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História Confusão em dobro - 15. Verdades


Escrita por: Byun_Re

Notas do Autor


Quem não lembra do capítulo passado, dá uma lida nele rapidinho ><
Boa leitura :))

Capítulo 16 - 15. Verdades


 


Kyungsoo estava sem reação.

Quando iria imaginar que Yifan apareceria em sua casa, ainda mais em um estado tão deplorável? Ele sempre relutava em dormir lá, então imaginou que não se sentia confortável. Ainda assim, ali estava ele, claramente desesperado e pedindo por ajuda.

— O que houve? — quis saber, vendo um corte feio na mão do maior.

— Fan? — Chanyeol chamou, ouvindo a voz do amigo, ele seguiu até a porta apenas para confirmar o que já tinha certeza. — Yifan, o que faz aqui?

O policial soube naquele momento que tudo estava acabado, era inevitável, os passos ecoavam pelo corredor, e sabia ser Baekhyun atrás de Chanyeol e do conhecido que apareceu na porta, então seria o fim. Decidiu tomar uma atitude antes que tudo saísse do controle.

Puxou o Wu para dentro.

— Fan, sua mão tá sangrando, o que aconteceu? — quis saber o Park, preocupado com o amigo.

— Calma, Chanyeol, vamos para sala.

Assim que chegaram, Kyungsoo olhou para Baekhyun que arfou assustado, não entendendo o que estava acontecendo.

— Sehun, Jongin, façam um favor? Peguem o carro de Baekhyun e levem os meninos para a casa de vocês por uma ou duas horas.

— O que está acontecendo aqui? — Baekhyun rosnou, olhando para Yifan que estava apoiado em Chanyeol e Kyungsoo que tinha a blusa suja com o sangue do Wu. Haviam se visto de relance, algumas poucas vezes, durante o processo devido ao acidente ao comparecer delegacia de polícia, quando Baekhyun precisou correr ao ligaram informando sobre o acidente. Pequenos vislumbres, mas que nunca foram esquecidos.

— Soo? — Sehun chamou, sem entender.

— Hunnie, por favor, faça o que eu pedi — ele olhou para o casal e depois para as crianças que apreciam assustadas.

Entendendo que aquele não era o momento para questionar, Jongin e Sehun logo tomaram as crianças no colo.

— Onde vai com meus filhos?

— Baekhyun, deixe que ele os leve, precisamos conversar — o Do continuou.

— Conversar? O que esse assassino faz aqui?

— Sim, assassino, está certo, isso que eu sou. — Yifan, em sua alucinação devido a bebedeira, confirmou o que estava sendo dito.

Jongin não sabia quem aquele homem era o mesmo do acidente que matou o irmão de Baekhyun, mas não precisou de muito para imaginar isso, então pegou os meninos sem assustá-los e sorriu, falando que iriam passear um pouco, saindo o mais rápido possível da casa com Sehun ao seu lado.

— Baekkie? — Chanyeol chamou, sem entender.

— Eu quero uma explicação, o que esse homem faz aqui?! — gritou o Byun, contudo Kyungsoo apenas suspirou sentando o Wu em uma poltrona para seguir até a cozinha, pegou o kit de primeiros-socorros e voltou para limpar o machucado na mão deste.

— Vocês se conhecem? — Chanyeol quis saber, ainda confuso. — Por que isso não poderia contar para ele?

Kyungsoo grunhiu, Chanyeol só estava piorando tudo.

— Como assim não poderia me contar?

— Eu disse para o Park não dizer nada — Kyungsoo falou, ainda concentrado no machucado do Wu.

— Como assim? Me explica que merda é essa! — ordenou, sendo ignorado, então se virou para o Park. — De onde conhece esse homem, Chanyeol?

— Ele é meu melhor amigo, o conheço minha vida toda.

— Seu melhor amigo é um assassino?

— Não diga isso, Baekhyun! — Chanyeol exclamou, sabendo como aquilo magoaria o outro, a mente já ficando mais consciente da bebedeira.

— Como eu poderia não dizer isso? Ele matou meu irmão! — exclamou irritado. — Agora eu descubro que vocês são amiguinhos dele?

— Não é bem assim… — o Do tentou apaziguar a situação, não sendo ouvido pelo loiro.

