Park Jimin P.O.V.
— Entendeu tudo? — minha mãe perguntou.
— Sim — Yuri pegou a bandeja na mesa, medindo seu peso.
Ela sorriu, animada. Estávamos sentados a mesa do balcão, no restaurante, o movimento calmo naquela hora da manhã. Jinhee trouxera Yuri para conhecer minha mãe no dia anterior, depois do curso de culinária. Elas passaram a tarde toda conversando, e Yuri perguntara se por acaso estávamos contratando. Fiquei surpreso diante do interesse, pois imaginara que ela não precisava de dinheiro — pois eu sabia que ela não era bolsista, já que nunca a vira nas reuniões com os professores sobre os trabalhos especiais.
De qualquer forma, existiam vários motivos para se querer um trabalho de meio período, além do dinheiro. Ela podia estar procurando por experiência, por algum tipo de independência, ou talvez apenas quisesse algo para ocupar a cabeça no tempo livre.
Agora, eu e minha mãe estávamos guiando-a diante do seu treinamento — ela trabalharia pelas manhãs como garçonete. Jungkook estava sentado do meu lado no balcão, observando tudo de longe com acentuado interesse enquanto bebericava seu suco.
— Se tiver qualquer dúvida, pode me perguntar — ofereci, entregando-lhe o tablet para anotar os pedidos. — E, não se preocupe. Não é um trabalho complicado, depois que você pega o jeito.
Mamãe apertou o laço do avental na cintura de Yuri.
— Trabalhar com gente é sempre complicado, mas um rostinho bonito como o seu vai tornar tudo mais fácil, você vai ver — ela apertou sua bochecha.
Yuri sorriu, parecendo de certa forma mais jovem. Nunca pensei que conseguir um bico como garçonete fosse fazer alguém tão feliz; era até fofo — e eu podia ver que Jungkook estava desconcertado, espiando-a.
O sino tocou suavemente, indicando a chegada de um cliente. Um jovem estudante entrou no restaurante, olhando ao redor curioso.
— Ai, meu Deus — Yuri desesperou-se.
— Seu primeiro cliente! — mamãe bateu palmas. — Este nunca veio pra cá antes. Vá lá, boa sorte.
— Não se esqueça de sorrir — lembrei.
Ela hesitou, e então abriu um sorriso amigável. Apressou-se até o garoto, um tanto desengonçada no início, e o guiou até uma mesa perto da parede de vidro, entregando-o um cardápio.
Retornou para onde estávamos ainda sorrindo.
— Ele disse que estava esperando uma amiga — falou, e então fez uma expressão surpresa. — Você está tirando fotos?
— Mãe! — bufei. — Você prometeu que não faria isso.
— Só dessa vez, só dessa vez — justificou-se, rindo. — Foi o seu primeiro cliente, é especial! Como se sente?
— Ela pode te processar, sabia? — falei. — Direito à imagem e à privacidade.
— Se eu for processada, trate de se formar rápido para me defender no tribunal — ela apertou minhas bochechas com uma das mãos, olhando para a câmera. — Veja, Yuri. As fotos ficaram muito fofas.
Ela sorriu, se esticando por cima do balcão para enxergar.
— Acho que o seu maior desafio não será o trabalho, e sim a sua chefe — sussurrei para ela.
O sino da porta tocou novamente.
— Jinhee! Aqui, querida — minha mãe acenou. — Nossa, mas para onde que a senhorita vai toda chique desse jeito?
— Tenho um jantar mais tarde — ela respondeu, caminhando até nós.
Levantei o olhar, abrindo um sorriso. Choi Jinhee, a minha amiga mais intrigante. Ela estava elegante, com um vestido justo cinza que ia até os joelhos. Não tinha decotes, mas cara. Tive que desviar o olhar dos peitos — não seria educado se eu fosse pego no flagra. Seu cabelo estava preso em um coque, e seu rosto ficava lindo daquele jeito, completamente a mostra — embora eu o preferisse solto. Ela parecia maior do que o de costume, então não me surpreendi ao olhar para seus pés e encontrar saltos pretos enormes — devia ter uns trinta centímetros, aquela coisa.
