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História Confusão em dobro - 16. Altruísmo


Escrita por: Byun_Re

Notas do Autor


Boa leitura.

Obs: LEIAM AS NOTAS FINAIS, POR FAVOR, É IMPORTANTE.

Capítulo 17 - 16. Altruísmo


 

— Você é mesmo bom nisso — Yixing sorriu ao avaliar o trabalho que Yifan havia feito no carro de um dos clientes mais chatos da oficina.

— Eu tento.

— Continue assim que ficará um bom tempo conosco, já pode ir hoje, já está tarde.

O Wu assentiu, sentindo uma grande satisfação em ser elogiado e se despediu dos demais. Flexionou os dedos de sua mão, sentindo a ardência do corte quase cicatrizado na palma, mas a dor em si eram das lembranças e não do machucado.

Subiu um sua moto, fazendo mesmo caminho dos últimos dias, não até o apartamento de Junmyeon, este havia sido devolvido ao dono na verdade, mas para a casa de Kyungsoo, onde dormia no sofá de forma permanente agora, já que o policial lhe ofereceu abrigo por temer deixá-lo sozinho depois do que aconteceu dias antes.

Abriu a casa com a chave reserva que recebeu, depois de parar rapidamente no mercado.

Andou em passos leves até a sala, não foi fácil, mas naquele dia em que acordou na cama de Kyungsoo, com cheiro de álcool e a roupa suja de sangue, percebeu que era o fim, o limite, o momento o qual precisava escolher se iria desistir de vez ou finalmente tentar.

O Wu lembrou dos gêmeos que viu de relance, pensou em como eles iriam crescer sem pais e teriam que aguentar, teriam que arrumar um modo de passar as datas comemorativas, de ouvir as histórias dos amiguinhos sem se sentirem errados, ou tristes, por não terem uma família tradicional. Então percebeu como estava sendo covarde.

Baekhyun, aquele homem que lhe olhou com tanto ódio, entendia-o perfeitamente.

Por que sobreviveu alguém tão lamentável e não seu irmão?

Yifan não queria mais ser esse ser desprezível e digno de pena, por isso aceitou a ajuda de Kyungsoo. Eles seguiram até a casa que pertencia a Junmyeon, e o Do viu as caixas prontas, entendendo o motivo para o desespero do maior, era sempre tão difícil dizer adeus.

Kyungsoo havia dado adeus a qualquer sentimento romântico a respeito de Baekhyun no momento em que decidiu abrigar o Wu, quando abriu sua casa e fez o que ninguém mais poderia fazer, cuidou dele.

Doeu como um inferno. Amou o melhor amigo por anos e anos, sempre ficou ao seu lado, fez o que era necessário e até aqueceu sua cama quando não havia ninguém mais, porém o policial sabia que era um sentimento unilateral, o amor do Byun por si era fraternal, talvez o desejo tenha o tomado algumas vezes, mas luxúria não é, e nunca seria, paixão.

Então o moreno aceitou aquele fim no momento em que mandou Chanyeol atrás de Baekhyun, ao invés dele mesmo tentar acalmar o Byun.

Ambos arrumaram o apartamento juntos, mandando para doação as roupas, para a faculdade os livros e guardando o que pertencia ao Wu, junto com algumas lembranças que ele precisava deixar consigo.

Deram adeus, juntos.

E desde então, no decorrer daqueles dias, vem convivido e se apoiando um no outro.

— Alguém em casa? — o maior quis saber, tirando o sapato na porta e seguindo até a sala.

O moreno parecia concentrado em algo, conversando baixo e de costas para si, então seguiu até a cozinha, não queria atrapalhá-lo, seja um problema do trabalho, seja algo pessoal. Pegou algumas coisas que comprou com o dinheiro que ganhou depois daquela primeira semana de trabalho.

Yifan sempre gostou de cozinhar e achou uma boa ideia agradecer o outro com um bom prato feito por si.

— O que está fazendo? — Kyungsoo quis saber, estava com casaco e roupa de sair, mas pegou uma xícara de café, seu maior amor.

— O jantar? Recebi um dinheiro de Yixing e comprei alguns ingredientes, vai sair? Eu guardo na geladeira para comer depois.

— Preciso resolver algumas coisas, mas não vou demorar — o Do franziu o cenho, sabendo que seria expulso em pouco tempo, então apenas deu de ombros. — Volto para comer contigo.

— Não precisa se preocupar.

— Você também não precisa, mas comprou tudo isso.

— É o mínimo.

— Não seja ridículo, já disse que vou te expulsar se me agradecer mais uma vez.