Já Chanyeol estava calado e com o cenho franzido, tentando entender aquela situação, o motivo de tanta raiva no Byun. E enquanto Kyungsoo e Baekhyun gritavam um com o outro, o Park pareceu finalmente entender.

O acidente de carro.

Aquela mesma tragédia que tirou Junmyeon de Yifan, havia tirado o irmão do seu chefe.

Não poderia ser! Pareciam histórias diferentes, como nunca se deu conta? Como não percebeu?

— Você tem cuidado de uma pessoa que sequer merece! — o loiro apontou o dedo na face do amigo depois de ouvi-lo começar a explicar sobre como conheceu o Wu.

— Não sabe o que está falando, eu tentei te proteger de toda a dor, de todo o sofrimento, mas Yifan também precisa de proteção.

— Como? É uma piada isso?

— Não, Baekhyun, eu que fui idiota demais em esconder a verdade.

— Que verdade? Hein? Ele matou meu irmão, minha cunhada, ele deixou meus sobrinhos órfãos?! Eu precisei enterrar uma das pessoas que mais amei na minha vida, tive que ver meus bebês chorando ao perguntar onde estavam os seus pais, tudo por causa desse homem, Kyungsoo. Como ele pode merecer proteção?

— Você não entende.

— Não, você que não entende o que está fazendo, está cuidando de alguém que sequer deveria estar vivo.

— Está certo. — Yifan concordou, encarando o Byun com uma infinta triste e este lhe devolveu o olhar cheio de raiva. — Eu deveria ter morrido naquele acidente também.

— Não diga bobagens. — Chanyeol sussurrou.

— Park, leve-o para o meu quarto, preciso conversar com Baekhyun sozinho por um momento. — o Do falou seriamente, sem desviar os olhos do Byun.

— Vai colocá-lo na sua cama? Ah, aposto que também vai fazer carinho nele até dormir, pobrezinho, não é mesmo?

— Não ironize com a dor de outra pessoa, ele perdeu tudo, Baekhyun. — Chanyeol falou abismado, sem reconhecer aquele homem frio e cheio de palavras duras.

— Seoeon e Seojun perderam tudo, Chanyeol, perderam um futuro ao lado de seus pais, eu perdi parte de mim naquele acidente.

— Ele também, você não sabe o que está falando!

— Apenas o tire daqui, Park, agora — Kyungsoo interrompeu a discussão, vendo Chanyeol segurar o amigo com cuidado enquanto este ainda chorava, sem forças para rebater ou negar todas as acusações, estava bêbado e sentindo-se ainda mais culpado depois de ver aquelas crianças, mesmo que por poucos segundos.

Merecia o olhar de nojo do Byun, sabia disso, mesmo quando o amigo sussurrava para não prestar atenção naquelas coisas, pois não eram verdade.

Na sala, Kyungsoo foi até sua mesa do computador, puxando as chaves do bolso e abrindo uma gaveta, ali havia um pendrive que escondeu por tempo demais.

— Vai me explicar o que está acontecendo? Kyungsoo, por que fez isso comigo?

— Isso o quê? Te proteger? — quis saber com a voz cansada.

— Como pode acolher aquele homem na sua casa, cuidar dele e dizer que está me protegendo?

— Você viu o estado dele, Baekhyun? Tudo é culpa minha.

— Não, é culpa dele, do acidente que ele causou.

— Causou?

— O que quer dizer, Kyungsoo? Ele matou meu irmão!

— Não, Baekhyun, ele não matou.

O Byun estagnou no lugar com aquela frase, o amigo estava ficando maluco, só poderia ser.

— O que quer dizer?

— Eu pensei que estaria fazendo o melhor 'pra você ao esconder a verdade, mas precisa saber, Baekkie, somos todos humanos e nós erramos.

— Kyungsoo? — o loiro disse entredentes, quase rosnando de raiva. — Que merda é essa?

— É a verdade. — falou o policial, entregando o pendrive ao amigo.

— Que verdade? Eu sei da verdade…

— Não, você não sabe — o Do cortou-o. — Apenas pensa que sabe. Lembra que eu cuidei de tudo? O julgamento? Encobrir os nomes da mídia? Não falaram muito sobre o acidente do seu irmão, porque além de te fazer sofrer, eu tive medo que alguém revelasse o que realmente aconteceu.

— O que aconteceu?

— Seu irmão que causou o acidente, Baekhyun, não foi o Yifan.

