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História Confused Feelings of an Earl - A culpa e um funeral.


Escrita por: Milynha_Sh

Notas do Autor


Enton, estou eu aqui postando esse cap mais morta do que viva, mas é isso aí, vamos que vamos, que o segredo é não desistir!!!

PS 1: Tenho o recado nas notas finais.

PS 2: Estou postando pelo celular, então não reparem se o texto sair desconfigurado.

Capítulo 22 - A culpa e um funeral.


Fanfic / Fanfiction Confused Feelings of an Earl - A culpa e um funeral.

Já fazia algum tempo que Vincent estava parado em frente à porta do necrotério, criava coragem para entrar e fazer o reconhecimento do corpo de sua esposa. Ele ainda não conseguia acreditar que isso estava acontecendo, e no fundo, alimentava uma pequena esperança daquele corpo ser a outra pessoa. 

“Sei que o momento é difícil...” Disse o detetive que o acompanhava. “Mas nós precisamos entrar.”

“Eu sei.” Foi então que ele se lembrou da existência do outro homem. Abriu a porta e respirou fundo antes de entrar na sala. ‘Por favor, que não seja ela’. 

“Pois não?” O legista de plantão veio até eles.

“Viemos fazer o reconhecimento do corpo da mulher queimada.” O detetive mostrou seu distintivo. Eles haviam identificado Charlly por causa dos documentos dela no porta-luva do carro.

“Certo.” O legista caminhou até a maca que ficava no canto esquerdo da sala, indicando que os dois o seguisse. “É está aqui.”

Vincent sentiu o coração disparar quando o senhor levantou o lençol. Ele chegou mais perto e olhou para o corpo. Foi então que tudo girou. Apesar das queimaduras graves e o rosto quase desfigurado, ainda assim não havia como se ele confundir, aquela era Charllote. Era sua esposa.

“É ela.” Ele deu um passo para trás, tentando se acalmar. Estava sem chão.

“Obrigado.” O detetive indicou a porta de saída ao médico. “Você precisará assinar alguns papéis para a liberação do corpo e depois iremos interrogá-lo na delegacia. O seu depoimento será importante para as investigações.” 

“Ainda não sabem quem fez isso?” Vincent se sentia anestesiado, como se a ficha não tivesse caído. Ele estava viúvo agora. Viúvo. Era uma informação difícil de processar.

“Infelizmente não.” O detetive negou. “Sua esposa é a décima segunda vítima e ainda estamos tentando encontrar uma ligação entre elas para chegarmos a um suspeito. Por isso é imprescindível o seu depoimento.”

“Entendo.” Vincent enrijeceu o maxilar, lembrando-se do rosto desfigurado de sua mulher, imaginava as barbaridades que ela passou. 

Como alguém era capaz de um ato tão cruel? E porque justo com Charlly, uma pessoa que nunca havia feito mal a ninguém? Tinha vontade de fazer justiça com as próprias mãos, mesmo que isso o fizesse passar o resto da vida na cadeia depois, mas sabia estar impotente.

Uma chamada de Ciel apareceu no visor do celular. Não havia entrado em detalhes com ele sobre o telefonema do departamento de polícia, mas, agora com a morte confirmada, ele não fazia noção de como daria a notícia ao rapaz. A única certeza que tinha era de que seria por telefone. 

Ele deixou a ligação cair na caixa postal e entrou em seu carro, seguindo a viatura até a delegacia.

***

Ao chegar em casa, Vincent permaneceu algum tempo dentro do carro, formulando uma maneira de dar a notícia a Ciel. Parecia viver um daqueles pesadelos onde demoramos a acordar, era desesperador. Mas infelizmente não era um pesadelo, era a realidade. Sua esposa estava morta e não voltaria mais para casa. 

Um lugar na cama ficaria vazio, assim como também uma cadeira na mesa. Não haveria mais o frango duro no jantar dos fins de semana, nem o melhor bolo de chocolate de todos. Não ouviria mais sua risada escandalosa ecoando pela casa, nem as piadas sobre seu samba-canção. Não haveria mais sua presença insubstituível.

Foi nesse momento que a ficha definitivamente caiu, desarmando todas as suas armaduras. Não encontrando mais forças para se conter, ele encostou a testa no volante e começou a chorar. Esteve prendendo o choro desde que saiu do necrotério, porém a dor agora chegava a um nível insuportável.