Yifan riu um pouco, sabendo como o outro não gosta de se mostrar tão gentil quanto realmente é.

— Tudo bem, então.

— Volto logo.

O maior assentiu, voltando a arrumar os ingrediente do jantar, enquanto Kyungsoo se afastava com um pequeno sorriso nos lábios ao vê-lo tão tranquilo. Talvez nem tudo estivesse perdido naquele futuro, afinal.

 

(...)

 

Dizer que Baekhyun estava passando por um período difícil era quase irônico. Ele estava enfrentando uma das piores, senão a pior, fases de sua vida.

Um pouco mais de uma semana se passou desde que brigou com Chanyeol e com Kyungsoo ao descobrir a verdade sobre o acidente de seu irmão.

O empresário estava um caco, um caos.

A campainha de sua casa tocou e ele acordou sobressaltado rolando no sofá, caiu e batendo a cabeça no chão, logo gemeu de dor e piscou desnorteado, sua visão estava turva, tudo rodava.

Estava grogue de remédios para dormir, mais uma vez.

Passos ecoaram pela casa e Jongin abriu a porta, suspirando aliviado ao ver Kyungsoo que entrou e olhou tudo ao redor. Havia tentado conversar com o amigo algumas vezes e todas elas acabavam em discussões onde era expulso do local.

Baekhyun sequer ia trabalhar e dormia mais do que ficava acordado, devido aos analgésicos e calmantes que tomava regulamente. Fazendo com que Sehun e Jongin praticamente morassem em sua casa naquela semana, cuidando dos gêmeos e do próprio Byun.

— Onde ele está.

— Dormindo na sala.

— Nada mudou?

Jongin negou tristemente, seguindo o amigo até a sala. Baekhyun estava acordado, o cabelo bagunçado, enormes olheiras e sentado no chão, parecendo muito perdido, provavelmente devido ao efeito dos remédios.

— Vou pegar algo para ele beber, uma água, um suco, não sei.

O Do viu o Kim se afastar e suspirou ao se aproximar do amigo, este que logo lhe lançou um olhar duro, parecendo mais desperto.

— Olha quem está aqui.

— Não seja irônico comigo, Baek.

— Não trouxe seu protegido?

“E lá vamos nós”, pensou o moreno, suspirando.

— Baekhyun, estou aqui pois o assunto é sério.

— Como?

— Você está em um estado deplorável, chega a ser deprimente para mim te ver assim.

— Obrigado.

— Não seja sarcástico, está destruindo a si mesmo.

— Kyungsoo, pode ir embora, eu acordei agora e estou com dor de cabeça, não preciso de mais um dos seus discursos.

— Mas esse você vai ouvir.

— Por que eu deveria?

— Pois vai perder seus filhos, Baekhyun.

O loiro tentava levantar e parou no meio do processo, se jogando no sofá e o moreno sentou ao seu lado.

— Está me ameaçando?

— Não, eu estou dizendo que em breve você vai ser denunciado.

— Não estou entendendo.

— Sua vizinha ligou para polícia, quando você estava com raiva e quebrou a casa toda, lembra?

O Byun fechou o rosto em uma carranca, ele havia destruído o próprio escritório e o quarto de Chanyeol quando estava com raiva na semana anterior, no dia em que soube de toda verdade, antes de Jongin chegar.

— E o que tem? Ninguém bateu aqui.

— Ela tirou a queixa quando o Jongin chegou e conversou sobre o que tinha acontecido, ele inventou uma desculpa qualquer sobre ter caído algo, mas essas coisas ficam registradas, Baekhyun, e se assistente social ver isso você pode perder os meninos, se ela souber que está assim, mal se aguentando em pé…

— Ela só vai saber se você contar.

— Não vou, sabe disso, mas que droga, eu ainda te amo!

— Ama?

— Amo, seu egoísta de merda — Kyungsoo irritou-se. — Sempre amei e você sabe disso, mas nunca se importou em usar meu amor, em me usar quando estava estressado demais e precisava de alguém para foder, ou para ser o amigo que seca suas lágrimas, eu sempre fiz o que foi o melhor para você Baekhyun, como pode duvidar de mim?

— Você não está mais aqui por mim… — o loiro falou, soluçando no meio da sentença enquanto começava a chorar. O Do suspirou, puxando-o para seu colo e acariciou os fios claros com calma, para tentar deixá-lo mais tranquilo.

Sabia de tudo que ele havia feito em sua vida, Kyungsoo sempre foi uma presença constante, tão presente que se tornou comum e só se deu conta de como sentia falta quando ele parou de ligar e mandar mensagem devido as discussões daquela semana.