 Mentira!

— Eu sei que ele era seu herói, não queria destruir essa imagem dele, por isso fiz de tudo para que não soubesse — Kyungsoo suspirou, vendo os olhos do Byun cheios de lágrimas. — Ele estava alterado, havia bebido demais, e você sabe que sua cunhada era neurótica com os gêmeos, havia câmeras em todos os lugares, até no carro. No pendrive estão as imagens daquele dia. Eles estavam discutindo, seu irmão não estava prestando atenção na estrada e indo rápido demais, então ele fez a curva muito fechada, batendo no carro do Yifan e capotando logo em seguida. Quem dirigia, Junmyeon, morreu na hora já que o impacto foi do lado do motorista, mas Yifan conseguiu se salvar. E é por isso que ele não foi preso, apenas precisou prestar serviço comunitário porque seu carro estava modificado de uma forma que era fora das leis, mas o culpado pelo acidente foi seu irmão.

— Não é verdade.

— É sim, Baekhyun. Você precisa aceitar — Kyungsoo se aproximou um passo, mas o loiro se afastou. — Eu pensava tanto em te proteger que não vi mais nada, nem sabia as consequências do que aquelas notícias distorcidas poderiam ter para Yifan. Eu manipulei as noticias que saíram nos jornais, para contarem só meia verdade, não queria que você soubesse disso. Quando descobri que Chanyeol e o Wu eram amigos, pensei que Yifan queria vingança por causa das notícias falsas, mas no fim só parece que o destino gosta mesmo de brincar. Ele estava morrendo, Baekhyun, morrendo de verdade. Viu o estado lamentável dele? É culpa minha tudo isso, e não poderia deixá-lo daquele jeito, tão quebrado, entende?

— E eu posso? — o Byun soltou uma risadinha sem humor. — Você pode me quebrar assim, tirar de mim a imagem do homem que mais admirei?

— Todos têm defeitos, Baekkie, você que se recusou a ver os do seu irmão. O que é aceitável, sempre supervalorizamos quem amamos, mas tem que parar com essa ideia de que ele era alguém superior, ele era humano, de carne e osso, propenso a falhas como todos nós. A fatalidade desse acidente não muda quem ele foi, nem tudo que fez por você. Baekbeom te amava na mesma proporção que o ama, isso sempre foi claro, mas não pode se negar a ver os defeitos das pessoas só porque tem carinho por elas.

Baekhyun negou diversas vezes com cabeça, se recusando a acreditar naquilo tudo. Como poderia? Saber que seu irmão causou o acidente que tirou sua vida? Era impensável. Perceber que Kyungsoo e Chanyeol apoiavam o homem que mais odiava? Era doloroso.

Ódio é sempre tão corrosivo.

Existia um motivo para odiar Yifan, ele havia tirado seu precioso irmão, mas agora, sem a raiva, o que restava? A dor é sentida de forma mais fácil quando temos algo, alguém, para redirecionar nosso pesar, para culpar.

O Byun correu porta afora, ouvindo os gritos de Kyungsoo para que ficasse, mas não poderia, precisava ir embora.

Aquela notícia mudava tudo, pois todo o seu luto e sua raiva pareciam em vão, não queria — não conseguia ou poderia — odiar o próprio irmão.

Na casa, o Do seguiu até o quarto, vendo o Wu dormindo em sua cama e Chanyeol apoiado perto da porta, ouvindo toda a conversa.

— Não sabia que era o mesmo acidente, o mesmo motivo tirou a felicidade de duas pessoas que amo — o Park sussurrou.

— Eu cuido dele, vá atrás do Baek, tenho medo do que ele possa fazer assim, tão nervoso.

O moreno assentiu uma vez, sabia que o amigo estava em boas mãos apesar de tudo, então tratou de correr o mais rápido possível, querendo alcançar o loirinho que descia a rua com passos apressados.

— Hey, me espere.

— Me deixe, Chanyeol.

— Vamos conversar, Baek.

— Não quero ouvir outras mentiras, ainda mais de você.

— Como assim?

— Pare de fingir que não sabe! — gritou para o maior que franziu o cenho, o Park suspirou, fazendo sinal para um táxi que passava na rua.

— Vamos conversar em casa.

— Eu não acredito em nada disso, não acredito em você também — respondeu o empresário.

