História Confissões de uma adolescente bipolar - Capítulo 2: "O falso príncipe"

Acordei me sentindo melhor do que na noite anterior. Meus pensamentos tristes e ruins haviam sumido e agora, minha mente estava cheia de coisas boas. Sim, tenho sentimentos bipolares.
Rapidamente, me arrumei para a escola. Que lindo, meu aniversário não podia ser numa sexta, teve que ser na quinta e agora tenho que enfrentar o meu futuro ex-namorado. Ahhh vida... você deve estar brincando comigo e dizendo: "Tenha um ótimo dia, Alice!"
Desci as escadas em direção a cozinha, meus pais estavam tomando café da manhã. Assim que me viram, sorriram.
- Como foi a festa? - perguntou minha mãe.
Peguei uma maça e dei uma mordida na mesma. Será que eu poderia ignorar aquela pergunta e sair andando? É... acho que não.
- Bem - eu disse e voltei para o meu quarto buscar a mochila.
Terminei de comer a maça e escovei os dentes. Resolvi que ia para escola andando. Saí sem dizer nada e fingi como se nada tivesse acontecido. Afinal, aquele era só mais um dia, que logo teria fim e eu poderia me afundar na minha cama para sempre. Ou melhor... até a hora da janta.
Na escola, ouvia as pessoas cochicharem toda a vez que eu passava, aquilo já estava me irritando. Cheguei até o meu armário e foi nessa hora que Lisa apareceu.
- O que aconteceu ontem? - ela perguntou toda inocente. Será que ela sabia? Ou será que ela era mesmo inocente?
- Você não sabe? - perguntei como se fosse óbvio.
Ela negou com a cabeça. Suspirei.
- O Artur me traiu...
Ela arregalou os olhos.
- Quem te disse? - ela perguntou.
- Eu vi! Por que esse espanto? Você não estava sabendo?
- Eu não, quer dizer, eu sabia, não, eu suspeitava.
- Não minta! - disse elevando a minha voz.
- Ta.... eu sabia.
- E quando ia me contar?
- A Carolyn não deixou, disse que te faria mal...
- Ah, e desde quando a Carolyn manda em você, senhorita independente? Desde quando ela sabe o que me faz bem e o que me faz mal?
- É que... - ela ia começar aquele discurso bobo, eu a cortei.
- Você sabe que eu odeio mentiras. Eu ainda não acredito que eu era a única que não sabia. Eu confiei em você, Lisa!
- Me desculpa!
Bati a porta do armário com força, todos no corredor olharam para mim. Apenas abaixei a cabeça e enxuguei uma lágrima maldita que queria descer.
- Chega. Não fala mais comigo! - eu disse e saí andando, a deixando plantada do lado do meu armário.
Fui até o banheiro, me tranquei em uma das cabines e respirei fundo. As lágrimas desciam pelo meu rosto e eu não conseguia pará-las.
Como eu pude ser tão idiota? Como eu caí em seus encantos? Eu não era fraca daquele jeito. Eu era forte, independente, mas desde que Artur apareceu na minha vida, eu havia me transformado em uma completa imbecil, uma fraca e patricinha. Por que eu deixei as coisas chegarem naquele ponto?
Alguém bateu na porta da minha cabine.
- Alice... - disse uma voz que eu não ouvia há muito tempo.
Enxuguei as lágrimas com as mãos e abri a porta. Chloe estava me encarando, assim que me viu, abriu um sorriso e esticou um papel para mim.
- Obrigada - eu disse, pegando o papel. Fui até o espelho e limpei o meu rosto. Chloe apenas me observava. Quando eu acabei, olhei para ela e sorri.
- Como você está? - ela perguntou.
- Melhor. Obrigada, Chloe.
- De nada. Qualquer coisa, senta comigo no almoço.
- Eu não posso... eu fui uma tola com vocês.
- Pode sim, eu deixo.
Sorri e então, ela saiu do banheiro. Chloe foi minha melhor amiga por muitos anos, até que um dia nos afastamos, por culpa da Lisa e Carolyn. Eu nunca devia ter deixado ela, e nem meus amigos verdadeiros.
Então, saí do banheiro, me sentindo confiante, uma nova pessoa. E novamente... os sentimentos bipolares me atacaram.
Estava chegando a minha sala de matemática, quando um garoto passa correndo por mim e para na minha frente com um buquê de flores na mão.
Era o Artur... O meu falso príncipe.