Baekhyun sabia que o amigo era apaixonado por si, mas sempre pensou ser algo de adolescentes bobos na faculdade; algo passageiro.

— Claro que estou, Baek, sempre estarei aqui por você, mas da forma que você precisa e não mais da forma que você quer.

— Dói, Soo, dói demais.

— Eu sei, mas ficar assim não vai te ajudar.

— Não sentir é mais fácil.

— E quer que seus filhos cresçam assim? Com a imagem de um fantasma? Eles já perderam tudo, Baekhyun, não podem perder você.

O Byun suspirou, aproveitando mais um pouco daquele carinho antes de se afastar e limpar o rosto, claro que o outro tinha razão, mas se sentia tão só naqueles dias, mesmo que Sehun e Jongin não tenham o deixado, muito menos os meninos.

— Não — respondeu, ainda que sua mente estivesse inundada de incertezas e perguntas, o Do acariciou o rosto do amigo de forma fraternal, para afastar a sua tristeza.

— Vai ser um ótimo pai, Baekhyun, você já tem sido, eles precisam de você — disse em tom sério. — Não me faça voltar aqui para te dar outro esporro, não aguento mais brigar.

— Nem eu.

— Então vamos parar, não precisamos disso.

— Mas, Yifan…

— Não precisa se preocupar com ele agora, quando você estiver calmo, com vontade de entender tudo e colocar as coisas no lugar, eu te explico, mas não vou abandoná-lo, Baekhyun.

— Você tem um coração grande demais para quem vive com essa carranca mal humorada — brincou o loiro com um sorriso triste, fazendo os outro revirar os olhos.

— Não tenho nada — disse querendo desconversar, se sentia estranho em falar de si mesmo. — Vai ligar para o Park?

— Pensei que tinha dito que quando eu estiver calmo as coisas seriam colocadas no lugar.

— Isso é algo que precisa resolver consigo mesmo, Baekhyun, está assim por mais do que luto e sabe disso, não seja cabeça- dura, fale com o garoto.

— Não sei se devo, tudo está confuso demais.

— Também era confuso para ele quando você estava desesperado pela guarda dos meninos, mas ele não te abandonou.

— Não é uma comparação justa.

— A vida não é justa.

— Kyungsoo, não vamos brigar...

— Não vamos.

— Então cale a boca, não é o momento, tenho outras prioridades, os gêmeos, a empresa...

O Do grunhiu irritado e balançou a cabeça, vendo o menor se levantar e fazer careta devido a dor de cabeça, ele sempre tinha outros prioridades que não fossem consigo. Bekhyun seguiu, pegando um copo de água junto de um analgésico com Jongin que estava apoiado no batente da porta, olhando-os com carinho, antes de voltar para a sala. Logo Sehun apareceu, carregando dois meninos sonolentos nos braços.

— Acho que temos dois dorminhocos aqui — disse, com um sorriso nos lábios.

— Dormiram depois da escola até agora! — Jongin falou, seguindo até o namorado junto com o empresário e cada um pegou um dos meninos, voltando para cozinha para alimentar os meninos, que resmungavam de fome, principalmente Seojun.

Sehun se jogou ao lado do policial e suspirou, perdendo a expressão falsamente contente que estava em sua face. Ele se virou para o Do, mordiscando os lábios de forma preocupada. Aquela situação era complicado e a amizade não estava como antes entre todos eles, mas o caminho certo para tudo voltar ao normal não parecia muito distante.

— Isso é tão estranho, o Baek sempre foi o mais forte de nós — sussurrou.

— Não o deixem, ele precisa de vocês, ainda mais sem o Chanyeol.  — pediu o policial, e o mais novo confirmou com a cabeça, parecendo muito pensativo.

— Às vezes encontramos o amor, mas ele não está pronto para nos encontrar.

— Tá filosofando desde quando, garoto? — o moreno quis saber, rindo com Sehun que deu de ombros antes de seguirem até os demais no outro cômodo.

Mas o policial não conseguiu deixar de pensar em como aquela frase era real. 

E cruel.

 

(...)

 

Os dias se arrastavam, e no começo sair da cama era penoso, o Byun não tinha vontade alguma de enfrentar toda a verdade, de responder seus sobrinhos que perguntavam constantemente sobre Chanyeol, foi egoísmo da sua parte, ele sabia, expulsar o outro sem pensar em mais nada.

— Ele está no céu, como a mamãe e o papai? — Seoeon quis saber choroso, ao dizer que o Park precisou ir embora.

Aquilo doeu como um inferno.

