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História Connected: BTS Fanfic - Lúcifer faz sua aparição na Universidade do Satanás


Escrita por: marolafics

Notas do Autor


Quase atrasada, porém a tempo.
<3

Capítulo 11 - Lúcifer faz sua aparição na Universidade do Satanás


Jungkook P.O.V

Acordei com alguns barulhos vindos da cozinha. Pisquei os olhos algumas vezes, tentando me acostumar com a claridade — esqueci-me de fechar as cortinas na noite anterior. Estranhei a súbita agitação às seis da manhã. A casa normalmente não acordava tão cedo.

Vesti uma blusa antes de sair do quarto, o som das vozes dos meus pais tomando forma. Eles estavam na cozinha, ambos sentados à mesa enquanto a Sra. Shin servia o café da manhã. Palavras tensas, embora ainda incompreensíveis, ecoavam no recinto. Aproximei-me lentamente, sem alama-los com a minha presença.

— Não acho que Jungkook esteja pronto para se encontrar com pretendentes — entreouvi minha mãe dizer, dando um gole em um suco verde com a aparência doentemente saudável. — Ele deve escolher sua própria noiva.

— Bobagem — meu pai respondeu. — Jungkook não sabe o que é melhor para ele. Se não fosse por nós, estaria cursando fotografia e condenado a viver igual ao tio.

Revirei os olhos. Sempre detestei a forma com que se referiam ao meu tio.

— Não fale assim do seu irmão — minha mãe repreendeu. — Que Deus o tenha – murmurou.

— Hyesung nunca foi um bom exemplo para Jungkook — ele deu de ombros —, nem pra ninguém, você sabe.

Eles sempre se referiam ao meu tio de uma maneira desrespeitosa que me deixava verdadeiramente magoado, como se eu mesmo tivesse sido insultado.

— Ele foi um bom tio — o defendi, puxando uma cadeira para sentar.

— Jungkookah! — minha mãe limpou a garganta. — Onde você aprendeu a ouvir a conversa dos outros?

— Vocês estavam falando mal do tio Hyesung – acusei.

— Você sabe a minha opinião sobre ele — meu pai mordeu um croassaint.

— Ele sempre cuidava muito bem de mim.

Ele levantou a sobrancelha, questionando.

— Está dizendo que eu não cuido de você?

— Não – respondi imediatamente, com medo de irrita-lo; e logo em seguida, murmurei: — Mas o senhor passa mais tempo na empresa do que comigo ou com a mamãe.

Ela ficou perplexa.

— Não fale assim com seu pai! — ela deu um tapa no meu ombro. — Ele é um homem trabalhador e faz de tudo para nos dar uma boa condição de vida.

Meu pai cerrou os olhos, encarando-me.

— Você é um moleque ingrato e mal-educado.

— Parem os dois! — ela repreendeu. — Não podemos ter uma refeição em paz?

— Estou sem fome — declarei, me levantando.

Caminhei a passos rápidos até meu quarto, ignorando o chamado irritado da minha mãe. Tranquei a porta – me sentindo uma criança mimada na ação -, procurando me afastar dos dois. Ela até bateu à porta algumas vezes, mas eu não ouvi – coloquei meus fones de ouvido no máximo. De qualquer forma, sabia que não tardaria até que desistisse de chamar; ela tinha que estar no escritório às sete.

Suspirei, deitado na cama. Era em momentos como aquele que via o quão dependente do tio Hyesung eu era; sempre que havia uma briga em casa, iria até ele procurar por consolo. Ele se importava comigo de uma maneira diferente das outras pessoas da família. Não sabia bem por em palavras em que pontos ele era diferente, mas era como se, enquanto meus pais dizem ‘’Estude agora e ganhe muito dinheiro depois’’, ele dizia alguma baboseira reconfortante sobre seguir meus sonhos. Jeon Hyesung era o tipo de pessoa que sempre carregava um cigarro na mão — mas, quando estava na minha companhia, o trocava por sua câmera favorita.