— Você precisa se acalmar, brigar comigo na rua só vai fazer sair notícias suas nessas revistas de fofoca, sabe disso.

O empresário grunhiu irritado, entrando no táxi e se mantendo o mais afastado possível do Park, que estranhou aquela raiva de si. Quer dizer, era um choque saber que era amigo do Wu, mas não entendia o motivo para tanto mau humor consigo, só queria ajudá-lo.

O caminho para casa foi completamente desconfortável e silencioso.

Eles entraram no prédio, pegaram o elevador e seguiram até o apartamento do loiro o mais afastados possível, Chanyeol respeitava o espaço que Baekhyun queria impor entre os dois. Contudo, assim que fechou a porta, ele se aproximou, acariciando os ombros do Byun que afastou suas mãos de forma rude.

— Não toque em mim.

— O que houve?

— Ainda pergunta? Fez de propósito?

— O quê? Não entendo. — o Park disse exasperado.

— Eu sou apenas isso? Uma experiência? Você e Yifan riam de mim pelas costas? Devem ter se divertido bastante, não é? Como foi fácil fazer o Byun carente e vulnerável se apaixonar.

Chanyeol ficou sem reação, pela primeira vez o menor dizia com todas as palavras que estava apaixonado por si, contudo, em um tom completamente diferente do que imaginou; havia apenas dor, amargura e raiva em sua voz.

— O que quer dizer com isso? Eu sou amigo do Fan, mas não sabia que o acidente dele era o mesmo que tirou seu irmão, não pode me acusar assim.

— Como não posso? Hein? — gritou o Byun, perdendo a paciência. — Acha que eu sou um idiota? Não basta ser um experimento?

— Não estou entendendo, Baekkie…

— Não venha me chamar de Baekkie, eu vi, Chanyeol — o loiro sorriu de lado, um sorriso tão cheio de dor que partiu o coração do maior. — Eu vi as folhas que estava em cima da mesa, na cozinha.

— Eu não…

— Você não estava baseando seu trabalho em mim? Não estava aqui para fazer um diário sobre como o comportamento infantil influencia os adultos também? Eu sou isso, não é? Só uma forma de você e seu amiguinho se vingarem?

— Eu não sabia, Baekhyun, eu juro… E o trabalho, eu ia contar, queria fazer uma surpresa, achei que ficaria feliz.

— Não sabia, sério? Queria me deixar feliz? — quis saber irônico.

— Não, eu não sabia de nada disso.

— Então porque está fugindo? — gritou o loiro, empurrando o peitoral de Chanyeol com força. — Hein? Se não sabia, porque está indo embora?

— Eu não...

— EU VI! — Baekhyun novamente o empurrou. — Eu vi sua inscrição em uma faculdade no Japão! Desde que você chegou eu tinha visto o formulário, mas não era assunto meu na época. Quando ia me contar, hein? Conseguiu o que queria aqui e agora vai embora? Pelo menos pensava em me avisar? Ou só iria sumir de uma hora para outra?

— Não é dessa forma...

— Não?

— É injusto me julgar assim. — o Park começou a ficar irritado também.

— E é justo tudo que aconteceu comigo? O que você fez?

— O QUE QUERIA QUE EU FIZESSE? — Chanyeol perdeu a paciência. — Não pretendo ir embora, mas era uma opção antes de você entrar na minha vida — falou, encarando o loiro. — Eu precisava pensar no meu futuro, Baekhyun, e como poderia ter certeza que era ao seu lado se antes, uma hora você me amava e na outra não? Se sorria para mim e depois ligava para flertar com Taeyeon na minha frente? Mas eu quero você, quero nós dois. Nunca foi minha intenção te enganar, entenda isso, eu não sabia de nada! — Chanyeol abaixou a cabeça, o seu coração estava acelerado e tudo que mais queria era que o menor acreditasse em si. — Eu te amo. — sussurrou, olhando-o com intensidade.

Baekhyun encarou-o de forma dura, todo o seu corpo doía, a cabeça, os ombros tensos, mas principalmente seu coração. Estava confuso, não entendia mais nada.

Seu mundo virou de ponta cabeça de uma hora para a outra.

— Eu não acredito em você — disse com a voz gélida.

— Mas…

— Quero que saia da minha casa.

— Baekkie, não faz assim, os meninos...