Não poderia simplesmente pensar em si e esquecer o mundo, por isso aceitou ajuda dos seus amigos aos poucos, voltando a antiga rotina devagar. Indo para empresa de manhã, quando os meninos estavam na escola, e voltando de tarde para cuidar deles, pois não tinha condições de pensar em contratar outra pessoa. Estava trabalhando em seu escritório, falando deste, o arrumou da melhor forma que pode, ajeitando os contratos que misturou em um momento de ira, e chorou ao lembrar de como brigou com Chanyeol quando ele deixou os meninos entrarem ali.

Foi tão bobo.

Era tudo tão cansativo, não conseguia deixar a tristeza de lado, mas ao mesmo tempo, não estava preparado para pensar no maior.

Depois de alguns dias, Jongin lhe ligou no trabalho, falando que o Park estava em sua casa para pegar o resto dos seus pertences e mesmo com o coração pesado, o Byun pediu para o Kim buscar os meninos, assim Chanyeol conseguiria vê-los novamente, conversar com eles e tirar essa ideia de que “estava no céu”.

Não era mesquinho a ponto de evitar esse ultimo contato.

Sim, último, pois Baekhyun estava tão esgotado emocionalmente que não conseguia pensar em romance algum.

Kyungsoo traiu sua confiança ao manipular a mídia e distorcer o que falaram sobre o caso de seu irmão na imprensa. Como não presente durante o desenrolar do julgamento, apenas confiou no que ele falou e no que leu superficialmente. Claro, fazia todo sentido, se fosse de fato culpa do Wu, ele estaria preso e não teria pego apenas alguns serviços comunitários.

Porém, aceitar isso não lhe trazia alívio.

A mentira de Do fez com que a do Park ficasse ainda maior. Ele não lhe contou sobre as noites as quais passou fora, em pistas de corrida com Yifan, não lhe contou que pretendia partir, muito menos que foi usado de exemplo no trabalho da faculdade.

Havia um diário seu, com coisas pessoais demais, sentimentos que não mostrou para mais ninguém, exceto para ele, reações espontâneas devido alguma coisa que os meninos faziam que deveriam ficar apenas em sua memória; a aceitação de ser pai deles.

Era tudo muito doloroso e complicado de admitir até para si mesmo, sem se sentir culpado por tomar o lugar do irmão, como Chanyeol pode usar esses “dados” em uma pesquisa de faculdade? Sem sequer se importar ou perguntar se poderia?

Claro, a sua resposta seria não.

Não queria ser exposto de tal forma, mas Chanyeol o fez mesmo sem consentimento.

Porém Baekhyun recebeu um e-mail do moreno, com o trabalho anexado e um texto, lhe explicando que também foi egoísta, pois queria tanto sua bolsa que não pensou no que o Byun sentiria ao ter seu cotidiano exposto de tal forma, achou que ele ficaria feliz por si, não pensando em como ele estaria em meu âmago.

Era compreensível, mas não fazia da situação mais fácil.

Estavam se machucando demais, e tudo que o empresário menos precisava era de mais uma ferida, quando suas outras sequer haviam cicatrizado ainda.

A sua prioridade sempre seria os gêmeos, ficar bem por eles, não por um romance fadado ao fracasso.

Enquanto esperava do lado de fora da escola os meninos saírem, Baekhyun suspirou e se sobressaltou ao sentir uma mão delicada em seu ombro.

— Hey, parece exausto.

Taeyeon perguntou, parecendo genuinamente preocupada, ela sorriu de lado e o encarou sem nenhuma malícia, haviam se tornados amigos próximos.

— Eu estou.

— Chanyeol não tem ajudado? Ou tem ajudado demais? — perguntou com um risinho cheio de segundas intenções, mas sua expressão ficou séria ao perceber Baekhyun franzir o cenho, parecendo muito triste.

— Eu o mandei embora.

— Oush.

— É.

A mulher ficou em silêncio por um momento, as crianças começaram a ser liberadas aos poucos e Tae novamente apertou o ombro do loiro.

— Sabe, eu vou levar a Michan em uma lanchonete bem legal, ela é infantil, tem vários brinquedos e funcionários para tomar conta das crianças, a gente senta no chão acolchoado, é bem divertido. Vamos? Aposto que os meninos vão adorar, e podemos conversar enquanto eles estão se brincando, se quiser conversar, claro, se não podemos só rir daquelas mães de família certinhas que ficam no celular falando três horas seguidas sobre a cor do próprio cabelo.

Baekhyun encarou a mulher e riu com gosto, algo que não fazia há muito tempo. A Kim tinha um sorriso bonito no rosto, e ficou satisfeita em fazer o outro sentir-se um pouco melhor.