Minha mãe também os reparou.
— Minha nossa, quantos centímetros tem esses saltos?
Jinhee sorriu, sentando-se ao meu lado.
— Dezessete.
— Esse deve ser o número de calos que vai ter amanhã nos pés — falou, franzindo as sobrancelhas.
— Já estou acostumada — ela fez uma careta.
— Você está parecendo uma idol, Jinhee — Jungkook falou, a cumprimentando.
— Você já se arrumou para jantar? — perguntei. — Mas ainda nem almoçamos.
— Jimin! – minha mãe chamou. — Elogiar é de graça e não custa nada.
— Mas ela já sabe que é bonita — pisquei o olho para Jinhee.
— Eu juro que ainda vou te educar direito, menino — ela suspirou — Quando uma mulher se arruma, é sempre bom ouvir elogios. Mesmo que ela já saiba que é linda.
Jinhee riu, cobrindo a boca com a mão.
— Pois bem — segurei sua mão e a trouxe até os meus lábios —, você está deslumbrante nesta manhã de domingo, Choi Jinhee — beijei as costas de sua mão.
Ela riu.
— Encantada, Park Jimin.
— Imagina se a Rená aparece agora — mamãe pigarreou —, o barraco que ela ia fazer.
Jungkook fez uma expressão surpresa.
— Você não contou pra ela?
— Contou o que? — ela levantou a sobrancelha.
— Ãh, nada — ele se embolou, olhando de mim para a minha mãe.
— Jimin? — minha mãe chamou.
— Não se preocupe, não é nada sério — assegurei. — Eu e Rená terminamos.
— O que? — ela pareceu surpresa. — Por quê?
— Eu sinto muito — Jinhee falou.
Suspirei, reprimindo uma careta.
— Não sinta, sério. Eu estou mais aliviado do que triste.
— Ah. E por quanto tempo vocês namoraram? — Yuri perguntou.
— Faríamos dois meses esta semana.
— Ah. Não foi tanto tempo, então. Mesmo assim, um término é sempre difícil.
— Foi uma decisão unânime — falei. — Ela disse que também achou que as coisas não estavam mais dando certo entre nós.
— É, mas se há um término — Yuri disse, com a voz baixa —, significa que um dia vocês estiveram juntos, e o sentimento que os unia acabou. Pelo menos para um dos dois.
Abri a boca para responder, e então a fechei, sem saber ao certo se deveria responder.
— Parece que temos uma pessoa romântica entre nós — Jungkook falou.
— Com o tempo, querida — minha mãe abriu um sorriso fraco —, você vai perceber que nem todo mundo dá o mesmo significado a um relacionamento. Tem gente que só namora para passar o tempo.
— Ah, isso eu aprendi da pior maneira — ela fez uma careta.
— Não que tenha algo de errado em namorar por namorar, mas iludir que é falta de caráter — completou.
— Eu não estava brincando com a Rená — me remexi na cadeira, incomodado.
— E eu acredito em você, querido — mamãe estendeu o braço na minha direção, acariciando minha bochecha. — O melhor para um fim de namoro é doce, então o que você vai querer?
Não pude evitar um sorriso.
— Você já sabe o que eu quero.
Ela sorriu, e apertou o meu nariz antes de levantar e adentrar na cozinha pela porta atrás do balcão.
— Como você está, de verdade? — Jungkook perguntou.
Deitei a cabeça na mesa, fechando os olhos.
— É claro que eu estou mal — suspirei. — Nunca mais vou namorar. Dá errado toda vez.
— Você fala isso agora, mas daqui duas semanas já vai estar apaixonado de novo — Jungkook deu umas batidinhas carinhosas na minha cabeça.
— Estou falando sério. Da próxima vez que eu for namorar alguém, vai ser pra casar.
— Aham — ele ironizou. — Até alguém se declarar e amolecer o seu coração.
— Não, é sério, hyung — levantei a cabeça. — Ou eu ou ela, um dos dois sempre sai machucado. Não vale a pena.
Ele hesitou, e então respondeu:
— Eu não costumo me meter na sua vida amorosa, mas... Um conselho? Por que você não experimenta inverter a ordem das coisas? Quero dizer, você costuma namorar para então conhecer a garota; porque não conhecer e, então, tentar algo?
