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História Confusão em dobro - Extra: Adolescência


Escrita por: Byun_Re

Notas do Autor


Esse extra é chanbaek? Não.
Tem chanbaek? Sim.
Maaaaaaas o extra é focado no Seojun e no Seoeon, no relacionamento dos irmãos e na forma como eles criaram uma família, ok?

Boa leitura!

Capítulo 19 - Extra: Adolescência


 

— EU DISSE QUE NÃO ERA PARA VOCÊ FAZER ISSO!

— Ela é minha melhor amiga!

— E é a minha…

— A sua? O quê? Não tem nem coragem de falar com ela há meses, Jun!

— Eon! Você deveria ser meu irmão.

— Eu sou…

— Então, me ajuda...

— Sou seu irmão, não uma freira!

— ARGH, EU TE ODEIO.

— É recíproco.

— O que está acontecendo aqui? — Baekhyun entrou no quarto de Seoeon, estava tudo certinho em seu devido lugar, completamente diferente do quarto ao lado, de Seojun, uma verdadeira zona de guerra.

Como é normal de adolescentes de dezesseis anos.

— Eu odeio vocês todos!

— Mas o que...?

— Deixa ele, appa, está irritadinho porque não tem coragem de se declarar… — Seojun correu até o irmão, tapando sua boca e fazendo o Byun mais velho levantar uma sobrancelha.

— Como assim?

— Esse casamento! Por que precisamos ir em pares?

— Não precisa ir em par, só de um para a valsa.

— Eu não quero dançar!

— Oh… — Baekhyun entendeu o dilema do filho, precisava de alguém para valsar consigo e provavelmente os dois estava brigando, como sempre, por…

— Michan vai comigo, Jun! — Seoeon exclamou. — E você vai deixar o appa triste se não dançar!

— Porque você não vai com a Sook?

— E-eu… e-eu...

— Você? Viu, é tão covarde quanto eu!

— Olha só, chega de briga vocês dois! Não quero discussão por causa de par…

— Mas ele...

— Mas nada! — Baekhyun foi firme. — Não fiquem confundindo a Michan e a Sook com as bobeiras de vocês, se decidam sobre isso e falem com elas!

— Appa, não é justo… — Seoeon fez manha, enquanto o irmão revirava os olhos.

Baekhyun suspirou e entrou no quarto para tentar conversar com os filhos, contudo o mais velho dos gêmeos se levantou irritado e saiu pisando firme.

— Onde o mocinho pensa que vai? —  quis saber seu pai, mas ele não respondeu.

Contudo, assim que chegou na sala, foi parado por Chanyeol que cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.

— Vamos, Jun, diga onde vai...

— Eu vou pro tio Soo, ele me entende.  — falou alto o suficiente para Baekhyun ouvir, pegando a chave e batendo a porta de casa.

O Byun chegou na sala e suspirou cansado olhando o Park que riu divertido.

— Não sei o que fazer com adolescentes, Chan.

— Eu converso com o Eon, você liga pro Kris e avisa que o Jun tá indo para lá, calma amor, vai dar tudo certo.

— Não tenho certeza de mais nada.

Baekhyun fechou os olhos massageando as têmporas, e o maior abraçou-o apertando, enchendo o noivo de beijinhos no rosto até ele sorrir pequeno.

— Mas eu tenho uma certeza, Jongin vai te matar se chegar atrasado para a prova final do terno.

— MERDA! — o Byun correu para pegar a carteira, celular e chaves do carro.

— Liga pro Soo, eu faço o jantar e cuido do Eon.

— Céus, você é incrível amor. — Baekhyun exclamou, beijando o Park que riu daquele jeitinho apaixonado do menor. — Te amo, volto mais tarde.

— Também te amo, Bae.

Baekhyun bateu a porta com força, e Chanyeol não conseguiu deixar de pensar como Seojun era parecido com ele, tão teimoso quanto. Depois foi até a cozinha, pegando um pote de sorvete para amansar a outra fera, que deveria estar arrumando seu livros em ordem de forma compulsiva, como sempre fazia quando estava irritado.

Munido de todo o seu conhecimento em psicologia infantil, já que Chanyeol administrava uma escola e estava sempre estudando para ser um ótimo profissional, ele seguiu até o quarto de um aborrecente bastante sensível com mania de organização e limpeza.