As crianças não demoraram para chegar e o Byun perguntou de forma animada o que seus filhos achavam de almoçar com Michan, claro que os dois ficaram super empolgados. Taeyeon estava orgulhosa do avanço de Baekhyun com os gêmeos, por aceitá-los como seus e ter a atenção apenas para eles.

Eles chegaram ao tal restaurante em pouco tempo, e foi possível ver os olhos das crianças brilharem de felicidade com tantos brinquedos divertidos, os quais poderiam ir apenas antes de comer, enquanto esperavam o lanche, para não passar mal. Nesse mesmo instante, em que as crianças corriam de um lado para o outro, Baekhyun e Taeyeon conversavam sobre todos os problemas da vida adulta, o Byun prometeu jamais mentir novamente para a Kim, então colocou tudo para fora, seus medos, incertezas, verdade sobre o havia acontecido com seu irmão.

A mulher ouviu atentamente, segurando a mão do empresário de forma fraternal, e sentindo o coração apertar ao perceber o quanto ele estava quebrado, e pensar que Chanyeol, provavelmente, estava da mesma forma.

— Eu não sei o que fazer, dói ficar sem ele, mas eu estou tão cheio de problemas na minha vida nesse momento! Acho que vê-lo agora só vai piorar tudo.

— Então não veja, os dois precisam de tempo para pensar e ter certeza de suas decisões.

— E se esse tempo ficar tão grande que a gente não consiga mais se encontrar?

— Então terá a certeza de que não era para ser. Entenda, Baekhyun, essa história de que o tempo cura é idiotice, o tempo te faz refletir, é diferente. Se foi um sentimento bom, o tempo jamais vai apagar, se foi algo ruim, o tempo vai te ajudar a deixar para trás.

O Byun ficou pensativo com aquela frase e apertou a mão da advogada com carinho, ela havia se tornado uma boa amiga.

Afastando as lágrimas e a tristeza, a Kim fez com que se sorrisse ao apontar para o lugar em que as crianças brincavam, elas sempre aliviam um coração cheio de sentimentos ruins. Eles passaram uma tarde divertida, a mulher o ajudou a deixar os problemas de lado e se concentrar no que era importante.

A felicidade de seus filhos.

Depois de algumas horas, Minseok, o irmão de Taeyeon, apareceu lá para buscá-los e ao se despedir da amiga, Baekhyun sentiu-se mais aliviado e confiante de que poderia resolver seus problemas, um de cada vez.

 

(...)

 

— Appa! — gritou Seojun, quando Baekhyun segurava o riso.

— Sim?

— Eu tô com fome!

— Então tem que arrumar sua parte do quarto — ditou sério, tentando não resistir ao bico fofo do menor.

— Mas…

— Nada de reclamar, eu disse que só iria lanchar quem arrumasse o quarto.

— Eu tô com muita fome, mesmo!

— Então arrume logo, assim pode comer.

Seojun bateu o pé, com um feição chateada ao pensar que Seoeon estaria comendo o bolo gostoso que haviam comprado e ele estava ali, só porque o irmão ajeitou os seus brinquedos. Começou a andar de um lado para o outro, guardando a bagunça no lugar e ajeitando seus livros, antes de juntar os lápis e os papéis da escolinha.

Assentindo, Baekhyun disse que estava orgulhoso, fazendo o pequeno Byun sorrir pelo feito e correr para cozinha.

O empresário riu baixinho, segundo devagar pela casa, contudo, teve o percurso interrompido com o interfone avisando que havia uma visita. Imaginou ser um dos seus amigos e logo liberou a entrada, mas se surpreendeu com Yoora na porta.

A mulher estava séria, e trazia algumas pastas nas mãos.

— Senhor Byun, desculpe incomodar.

“Senhor Byun”, ela disse mesmo que ele houvesse insistido diversas vezes no trabalho que era desnecessário, definitivamente estava irritada.

— Yoora?

— Tem alguns contratos urgentes para revisar, a proposta precisa estar pronta amanhã cedo.

— Sim, claro, entre.

Baekhyun seguiu até a cozinha, pedindo para o meninos comerem em seu quarto que iria em breve, ambos pegaram seus lanches, que estavam prontos na mesa, correndo pela casa. Claro, antes pararam para um beijinho na tia Park, que sorriu pela primeira vez.

Yoora estava chateada consigo há dias, é claro, ver o irmãos mais novo chorando e magoado não deixa ninguém contente, mas por estarem em turnos diferentes na empresa, ele pela manhã e ela pela tarde, quase não se viram.

