sei mais sobre você do que você mesma querida, isso é ótimo.

- Quem é você?!

- Você pode me chamar de Monstro.