— Tipo, namorar uma amiga?
— Como você namora alguém que não conhece? — Jinhee franziu o cenho.
— Acontece toda vez com o nosso amigo aqui — Jungkook apontou para mim com a cabeça. — A menina se declara e ele se sente na obrigação de retribuir os sentimentos. Dá em merda toda vez.
— Ele deve ser de peixes — Yuri deduziu.
Concordei com a cabeça, sorrindo. Ficamos em silêncio, olhando o lado de fora do restaurante pela parede de vidro.
Suavemente, mãos quentes apertaram meu pulso. Jinhee sorriu, reconfortante, e deixou sua mão cair.
— Aliás, Jinhee — chamei —, você deve estar mesmo animada pra esse jantar. Se arrumou tão cedo.
— Ah, é porque, bem — ela se atrapalhou, alisando a saia do vestido. — Eu e Yuri combinamos de assistir a um filme hoje, só que tivemos que remarcar pra outro dia já que ela começou o treinamento aqui. Mas então eu já havia marcado o horário no salão para mais cedo, por isso já estou maquiada.
— Desculpe por furar, eu realmente queria passar um tempo com a minha dongsaeng — Yuri enroscou o braço de Jinhee com o seu —. Você conseguiu trocar os ingressos? — perguntou.
— Na verdade, eu nem tentei — ela respondeu. — Estou com eles aqui. Vocês querem os ingressos? O filme será duas horas.
— Eu tenho uma reunião hoje, na verdade — Jungkook fez uma careta.
— Fighting! — Yuri ergueu os punhos no ar.
— Eu estou livre — falei —, mas é meio depressivo ir sozinho no cinema. Principalmente depois do término.
— Convide alguém pra ir com você, então.
— Leva a Sra. Park! – Yuri sugeriu.
— Me levar pra onde? — minha mãe apareceu pela porta da cozinha, segurando uma bandeja com várias xícaras.
— Ao cinema — respondi, e ela fez uma careta. — Mas você não gosta. Fica com dor de cabeça antes dos trailers acabarem.
Ela serviu uma xícara para cada — a minha diferente, pois o meu chá era especial (na verdade, a única diferença era que tinha leite).
Jinhee tirou os ingressos da bolsa e os estendeu para mim.
— Você está dando os ingressos? — minha mãe perguntou. — Por que não vai?
— Eu ia com a Yuri, mas ela não pode mais.
— Que não seja por isso. Por que não vão os dois juntos, você e o Jimin? — ela sentou no banco do caixa, do lado oposto do balcão.
Olhei para Jinhee com o canto do olho, medindo a sua reação. Ela olhou para os ingressos em sua mão. O sino da porta tocou, suavemente, e Yuri se levantou com um salto. Uma menina entrou no restaurante, meio sem fôlego, como se tivesse corrido até ali, e logo foi surpreendida por uma sorridente Yuri, que a guiou até o garoto que chegara mais cedo.
— Aqui — senti Jinhee colocar os ingressos em minha mão por debaixo da mesa —, leve algum amigo — sussurrou. — Não que eu não queira ir com você, mas não precisa me levar só porque sua mãe sugeriu.
— Tudo bem, vou convidar um amigo — sussurrei de volta.
Ela assentiu e olhou para baixo, para a sua bolsa, enquanto a fechava. Cutuquei seu braço, e ela virou seu rosto para mim. Sorri, travesso.
— Você está livre hoje? — perguntei, lendo o horário do filme. — Mais especificamente às duas e quinze?
***
Choi Jinhee P.O.V
— Então, eu escutei que você estuda Medicina na Shinhwa, correto? — Baekho perguntou, entre garfadas do seu prato.
— Ainda estou no segundo período, mas sim — respondi.
Após o filme com Jimin – que era de suspense, mas não dava para ficar tensa com ele fazendo graça de tudo que aparecia na tela -, fui de táxi até o Hotel Flor de Lótus, como especificado no envelope que a Sra. Choi me dera. O restaurante do hotel era renomado pelo seu bom atendimento e maravilhosos pratos — nada menos do que o esperado de um hotel dos Kim. O ambiente largo tinha uma iluminação fraca, romântica, e suas paredes eram um contrapondo de vinho e marrom escuro.