A mulher lhe entregou as folhas e o Byun leu com calma, sentado em sua sala depois dela recusar qualquer bebida. Ainda eram quatro da tarde, não havia voltado para casa há muito tempo, e estava ciente daquela nova parceria, então acertou os detalhes que faltavam, escrevendo nos cantos para redigirem novamente da forma correta, enquanto apenas Yoora fazia alguma observação pertinente às vezes.

— Acho que é apenas isso.

— Não é, eu sei.

— Como?

— Está com raiva.

— Eu não…

— Por favor, você é meu braço direito, quem eu sempre confiei na empresa e pensei que éramos amigos, Yoora.

— Baekhyun, eu não sei o que pensar no meio disso tudo.

— Nunca foi minha intenção magoá-lo, se é isso que acha.

— Claro que não acho isso, mas por quê? Quer dizer, pareciam tão perfeitos...

— É complicado, eu não acredito que esteja no momento certo para pensar nisso e Chanyeol tem outras prioridades na vida.

— Você o magoou demais.

— Eu sei, mas ele também me magoou.

— Eu sei — a Park respondeu com um suspiro, eles eram tão parecidos que chegava a doer, a sinceridade no olhar, as expressões e até a mania de brincar com os próprios dedos de forma ansiosa.

— Sinto muito, não queria envolvê-la nisso, muito menos que ele me odiasse, ou sofresse, mas algumas coisas simplesmente não dão certo, eu comecei a entender isso, não podemos controlar tudo e da forma que as coisas estavam, seria impossível que ficasse tudo bem.

— Vocês começaram na época errada, se houvessem...

 "E se", eu já me magoei tanto por causa dessas duas palavras — Baekhyun a cortou gentilmente, apertando a mão da Yoora. — Eu não sei se seria possível mudar as coisas, mas sei que não posso te perder…

Também.

Ele não disse, mas a Park percebeu nas entrelinhas, então devolveu o aperto carinhoso. Não o abandonaria, ou a empresa, seu próprio irmão havia pedido tal coisa, mas doía vê-lo tão triste.

— Eu posso me despedir dos meninos?

— Sim, eu vou ler mais uma vez o contrato para ver se não deixamos passar nada.

Ela assentiu, pegando o celular e seguindo pelo corredor enquanto eu relia mais uma vez as folhas, mas na cabeça do Byun rondavam todas as complicações que sua relação mal resolvida com Chanyeol desencadeou. Ele passou os olhos pelas páginas rapidamente, e as colocou na pasta, seguindo pelo corredor, contudo, antes de entrar no quarto ouviu risadas e uma voz muito conhecida.

Era Chanyeol.

— Tudo bem, Channie — Seoeon falou.

“Comam bem e o obedeçam o Baekkie, hm?”

— Ele me mandou arrumar o quarto hoje — se queixou Seojun, arrancando gargalhadas de todos.

“E você tem que obedecer, ok? Tenho que ir, amo vocês.”

— Vamos te ver no celular de novo?

“Não sei, talvez.”

Os meninos fizeram manha e o Byun sentiu o coração pesar, se afastando do local para deixar que Yoora mostrasse Chanyeol a eles.

Não muito tempo depois a mulher voltou para sala, com a expressão culpada, mas estava tudo bem, não poderia simplesmente arrancar o Park da vida de seus filhos.

— Eu vi sua sombra, Baekhyun, na porta do quarto.

— Não estou irritado.

— Estou vendo, mas ainda assim, me perdoe, Chanyeol queria muito se despedir.

— Despedir?

— Sim, ele foi aceito em sua pós-graduação no Japão, não sei se deveria te contar isso, ele está partindo em três horas, por isso precisei resolver isso agora, vou levá-lo ao aeroporto no centro.

— Em algumas horas?

— Sim.

— Entendo.

O Byun tinha a expressão vazia, sem saber como reagir àquela informação enquanto se despedia de Yoora e seguia até o quarto.

Perderia Chanyeol de vez, em algumas horas.

 

(...)

 

Quando estamos perto de perder algo que amamos de forma incomparável, muitas coisas mudam na nossa forma de pensar, as prioridade se redefinem e nenhum problema parece grande demais, a não ser o fato de não ter mais aquele algo.

Ou alguém.

O loiro passou aquela tarde imerso em pensamentos, o que deveria fazer? Deixaria Chanyeol ir embora, definitivamente, de sua vida? Essa ideia doía tanto que sequer poderia pensar.

Por isso ligou para Jongin, pedindo que fosse para sua casa o mais rápido possível, deixando os meninos com o melhor amigo e saindo sem sequer dar uma explicação ao outro. Pegou as chaves do carro e correu.

Correu pelas estradas.

Correu pelo estacionamento.