 

(...)


 

Jongin estava com a feição nada feliz quando Baekhyun chegou na rua do ateliê, era uma marca bastante famosa que faria as roupas dos noivos e padrinhos do casamento, e claro, das “crianças”.

Por ser um modelo famoso, o Kim havia conseguido uma vaga na agenda lotada, porém eles não admitiam atrasos e o Byun estava quase atrasado.

— Sabia que tinha que marcar com você meia hora antes para chegar na hora!

— Eu vim o mais rápido que pude. — disse ofegante, beijando o topo da cabeça de Sook, filha de Sehun e Jongin.

Os dois haviam adotado o menino cinco anos atrás e sim, Sook nasceu um menino, contudo, no abrigo em que estava se recusava a usar roupas de “garoto”, andando pelo local com suas saias de tule e sapatilha de balé. Assim que chegaram no local, depois de anos tentando convencer Sehun a adotar uma criança, eles se encantaram, não sabiam como iriam conseguir adotar apenas uma criança entre tantas. Mas, bem afastada do centro de recreação estava Sook, com sua saia rosa rodopiando de um lado para o outro ao som de uma música qualquer.

Foi amor à primeira vista, ambos sabiam que o garotinho, já com dez anos, jamais seria adotado em uma sociedade tão conservadora como aquela, então decidiram tomar conta dele, e deixar Sook ser quem quisesse.

Mesmo que fosse ser a Sook.

Por ainda ser nova, apenas quinze anos, ela ainda tinha o peito liso, mas os cabelos estavam no meio das costas, eles conversavam médicos sobre hormônios e futuras cirurgias. Tudo que ela quisesse, quando ela estivesse pronta.

— Olá, princesa.

— Tio Baek… — ela olhou ao redor. — Seoeon não veio?

— Ele teve um problema e ficou em casa com o Chan.

— Oh… —  ela pareceu chateada, fazendo Baekhyun e Jongin se entreolharam, cheios de entendimento.

— Vamos, vamos, o tempo está passando.—  o Kim bateu palmas, e os três atravessaram a rua para entrarem no local, só faltavam eles fazerem os ajustes finais, pois todos os outros já estavam com suas vestes prontas, afinal, seria em uma semana no casório de Baekhyun e Chanyeol.

Apesar de tudo, foi uma tarde bem divertida, pois logo depois de arrumarem os últimos detalhes do terno, e do vestido de Sook, eles foram para o salão fazer a prova final dos docinhos.

A garota adorou provar todas aquelas guloseimas do casamento, e passaram um bom tempo juntos, rindo e ansiando aquela data que estava, finalmente, chegando.

Baekhyun estava noivo há dois anos, fez o pedido para Chanyeol na frente de todos os amigos em uma festa na casa de Taeyeon. Ela lhe ajudou, claro.

E desde então os dois estavam planejando tudo.

Sequer parecia que mais de seis anos haviam se passado desde que se encontraram “sem querer” no shopping, porque de acaso não houve nada, já que Taeyeon e Yoora haviam armado tudo aquilo.

Não demorou para Seojun e Seoeon perguntarem se Chanyeol iria voltar a morar com eles, algo que não aconteceu nos primeiros anos, é claro, mas ele voltou a frequentar a casa dos Byun com a desculpa de ver os meninos. Realmente, estava morrendo de saudade deles, mas foi o álibi perfeito para se aproximar aos poucos de Baekhyun, até o segundo primeiro beijo no meio da noite, bem parecido com o que haviam trocado pela primeira vez, na sala de casa.

Depois teve o primeiro encontro, a primeira transa, as coisas acontecendo devagar, cada qual no seu lugar, o pedido de namoro, a primeira briguinha boba por ciúme, que por incrível que pareça, partiu de Chanyeol.

Mas aquele sentimento, todo o amor, esteve sempre presente em seus corações, mesmo com tantos anos afastados um do outro. Depois teve o primeiro eu te amo, primeira certeza que daquela vez seria para sempre, o pedido para morarem juntos novamente e, um ano depois, o pedido de casamento.