Eu descobri por acidente, encontrando os papeis dos exames, e, fora eu e ele, ninguém mais sabia que ele estava com câncer no pulmão. Pedi inúmeras vezes para que largasse o cigarro, mas ele sempre respondia suavemente que era como parar de tirar fotos — simplesmente não conseguia.

Meu maior arrependimento era não ter contado – nem que para o meu pai – sobre aquilo. Talvez, se eu tivesse contado para alguém, ele teria sido forçado a parar de fumar, e então ainda estaria ali comigo. Seria o maior e se da minha vida.

Fechei os olhos com força, reprendendo-me por ter ficado tão emotivo.

Desde que nasci, nunca havia visto meu pai e ele se dando bem. Eram de uma família pobre e minha avó – que trabalhava como secretária na época - sempre pediu para que os dois fossem bem-sucedidos. Meu tio era o filho mais novo, e arriscou-se fazendo o que gostava: fotografia. Acabou não ganhando quase nada, mas estava sempre sorrindo. Ele não se casou, não teve filhos — se tornou uma repulsa para todos da família, menos para mim. Em seus últimos dias, não recebeu nenhuma visita no hospital além das minhas. Ele parecia ser feliz, embora não tivesse muitos amigos. Uma vez perguntei se ele se arrependia por ter arriscado e feito fotografia, e ele respondeu que não. Tirar fotos não era um risco, era uma certeza.

Ele disse que me amava.

E pediu para que eu nunca parasse de tirar fotos.

Eu prometi que sim.

 

Tomei banho e abri o guarda-roupa, pegando o moletom que Jimin me emprestara para devolvê-lo mais tarde. Uma lembrança súbita do meu amigo invadiu meus pensamentos. Depois da tentativa fracassada de humilhá-lo na frente de todo o refeitório — o que, graças à Choi Jinhee, não aconteceu —, Woobin devia estar muito irritado. Provavelmente procurando por alguém para descontar sua frustração. Eu me manteria mais alerta.

Vesti uma jeans rasgada nos joelhos e uma camiseta sleeve preta, com alguns desenhos brancos. Calcei um all star e coloquei minha mochila nas costas, encarando meu reflexo no espelho para ajeitar o cabelo.

Saí do quarto com o estômago roncando, decidido em passar em algum café no caminho. No momento em que abri a porta de casa, a Sra. Shin me chamou.

— Jungkookssi — seu rosto tinha rugas de preocupação, caminhando até mim —, o senhor não comeu nada. Sua mãe me pediu para cortar algumas frutas, para o caso de sentir fome - ela estendeu uma lancheira. — Por favor, coloque em sua mochila.

— Obrigado, Sra. Shin — sorri, embora soubesse que minha mãe não se preocupava se eu perdia uma refeição, mas ela sim. — Já vou indo, então.

Ela bagunçou meu cabelo antes de se despedir, voltando para a cozinha.

 

***

 

A Shinhwa não costumava ser barulhenta, apesar de estar sempre lotada. No entanto, naquele dia, tudo parecia um caos. O som de vozes estridentes espalhava-se pelo ar, uma grande comoção no meio dos alunos.

Aproximei-me de Jinyoung, um dos alunos mais inteligentes da minha sala. Era uma pessoa bem humorada, mas naquele momento parecia compartilhar a frustração que pairava na Universidade.

— Bom dia – sentei ao seu lado no banco. — O que está acontecendo? — apontei para a concentração de alunos na calçada em frente ao refeitório.

— Bom dia, Jungkookah — ele levantou os olhos para mim. — Parece que a Shinhwa vai ficar bem agitada hoje.

Apontou para a tela do celular.

— Estão comentando sobre a possível chegada do herdeirinho, o Jung Hoseok.

— Jung Hoseok? — franzi o cenho. — Mas ele faz faculdade em casa.

— Eu sei, você sabe, todo mundo sabe — deu de ombros. — Mesmo assim, surgiu um boato de que ele estaria de volta. Talvez seja alguma invenção daquele fansite que fizeram do F4.

— Hyung! — a voz de Jimin soou atrás de mim, sorridente.

Surpreendi-me ao perceber Yuri ao seu lado.