Correu pelos corredores.

Baekhyun estava ofegante, correndo entre as pessoas daquele aeroporto no centro da cidade atrás do que deveria ser sua última chance. Sequer sabia se o Park já havia partido, e na tela de aviso mostrava que em poucos minutos um avião para o Japão estaria levantando voo.

Era isso.

Ele olhava para homens e mulheres ao redor, em busca de um rosto tão conhecido e sentia tanta falta, mas não o encontrou.

O desespero tomou-o por inteiro, era tarde demais, tinha certeza, mas havia corrido até ali não iria desistir até vê-lo. Porém, ao invés disso, encontrou Yoora, ela acenava e chorava.

O empresário seguiu o olhar da mulher com o coração acelerado por mil e um motivos diferentes, sentia tanta coisa ao mesmo tempo que estava tonto, mas ao se virar para onde a Park olhava, Baekhyun parou.

Ali estava ele, Chanyeol.

Os fios negros estavam uma bagunça, ele tinha um sorriso cansado e o olhar fundo, como se um peso, uma tristeza, grande mais estivesse em seus ombros.

E o Byun ficou arrasado, Chanyeol estava arrasado. Então o loiro percebeu que mais triste do que ficar sem o Park, era vê-lo daquela forma. Seria egoísta da sua parte o impedir de entrar naquele avião e concretizar seus sonhos.

Por isso ele não gritou o outro, não correu na sua direção implorando para que ficasse, como havia planejado.

Baekhyun só ficou parado, vendo o amor da sua vida partir, porque o amor é assim, ele abre a mão, mesmo doendo como um inferno, para simplesmente ver o outro bem. Queria que Chanyeol ficasse bem, e sabia que não era ao seu lado, que ele jamais se sentia feliz em deixar seu sonho morrer.

Chanyeol se virou uma última vez no intuito de acenar para os seus familiares, todavia, seu coração parou um um milésimo de segundo ao ver Baekhyun ali, ele estava com os olhos brilhantes de lágrimas acumuladas e sem emitir uma palavra sequer.

Nem mesmo quando os olhares se esbarraram.

O Park respirou fundo e parou, esperando, do fundo de seu coração que o menor pedisse para que ele ficasse.

Mas o Byun não fez isso.

Então ele seguiu até lá, arrastando-se ao entender que aquele, de fato, era o fim.

— Você veio aqui, mas não me impediu — acusou o moreno.

— Não.

— Por quê? — quis saber exasperado, as lágrimas escorrendo pelo rosto, estava sensível desde a despedida com sua família.

— Porque você merece mais, eu não posso aparecer depois desses dias todos, no aeroporto e pedir para desistir da sua vida por mim.

— Não pode mesmo — Chanyeol respondeu com um soluço. — Mas se pedir, eu faço.

— Não vou, Yeollie, eu não posso.

— Por que está aqui então?

— Esse era o meu plano inicial, admito — o loiro abaixou o rosto mordendo os lábios com força, não iria chorar. — Mas quando te vi, tudo mudou.

— Acho que nunca vou te entender — a voz do Park era repleta de mágoa. — Está tentando me machucar? Ainda está com raiva por causa do trabalho? Por causa de Yifan?

— Não, claro que não, estou tentando fazer a melhor escolha por você, pela primeira vez! — o loiro exclamou, encarando-o com todo o sentimento preso em seu coração.

— Como?

— Quando eu soube que iria viajar hoje, percebi algumas coisas, entendi os sentimentos que me fizeram ficar cego, por isso apareci aqui de forma egoísta com a intenção de implorar para você não partir, para não me deixar, porque, sinceramente, esses dias sem você eu me perdi em um lugar tão sombrio que sequer me reconheci — Baekhyun deu um sorriso triste para o maior. — Mas percebi que ainda estou lá, ainda tenho problemas os quais preciso achar uma saída, ou não achar saída nenhuma, mas encontrar uma forma de conviver com eles. Tenho deixado meus filhos com medo, pois eu estava tão perdido que acabei perdendo-os um pouco também. Eu estou uma confusão, Chanyeol, e por estar assim nunca conseguiria ser completamente seu.