Então estavam ali, mais felizes do que poderiam imaginar, cuidando de dois adolescentes que até eram bem normais para idade, mas tinham umas crises de identidade por serem muito diferentes e ao mesmo tempo, muito iguais.

Seoeon era bem estudioso, focado e gostava das coisas arrumadas no seu devido lugar. Seojun era bagunceiro, do time de futebol da escola, bem popular e inconsequente. Mas em momento algum haviam deixado de ser melhores amigos, e aquilo fazia de Baekhyun o pai mais orgulhoso do mundo.

Sabia que era complicada essa coisa de adolescência e corações apaixonados, por isso não culpava tanto Seojun por estar chateado. Kyungsoo ligou para ele naquela tarde avisando que estava tudo bem, eles haviam visto um filme, Seojun comeu dois sacos de pipoca de micro-ondas e estava levando-o para casa.

 

Baekhyun voltou exausto, no fim daquela tarde, mas conseguiu sorrir ao ver Chanyeol com um avental florido, finalizando o jantar. Seoeon estava ao seu lado, ajudando-o na cozinha e, mesmo emburrado, Seojun colocava a mesa.

Sempre deixavam os domingos para jantarem juntos, era tradição de família, já que com a correria da semana quase não tinham um tempo de ficarem juntinhos. Com uma comidinha gostosa descansando na barriga, Seojun ficou mais feliz, nada deixava o garoto mais alegre do que comer.

Eles conversaram sobre várias coisas, menos sobre os pares de dança para o casamento. Seojun, Seoeon e Chanyeol começaram a rir de Baekhyun que ficou bastante preocupado.

— Eu ainda acho que deveriam ficar na casa do Soo, ou do Nini.

— Papai, temos dezesseis anos, pelo amor de Deus.

— E é só uma semana.

— Quem fica só uma semana em lua de mel? — Seoeon revirou os olhos. — Eu cuido da casa, não deixo o Jun quebrar nada, prometo.

— Hey, eu sou o mais velho.

— Por alguns minutos, gênio.

— Não muda o fato.

— Eles vão destruir nossa casa se ficarem aqui sozinhos, Chan.

— Nem se preocupa com nosso bem-estar! — dramatizou Eon. — Só quer saber da casa.

— Claro que eu me preocupo, quero ter dois filhos inteiros quando voltar, e um lugar para morar seria uma boa também, se não for pedir demais. — olhou para os filhos que riam de toda preocupação de Baekhyun, ele sempre era certinho demais.

— Eles vão limpar a bagunça da festa antes da gente voltar, não é? — Chanyeol riu baixinho ao ver Seojun arregalar os olhos.

— Festa? Nada de festa! Adolescentes em uma casa sozinhos, claro que iria ter festa, vou ligar para Kyungsoo.

— NÃO, APPA! Vamos nos comportar na próxima semana, eu prometo. — Seojun disse, sem negar a festa, de fato.

— Eles vão quebrar nossa casa, Chanyeol, voltaremos para um ambiente pós-apocalíptico.

Todos riram do drama de Baekhyun, ele era um pai bastante descolado, que nem ligava tanto assim se houvesse uma festa, na verdade até imaginava que Seojun faria aquilo, e já tinha combinado com Kyungsoo para ele parecer fardado e com a arma na cintura para assustar os meninos, seria hilário. Sehun iria filmar tudo.

— Aproveite Paris e relaxe, appa!

— Paris, nada mais clichê para uma lua de mel. — Seoeon reclamou, ainda indignado por não terem ido para as lindas praias de Ibiza como sugeriu.

Mas aquela uma viagem surpresa em família que estavam programando para o final do ano, com todos, inclusive seus amigos.

— Vamos aproveitar. — Chanyeol sorriu para os garotos, eles partiriam logo depois da festa, pois a cerimônia seria de manhã, a festa de tarde e pegariam o avião de noite no sábado, voltando apenas no domingo da outra semana.

Faltavam apenas cinco dias para o casamento, e todos estavam empolgados. Seoeon e Seojun amavam Chanyeol, e queriam que seu pai fosse muito feliz com ele.


 

(...)


 

— Eon! — choramingou Seojun, ele estava parado ao lado do armário do irmão, que pegava os livros para a aula. Trajava o uniforme com o casaco do time de futebol por cima, seu ar descolado arrancava suspiros das meninas no corredor, enquanto Seoeon revirava os olhos.