Na semana anterior, durante o jantar comigo e com Yuri, a Sra. Choi aproveitara para me entregar um envelope com papéis sobre King Baekho, um médico renomado que trabalhava pros Choi no ramo da neurologia. Não me surpreendera ao receber, poucos dias depois, um e-mail com informações sobre um encontro arranjado.
No início, quando a Sra. Choi me mandava para esse tipo de ‘’evento’’, eu ficava magoada. Mas não era como se já não tivesse me acostumado.
King Baekho tinha vinte e sete anos, cabelos escuros e uma barba cheia. Ele era bonito e inteligente, e o que eu podia notar por debaixo da roupa que vestia — uma camisa social azul marinho e calças brancas — era que o seu físico era exemplar. Os músculos de seus braços marcavam a manga da camisa, e ele parecia ciente de que era charmoso. Até o momento, ele não checara a hora nenhuma vez em seu relógio, então imaginei que minha presença o estivesse agradando.
— Estou curiosa — falei, descansando meu copo de vinho na mesa. — Como você era quando estudante?
Ele riu, passando a mão na cabeça.
— Para você ter uma ideia, meu apelido era traça. Eu estava sempre estudando, sempre lendo — mas, não me arrependo. Se pudesse voltar no tempo, sairia para socializar um fim de semana ou dois, mas, no final, meus esforços não foram em vão. Fui chamado para trabalhar com os Choi, uma honra, realmente.
— Sério? — fiz uma cara surpresa — Não acredito.
Ele levantou a sobrancelha, sorrindo.
— E como você achou que eu fosse? Um cara badalado que saía toda sexta e só voltava no domingo pra casa?
Cerrei os olhos, a ameaça de um sorriso nos lábios.
— Talvez. Mas tenho certeza de que a sua barba devia atrair as garotas. Coreanos com barba são raros.
Ele coçou a barba, sorrindo.
— Você gosta?
Assenti, levando um garfo à boca. Estávamos comendo risoto de frutos do mar, e o vinho caía perfeitamente. Baekho acenou para o garçom, que encheu nossas taças novamente.
— Devo dizer que estou surpreso com você, Choi Jinhee — ele pronunciou meu nome lentamente, uma expressão satisfeita no rosto.
— Uma surpresa boa ou...
— Não esperava que você fosse ser tão... interessante. Principalmente por causa da sua idade. 18 anos! Tão nova, e tão bonita.
— A gente tenta.
Ele riu, levando sua taça à boca. Conversamos mais um pouco e então pedimos a sobremesa – uma espécie de doce de pêssego.
— Você gostou? — ele perguntou. — É a minha sobremesa preferida.
— A apresentação do prato poderia ser melhor, mas o gosto é esplêndido.
Ele abriu um sorriso.
— Você gosta de culinária?
— Apenas como um hobby — respondi. — E você? O que você gosta de fazer? Além de salvar vidas, é claro.
Baekho riu, e respondeu algo sobre malhar.
Ah, aquele jogo de flertes era divertido, mas às vezes podia ser cansativo. Eu não dormira bem na noite anterior; esperava chegar cedo em casa, mas sabia que ainda demoraria para dar um fim àquela noite.
Quando finalmente ele pediu por um café, eu pedi licença para ir ao banheiro. Caminhei pelo restaurante, avaliando o lugar; embora houvesse muitos clientes, não dava a impressão de estar cheio, pois as mesas eram espaçadas uma das outras. Os garçons seguiam uma estratégia de andarem perto das paredes, sem atrapalhar uns aos outros. E o som de conversas não passava de murmúrios, como se o ambiente romântico implicasse que as pessoas conversassem baixo.
— Com licença, onde é o banheiro? — perguntei a um garçom que passava.
— É após o hall de entrada, seguindo nesta direção — ele apontou.
Agradeci.
Chegando ao banheiro — agradecendo por ser unitário —, escovei os dentes e retoquei a maquiagem. Alguém bateu na porta, então me apressei — os anos de prática me ensinaram a me maquiar rapidamente até dentro de carros em movimento.