Jimin estava com uma camiseta branca e uma bermuda jeans, calçando um coturno marrom claro. Yuri usava um vestido listrado e um casaco de couro, e enquanto andava procurava por algo em sua mochila branca.

— Nos encontramos quando chegamos — ele falou, bagunçando o cabelo de Jinyoung. — O que está acontecendo?

— Tinha umas meninas histéricas no hall de entrada. — Yuri pegou seu celular na mochila.

Jinyoung deu uma gargalhada.

— Você deve ser a única garota que eu conheço que não é fanática pelo F4, senão saberia o que está acontecendo.

Ela lançou um olhar torto para ele.

— Não tem muito pra gostar neles.

— Oh, uma garota com bom senso neste lugar. Onde você esteve esse tempo todo?

— Pra falar a verdade, no Brasil.

Perto de onde estávamos, um monte de arquejos em uníssono se fizeram escutar quando uma Ferrari preta entrou no estacionamento. Reprimi a vontade de revirar os olhos quando começaram a tirar fotos.

— É o carro dele! — uma garota berrou. — Eu reconheço a placa!

O carro estacionou precisamente em uma vaga particular na frente do refeitório. Pude sentir a expectativa no ar enquanto as pessoas esperavam em silêncio para que os passageiros se mostrassem.

Kim Taehyung saiu primeiro, sorrindo. Ele mandou beijos para as garotas, tirando os óculos escuros do rosto de uma maneira dramática para fazer charme. Vestia um moletom bege e calças brancas. Em seguida, Jung Hoseok saiu do carro, seu semblante confiante e inabalável.

Ele usava um sobretudo preto e óculos escuros, caminhando para o refeitório.

Escutei Jinyoung dar uma tosse falsa.

— Parece que Lúcifer fez sua aparição na Universidade do Satanás.

 

 

Jin P.O.V

Acordei naquele dia com um pressentimento de que alguma coisa daria muito errado. Resolvi ignorar e levantei da cama para ir tomar banho.

Se ao menos soubesse o que iria acontecer, preferiria ter passado o dia inteiro pintando mais um retrato de Amélia, minha gata de estimação.

O mau pressentimento começou com uma ligação desesperada de Jung Koseok às 5 da manhã gritando no pé do meu ouvido que sua mãe o havia posto de castigo. Aparentemente, ele teria que assistir aulas na Shinhwa como um aluno normal, e tinha odiado a ideia. E então, para intensificar o mau agouro, levei um susto com a imagem de um Min Yoongi de pé no meio da minha cozinha. Eu nunca nem tinha visto Min Yoongi acordado antes de meio dia, quem dirá cinco da manhã – sua expressão estava terrivelmente assustadora, com bolsas negras debaixo dos olhos.

No entanto, sua presença na minha casa não era por causa da crise de Hoseok, e sim algo relacionado ao seu rival Rap Monster ter lançado um single no meio da noite que tinha derrubado o Suga no placar de uma competição internacional importante.

Taehyung não ficou de fora, é claro. Quando vi 750 mensagens não lidas no meu celular, tomei um susto. Pensei que estivesse com problemas ou que tivesse sido sequestrado, mas não. Ele ficara acordado até duas da manhã escrevendo sobre querer voltar a falar com uma garota – ‘’não me entenda mal, não é ninguém importante, só estou entediado’’. E, apesar de não ter citado nomes, eu tinha certeza de que se tratava de Choi Jinhee, sua paixão de infância.

Finalmente. Já estava na hora dos dois se resolverem.

Enquanto me arrumava para ir à Shinhwa, procurei pensar positivo; não tinha como aquele dia ser mais estranho, não é mesmo? Coloquei um suéter marrom escuro de gola alta e meus óculos de grau – sem paciência pra colocar lentes de contato. Passei meu perfume preferido (eu o guardava para ocasiões especiais e para quando queria melhorar meu humor, com medo de que enjoasse do cheiro).

Desde o meu primeiro atraso, acostumara-me a chegar dez minutos antes das aulas começarem, sabendo que Yuri chegaria cinco minutos depois. Porém, quando cheguei naquele dia, Lee Yuri já estava lá, concentrada em suas anotações. Cumprimentei meus colegas de classe, sorrindo como de costume, e sentei-me ao seu lado.