— Jun, eu cansei!

— Mas…

— Eu não sou um telefone sem fio pra ficar mandando recado de um lado para o outro, fale com ela, poxa, qual o problema?

— O problema é que eu travo!

— Nos conhecemos a vida toda!

— E eu gosto dela desde que tínhamos sete anos, Eon, sabe disso.

— E desde os sete anos você me usa pra ficar mandando recadinhos, temos dezesseis, crie coragem nessa cara e, mais do que isso, deixe de ser safado!

— Não sou safado.

— Claro que não, todas aquelas meninas nas festas…

— Eu bebi demais.

— Ok, Michan é parecida comigo, ela se importa com as notas, com o futuro e você nunca vai conseguir nada com ela se ficar agarrado com uma menina diferente todo dia.

— Não faço isso.

— Claro, claro.

— Mas o que ela fala de mim?

— É segredo de amigos.

— Eu sou seu irmão, não temos segredos!

— Ah, é?

— Eon!

— Jun!

Eles exclamaram, um fulminando o outro com o olhar, antes do mais velho socar o armário e sair pisando duro pelo corredor. Seoeon também fechou o seu com força e foi para o outro lado, parecendo bastante irritado.

Não era do feitio dos dois brigarem, pois mesmo sendo de círculos de amizade diferentes, eles sempre estavam juntos na entrada da escola, conversavam pelos corredores, pareciam bastante amigos para irmãos.

Porém, daquela vez foi diferente e Michan abraçou os ombros do amigo, sussurrando que tudo ficaria bem, pois apesar de qualquer coisa, Seoeon era bastante sensível e odiava brigar com Seojun. E ver aquilo só deixou outro mais irritado, poxa, Eon sabia que ele gostava de Michan, qual o problema em ajudá-lo? Em dizer se Michan também gostava dele?

Eles ficaram o dia todo sem olhar um na direção do outro, Seoeon sentou de frente para Michan e Sook no intervalo, a mais nova era de outra sala, mas sempre ficava perto deles no almoço, fazendo Seoeon ficar todo coradinho com aquele sorriso bonito da menina. Michan ria e implicava com os dois, pois estava claro que se gostavam, mas não falavam nada por pura idiotice. Porém, quem era ela pra dizer algo, quando ficava olhando sobre o ombro para rir baixinho de Seojun que fazia barulho na mesa dos populares? Sempre desviando o olhar quando ela o pegava encarando-a?

Ah, a adolescência era complicada.

 

Já era quarta-feira, mas Seojun e Seoeon ainda estavam ignorando um ao outro. Baekhyun e Chanyeol estavam tão enrolados, trabalhando pela manhã e resolvendo os últimos detalhes do casório pela noite, que chegavam em casa com os olhos mais fechados do que abertos.

Sem falar que aquele era o tipo de coisas que pais não poderiam simplesmente mandar se abraçarem para ficar tudo certo, os dois precisam se acertar. Acontecia que a escola era um campo de guerra, e Seoeon com seu jeito mais acanhado e nerdzinho sempre teve uma fama de “afeminado”. Mas ninguém chegava perto dele por causa de Seojun, afinal, o garoto era popular e poderia colocar bastante medo se quisesse. Seoeon já havia sofrido alguns agressões verbais por aí, mas se mantinha forte, odiava ouvir que era protegido por seu irmão, mesmo sendo uma verdade.

Contudo, naquela semana, ficou claro para qualquer um ver que os dois estavam brigados, e essa foi brecha perfeita para os garotos que queriam sempre se mostrarem no “topo da cadeia alimentar” começarem implicar com Seoeon.

Nada que ele não pudesse ignorar e seguir em frente.

Porém naquele dia ficou no grêmio estudantil até mais tarde, pois estavam organizando o passeio escolar, e acabou se deparando com o corredor mais vazio que o normal.

Chanyeol havia mandado uma mensagem avisando que saiu mais cedo e poderia dar uma carona para os dois se quisessem, e como Seojun estava no treino do time, o mais novo arrumou seu material e seguiu até a quadra para avisá-lo sobre aquilo.