Após se acalmar um pouco, Vincent limpou o rosto e respirou fundo. Não adiantava ficar procurando a melhor forma de dar aquela notícia, até porque não havia uma melhor forma para anunciar a morte, nenhuma palavra era capaz de diminuir o sofrimento que vem em seguida. Só o que poderia fazer agora era ser forte, por ele e por Ciel.  

***

Assim que a porta abiu, Ciel correu para ela, vendo apenas seu pai entrar em casa. Notou que ele tinha os olhos vermelhos e inchados, indicando haver chorado. E ele nunca antes viu seu pai chorar por qualquer coisa. “Onde está a mamãe?”

Vincent abriu a boca, mas sua voz não saiu. Céus, como estava sendo difícil se manter calmo. Ele foi até o sofá e sentou. “Sente aqui do meu lado.”

“Você está começando a me assustar.” Ciel disse nervoso, sentando no sofá. “Porque a mamãe não veio com o senhor?”

“Filho... Como eu posso dizer isso...” O médico se sentia perdido, não sabia como iniciar o assunto. Isso era um milhão de vezes mais difícil do que dar a notícia aos parentes dos pacientes que morriam em mesa de cirurgia. 

“Fale de uma vez o que está acontecendo!” Ciel se exaltou.

“Eu... Eu sinto muito, sua mãe não voltará para casa...” Vincent esfregou as mãos na calça para limpar o suor que se formava nelas. “Antes de ir para a delegacia, eu estive no necrotério e... Bem...” 

Os olhos de Ciel começaram a lagrimar. Como assim necrotério? Ele não queria nem pensar nisso. “Vou perguntar pela última vez, onde ela está a minha mãe?”.

“Sua mãe está morta.” Vincent foi direto. “Aquele telefonema era para ir fazer o reconhecimento do corpo dela.”

Ciel ficou sem chão. A palavra morta ecoava repetidas vezes por sua mente. Queria acreditar que essa fosse apenas uma brincadeira de mau gosto, mas sabia que seu pai jamais brincaria com algo assim. “Como assim?”

“Ela foi uma vítima dos casos de incêndio.” O médico explicou.

“Ela foi queimada?” Ciel foi tomado pelo choque. Depois veio o ódio, a raiva, a revolta. Queria matar quem fez aquilo e de uma forma tão cruel que até o próprio diabo sentiria pena. “Já prenderam o desgraçado que fez isso?” Foi inevitável chorar.

“A polícia ainda não achou o assassino.” Vincent ainda estava inconformado com isso.

“E como ficará? Esse maldito sairá impune?” Ciel se exaltou. A única coisa que passava por sua cabeça era vingança.

“Ninguém sairá impune, okay? Eu sei o que você está sentindo, eu também estou inconformado, mas a única coisa que podemos fazer agora é entregar nas mãos das autoridades.” O médico tentava ser racional.

“Mas, e se não acharem?” Ciel levantou do sofá aos prantos. Eram tantas coisas que estava sentindo que não conseguia se concentrar em uma só. 

O que faria sem sua mãe? Era impossível imaginar sua vida sem ela, sem as brincadeiras sem graça, sem os conselhos inconvenientes, mas cheios de fundamentos. Não a encontraria mais pela manhã preparando a mesa para o café, nem comeria mais de sua comida sem sabor, que agora certamente faria grande falta. 

Ele não teria mais em seu lado a amiga, conselheira e cúmplice de todas as horas. Charlly fora tudo isso e um pouco mais, e só agora em sua ausência foi que ele reconheceu isso de forma plena. Era injusto e ele não conseguia aceitar a perda. 

A revolta quereria sufocá-lo. É certo que pessoas morrem a todo momento, e numa ordem cronológica, já se espera que os filhos enterrem seus pais, mas uma coisa é perder alguém de forma natural, outra bem diferente é perder alguém ainda jovem e sádio, e de uma forma tão brutal. Era uma revolta sem tamanho.

“Ciel, olhe para mim.” Vincent segurou o rosto do filho. Apesar das lágrimas, o olhar de Ciel era frio, diria que até sombrio. “Eu sei que não vai ser fácil, mas nós precisamos ser fortes. De alguma forma nós ficaremos bem, faremos isso por sua mãe.” 

Vincent falava isso mais para acalmar a si mesmo, pois encontrava-se totalmente perdido. Charlly era o esteio da casa, e agora sem ela, a sensação era de que a qualquer momento o teto poderia desabar. Ele precisava ser forte e seguir em frente, afinal, faria o papel de pai e mãe de agora em diante. Sabia que Charlly faria o mesmo em seu lugar.