— Bom dia, Yuri — cumprimentei.

Ela assentiu, sem levantar os olhos. Perguntei-me se teríamos alguma prova naquele dia, para ela estudar tão avidamente – normalmente conversávamos antes da chegada do professor na sala. Depois de duas aulas, porém, desconfiei de que ela estavisse me ignorando de propósito.

— Você consegue entender a letra do Sr. Park? — perguntei.

— Aham.

— Você pode me explicar?

Ela hesitou antes de estender seu caderno de anotações para mim.

Eu continuei a encarando, até que ela ficou incomodada.

— Você vai ler ou vai ficar só me olhando?

Desculpei-me involuntariamente, e agradeci pelo caderno. Não nos falamos pelo restante das aulas.

Aquele dia fora estranho até então, mas nada superou a hora do intervalo.

Eu e Yoongi combinamos de nos encontrar com Taehyung e Hoseok na frente do prédio de administração. A aura que circundava o líder do F4 era o pior possível; fiquei com pena de Taehyung, que teria que suportar o mal-humor do amigo durante todas as aulas, pelo menos até que ele saísse do castigo.

Hobi nos cumprimentou rapidamente, e então o seguimos por um caminho familiar – o jardim atrás do prédio de Oceanografia.

Entretanto, quando chegamos lá, fomos surpreendidos por uma garota sentada em uma de nossas poltronas. Ela não notou a nossa presença, de costas e com fones de ouvido. Estava lendo um livro.

— Quem é você? — Hoseok chamou insatisfeito, revirando os olhos.

Seu tom de voz me levou de volta ao Ensino Fundamental. Ele sempre fora possessivo a respeito de pessoas e algumas poucas coisas – afinal, se ele perdesse algo poderia sempre comprar de volta, mas aquele lugar em especial não poderia ser substituído tão facilmente. No entanto, esperava que ele já estivesse maduro o suficiente para não fazer mais confusão porque alguém havia sentado no seu lugar.

— Não vamos causar confusão no seu primeiro dia, ok? — Suga suspirou. Ele parecia cansado. — Não perturbe a garota e vamos para outro lugar.

— E desde quando você virou um pacifista? — Taehyung perguntou. — Se esqueceu de adoçar o seu café com maldade hoje de manhã?

— Vou te dar um soco.

— Esse é o Yoongi que eu conheço e amo — Taehyung soprou um beijo.

— Você quer que eu a tire daí, Hoseokssi? — Woobin ofereceu.

— Eu concordo com o Suga — falei, torcendo para que o meu posicionamento influenciasse a decisão de Hoseok. — Podemos vir para cá em outro momento.

Ele negou com a cabeça.

— Já estamos aqui, e esse é o nosso lugar.

Suga suspirou, dando um sorriso fraco.

— Faça o que quiser, estou cansado demais para fazer objeções.

— Talvez eu deva filmar isso para posterioridade — Taehyung tirou seu celular do bolso com um sorriso no rosto.

Hoseok marchou até Yuri e puxou um de seus fones, fazendo-a pular na poltrona. A expressão de Hoseok passou de irritação para surpresa — e depois ficou ainda mais irritado.

— Você! — exclamou, apontando para o rosto dela. — Você é a garota da festa!

Ela olhou ao redor, inicialmente assustada. E então, seus olhos se voltaram para Hoseok, irritada.

— O que você quer?

Yoongi murmurou para Taehyung.

— Filma direito que parece que vai sair coisa boa.

— Quem diabos você pensa que é? — Hoseok apontava pra ela. — Por que você está me perseguindo?

— Te perseguindo? Eu? — ela levantou a sobrancelha e cruzou os braços no peito. — Não sei você, mas eu tenho mais o que fazer da vida.

— Então pegue as suas coisas e vá fazer isso em outro lugar; essa poltrona é minha.

— Não estou vendo seu nome nela — ela fingiu procurar alguma etiqueta na cadeira.

— Você não sabe quem eu sou? — ele riu, como se tivesse puxado uma carta da manga. — A Universidade inteira é minha; eu sou herdeiro da Shinhwa.