Todavia, foi interrompido no meio do caminho quando alguém puxou sua mochila com força para trás, fazendo com caísse no chão e os livros na sua mão se espalhassem.

O grupo de meninos arruaceiros, os “rebeldes” da escola, riam e chutavam os livros pelo corredor, enquanto Seoeon tentava se levantar, mas sempre era empurrado novamente para baixo.

Ele tentou revidar, Seojun fazia Karatê e às vezes tentava lhe ensinar algo de autodefesa, porém isso só irritou os meninos, que lhe insultavam de “viadinho” por só andar com meninas e “aquela aberração”. Aquilo tirou o garoto do sério, pois ninguém chamava sua Sook assim.

O Byun se levantou incrivelmente rápido e socou o garoto, que deu dois passos para trás com um corte nos lábios, mas depois voltou pronto para bater nele, que não conseguiu se mover, pois os outros dois haviam lhe segurado.

Seoeon fechou os olhos já sentindo a dor em seu rosto, algo que não chegou, só o barulho de alguém caindo. Quando deu por si, o garoto que estava prestes a lhe bater estava no chão com Seojun sobre ele, lhe enchendo de porrada. Os outros tentaram fugir, mas os amigos de time foram atrás deles, ninguém se metia com Seoeon.

Ele era como um anjo, ou um cupido para ser mais claro, entre os amigos do irmão. Sempre com conselhos amorosos, ou por se dar muito bem com as meninas da escola, conseguia o telefone delas para os garotos do time.

Todos o adoravam, não existia aquela coisa idiota “amigos do meu irmão”, eram uma mistura bastante doida e davam certo.

Seoeon puxou Seojun pelos ombros, pois se algum responsável visse aquilo ele estaria com problemas, e o encrenqueiro deu no pé, cambaleando pelo corredor enquanto o Byun mais novo catava seus livros ao lado do irmão, em um silêncio um tanto constrangedor.

— O que está fazendo aqui? Pensei que iria embora com Michan.

— Eu estava indo te chamar, a tia Tae ligou para elas procurarem sapatos, ou sei lá, e o Chan disse que nos daria uma carona. — Respondeu o mais novo dos irmãos

— Mas que droga, Eon, eu sempre te pedi pra me falar quando esses caras ficam implicando contigo.

— Obrigado, Jun, sério… mas eu não sou tão idiota assim, e eles eram três eu poderia me virar se fosse só um.

— Eu vi você socando ele, fiquei impressionado.

— Você quem me ensinou. — Seoeon riu baixinho, suspirando logo depois e olhando o irmão de esguelha. — Acho que já deu, né? Essa parada de irmãos que se odeiam não é comigo.

— Nem comigo.

— Ainda mais por causa da Michan, ela não sabe que é por isso nossa discussão, porque se soubesse…

— Já teria batido nossa cabeça uma na outra. — Seojun riu. — É só que, poxa... você ajuda todo mundo nessas coisas, porque não me ajuda com a Chan?

— Porque não precisa de ajuda, bundão… — Seoeon revirou os olhos. — É só tomar coragem nessa cara e falar com ela, Jun… É sério.

— Isso quer dizer que ela também gosta de mim?— o mais velho quis saber, praticamente pulando de um lado para o outro, todo feliz, fazendo o irmão socar seu braço de brincadeira e rir de como o mais velho era um crianção.

— É meio óbvio, idiota, eu só não queria que ela achasse que não poderia confiar em mim para contar essas coisas, poxa, a Chan é minha melhor amiga e você com essa boca grande com toda certeza vai contar que eu te disse sobre isso.

— Eu não vou, prometo!

— Quero ver.

— Então, você e a Sook estão como?

— Ah, nem vem…

— Qual é, ela é uma gracinha…

— Eles chamaram ela de aberração, acredita nisso?

— Esses babacas? Por isso socou ele?

— É…

Seojun e Seoeon viviam sem preconceitos nenhum, afinal, moravam com Baekhyun e Chanyeol, e desde de cedo o pai deles havia ensinado sobre amor, respeito, aceitação. Independente de Sook ser uma menina trans, era uma menina e uma amiga para os dois.

Quer dizer, bem mais que amiga para Seoeon, que sempre teve seu coraçãozinho aberto para os sentimentos, sem qualquer tipo de receio. Se encantando com a menina que adorava dançar por aí, com seus vestidos rosa, desde pequena.