Quando destranquei a porta, porém, a maçaneta virou do outro lado, e alguém abriu a porta rapidamente.
Dei um passo para trás, confusa, vendo Kim Taehyung adentrar no banheiro. Ele vestia uma bermuda preta e uma camisa polo vermelha.
— Você está tentando me desafiar? — falou, seu tom de voz entretido (eu podia ver, porém, a tensão nos seus ombros).
— Perdão?
— Sabe que eu moro aqui — falou —, e veio pra minha casa com outro cara? Pensei que sua mãe tivesse parado com essa história de encontro arranjado.
Hesitei. Bem, eu não tinha certeza se ele ainda morava naquele hotel — havia dezenas de outros à sua disposição —, mas não era como se eu pudesse mudar o local do encontro.
— Kim Taehyung — controlei minha voz, apesar da adrenalina que sentia —, eu sinto muito se o ofendi de alguma forma. Já estou indo embora, então você-
— Pare de falar assim comigo — ele reclamou, dando um passo na minha direção. — Nós não somos estranhos.
Respirei fundo.
— Eu preciso ir.
— Até quando vai continuar seguindo as ordens da sua mãe? Ela não se importa com você, Jinhee. Perceba isso, de uma vez por todas.
— Tenho alguém esperando por mim — engoli em seco.
— Você sabe que ele vai descartá-la depois desta noite — ele falou, fazendo uma careta triste.
Ele deu mais um passo na minha direção.
— Por favor, deixe-me passar — pedi, minha voz fraca.
Conversar com ele sempre fazia meu peito doer.
— Dispense-o — Taehyung falou, estendendo sua mão para segurar a minha. — Fique aqui comigo. Vamos conversar, eu tenho muito para te dizer.
Levantei o olhar do chão, rígida. Puxei a minha mão da dele.
— Você parece se enganar. Nós não somos amigos. Pare de se aproximar de mim.
— Pare de se afastar de mim — ele segurou minha mão novamente. — Nós dois sabemos como isso vai acabar se você-
— Taehyung, não existe um nós! - minha voz falhou. — Você tem que parar com isso. Não é saudável e-
Ele me beijou. Somente um toque de lábios, muito rápido. Eu não tive tempo para reagir, mas a surpresa me calou.
Fiquei furiosa. Abri a boca para falar — gritar — qualquer coisa, mas nada saiu.
— Eu posso te oferecer muito mais do que eles te dão — falou. — Eu não vou te descartar depois de uma noite. Eu vou-
— Cala a boca.
— Não, Jinhee, estou falando sério — ele colocou uma mão na minha bochecha, e eu a afastei com um tapa. — Eu quero fazer parte da sua vida de novo. Sinto a sua falta. Você nem imagina o quanto.
— Por que isso do nada? — perguntei, irritada, furiosa, me controlando para não gritar. — Você teve quatro anos para sentir a minha falta. Você se cansou das brincadeiras simples e decidiu que seria interessante mexer comigo?
— Não! Você sabe que eu não brinco com você. Você nunca foi uma brincadeira — ele fechou os olhos. — Se ao menos você se lembrasse daquela noite.
— É, Taehyung, mas eu não lembro — bati o pé no chão, envergonhada por estar me segurando para não chorar. — Toda vez que você vem até mim, é para me machucar. Eu não quero mais. Já foi o suficiente.
Dei um passo na sua direção, empurrando-o para o lado. Ele segurou a porta, impedindo-me de abri-la.
— Me dê uma chance — pediu, e eu me recusei a olha-lo nos olhos. — Confie em mim.
Neguei com a cabeça.
— Você não confiou em mim quando eu precisei de você.
Esperei, sem tirar os olhos das minhas mãos. Nossas respirações se faziam ouvir, dentro do espaço pequeno. Temi que ele conseguisse escutar os batimentos frenéticos do meu coração, tão altos nos meus ouvidos.
Lentamente, ele tirou sua mão da porta.
Saí sem dizer uma palavra, deixando-o para trás.
Precisaria de mais vinho para suportar aquela noite.
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