— Então, por que não arranja outro lugar para ficar? Eu cheguei aqui primeiro.

Ele ficou boquiaberto.

— Porque eu quero este lugar.

— Que garota corajosa — Taehyung inclinou a cabeça, se aproximando por trás de Hoseok.

— Diga para o seu amigo Sabre de Luz que não vou sair daqui a menos que me tirem a força, já que ele não parece falar a minha língua.

— Sabre de luz? — murmurei.

Yoongi deu de ombros, encantado com o diálogo que estava vendo.

Woobin pigarreou atrás de nós e mostrou um cartão vermelho. Fiz que não com a cabeça, mas Yoongi estendeu o braço e pegou.

Antes que os outros dois percebessem, puxei o cartão de Yoongi e o escondi no bolso.

— Não interfira nisso — sussurrei.

— Não damos um cartão pra ninguém há tanto tempo — ele deu de ombros. — Por que está a protegendo? Pensando em superar sua ex?

— Desde quando você se importa com o cartão?

Yoongi deu de ombros.

— Eu não me importo, mas nunca vi você interferir em nada — levantou a sobrancelha, e colocou uma mão no meu ombro. — Fiquei curioso.

— Eu estou falando com você, porra! — Hoseok gritou, assustando-nos. — Não sabe quem eu sou?!

Ele puxou novamente o fone de Lee Yuri, que se levantou, ficando de frente para ele. Apesar de ser mais baixa, ela tinha um ar confiante e irritadiço.

— Pelo amor de Deus, para de perguntar se eu sei quem você é — bufou. — Você fica perguntando isso como se não pudesse conversar com uma pessoa que não saiba que é Jung Hoseok: a pessoa mais ridícula que habita o solo sul-coreano. Você é rico, milionário, mas e daí? Se você tirar esse fone do meu ouvido mais uma vez.... vai ser um homem morto.

— E quem iria me matar? Você? — ele riu. — Quem você pensa que é? Filha de algum chefe da máfia? Com certeza eu consigo pagar o seu pai pra se livrar de você antes de sequer pedir pra ele me matar.

— Sou alguém melhor do que você, com certeza. E que não vai ficar perdendo seu tempo com um cara que se acha mais do que é — ela sentou novamente, ignorando o olhar indignado de Jung Hoseok.

— Juro que só não vou te bater porque você é mulher — ele cerrou os punhos.

— Por que não chama seus outros amiguinhos para me bater, então? — ela soava irritada. — Essa é sua especialidade. Afinal, você é covarde demais pra fazer um servicinho sujo com as próprias mãos.

E aquela foi a primeira vez em anos que vi Jung Hoseok sem palavras.

Ele ficou lá parado, encarando-a, até que eu decidi que seria seguro intervir e puxei Hoseok e Taehyung pelo braço. Yuri nem olhou para mim, apenas revirando os olhos enquanto eu os tirava de perto dela. E então fomos para o refeitório, como geralmente ficamos — antes do Drama King chegar.

No momento em que sentamos, as mesas ao nosso redor foram arrastadas mais pra perto – as pessoas se esforçando para ouvir nossa conversa. Porém, o clima estava pura tensão — a não ser por Min Yoongi, que comia indiferentemente as batatas fritas que uma garota havia dado para ele.

— Hyung, você está bem? — Taehyung perguntou. — Não gosto quando fica calado. Significa que está pensando, e nada de bom sai disso.

Hoseok olhou para ele, com uma expressão séria e assustadora.

— Eu acho melhor deixa-lo quieto, Taehyungie — Suga bagunçou o seu cabelo. — O ego dele foi bastante ferido hoje.

— Eu nunca conheci uma garota que desse um fora no Hoseokssi — Woobin disse, cuidadosamente. — Ela é muito estúpida.

— Mas é bonitinha — Taehyung comentou. 

— Tudo tem a sua primeira vez, não vai ser o fim do mundo — eu disse.

De repente, Hoseok começou a gargalhar tão alto que todos nos assustamos.