Baekhyun se aproximou, tocou na face do maior com carinho, antes de de continuar:

— Eu vim aqui porque precisava te ver uma última vez, precisava dizer a verdade, precisava te tocar — o menor acariciou o rosto do Park, secando as lágrimas que desciam sem permissão. — E dizer o quanto é lindo, pedir desculpas por todas as vezes que o deixei de lado, pelo amor que não consegui corresponder, te pedir para não me esquecer e ficar comigo — o Byun se afastou um passo. — Mas quando eu te vi, percebi que eu não posso fazer isso, entende? Simplesmente não posso te pedir para desistir de tudo, de quem você é por inteiro, para te dar apenas uma parte de mim. Eu estou em caco, Chanyeol, e só poderia te cortar se você ficasse ao meu lado. — o loiro respirou fundo e sorriu pequeno. — Quando eu te vi, finalmente entendi o que é amor, você precisa partir, precisa seguir seus sonhos, pois eu te amo a ponto de querer te ver bem e de saber que eu não vou conseguir ser a pessoa que vai te fazer feliz, ao menos, não agora, pois eu não estou feliz com quem eu sou no momento.

Chanyeol largou a mochila que segurava com força, diminuindo a distância entre ele e Baekhyun, tomando o rosto do loiro entre os dedos e o beijando com paixão, com desejo, com saudade, com carinho, com tristeza, com amor.

Foi um beijo longo, lento e com um gostinho amargo de despedida.

Quando afastaram, ambos olharam para a tela que anunciava a última chamada para voo de Chanyeol, e mesmo que doesse como se estivesse arrancando a própria pele, Baekhyun tirou as mãos do maior de si, afastando-se e pedindo com o olhar para que partisse.

O Park então pegou sua mochila, juntou os cacos do seu coração, olhou uma última vez para aquele rosto malditamente lindo que fez com que ficasse hipnotizado desde o primeiro momento, e se virou.

Partiu.

Dessa vez, sem olhar para trás novamente.

Se perdendo entre a multidão, se encolhendo no casaco pesado e tentando manter a cabeça erguida.

Baekhyun ficou para trás, olhando por muito tempo aquele portão, não com esperança vã de que o Park fosse voltar, mas sem forças para lhe dar as costas também.

Não era fácil.

Porém precisou lidar com as próprias escolhas, e o fato de saber ter feito a coisa certa, ter libertado o outro daquele sentimento corrosivo que estava os destruindo, ajudou o Byun a respirar fundo, colocar a mão no bolso e se virar, dando as costas ao passado. Não o esquecendo, é claro, mas dando a si mesmo a oportunidade de vislumbrar um futuro melhor.

Baekhyun andou sem pressa de volta para o estacionamento, a cabeça perdida em milhares de pensamentos, contudo, mais leve. E ele não pôde deixar de rir um pouco, soando meio irônico, meio cansado, ao pensar no amor.

Ah, o amor.

O amor vem de muitas formas diferentes, certas vezes não o reconhecemos e deixamos passar. Talvez o amor não esteja pronto para nós, outras nós não estamos prontos para ele, como Baekhyun e Chanyeol. Enquanto partia daquele aeroporto, pensando no jantar de seus filhos e no que faria daquele momento em diante, o Byun também percebeu que isso não significava ter sido irreal o que passaram, claro que não, guardaria consigo todas as lindas lembranças que Chanyeol lhe deu, e sabia que ele faria o mesmo, por isso apenas viveria sua vida, um dia de cada vez.

Então Baekhyun chegou a conclusão que precisava apenas deixar a porta de seu coração aberta e talvez no futuro, quando — ou se — encontrarem um ao outro novamente, seja a hora do amor entrar e dizer: dessa vez eu vim para ficar, e vou fazer uma confusão em dobro na sua vida.



Fim.

 

 


Notas Finais


PRIMEIRO EU TENHO QUE AGRADECER PARA CARALHO A ANALU, LUIZA @tartareuguinea9 que me viu surtar, chorar, querer desistir e betou a fic toda com mto carinho, OBG VC É DEMAIS GATAAAAAAAAAAA.

Também quero agradecer cada comentário que me ajudou a continuar escrevendo, os mais de 1.4k de fav e os leitores fantasmas, seus lindos.

Eu sei, muitos esperavam um final feliz, mas a fic é bem realista, então ficaria muito sem sentido colocá-los juntos agora. Eu vou postar o EPÍLOGO, mas falo logo, ele tem 1k só, devo postar em alguns dias, pois está praticamente pronto, então entendam a mensagem da fanfic e depois me digam, no epílogo, se gostaram ou não.

Sei que devem estar tristes agora, mas temos prioridades na nossa vida e nem sempre é o amor, ouso dizer até que, nem deveria ser o amor, primeiro nós mesmos, depois o mundo.
Não desistam do seu sonhos por amor, e nem peçam para o Chanyeol fazer o mesmo.

Muito obrigada pela alegria que vocês me proporcionaram com essa fic :))

Amo vocês, nos vemos no epílogo e depois em Park Chanyeol Knock on the Door *-*


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