— NÃO TENTE USÁ-LOS CONTRA MIM! — Baekhyun sentiu os olhos cheios de lágrimas, não conseguia pensar direito, apenas queria sumir, queria que Chanyeol sumisse junto com Yifan e todas aquelas mentiras.

Porque foi entregar seu coração tão rapidamente?

— Eu vou deixar você pensar com calma — o Park tentou ser um pouco racional. — Mas não tome nenhuma decisão assim, com a cabeça quente.

— Chanyeol, eu não quero mais te ver na minha frente, junte todas as suas mentiras e vá embora da minha casa. — disse o menor, virando as costas para o moreno e seguindo até seu escritório para se trancar lá.

O universitário respirou fundo, sentindo o rosto molhado com as lágrimas que insistiam em cair sem permissão, foi até seu quarto e pegou uma mochila, jogando algumas mudas de roupa e seguiu para a cozinha, seus papéis estavam bagunçados, mostrando que Baekhyun havia visto tudo naquele mesmo dia, então juntou-os, jogando na bolsa.

Pegou o celular na calça jeans enquanto andava até a porta, dando graças a Deus por não ter tirado-o de lá, se não teria esquecido na casa do Do. Chanyeol ligou para Yoora, que atendeu no terceiro toque.

— Irmã, eu preciso de você. — sussurrou em tom choroso, logo ouvindo a voz feminina e preocupada, mandando-o ir para sua casa.

Já no escritório daquele apartamento, Baekhyun puxava o próprio cabelo em desespero, não sabia o que fazer, no que acreditar.

Se sentiu perdido, desesperado ao ligar todos os pontos. Chanyeol havia o enganado todo esse tempo? Ele e Yifan riam de si? Iria embora? Abandonaria-o? Tudo que sabia sobre o acidente de seu irmão era uma farsa? O Byun não entendia, um soluço sofrido escapou de seus lábios, então pegou o pendrive que Kyungsoo lhe deu, conectado ao computador e aguardou carregar.

Não queria ver, mas sabia que só seria possível acreditar se pudesse ter certeza, queria ao menos ter uma certeza naquele momento, por mais dolorosa que seja.

Então abriu o único arquivo na pasta.

Uma tela dividida em quatro apareceu, havia uma câmera na frente, duas atrás dos bancos do motorista e passageiro, filmando as cadeiras vazias dos gêmeos, e uma que filmava a rua na frente.

Era um corte de apenas alguns minutos, provavelmente o que foi usado no julgamento. Sua cunhada falava algo sobre o almoço do dia seguinte, um domingo, ralhando com Baekbeom por ter bebido demais.

“— Aposto que vai dormir a manhã toda e deixar todo o trabalho para mim, você prometeu que iria me ajudar.

— Eu estou ótimo, não precisa brigar comigo agora. — a voz do irmão estava claramente irritada, e ele olhou para esposa.”

Baekhyun sentiu o coração pesar.

Era uma discussão tão boba sobre um almoço que nunca chegou a acontecer, o loiro sentiu-se ainda mais culpado ao lembrar que na época estava pensando em uma desculpa para não ir ao tal encontro em família.

Então, tudo aconteceu rápido demais, as vozes se exaltaram, a curva chegou, Baekbeom olhava para a mulher e não para estrada, por isso não viu o outro carro se aproximando, ele fez a curva fechada praticamente se jogando contra o automóvel na outra pista. Estava tarde, não tinha movimento na rua, mas naquela curva destinos se encontraram. 

E se encerraram.

Se fosse alguns segundos depois, se o outro carro estivesse um pouco mais devagar, se o próprio Baekbeom prestasse atenção na estrada, se tivesse saído dois minutos mais cedo ou mais tarde da festa, teriam passado em outro horário naquela curva.

Tantos “e se”.

A batida foi feia, mas não era possível ver muita coisa, só ouvir os gritos, então o carro virou e as câmeras pararam de funcionar.

Kyungsoo estava certo, aquilo não mudava quem Baekbeom foi para si, mas mudava tudo que sentiu desde a morte do seu irmão até aquele momento.

Toda a raiva e dor.

Baekhyun abaixou a cabeça, gritando com pesar ao jogar tudo que havia em cima de sua mesa no chão, estava destruído. Se levantou, saindo para o vazio de seu apartamento, não queria mais ver aquilo, contudo, o eco do seu passo pela casa só lembrava-o que havia expulsado Chanyeol da sua vida.