— Fora? Aquela garota está é completamente apaixonada por mim! — gabou-se. — Pensei que vocês fossem bons com as garotas– bem, menos o Jin hyung.

Eu o olhei torto e ele balançou os ombros.

— Vejam só, ela nem conseguiu me esquecer — continuou. — Ela está se fazendo de difícil, mas sabe, ela nem faz o meu tipo.

— E qual seria o seu tipo? — Suga questionou.

— Uma das Girl’s Generation, no mínimo — disse, dando de ombros. — Eu já contei para vocês daquela vez que eu peguei a-

— Sim — respondemos em uníssono.

Ele deu uma piscadela.

— E vocês ainda acham que eu levei um fora? — riu. — Por favor, eu consigo aquela garota na hora que eu–

Ele se interrompeu, pensando.

— Eu tive uma ideia brilhante.

— Sempre tenho maus pressentimentos quando você tem uma "ideia brilhante", hyung — Taehyung suspirou. — Da última vez acabei perdido dentro do guarda-roupa da sua mãe.

— Te prenderam lá? — perguntei.

— Não, eu realmente me perdi — estremeceu. — Parecia que ela tinha um shopping dentro do closet. Foi horrível.

— Taehyungie! — Hoseok segurou nos ombros do amigo, sorrindo. — Eu vou fazer ela dar uma entrevista para a Dispatch! E ela vai falar que a foto foi um mal-entendido e eu vou voltar a ter minha vida! Sem mais castigos!

— Tá, mas você sabe que isso não vai dar certo, né?! — Yoongi acrescentou, franzindo o cenho. — Aquela garota não é brincadeira, ela parece ser difícil de lidar.

— Eu acho que ele consegue — Taehyung respondeu, balançando os ombros. — Lembra que ela é uma mulher e ele é o herdeiro do maior conglomerado asiático.

— Mas quem é ela?

— Vou pesquisar — Hoseok deu de ombros. — Mas eu continuo sendo mais rico. Vou fazê-la beijar meu sapato.

— Quer apostar? — Suga estendeu a mão.

— Eu quero! — Taehyung apertou-a — Uma cueca usada sua por cinco hospedagens de graça em qualquer hotel do meu pai.

— Eu ouvi certo? Uma cueca? — questionei.

— Eu nem quero perguntar o por quê de você querer a minha cueca, mas eu topo — eles sacudiram as mãos.

— Cê tá de sacanagem, né? — Hoseok exclamou. — E se alguém fizer alguma macumba ou algo do tipo?

— Só você acredita nessas coisas, Hoseok. E eu não curto ficar levando minhas ficantes para casa, vai ser uma boa para mim.

— É uma pena que Taehyung vai se dar bem nessa — ele encostou-se na cadeira. — Você deveria ter pedido a casa dele.

Eu dei uma risada.

— Claro, Hoseok. Claro.

— Ah, cornos ficam calados — rebateu. — Eu já posso fazer esse tipo de brincadeira, não é? Você já superou aquela louca de franjinha?

Eu revirei os olhos.

— Não chame a Rachel de louca.

— Você deve tá brincando — Suga bufou. — Aquela garota te traiu na maior cara de pau depois do relacionamento de não sei quantos anos, e você ainda tá de boa?

Eu concordei com a cabeça, indiferente.

— É por isso que eu não presto — Yoongi suspirou. — Homem que presta só serve pra levar chifre.

— Você não sente nem um pouco de remorso por ela? – Taehyung perguntou, e eu neguei com a cabeça. — E por ele? O cara era seu amigo.

— Eles estavam apaixonados um pelo outro — respondi. — Eu não podia fazer mais nada­, já que era amor.

— Por acaso você tá treinando para virar monge e não contou pra gente?

 

***

 

Jungkook P.O.V

 

— Vocês fizeram o trabalho? — O Sr. Woo perguntou, fazendo sua voz ecoar pela turma.

Um silêncio pesado apossou-se da sala.

— Deixe-me adivinhar, apenas os senhores Jinyoung e Jimin fizeram o dever.

— Ontem foi um dia tumultuado na Universidade, professor — alguém disse.