— Sabe, eu posso te ajudar…

— Como?

— Sei lá, te trancando com ela no banheiro na festa.

— Do casamento?

— Não, na que eu vou dar semana que vem.

— Você sabe que o papai vai nos matar.

— Vai nada, vamos arrumar tudinho.

— Sei…

E ele seguiram ainda conversando até o portão, onde Chanyeol estava aguardando no carro, pois nenhum briga era grande o bastante para afastá-los.

Como estava tarde acabaram passando em um restaurante de comida japonesa e pediram o jantar para viajam. Mandaram uma mensagem para Baekhyun sair mais cedo do trabalho, pois estavam passando lá na empresa dele para pegá-lo.

No fim do dia, os quatro acabaram no sofá, com caixinhas de comida sobre a mesa e rindo de um filme qualquer.

Seojun e Seoeon não precisavam ficar pedindo desculpas, ou nada do tipo, eles se entendiam como mais do que irmãos, eram melhores amigos. Haviam crescido precisando um do outro quando perderam tudo, e mesmo que Baekhyun seja um ótimo pai, eles sempre teriam uma parte que se lembraria — apesar de ter se tornado mais uma sensação do que uma lembrança concreta com o passar dos anos — de que eram a última memória um do outro da família que já tiveram um dia.

 

(...)


 

Seojun queria se manter forte por Michan, viu a garota abraçada a Sook enquanto as duas se debulhavam em lágrimas, e não queria parecer um chorão. Não que Seoeon fosse um chorão, mas bem, ele era sim. Estava agarrado ao braço do irmão, vendo Baekhyun e Chanyeol — agora, seus dois pais — jurando amor e fidelidade um ao outro. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza.

Estavam ao lado do Byun mais velho, no altar. Ali também estavam Yoora, Taeyeon, Sehun, Jongin, Kyungsoo e Yifan. E quase todos choravam.

Era uma cena muito bonita, até Baekhyun havia chorado no casamento de Sehun e Jongin, então no próprio, nem se fala. Toda fachada de durão caiu por terra enquanto os olhinhos caidinhos cintilavam de amor, e cheios de lágrimas, por seu grandão. E Chanyeol? Bem, ele sempre seria uma criança crescida, que nem tentava conter os soluços de felicidade, ao dizer “sim” de forma tão empolgada que todos que assistiam a cerimônia precisaram rir.

Fizeram juras de amor, disseram palavras bonitas e depois deram um selinho acanhado após trocarem alianças. O casamento gay era uma novidade ainda no país em que moravam, mas nada deixava Baekhyun mais feliz do que pode ser ele mesmo, ter sua família ao invés de fingir sentimentos como precisou fazer quando estava lutando pela guarda de seus filhos.

 

A cerimônia foi no próprio salão, então ao passarem pelo corredor de convidados, uma chuva de arroz caiu sobre os recém casados e todos seguiram para o segundo andar do lugar, onde as mesas estavam dispostas de forma bonita, enquanto o casal, os padrinhos e madrinhas ficavam na mesa principal, ao passo que os convidados iam um por um falar com eles, desejar felicidade e prosperidade.

Houve também uma homenagem aos noivos, e no meio desta, Baekhyun precisou agradecer seu irmão por ser uma pessoa maravilhosa. E dessa vez, ao ver as fotos dos pais biológicos, Seojun não conseguiu conter as lágrimas e Michan o abraçou, sussurrando que tudo ficaria bem. Foi nesse momento, munido de uma parca coragem e com as palavras de Seoeon em sua cabeça, que o Byun disse:

— Chan, você vai dançar comigo?

— C-como?

— A valsa, sabe?

— Mas o Eon…

— Ele vai com a Sook.

— Sério? — a Kim olhou os amigos desconfiada, eles trocavam sussurros baixinhos ao seu lado. O mais novo dos gêmeos ainda estava bastante choroso.

Seoeon não havia lhe falado nada daquilo, e com os anos, aprendeu a desconfiar das brincadeiras de Seojun, mas ele parecia tão… bonito daquele jeito, todo envergonhado devido as próprias emoções que a garota não resistiu ao seu sorrisinho pequeno.