Não queria pensar no Park, não quando seu coração já sangrava por outro motivo. Sentia-se usado e traído por ele. Chanyeol colocou-o como exemplo em sua tese na faculdade, como se tudo que haviam passado não fosse nada mais do que uma experiência, tinha planos de estudar em outro país e sequer falou consigo sobre isso. Como acreditar em qualquer coisa que ele falou para si?

Baekhyun pegou o telefone da sua casa, ligando para Jongin, o amigo atendeu rapidamente, bombardeando-o com perguntas as quais o empresário ignorou completamente.

— Nini, traga os meninos para minha casa. — pediu quase sem voz.

— Tem certeza, Baekkie? Posso ficar com eles essa noite.

— Não, eu preciso deles aqui comigo — pediu tentando engolir o choro, passando a mão com raiva sobre o rosto para limpar as lágrimas quentes que deslizavam. Sentia um vazio enorme no peito. — Eles são tudo que eu tenho.

Jongin queria dizer que estava errado, Baekhyun tinha tantas pessoas que o amavam, ele mesmo, Sehun, Kyungsoo, Chanyeol… Mas percebeu pelo tom de voz do amigo que seria impossível entender aquilo no momento, talvez só precisasse de tempo e de todo o amor que seus sobrinhos lhe dariam de forma incondicional, pois assim são as crianças, amam com todo coração e sinceridade.

— Tudo bem, Baekkie, daqui a pouco chego na sua casa.

O loiro encerrou a chamada e se deitou no sofá em posição fetal, abraçando os próprios joelhos enquanto tentava esquecer toda aquela reviravolta que sua vida deu em apenas um dia, apenas alguns minutos. Tentou acalmar seu coração dolorido e contou os minutos para que pudesse ter em seus braços as únicas pessoinhas que poderiam lhe trazer algum tipo de felicidade, de estabilidade, afinal, a vontade de cuidar e proteger seus sobrinhos — ou filhos, como começava a chamá-los mesmo que ainda fosse doloroso — era a única certeza que tinha na vida.

 

Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAAA
O próximo é o último (penúltimo na verdade, pq tem o epílogo) ><
Eu já comecei, e vou tentar acabar em breve pq quando começar as matérias na faculdade eu vou ficar louca, essa semana é só apresentação então é calmo.

VAMOS FALAR DE ALGUMAS COISAS SOBRE A FANFIC E SOBRE A VIDA SUASHSAUASHUA

~Primeiro, eu deixei claro aqui o que eu acho quando uma pessoa se espelha completamente na outra, foi o que o Baekhyun fez quase todo a sua vida com uma imagem distorcida do irmão, endeusar algo ou alguém não faz bem, sabem? Amem as pessoas, seus ídolos, mas saibam quando estão errados aos invés de propagar esse erro, ok? É muito trise ver isso acontecendo, ver o amor cegando quando ele deveria nos ajudar.

~O que aconteceu? O Wu se sentia culpado por insistir em sair com o Junmyeon naquela noite, por isso ele se achava um assassino, mas quem causou o acidente foi o irmão do Baek e o Soo tinha encoberto isso o tempo todo, para não magoar o amigo. Por isso quando o Kyungsoo diz que está ajudando o Yifan por um sentimento maior que pena, alguns capítulos antes, ele estava falando da culpa que sente.

~Uma coisa que eu gostaria muito de falar é a culpa. Muitas pessoas gostam de falar que a culpa de não ter conseguido algo na vida, não ter tirado uma boa nota ou isso e aquilo SEMPRE é de outro alguém, e não por seu erro, por não se esforçar e afins... Eu queria passar essa mensagem desde o começo da fanfic. Culpa é um é como a fofoca, é mais fácil colocar em (ou falar de) outra pessoa do que ver os próprios erros, defeitos e tentar ser alguém melhor. Dói menos. E é até aceitável, já que faz parte dessa loucura que é ser humano, desde que não magoe os outros. Então vamos pensar mais antes de falar e culpar os outros, sabe? Tentar refletir, por um segundo, nas consequências disso e se é realmente culpa do próximo e não sua. No caso da fanfic, do Baekbeom.

Então é isso, espero não demorar para o fim ><
Amo vocês <3


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