— Oh, então vocês estavam ocupados demais reparando a chegada de Jung Hoseok à Shinhwa ontem que não puderam fazer o trabalho? Trabalho dito cujo está anotado na louça há cinco dias.

Ele recolheu as apostilas dos dois alunos e sentou-se em sua mesa, dando um olhar decepcionado para a turma.

— Isso aqui não é mais escola. Vocês estão em uma universidade, e tudo que fizerem e aprenderem aqui dentro será utilizado em suas carreiras. Papai e mamãe não estarão aí para sempre. Hora ou outra terão que se virar sozinhos, nem que seja carregando o peso da herança de vocês — ele estendeu os trabalhos. — Meus parabéns, aos dois — ele suspirou. — Saiam todos. Estão liberados por hoje.

Jimin me consolou enquanto caminhávamos até o refeitório. Eu realmente havia esquecido que tinha tarefa – como pude ser tão descuidado? – com tudo que havia acontecido. Planejava fazê-lo no dia que o professor passara o trabalho, mas foi na mesma noite que Jimin fora espancado, e acabara esquecendo. Enfim, não adiantava mais chorar pelo leite derramado.

Yuri e Jinhee estavam sentadas num banco do lado de fora, nos esperando.

Yuri estava com um vestido floral e uma sapatilha, e Jinhee usava uma saia estampada e uma blusa lisa branca – e saltos, claro.

— Como foi a aula? — Yuri sorriu, gentil.

— Digamos que podia ter sido melhor — cocei a nuca.

Do meu lado, Jimin deu um pequeno sorriso.

Ele sabia que eu tinha mania de coçar a nuca quando ficava nervoso.

— Vai dar tudo certo – Jinhee falou, erguendo os punhos no ar. — Fighting!

Yuri arquejou, e apertou as bochecas dela.

— Isso agora foi muito fofo – falei. — Estou até me sentindo melhor, obrigado.

— Meu coração derreteu um pouco, você sentiu também? — Jimin perguntou.

Quando entramos no ambiente, Yuri e Jimin foram direto pegar seus almoços, enquanto eu e Jinhee procurávamos uma mesa.

Notei que ela olhava angustiada para os dois.

— Preocupada?

— É, bem, estamos andando numa corda bamba, aqui. — falou. – Não sei como Yuri reagiria se fizessem algo com Jimin enquanto ele estivesse com ela.

— Não se preocupe, os servos não estão aqui ainda.

Ela respirou fundo.

— É só que... desde ontem, quando Hoseok chegou, as coisas estão normais demais.

— Eu também notei isso — confessei. — Estou com medo de que eles estejam planejando algo maior.

Jinhee assentiu e apontou com a cabeça.

— Yuri e Jimin estão vindo.

Eles caminharam até a mesa descontraidamente, algumas pessoas os olhando torto. Yuri não parecia notar ou se importar com isso, tinha um sorriso nos lábios enquanto conversava animadamente com Jimin.

— Vou ir comprar algo — Jinhee se levantou. — Você vai querer alguma coisa?

— Vou com você.

Conversamos sobre o desastre do trabalho durante a aula enquanto caminhávamos até a cantina. E, assim que colocamos a mão nas bandejas, os murmúrios cessaram. Um calafrio atingiu minha coluna, e olhei para trás imediatamente.

— Está gostando do almoço, bolsista? — a voz grossa de Woobin ressou pelo refeitório silencioso. — Mas acho que você nem está com tanta fome assim.

Ele pegou o prato de Jimin e jogou no chão. O som estridente cortou o silêncio como um tiro.

— E a sua amiguinha? Eu já imaginava que vocês eram da mesma laia.

Jinhee largou a bandeira na mesa da cantina e começou a andar rápido até eles.

No meio do caminho, porém, um Servo (sua cabeça estava coberta por um capuz preto) parou na sua frente, a impedindo de prosseguir.

— Hoje não, Raposa.

— Com a sua licença — Jinhee pulou para alcançar o capuz do garoto, puxando-o de sua cabeça rapidamente —, Minjun-ssi.