— É, acho que devemos ajudá-los, não? — respondeu, risonha.

— É, pode ser.

E assim que Baekhyun e Chanyeol se levantaram, para a valsa principal do casal, todos ficaram abismados em como eles se conectavam e ficavam lindos juntos. Mas os recém casados só conseguiam enxergar um ao outro, nada mais.
Onde havia sido a cerimônia, se tornou a pista de dança, no primeiro andar, então todos conseguiam observá-los de cima.

No meio da música, quando Sehun puxou Jongin para acompanharem os amigos, Seojun tomou a mão de Michan, sem dar tempo de Seoeon reclamar ou falar qualquer coisa, a garota riu do jeito afobado, seguindo-o com passos apressados. Seoeon fuzilou Seojun com o olhar, mas ele apenas apontou para Sook com a cabeça, e meio sem jeito, sem saber o que falar, o mais novo dos irmãos estendeu a mão para a menina, que usava um vestido lindo em tom lilás enquanto os fios estavam levemente cacheados, lhe dando um ar adorável e estonteante.

— Quer dançar comigo, Sook?

— Eu pensei que não iria chamar, Eon. — a garota se levantou rapidamente, puxando-o para si e jogando os braços ao redor dos seus ombros, sorrindo toda atrevida com o rostinho corado de Seoeon.

Foi possível ver também Yifan implorando, com uma carinha de pidão, para Kyungsoo dançar só uma vez com ele, só umazinha. Enquanto o policial bufava e era arrastado para pista com o maior, e tentava controlar o sorriso bobo em seu rosto ao apoiar a cabeça nos ombros largos do Wu, sem dar o braço a torcer.

Taeyeon dançou com Minseok, seu irmão, e Luhan com Yoora, depois eles trocaram de casal fazendo as duas mulheres sorrirem orgulhosas por terem juntado novamente os recém casados que deslizava pela pista de dança.

E a tarde foi tão mágica como nos filmes, era um daqueles raros episódios na vida em que nem a ficção mais açucarada conseguia ser comparada com a real felicidade do momento. Parecia improvável, mas momentos assim existem.

O casamento de Baekhyun e Chanyeol foi comemorado entre amigos, e quando a música acabou, os mais velhos pediram licença, sem se importar nem um pouco em atrapalhar aquele momento único e cheio de alegria dos pequenos casais. Baekhyun puxou Seojun para dançar consigo, e Chanyeol rodopiou Seoeon enquanto as meninas riam da cara emburrada de Jun, que queria continuar bem pertinho de Michan, já Eon havia entrado na brincadeira, valsando com o Park, quer dizer, o Byun.

A troca de pares em cada música foi essencial e imprescindível.

Yoora e Chanyeol tiveram uma dança também, enquanto Baekhyun valsava com Taeyeon. Depois foi a vez de dançarem com Yifan e Kyungsoo, respectivamente. O Do sussurrou, bem baixinho, no ouvido do melhor amigo o quanto o amava e foi respondido sinceramente. Era uma das poucas vezes em que eles expunham aquilo, como dois orgulhosos que eram, afinal. E Kyungsoo, naquele momento, conseguiu falar sobre amor fraternal verdadeiramente, queria Baekhyun feliz, assim como este queria o Do feliz com Yifan.

O Byun e o Wu não eram melhores amigos, nem nada do gênero, mas havia nascido um respeito mútuo por todo amor que eles davam aos seus melhores amigos, respectivamente.

Que mundo pequeno, não é mesmo?

Os recém casados também dançaram com Michan e Sook, enquanto Seoeon puxava Seojun para ficar consigo, e deixar seus pais orgulhosos daqueles dois irmãos unidos, apesar de Seojun ainda estar reclamando que queria estar dançando com Michan, não com nenhum deles.

Eles dançaram, dançaram e dançaram.

Não demorou muito para o DJ mudar para músicas agitadas, a pista de dança se tornou uma bagunça e foi a vez dos mais novos se empolgarem, balançando os corpos de forma agitada enquanto Sehun sentia o coração apertado ao ver sua menininha tão bonita e crescida.

Era um pai muito coruja e ciumento.