***

A capela estava cheia de amigos e colegas de trabalho da promotora, todos ainda surpresos com sua morte repentina. Vincent se mantinha próximo do caixão e se encarregava de receber as condolências, poupando Ciel desse suplício. 

Dessa vez ele acabou por deixar o filho aos cuidados do namorado, pois acreditava que Sebastian ficaria de olho nele para que não cometesse nenhuma besteira. O comportamento compenetrado de Ciel começava a preocupá-lo.

“Tem certeza que não quer descansar um pouco? Você passou a madrugada acordado.” Sebastian cochichou no ouvido de Ciel. 

“Eu estou bem.” Ciel respondeu seco. Por mais cansado que tivesse, era lógico que não sairia de perto do corpo de sua mãe enquanto não a enterrassem.

O demônio apenas suspirou, resolvendo não insistir. Esteve apoiando Ciel desde o momento em que ele ligou pedindo para que fosse à sua casa, e, apesar de saber do que se tratava, ele fingiu total surpresa. No decorrer do funeral, ele se manteve atento a cada reação do rapaz, podendo sentir todo o sofrimento que emanava dele. Sebastian estaria mentindo se dissesse que não sentiu um mínimo prazer com isso.

Então essa seria uma prova de quem seria o ex-conde sem um contrato na vida passada? No final das contas, apenas um humano comum sofrendo pela morte dos pais. Não! Mesmo agora, Ciel era diferente. Aqueles olhos vermelhos, que lutavam para se manterem secos, eram a prova de que ele se esforçava para ser forte na frente dos outros. Apesar de ter caído em prantos antes de sair de casa, ao chegar à capela Ciel não soltou mais nenhuma lágrima. 

“Pegue um copo com água para mim.” Ciel pediu, prender o choro deixou sua garganta seca. “E não demore.”

“Não demorarei.” Sebastian o beijou na testa, sentindo um prazer egoísta por saber que sua presença trazia segurança para o menor. 

Ciel observou o namorado se afastar, então olhou para Vincent que se encarregava de receber os pêsames das pessoas. Ele sabia que deveria estar ao lado de seu pai nesse momento, afinal, não estava sendo fácil para ele também, mas ele não tinha estrutura para isso, não nesse momento.

“Ciel?” Yan veio até ele. “Eu sinto muito pelo que aconteceu.”

Nesse momento, Ciel não resistiu em abraçar o amigo, nem esperando ele terminar de falar. Yan era quase um irmão e a presença dele era reconfortante nessa hora. Não era preciso fazer cerimônia na frente dele, nem esconder sua dor, Yan já o conhecia o suficiente para saber como estava se sentindo, mesmo que tentasse não demonstrar.

O baterista retribuiu o abraço. “Não vou dizer que imagino a dor que você está sentindo, pois só estando no seu lugar para saber, mas quero que saiba que eu estou aqui para o que precisar.”

“Eu sei.” Ciel sabia que poderia contar com o amigo a qualquer momento. “Obrigado por vim.”

“Não precisa agradecer, é o mínimo que poderia fazer.” Yan assentiu, afagando seus cabelos.

Depois de alguns minutos observando aquela cena, Sebastian resolveu intervir. Pelo jeito aquele maldito humano ainda possuía grande importância para seu bocchan, pois na frente dele, Ciel tirou a máscara. 

O demônio suspirou. A morte de Charlly poderia aumentar ainda mais o elo entre os dois, pois Ciel procuraria consolo nos ombros do baterista quando não estivesse por perto. Não que ele considerasse Yan uma ameaça, mas sua necessidade de monopolizar o ex conde era maior que qualquer coisa.

“Aqui está sua água.” Sebastian chamou a atenção dos dois. “Olá.” Cumprimentou o baterista apenas por educação. 

“Oi.” Yan também foi seco. De algum modo, ele sempre sentia uma sensação ruim na presença de Michaelis. “Eu irei cumprimentar seu pai. Com licença.”

“Esta bem.” Ciel assentiu, esperando ele se afastar. “Obrigado por isso.” Disse ao demônio.

“Pelo quê?” Sebastian arqueou uma sobrancelha.

“Por não ser ríspido com ele por causa da confissão.” Ciel encostou a cabeça em seu ombro. Estava esgotado em todos os sentidos.