Ele olhou para ela surpreso, nervoso. É claro, eu também estaria em seu lugar. Choi Jinhee poderia impedir que alguém que a irritasse entrasse em qualquer hospital da Coreia –- pelo menos, era o que os rumores diziam. Mexa com ela e, se precisar de assistência médica algum dia, reze para que não seja algo urgente – e prepare-se para viajar para o exterior.

Ele deu um passo para o lado, e Jinhee continuou seu caminho.

Eu, por outro lado, fiquei para trás. Minha bandeja foi parar no chão quando senti alguém puxar meus braços para trás, prendendo meu corpo.

— Hoje você não vai atrapalhar o nosso espetáculo.

Do outro lado do refeitório, Yuri tinha se levantado, ficando cara-a-cara com Woobin.

— Você não tem nenhum pouco de educação ou vergonha na cara? — ela cerrou os olhos, furiosa. — O que ele fez pra você?

Woobin bufou, rindo.

— Espere só mais um pouco, tem alguém que precisa ver isso.

A porta da cantina se abriu – normalmente o som era inaudível diante do barulho do refeitório, porém, com o silêncio que predominava, o barulho da porta de madeira se abrindo foi alto e claro.

Agora tudo fazia sentido.

Jinhee, que caminhava com tanta pressa até a nossa mesa, agora estava parada, olhando para a porta, para o grupo que entrara. Kim Taehyung, ainda alheio aos acontecimentos, sorriu para ela.

Droga. Eu não sabia se a Raposa seria um nome páreo diante do F4. Ela também parecia não ter certeza.

— Qual é o seu problema? — Yuri gritou, apontando para ele. — Acha isso engraçado?

— Você é estúpida, sabia disso? — Woobin agarrou o seu pulso. — Vai aprender da pior forma a não se meter com a gente.

— Acha que eu tenho medo do seu grupinho patético? — rebateu, tentando se soltar. — Me larga! Você está me machucando!

O silêncio era completo. Tentei me soltar de várias formas, fazendo as técnicas que aprendera no muay thai, mas a pessoa que me segurava imobilizava qualquer movimento meu. Taehyung e Hoseok observavam a cena de longe, analisando o que ocorria. Aquele presente de boas vindas dos servos para o F4.

— Parece que vamos ter uma nova garota para humilhar, pessoal! — Woobin sorriu, apontando para Yuri, e levantou o pulso dela no ar.

Jinhee votara a andar, quase correndo até eles.

Woobin a soltou para pegar um cartão vermelho do bolso.

— Acha que eu tenho medo de um pedaço de papel? — ela massageou seus pulsos.

— Pode não ter agora, mas vai – ele estendeu-lhe o cartão.

Ela o amassou e jogou na cara de Woobin. Ele ficou pasmo, agarrando seu pulso novamente.

— Você não pode simplesmen–

— Chega — uma voz ecoou pelo refeitório, atrás de Yuri.

Woobin ficou abismado.

— Solte ela – pausou. – Agora.

Ele obedeceu.

Yuri não olhou para ver quem era, mas àquele ponto já deveria saber.

— A partir de agora, e que isto fique bem claro — ele virou para encarar o refeitório, falando alto para que todos ouvissem —, o cartão vermelho não existe mais. E eu não vou tolerar vocês fazendo esse tipo de infantilidade.

Jinhee estava parada atrás dele – eu não havia visto quando, mas Taehyung a segurou pelo braço para que Hoseok a ultrapassasse. Por um momento, pensei que ele estivesse a impedindo de se intrometer para não atrapalhar, mas então lembrei de quando estudávamos todos na mesma escola – de quando eles eram amigos – e pensei que talvez estivesse a protegendo de se envolver.

O que estava acontecendo, afinal?

— A partir de agora – ele continuou —, eu gostaria de deixar claro que, quem perturbar esta garota, estará me perturbando também — apontou para Yuri.

Yuri piscou algumas vezes, chocada, e se virou para ele.

— Você é louco? — Yuri perguntou em um tom calmo. — O que você tem na cabeça, Jung Hoseok?

Ele deu uma piscadela.

— Só quem pode te perturbar agora... sou eu.


Notas Finais


Obrigada por lerem <3


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