 

E mais tarde quando Baekhyun e Chanyeol se despediam dos convidados, pois o carro que os deixaria no aeroporto havia chegado, ele abraçou os filhos, enchendo-os de beijos e avisos.

— Nada de ficar acordado até tarde.

— Ok.

— E comam algo saudável! Tem algumas coisas prontas no freezer, mas podem almoçar na casa da Tae, da Yoora, do Nini ou do Soo.

— Ok, papai.

— E fique longe das minhas panelas, Jun, se for fazer comida deixa o Eon fazer.

— Hey, Chan, assim me ofende.

— Da ultima vez você queimou elas fazendo pipoca, quem queima três panelas fazendo pipoca? — O maior se indignou de brincadeira, arrancando risadas de todos.

— Não chegue perto do fogão, Jun, queremos vocês vivos e uma casa intacta, ok?

— Ok, papai, agora tchau… vai, senão vai perder o avião!

Baekhyun sentiu o coração apertar em ficar uma semana longe de seus filhos, mas assentiu, ansioso para a lua de mel ao lado Chanyeol. Deu mais uns beijinhos nos garotos, acenou para os amigos depois sorriu para o marido, entrando no carro e se aconchegando nos braços quentinhos, estavam muito cansados do dia agitado.

 

Enquanto observava o automóvel sumir, Seoeon e Seojun sorriram um para o outro, estavam muito felizes com a família que tinham. Mesmo que houvessem passado por muita coisa, perdido os pais, se adaptarem ao tio, a Chanyeol e a uma nova realidade, eles não poderiam pedir outra vida. Eram completos, tinham o apoio dos pais, um do outro e os corações abertos para se apaixonarem perdidamente como bons adolescentes.

Sentiam que viveriam quase um felizes para…

 

Não, espera.

Não era, de fato, um feliz para sempre.

Porque, na semana seguinte Kyungsoo realmente apareceu fardado na casa de Baekhyun, desligando o som e fazendo Seojun morrer de vergonha enquanto ele ameaçava prender todos naquela “festinha ilegal” que estava rolando. Sehun filmava atrás, gargalhando da cara do menino, até ver Sook e Seoeon abraçadinhos demais na pista improvisada da sala de estar, e seu lado de pai ciumento falou mais alto, fulminando o garoto com o olhar.

Aquelas caras assustadas eram impagáveis, e posteriormente, todo o natal Chanyeol e Baekhyun passariam aquele vídeo só para implicar com os filhos e rir um pouco deles.

Mas apesar disso tudo, era assim que aquela família funcionava, não era a “padrão” e nem lá muito normal, mas perfeita para todos os envolvidos, e eles continuariam se amando, se metendo em confusões e implicando uns com os outros por quanto tempo o destino permitisse.


 


Notas Finais


Bem, eu tenho uma relação de amor e ódio com essa fic né...
Eu amo o que eu fiz, e ao mesmo tempo, eu constantemente me questiono se fiz o certo. Pq às vezes de tanto falar a gente começa a pensar né, que o erro é nosso e não dos outros. Mesmo tendo certeza das minhas convicções é difícil. Tipo, é difícil que mesmo depois de tanto tempo eu ainda receba comentário falando do chanyeol uke ou sobre algo do final, e assim..........
Eu demorei para conseguir voltar aqui e responder os comentários do último capítulo mas eles me ajudaram bastante, então muitoooooooooo obrigada pelo carinho de vocês, serio mesmo <3

Sempre estarei aberta para críticas construtivas, mas se você chegou aqui só para comentar: "que bosta de extra", "que bosta de fic", "que bosta de história" eu te peço, NÃO COMENTE.
Eu nunca pedi para ninguém favoritar, comentar ou me seguir, sabe? Se não gosta do que eu escrevo, é fácil, me ignora... desfavorita a fic, deixa de me seguir, me bloqueia aqui no spirit, entende? Esquece que eu existo, mas não vem bostejar nos meus comentários não, ok?

Esse extra é para quem realmente gosta da fic e eu queria dar um gostinho para os meus amores de como o Seojun e o Seoeon cresceram, tá? Combinado assim?

É isso! Não está betado, então me perdoem os erros depois eu releio :))

Meu twt é ~Byun_re, qualquer coisa podem falar comigo lá!

Beijinhos!


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