“Há um momento para tudo, e esse não é o momento mais oportuno para isso.” O demônio deu de ombros, escutando a conversa de Vincent com Yan. Seu querido sogro não tratava o rapaz com a mesma aspereza que o tratava, e, isso o irritou ainda mais irritado, sua tolerância com aquele moleque já estava por um fio.

***

Ao final da tarde o enterro foi realizado, sendo o momento mais difícil para Vincent e Ciel. Era a despedida final, a certeza de que Charllote iria embora para sempre. Ao mesmo tempo que era doloroso, era também um alívio chegar ao fim de todo esse ritual, todos estavam esgotados e necessitavam de descanso.

“Eu vou esperar o senhor no carro.” Ciel segurou no ombro o pai. Tinha percebido que Vincent precisava de alguns minutos a sós para se despedir da esposa.

“Obrigado, eu não demoro.” Vincent não queria desabar na frente do filho, ao contrário, queria ser o consolador, e não o consolado. 

Assim que se viu sozinho, ele finalmente deixou o choro sair, chorava tanto pela dor quanto pela culpa. Sim, havia também o maldito remorso pesando em sua consciência.

Enquanto mantinha um diálogo mental, na esperança de que Charlly pudesse ouvi-lo de onde estivesse, ele perdeu a noção do tempo em que passou ali, não notando quando as primeiras estrelas começaram a aparecer no céu, tampouco que alguém se aproximava.

“Sinto muito pela sua perda.” Undy se aproximou do túmulo e colocou uma rosa branca em cima.

“Será que sente mesmo?” Vincent não tinha a real intenção de ser cruel, mas seu estado emocional não deixava medir as palavras. Além disso, achava um desrespeito o amante está ali.

Undy desconsiderou o comentário, compreendia com o médico. “Você está abalado, por isso fala assim”. 

‘Logo passa!’ Ele pensou, contemplando as estrelas que se tornavam mais vividas. 

Achava impressionante como humanos se tornavam tão instáveis diante da morte, repensando tardiamente em todas as falhas que cometeram ao longo da vida. Era um comportamento interessante a seu ver, principalmente por saber que o tempo atenuava esses conflitos e logo eles estavam cometendo os mesmos erros de antes, esquecendo-se da culpa e arrependimento de outrora. Era apenas uma questão de tempo para o cardiologista superar a perda e seguir em frente.

Vincent mordeu a parte interna do lábio inferior, Undy estava certo. Ele só o destratava porque Charlly estava morta, caso contrário, ainda estaria tendo um caso com ele sem remorso algum. “Ela merecia alguém melhor que eu.” 

“Ninguém é perfeito, Vincent.” Undy colocou as mãos no bolso, reprimindo um sorriso de aparecer. No final das contas o médico estava certo, ele não sentia nem um pouco pela morte de Charlly, não por não gostar dela, pois na verdade até simpatizava, mas porque sendo um ex-ceifador, a morte era um processo tão natural e essencial quanto a vida. Era algo belo e precioso. “Você fez o melhor que pôde como marido e como pessoa. Não se culpe.”

“Essa psicologia barata não vai mudar a minha opinião.” Vincent sabia que o legista falava aquilo apenas para consolá-lo, chegava a ser conveniente para ele já que agora o caminho estaria completamente livre. “Acho melhor não nos veremos por um tempo.”

“Você vai se afastar de mim outra vez?” Undy o olhou pelo canto dos olhos, já esperava essa reação.

“É compreensível, não acha?” O médico passou as mãos pelos cabelos. Precisava ir embora, estava escurecendo e Ciel já o esperava a um bom tempo.

“Independentemente de qualquer coisa, eu ainda continuo sendo seu amigo.” Undy frisou. “Lembre-se disso se precisar de alguém para conversar.”

Vincent ficou observando o legista se afastar, concentrado especificamente nos longos cabelos balançando com a brisa fresca do anoitecer. Ele não sabia como ficaria a relação deles de agora em diante, aliás, não tinha certeza se ainda existiria uma relação, a única certeza que tinha, era que precisava de um tempo para si mesmo, curar a ferida em seu peito e então decidir o que fazer de sua vida.



Notas Finais


Recado:

Lancei uma nova fic, caso alguém esteja interessado em ler o link está logo abaixo. Só um aviso, o conteúdo da história é pesado e não indicado a pessoa sensíveis.

https://spiritfanfics.com/historia/broken-10529768

BJ's amores, mamãe ama vcs ^,^


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